BEIJOS NÃO MENTEM capítulo treze
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inalmente tinha concluído a primeira parte do meu
plano. Agora Charley sabia como eu me senti. Ele tinha me flagrado exatamente
como eu o flagrei. Na manhã seguinte Charley me tratou normalmente como se nada
tivesse acontecido. Resolvi fazer o mesmo. Ele pode fingir o quanto quiser, mas
eu sabia que ele estava machucado. Nós havíamos até marcado um dia na semana
para assistir aos filmes. Era a oportunidade perfeita para fazer as gravações.
Charley queria tranzar com meu pai e era tudo o que eu mais queria que eles
fizessem. Eu queria provas para poder confrontá-los.
Esperava por uma oportunidade
naquela semana mesmo para filmar meu pai e Charley. A viagem na sexta-feira
seria perfeito. Ficaria fora durante três noites. Aposto que eles também
estavam adorando a ideia de ficarem sozinhos todo esse tempo. No horário de
almoço na terça-feira liguei para Charley e pedi para ele pegar alguns filmes e
levar na sexta-feira a noite para passar um tempo com meu pai. A desculpa que
eu usei é que ele e meu pai deviam passar um tempo sozinhos para se conhecerem.
Dessa forma ele conquistaria o meu pai. Charley concordou e depois de ligar
para meu pai e fazer a mesma sugestão ele aceitou.
Agora, estava marcado. Tudo
acontecia de acordo com meu plano. O idiota do Charley e o traidor do meu pai
teriam o que mereciam. Nesse mesmo dia já sai a procura de um apartamento para
morar. Não conseguiria viver com meu pai depois do que descobri. Até o fim do
horário de almoço eu fiquei em dúvida entre dois apartamentos. Ambos ficavam á
vinte minutos do trabalho. Eu economizaria tempo e finalmente teria um lugar só
meu.
Foi a semana mais longa da minha
vida. Demorou muito chegar a sexta feira, mas uma vez que ela chegou caiu a
ficha de que a viagem era real. Nem acredito que estaria viajando para Nova
York. Acordei cedo na sexta e meu pai me levou ao aeroporto.
- Obrigado pai – falei conferindo
o relógio meu voo sai em quarenta minutos. – falei conferindo o relógio quando
meu pai parou o carro em frente ao aeroporto.
- boa viagem meu filho. Tome
cuidado – falou meu pai estacionando em frente ao aeroporto.
- não se preocupa pai – falei
forçando um sorriso – não esqueça do jantar com Charley. Marquei essa jantar
para que vocês se conheçam mais. Aproveitem que não estarei para se divertirem
e se quiserem falar de mim não me importo.
- Não vou esquecer – falou meu
pai sorrindo – vamos falar bastante de você.
- ótimo – falei saindo do carro.
Meu pai abriu o porta-malas e eu
peguei minha mala e coloquei no chão segurando na alça. Estava pesada, mas
tinha rodinhas.
- boa viagem meu filho – falou
ele se aproximando de mim e beijando meu rosto.
- obrigado pai. Tenha juízo
enquanto eu estiver fora.
- sou eu quem deveria te dizer
isso – falou meu pai acenando.
Me virei e enquanto caminhava
para dentro do aeroporto meu pai se foi. Depois de fazer o check-in passei em
uma lanchonete para comer algo antes da viagem. Comi pão de queijo com café e
em seguida fui para a sala de embarque aguardar a chamada do voo. Ao entrar na
sala vi de longe Steve, Gray, Vanessa, Xavier e Adam. Eles estava todos
sentados juntos e ao me verem Adam levantou a mão acenando para mim com um
sorriso. Acenei de volta, mas não fui até eles. Escolhi senta-me sozinho.
Ao me ver sentar sozinho o Sr.
Adam ficou me observando. Por alguns segundos ele me encarou e ficou pensando o
porque de eu não ir até eles. No fim eu fiquei tão sem graça dele me encarar que
desviei o olhar como se não tivesse percebido. Respirei fundo pensando nessa
viagem e nas câmeras que instalei em casa que não percebi que Adam havia se
levantado e vindo até mim.
- bom dia Mike Mouse – falou Adam
com um meio sorriso em seus lábios sentando-se ao meu lado
- bom dia Senhor Adam – falei
nervoso.
- qual o seu assento no voo?
- E19 – falei olhando para ele.
- sério? O meu é o E20 – falou
ele surpreso – Vamos ficar duas horas e meia um do lado do outro.
- pois é – falei disfarçando.
- eu devo levar isso como pura
coincidência?
- o senhor é que sabe, mas as
chances de ser coincidência são grandes.
- sei – falou rindo – porque não
veio se sentar com a gente? Está tentando fugir da aposta?
- por favor Sr. Adam não fale
sobre essa aposta. Me deixa constrangido – falei rindo sem graça.
- eu não sei como devo me sentir
com a aposta – falou Adam pensativo – acho que deveria torcer para que eu perca
esse caso, mas no fundo eu quero ganhar – falou ele rindo e eu fingi dar uma
leve risada.
