EVIDÊNCIAS capítulo dez
A
|
bri os olhos bem devagar e por alguns segundos não
me lembrei onde estava e nem o que tinha acontecido noite passada. Depois de me
despreguiçar e olhar em volta me lembrei que o meu pesadelo era real. Meu pai e
Charley sendo íntimos. Eles estavam fazendo sexo. Sentei-me na cama e percebi
que era mesmo o apartamento de Denny, mas eu estava na cama dele. Rapidamente
levantei o cobertor e vi que estava pelado.
- meu deus! o que eu fiz ontem a
noite? – falei baixo.
Ouvi um barulho na cozinha e
rapidamente vesti minha cueca e minha calça. Olhei para o relógio e era q uase oito horas da manhã. Vesti
minha roupa e muito envergonhado eu fui até a cozinha e Denny estava sentado á
mesa comendo algo.
- bom dia Denny – falei com
vergonha.
- bom dia – respondeu ele.
Me sentei à mesa de frente para
ele e não disse nada. Peguei uma torrada e dei uma mordida fazendo um barulho
pequeno, mas no silêncio do local pareceu o barulho de uma bomba nuclear.
- Denny… – falei tentando quebrar
o gelo.
- Mike, não precisa…
- preciso sim – falei respirando
fundo – o que aconteceu ontem a noite?
- eu te trouxe para cá e você
estava bolado com algo. Eu abri um vinho, nós bebemos e você desmaiou no sofá.
Te levei para meu quarto e você dormiu lá.
- porque eu estava pelado?
- você estava? Deve ser
sonambulo.
- puxa vida isso é um alívio –
falei rindo – por um momento eu realmente pensei que nós dois tivéssemos… você
sabe.
- sexo, nós dois? Nunca. Quer
dizer, nós somos amigos á anos. Isso acabaria com nossa amizade.
- eu concordo – falei aliviado
por tudo ter sido um mal entendido.
- posso te perguntar uma coisa? –
falou Denny
- pode.
- Você não vai me contar o que
aconteceu com você ontem? Porque estava tão bolado?
- não hoje, não agora, talvez eu
te conte um dia. Se um dia eu me sentir bem em contar o que aconteceu essa
pessoa será você.
- tudo bem então – falou Denny.
A conversa estava boa, mas me
lembrei do relatório.
- Estou mais do que atrasado! Meu
chefe quer um relatório pronto para hoje e eu prometi entregá-lo as nove.
- você tem certeza? Está com
cabeça para trabalhar?
- eu não tenho escolha – falei
pegando meu celular e ligando para um taxi.
- se quiser eu te levo.
- não precisa você já fez mais do
que devia. Eu já abusei de você o suficiente por um dia.
Vesti minha roupa outra vez e
depois que o taxi me buscou o trajeto até a empresa não foi longo. Assim que
cheguei ao prédio peguei os papéis e fui até meu computador e continuei o
trabalho. Estava difícil me concentrar com tudo o que estava em minha mente. A
cena que eu vi de Charley e meu pai não saia da minha cabeça. Pouco antes das
dez da manhã terminei o serviço e enviei para o e-mail de Adam. Em seguida peguei
meu celular e liguei para ele.
- bom dia Mike Mouse – falou Adam
atendendo.
- bom dia Se. Adam. Estou ligando
para te avisar que eu enviei o relatório para o e-mail do senhor nesse exato
momento.
- ótimo! Muito obrigado Mike.
- não foi nada senhor.
- o que foi? – perguntou Adam –
porque essa voz? Aconteceu alguma coisa?
- voz? Não é nada.
- nem pense que você vai fugir da
nossa aposta falou o Sr. Adam me fazendo rir.
- não senhor. Não vou – falei
rindo
- Te vejo na segunda.
- até a segunda Sr. White.
Desliguei o telefone e fiquei
imaginando a minha volta para casa. Recolhi minhas coisas, desliguei meu
computador, liguei o alarme e peguei o elevador. Fui até o ponto de ônibus e
logo eu estava a caminho de casa. Fiquei preso em meus pensamentos e devaneios
até em casa. Desci no ponto e logo estava a alguns passos de casa. Cheguei na
porta de casa e fiquei encarando o portão.
- o que eu faço? – perguntei para
mim mesmo.
Eu peguei minha chave e olhei no
relógio. Era quase onze e meia. Antes de continuar respirei fundo.
