BOTAS DE COWBOY capítulo vinte e um
A
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caminho de
casa Arthur e eu conversamos muito mais. Ficamos mais íntimos e ele ficou
inspirado a me contar um pouco de sua vida. E eu aqui pensando ser a pessoa
mais sofredora do mundo. Tinha me divertido muito essa noite. Tinha até quase
perdido minha virgindade com mulheres, mas realmente não deu certo. Eu sou gay
até a morte. Partilhas experiências era uma coisa divertida. Ouvir histórias
que aconteceram á outras pessoas era algo que me prendia a atenção. Sempre
gostei de ouvi-las desde criança. Seja lá qual história fosse eu gostava de
ouvir as pessoas contar suas experiências só que eu nunca imaginei que quando
crescesse teria tantas para compartilhar.
Quando finalmente chegamos Arthur
estacionou o mais perto da casa que conseguiu.
- bom… chegamos – falou Arthur.
- mas já? Nem parece que foram
duas horas de viagem – falei olhando no relógio. Era quase onze horas –
chegamos cedo.
- nós podemos sair outro dia? –
perguntou Arthur – afinal você vai ficar aqui durante um mês.
- depende.
- do que?
- você quer sair como hoje ou
você quer um encontro? Eu não estou interessado em um encontro.
- levei um fora.
- sem maldade.
- eu entendo. Não tem coisa mais
chata do que ir a um primeiro encontro.
- concordo – falei abrindo a
porta do quarto – foi bom sair com você.
- posso fazer um segundo pedido?
- pode.
- posso entrar com você?
Ao ouvir essa pergunta eu fechei
a porta do carro e olhei pra ele.
- não me diga que você não quer
fazer sexo comigo porque eu sei que você quer.
- olha eu gostaria de passar a
noite com você, mas eu não acho que estou pronto. Acabei de sair de um
relacionamento… Você é atraente, divertido e eu estaria mentindo se dissesse
que não estou atraído por você, mas é que…
- não precisa se explicar eu
entendo.
- obrigado por entender.
- foi bom sair com você. Espero
que possamos sair outras vezes.
- quem sabe? Afinal vou ficar
aqui um bom tempo.
- tenha uma boa noite pra você –
falou Arthur.
- pra você também – falei saindo
do carro.
Arthur se foi e eu entrei na
casa. Estava silencioso. Meu tio costumava dormir cedo. Fui até a cozinha e
antes de subir tomei um enorme copo de água. Apaguei as luzes e ao subir as
escadas decidi ir ao quarto do meu tio. Bati na porta e ele não falou nada.
Bati outra vez.
- eu já cheguei tio. Boa noite.
- boa noite Mike – respondeu
Gwen.
Eu dei um sorriso e fui para meu
quarto.
Á caminho do meu quarto eu ouvi
um barulho lá de fora. Era um carro. Será que era Arthur que voltava?
- isso é um carro? – perguntou meu tio
abrindo a porta do quarto.
- acho que sim – falei olhando pela
janela do corredor. Era um taxi indo embora.
- quem é?
- não sei. É um taxi.
Em seguida alguém tocou a campainha e
bateu na porta quatro vezes.
- quem será? – falei me levantando e
vestindo a roupa. A mesma coisa que meu tio fez.
- não sei quem diabos é, mas está
atrapalhando – falou ele dando um selinho nos meus lábios e saindo do quarto.
Depois que terminei de me vestir desci ás escadas atrás do meu tio.
Nós dois fomos até a porta da frente e
meu tio abriu a porta apenas um pouco. Fiquei atrás da porta terminando de
vestir a camisa sem conseguiu ver quem era.
- Roger – falou a voz – cometi um erro.
Você precisa me ajudar. Nesse momento eu consegui reconhecer a voz.
Meu tio não falou nada e olhou pra mim.
Nesse momento eu abri a porta completamente e ele pode me ver. Quando me viu
sua face ficou branca. Era Larry, ao seu lado estava Vanessa e em seus braços
estava Rachel.
- Mike? – falou Larry branco.
- o que foi? Surpreso? – falei ao lado
de Roger que colocou a mão no meu ombro.
- o que está fazendo aqui? – perguntou
Larry.
- eu é que pergunto o que estão fazendo
aqui. O dinheiro que roubaram de mim acabou? – falei tentando ficar calmo.
- vamos embora Larry – falou Vanessa
olhando pra mim – vamos embora – repetiu ela.