- sei que apostamos, mas pode
levar na brincadeira se quiser. Foi só conversa fiada.
- nem pensar. Eu não sou rei, mas
minha palavra não volta atrás. Aposta é aposta.
- okay – falei sem graça.
- vamos á cumprimentar os outros?
- acho melhor não. Eu fico
nervoso antes de viajar e quanto menos pessoas tiver ao meu redor. Melhor. É
melhor eu ficar aqui recitando o torá
em minha mente pedindo a Deus que o avião não caia.
- vai me dizer que tem medo de
voar?
- todo mundo tem medo de algo.
- Eu não. Sou o homem mais macho
que existe. Nada me assusta – falou ele sério.
- perdão Senhor Adam, mas você
tem medo de ser vulnerável.
- o que? – perguntou Adam.
- você está dizendo que não tem
medo de nada mesmo sabendo que tem. Você tem medo de parecer fraco e
vulnerável. É fofo e triste ao mesmo tempo.
- OK, pelo visto você fica
malvado quando está nervoso então vou pra lá e você fica aqui torcendo para o
avião não cair.
- me desculpa…
- sem problemas – falou Adam
sorrindo e tocando na minha perna – te vejo no avião.
- até lá.
Depois de alguns minutos foi
anunciado que o embarque para nosso voo avisa sido anunciado. A fila foi
formada e eu era quase o último. Ao entrar no avião procurei pelo meu assento o
que não foi difícil já que Adam estava ao meu lado. Depois de me esgueirar por
entre as apertadas poltronas eu vi Adam que acenou para mim.
- olá outra vez – falei olhando
para Adam.
- te conheço de algum lugar –
falou ele brincando.
Sentei-me ao lado de Adam e
respirei fundo quando fiz isso.
- você tem mesmo medo de voar?
- Muito – falei olhando pra ele –
eu não sei se é medo de voar ou a claustrofobia de estar em um lugar tão
pequeno nas alturas.
- não precisa ficar com medo Mike
Mouse – falou ele me encarando – eu estou aqui. Sou o homem mais macho que
existe, lembra?
Olhei para Adam e ele deu um
sorriso quando fiz isso. Nós não dissemos nada um para o outro, mas por algum
motivo eu realmente me senti mais seguro tendo ele ao meu lado. Achei que tinha
superado as coisas com ele, mas parece que estavam só hibernando. A comissária
de bordo mandou todos colocarem os cintos e foi o que nós fizemos. As luzes se
apagaram e acenderam duas vezes antes do avião taxiar na pista. Eu tremia de
frio com o ar condicionado e tremia de medo. Isso fez com que eu ficasse muito
mais nervoso do que eu realmente estava.
- vai ficar tudo bem Mike. Não
tenha medo – Adam pegou a minha mão direita e a segurou forte – vou segurar sua
mão e se sentir medo é só apertar bem forte.
- OK – falei nervoso olhando para
ele segurando minha mão.
Recostei a cabeça e respirei
fundo antes de sentir o avião ir rapidamente para frente fazendo com que meu
corpo fosse jogado levemente para trás. Depois de alguns segundos com essa
sensação senti como se estivesse em um elevador e ele levantou voo. De olhos
fechados me senti tonto com uma sensação estranha no ouvido. Senti um pouco de
enjoo logo em seguida.
- você está bem? – perguntou
Adam.
- sim – falei de olhos fechados.
- pode abrir os olhos. Tudo está
bem.
- OK – abri os olhos devagar. Foi
quando percebi que ainda segurava a mão dele.
- viu só? Não tem do que ter medo
– falou Adam olhando para mim. Ele segurava firme minha mão.
Não respondi nada e apenas
aproximei o rosto do dele sem saber o que esperar. Adam olhou para mim por
alguns poucos segundos antes de aproximar seu rosto do meu. Nossos lábios se
tocaram em um tímido selo. Atrevi levar minha mãe esquerda até seu rosto e Adam
não me impediu. Ele pressionou seu rosto ainda mais contra o meu dando outros
dois selinhos antes de lentamente introduzir sua língua em minha boca. Tive o
prazer e a honra de chupá-la antes de Adam voltar a sua posição original ainda
segurando minha mão.
- eu não devia ter feito isso
senhor – falei soltando a mão dele e puxando a mão bruscamente – sinto muito.
- sente pelo o que? – perguntou
Adam.
Olhei para ele tentando decifrar
seu rosto e em seguida olhei em volta. A sorte é que Steve, Vanessa e Gray e
Xavier ficaram várias fileiras na nossa frente então eles não tinham visto o
beijo.
- me desculpa por ter te beijado.
É antiprofissional eu não devia ter feito isso – falei me sentindo mal.
- não se desculpa por coisas que
você não está arrependido – falou Adam.
- como sabe que eu não estou
arrependido?
- por causa da nossa aposta –
falou ele com um sorriso – se você ganhar você vai querer o que pediu?
- vou sim senhor – falei
rapidamente.