- bom dia – falou Charley vindo
até mim para me dar um beijo, mas eu desviei o rosto – o que aconteceu?
- não é nada… eu só estou
cansado.
- tudo bem – falou ele dando um
beijo no meu rosto.
Tremia por dentro com raiva. O
pior era a surpresa que eu tive ao saber que meu próprio pai tinha feito algo
assim comigo. Nunca imaginei que ele fosse capaz. Fui direto para as escadas
apressado para não ter que ver meu pai, mas assim que eu subi três degraus ele
apareceu saindo da cozinha.
- oi filho, bom dia – falou ele
com um copo de água na mão.
Fiquei olhando para ele e não
consegui responder.
- você está bem? – perguntou meu
velho.
Toda minha vida com ele passou em
minha mente e parou exatamente no momento em que ele me disse que ficaria ao
meu não importando o que acontece. Eu poderia matar um inocente e ele ficaria
ao meu lado.
- filho? filho? – falou meu pai
preocupado – você está bem?
- estou sim pai – falei descendo
as escadas e dando um beijo no rosto dele e logo após um abraço.
- que bom – falou ele me
abraçando de volta e dando um beijo nos meus cabelos.
- vou lá em cima tomar um bom banho.
A noite foi dureza.
- eu vou com você – falou Charley
se atrevendo.
- você que sabe – falei
indiferente subindo as escadas.
Charley veio atrás de mim e assim
que chegamos no meu quarto ele se deitou na cama e eu peguei minha toalha e fui
direto para o banheiro. Tirei minha roupa e fui tomar um banho. Não demorou
para Charley abrir a porta do banheiro e entrar para conversar.
- estava com saudades de você.
- eu também – falei me virando de
costas.
Charley não muito contente foi
até o box e o abriu.
- vem aqui e me dá um beijo.
Me virei e dei um selinho na boca
dele. Ele insistiu e colocou a mão no meu rosto e me deu outro selinho no meu
rosto antes de enfiar a língua na minha boca. Charley tem uma boca gostosa e
não pude resistir ao beijo. Percebi que ele pretendia entrar no chuveiro comigo
de roupa e tudo e eu logo tratei de me afastar e não beijar mais.
- Char… por… – eu me afastei
finalmente – eu estou tão cansado dessa noite.
- eu te ajudo a relaxar.
- obrigado, mas eu estou falando
sério. Me desculpa.
- tudo bem – falou Charley sem
graça por alguns segundos – eu queria aproveitar esse momento pra te dizer uma
coisa.
- o que foi? – perguntei
indiferente.
- eu quero te apresentar para
minha família.
Fiquei surpreso com aquele
pedido. Charley nunca falava da família.
- pra sua família? Seu pai não te
aceita.
- eu cheguei no meu velho ontem e
o enfrentei. Disse que ele precisava me respeitar e me aceitar. Disse que
levaria meu namorado para a casa para eles conhecerem.
- o que ele te disse?
- nada.
- e você vai me levar mesmo
assim?
- meu pai vai acabar cedendo. Se
ele não quisesse ele teria dito não. Quando ele se cala é como se ele estivesse
dizendo sim, mas não querendo admitir.
Por alguns instantes achei fofo
ele ter enfrentado o pai por mim, mas logo me lembrei do que ele andava fazendo
com o meu pai.
- tudo bem – falei respirando
fundo.
- que tal um jantar hoje a noite?
– falou ele se aproximando e dando um selinho na minha boca contra minha
vontade.
- hoje? Está tão em cima da hora…
- eu criei coragem para
enfrenta-lo e sinto que se não fizer isso logo eu vou acabar me arrependendo.
Por favor! – falou ele apertando os lábios.
-
tudo bem – falei nervoso. Tinha nojo de estar perto de Charley sabendo o que
ele fez com meu pai, mas teria que engolir.
- que bom – falou Charley
sorrindo – vou ficar te esperando lá fora – foi a última coisa que ele disse
antes de sair do banheiro. Depois do banho, vesti minha roupa, mas ao chegar no
meu quarto vi que Charley não estava mais lá.
Fui bem devagar até as escadas e
desci passo por passo esperando ver os dois no flagra se beijando, mas eu invés
disso meu pai quase me matou de susto.
- Mike o Charley foi embora. Ele
disse que tinha uma urgência.
- ok – falei colocando a mão no
coração que batia forte.