Larry não disse nada e ficou me
encarando sem conseguir dizer ou sem over. Não sei o que se passava em sua
mente nesse momento e pouco me importava. Nunca imaginei que fosse vê-los
novamente então nunca fiquei pensando no que eu faria.
- vamos embora Larry – falou Vanessa com
Rachel nos braços puxando Larry pelo braço para que ele se fosse.
- me perdoa Mike – falou Larry – vocês
precisam nos ajudar. A policia está atrás de nós?
- o que? – perguntou Roger – porque?
- protocolo do banco – falei olhando
para Roger – como eu disse ao gerente do banco que fui roubado e em seguida
disse que não queria dar queixa eles mesmos entraram em contato com a policia.
O que foi? Eles bloquearam sua conta? Aposto que vocês fugiram porque vocês
sabem que depois da conta bloqueada a policia bateria na porta de vocês em
breve porque é uma questão de tempo.
- foi isso mesmo – falou Larry
aparentemente arrependido. Ele podia se fazer de arrependido, mas ele não me
convenceu – nó não podemos voltar para casa e precisamos de um lugar para ficar
por um tempo.
- sim vocês precisam – falou Roger –
mas não vai ser aqui.
- Roger por favor – falou Larry.
- pensem na Rachel – falou Vanessa
tentando uma última jogada – o que vai acontecer com ela se vocês não nos
ajudarem?
- eu sinto muito mesmo por vocês. Todos
tomamos decisões erradas nessa vida e você Larry é meu irmão e sempre será, mas
está nas mãos do Mike se ele não quiser eu não vou te ajudar – falou Roger
olhando pra mim.
Olhei para Roger e depois olhei para
Larry e Vanessa.
- por favor Mike – falou Vanessa – se
não por nós, faça pela sua irmã.
- não – falei olhando pra Roger –
perdoei muitas coisas. Coisas que a maioria das pessoas não perdoariam e eu dei
outra e outra chance para você. Se vocês tivessem pedido eu tinha dado o
dinheiro. Vocês sabem que sim. vocês são parte da minha família e eu não teria
pensando duas vezes. porque? Porque eu sou idiota o suficiente para esquecer
que você me estuprou – falei olhando para Larry. Eu te perdoei por ter feito
essa e outras coisas por mim. Pensei que fosse meu pai, mas se uma mulher
consegue mudar sua cabeça e te colocar contra mim você não me merece como
filho. Vocês não roubaram a mim. Vocês roubaram Adam. O dinheiro que ele deixou
pra mim porque ele sabia que eu sofreria muito com a ida dele e ele talvez
pensou que esse dinheiro aliviasse minha dor – falei dando dois passos para
trás – quero que os dois vão embora e não voltem mais, por favor – falei me
virando e subindo as escadas.
Larry deu um passo para frente para
implorar á Roger.
- essa casa é sua irmão. Não importa o
que ele diga eu sei que você quer me ajudar.
- como você pôde fazer isso com o seu
próprio filho? – perguntou Roger indignado.
- Mike não é filho dele. Mike é adotado
– falou Vanessa – Rachel é filha de Larry – falou ela com os olhos húmidos – e
é dela que Larry deve cuidar.
- Vanessa, por favor – falou Larry
tentando se acalmar. Ele olhou novamente para Roger.
- não acredito que você foi tão fraco e
deixou essa mulher virar sua cabeça. Nunca imaginei que fosse tão tolo irmão.
- você sabe o que vão fazer conosco se
nos pegarem – falou Larry – Mike! – gritou ele entrando na casa de Roger sem
ser convidado – eu te ajudaria a carregar um corpo se você matasse alguém. Não
se lembra de quando eu disse isso?
- Por favor Larry saia – falou Roger
indo para a frente da escada impedindo ele se subir.
- por favor Roger – falou Larry em uma
última tentativa.
- Sinto muito, mas não posso te ajudar
dessa vez irmão.
- Você é meu irmão mais novo. Pequeno
Roger. Lembra quando eu te chamava de Pequeno Roger e você me chamava de Grande
Larry? – falou Larry rindo apelando para as emoções do meu tio.
- Vá embora Larry. Você está sendo patético.
Sim. você é meu irmão e esse é o único motivo de eu não ligar para a policia e
dizer onde estão os dois fugitivos e ladrões. Vá embora.