- então relaxa. Vamos fingir que
esse beijo é pra me dar sorte. Você acredita tanto que eu vou ganhar o caso que
resolveu me demonstrar isso bom um quente e molhado beijo.
- tudo bem senhor. Vou relaxar –
falei respirando fundo.
- ótimo – falou ele com um sorriso
voltando a olhar para frente.
Respirei fundo e fiz o mesmo. Nem
acredito que tinha beijado sua boca. Seus lábios quentes e húmidos. Tocar seu
rosto enquanto ele enfiava a língua e minha boca foi o melhor momento. Era tão
grossa e macia que me fez ficar duro. Será que estou sonhando? Fiquei pensando
nisso quase todo o voo. Apesar do beijo nós conversamos sobre coisas aleatórias
e a maioria relacionada ao trabalho..
Quando chegamos em Nova York nós
pegamos taxis até o hotel Stay On Main onde
eu havia feito as reservas. Depois de fazermos o Check in na recepção do hotel
nós fomos para o elevador. Nós seis entramos e apertamos os botões sete e dez.
- você não está no mesmo andar
que o nosso? – perguntou Steve.
- não senhor. Quando fiz as
reservas só tinha quartos no décimo andar.
O elevador parou no sétimo andar
e todos eles desceram. Quando as portas começaram a se fechar eu coloquei um pé
de fora fazendo as portas se abrirem.
- Sr. Adam – falei chamando a
atenção de Adam que parou e veio até mim.
- o que foi Mike?
- Em que quarto o senhor está? O
senhor disse que precisaria da minha ajuda antes da audiência para revisar os
contrários e o depoimento do Sr. Wallace Parker.
- na verdade eu fiz isso ontem a
noite. Não vou mais precisar de sua ajuda para isso.
- não vai? – perguntei confuso.
- Não. Eu nunca precisei de
ajuda. Eu só queria que você viesse a essa viagem comigo – falou ele apertando
os lábios.
- porque?
- você é meu amuleto da sorte –
falou ele sério.
- o que vou fazer então?
- você que sabe. Pode visitar a
cidade se quiser ou se preferir ficar deitado o dia todo assistindo TV pedindo
serviço de quarto. De qualquer forma sou eu quem vai arcar com ás despesas e eu
estou te dando permissão para fazer o que quiser até segunda. Considere uma
viagem de férias.
- o senhor não vai me querer na
audiência?
- só se você quiser assistir, mas
é uma chatice. Fica a seu critério.
- acho que vou ficar aqui no meu
quarto.
- beleza – falou ele pegando o
celular – recebi uma mensagem dizendo que a audiência foi remarcada para ás
três da tarde. Se mudar de ideia pode vir assistir. Se não aparecer eu te ligo quando
obtivermos a sentença dos jurados.
- OK.
Entrei no elevador novamente e
antes das portas se fecharem completamente vi Adam acenar para mim com um meio
sorriso no rosto. Aquela descoberta tinha aberto meus olhos. O que Adam queria
comigo é o mesmo que eu queria com ele? Ele tinha até me trago em uma viagem
apenas para me ter por perto.
Ao abrir a porta do meu quarto vi
que era enorme. Tinha um frigobar, sala, quarto e banheiro. Era praticamente um
apartamento de tão grande. Prometi o que disse á Adam. Fiquei o dia todo no
quarto. Quando o relógio marcou três horas eu decidi que não iria á audiência.
Adam disse que seria chato e levava muito tempo. Era pior do que assistir um
filme de suspense com um final péssimo.
Quando o relógio marcou cinco da
tarde recebi uma mensagem no celular. Pensei que talvez fosse Adam me dizendo o
veredito, mas era Charley. Como ele era cara de pau. Ele estava metendo com meu
pai e tinha me visto mamar na piroca do pai dele e ainda agia como se nada
tivesse acontecido. Decidi ir no mesmo ritmo que o dele.
Tudo bem com você amor? – Charley
Sim, e com você? – Mike
Ótimo. Apenas ansioso pelo jantar com seu pai – Charley
Porque está ansioso? – Mike
Ansioso e nervoso, seu pai é um cara muito legal – Charley
Não está com saudades de mim? quer dizer… Não vai sentir minha falta
nesse jantar? – Mike
Claro que sim – Charley
Preciso ir, estou trabalhando agora afinal essa é uma viagem de negócios
e não de lazer – Mike
Quando tiver um tempinho conversamos mais. Bom fim de semana pra você – Charley
Pra você também. Manda um abraço param eu pai – Mike
Depois dessa conversa voltei a
assistir televisão A TV tinha tantos canais que eu fiquei perdido. Em meio a televisão,
sorvetes, sobremesas e o que tinha acontecido com Adam no avião eu estava nervoso
com o veredito. Na minha cabeça havia muito do nosso beijo. Espero que aconteça
de novo. Tudo o que sempre quis foi ele para mim e se ele ganhar eu vou ter a
chance de tê-lo. A menos que Adam estivesse blefando.
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