- o que foi? Eu te assustei?
- sim – falei terminando de
descer as escadas.
Fui até o sofá e me sentei só que
ao invés de ligar a televisão eu fiquei perdido em meus pensamentos. Lembrando
do que tinha acontecido. Minha barriga doía toda vez que eu via aquela imagem
em minha mente. Eu odiava Charley e tentava odiar meu pai, mas ele é meu pai eu
não conseguia odiá-lo. Só que por mais que eu o amasse eu não iria perdoá-lo e
eu ia criar coragem para enfrenta-lo. Para que eles não negassem eu precisava
de provas. Logo surgiu uma ideia.
- pai, eu vou sair! – gritei me
levantando do sofá.
- vá com cuidado – falou meu pai
da cozinha.
- não vou demorar – falei pegando
a minha carteira e minha chave.
- vou te esperar para almoçarmos
juntos.
- tudo bem.
Chamei um taxi e em menos de dez minutos
ele me apareceu. Pedi que ele me levasse para o centro da cidade. Chegando lá
eu procurei uma loja de eletrônicos e fui à sessão de câmeras.
- boa tarde – falou o vendedor.
- boa tarde, você por acaso tem
aquelas mini câmeras? Tipo aquelas bem pequenininhas?
- câmeras de espionagem? –
perguntou o vendedor curioso.
- isso mesmo.
- eu tenho essas daqui. A Câmera
tem quinze megapixels e que grava imagens coloridas com áudio. As imagens são
enviadas diretamente para seu computador ou notebook. Acoplam-se em qualquer
superfície.
- são essas mesmo – falei pegando
uma. Ela tinha o tamanho de uma moeda.
- quantos o senhor vai levar?
- cinco – falei animado por
tê-las encontrado com tanta facilidade.
As câmeras ficaram um pouco mais
de dois mil no total, mas eu tinha muito dinheiro guardado no banco para
emergências. Cheguei em casa e escondi as câmeras no meu quarto param eu velho
não encontrar. Almocei com meu pai, dormi a tarde e acordei por volta das oito
e meia da noite. Tomei um banho e decidi instalar as câmeras.
Peguei a sacola e fui até o
quarto do meu pai e ele não estava lá. Entrei, tranquei a porta e joguei o
pacote em cima da cama dele. Peguei uma das câmeras e coloquei no abajur dele.
Peguei outra e coloquei em cima de um quadro que tinha em seu quarto. Uma vez
que o quarto estava pronto desci as escadas e o vi assistindo a TV. Como quem
não quer nada fui até a cozinha e rapidamente peguei uma das câmeras e coloquei
no armário que tinha uns copos e talheres que nunca usávamos. A cor ajudaria a
disfarçar
Agora era só esperar meu pai sair
da sala para colocar a última câmera. Fui para meu quarto e por volta dás onze
da noite ele veio me desejar boa noite.
Esperei ele entrar no quarto e desci com a última câmera e coloquei na estante
entre os livros de modo que eu tinha a visão do sofá e das escadas. Voltei para
meu quarto e abri o programa que eu tinha instalado e logo abriu uma tela que
mudava de acordo com o clique do mouse. Eu vi a cozinha, depois a sala, depois
vi meu pai tirando a camisa no quarto com a câmera da visão de cima e depois vi
a cama dele com a visão da Câmera do Abajur.
Desliguei o notebook e me sentei
na cama.
- pronto, agora eu só preciso
filmá-los – falei para mim mesmo. – só preciso criar a situação e uma vez que
tiver as provas eu posso confrontá-los.
Me mudaria de casa e eles
poderiam viver felizes para sempre seu caso. Por mais que isso me machucasse eu
não odiava meu pai. Ele tinha feito coisas por mim depois que minha mãe morreu.
Coisas que a maioria dos pais nunca fariam por seus filhos. Tinha muita raiva e
não iria perdoá-lo por isso, mas não o odeio de verdade. Charley por outro lado
iria aprender uma valiosa lição sobre traição. Charley tinha sorte se eu não
enviasse a gravação para o pai dele. Apesar de não querer conhecer o pai de
Charley não seria assim uma coisa tão ruim. Quem sabe eu não me vingo do jeito
que ele merece. Afinal é olho por olho e dente por dente.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente aqui o que você achou desse capítulo. Todos os comentários são lidos e respondidos. Um abração a todos ;)