- você vai fazer isso comigo? Eu sou
seu irmão de sangue. Vai dar mais valor a opinião de um moleque que não é nada
seu?
- eu já fiz – falou Roger fechando a
porta na cara deles.
Roger subiu as escadas e ao entrar no
quarto viu a televisão ligada em um noticiário, mas nem prestou atenção no que
viu e foi até a porta do banheiro.
- Mike, você está bem? – perguntou
Roger do lado de fora do banheiro.
- estou – falei sentindo a água cair em
meu corpo.
- ele foi embora.
- tem certeza?
- tenho sim – falou Roger.
- Não precisa fazer isso se não quiser.
Posso ir embora ou ir para um hotel. Se você quiser escondê-los…
- não. Esqueça isso. me doí muito fazer
isso, mas não posso. O que ele fez foi errado. Ele te roubou. Isso é
imperdoável.
- você não é capaz de perdoar?
- como assim? – perguntou Roger confuso
– fiz isso por você. Ele te roubou. Você o mandou embora e agora está
perguntando se eu não sou capaz de perdoar? – perguntou meu tio do lado de fora
do banheiro.
- eu só estou perguntando.
- você quer perdoá-lo? – perguntou meu
tio.
- não. Eu fiz já o fiz muitas vezes –
falei olhando para baixo e sentindo a água cair sobre meu corpo – você não
respondeu minha pergunta.
- eu não te entendo.
- o que estou dizendo é que todos
cometemos erros – falei olhando para Roger – você acha que todos devemos ser
punidos pelos erros que cometemos? Quer dizer, Larry tem uma nova família e
eles me roubam. Eu estou irritado? Sim. Eu devia denunciá-los e fazer com que
Rachel vá para um orfanato e Larry e Vanessa nunca mais veja a filha?
- onde você quer chegar com isso?
- você me denunciaria se fosse comigo?
- Mike não estou entendendo.
- se eu fizesse algo errado. Algo
realmente ruim. Você me denunciaria?
- não sei – falou Roger.
- OK – falei desligando o chuveiro.
Roger me entregou a toalha e eu a enrolei
no corpo.
- você está mesmo bem? está arrependido
de ter mandado Roger e Vanessa embora? Você quer perdoá-los?
- não – falei olhando pra ele – mas
você quer. Não quero que você faça nada por mim, por isso eu estou indo embora.
A televisão continuava ligada e o som
só me deixava mais e mais irritado.
- Mike por favor… - falou Roger vindo
até mim enquanto sai do quarto.
- por favor – falei seguindo até meu
quarto que é onde estava minha roupa – o que você quer dizer com isso?
- você sabe o que eu quero dizer –
falei chegando ao quarto e procurando por minha roupa. Ao encontrar minha cueca
eu a vesti e joguei a toalha para o lado. Em seguida tirei a aliança que ele
colocou no meu dedo naquela mesma manhã e entreguei a ele, mas Roger não quis
pegar.
- porque você está fazendo isso?
- eu não quero, eu preciso ir embora,
preciso…
- chega Mike – falou Roger bravo – estamos
no meio da noite.
- eu preciso ir… eu preciso ir para
algum lugar…
- me conta o que aconteceu – perguntou
meu tio cochichando, ele não queria acordar Gwen que dormia no quarto ao lado.
- tio Roger…
- por favor me diga.
- esquece tio – falei tremendo tentado
me acalmar. Respirei fundo e olhei para o alto.
- me conta o que foi? É a visita de
Larry que te abalou? é sobre Adam?
Nesse momento eu me sentei na cama e
olhei para a televisão que estava ligada sem emitir nenhum som. Aumentei um
pouco o volume e tio Roger também prestou atenção no que passava no noticiário.
Um repórter segurava um microfone e ao fundo via-se movimentação e pessoas de
um lado para outro. Além de uma faixa amarela escrito “não ultrapasse”.
- …fontes informam que os ossos
encontrados na Floresta Cleveland
National em San Diego, Califórnia podem ser do estudante Mason Langdon
Stevens que desapareceu na noite do Baile, duas semanas antes de formatura no
Colégio Benjamin Franklin a mais de seis anos atrás. Essa mesma fonte nos
informou que…
- lembra quando eu te perguntei se me
perdoaria por fazer algo realmente ruim? – falei olhando para Roger. Limpei uma
lágrima que escorreu no meu rosto.
- sim – falou Roger me encarando sem
piscar.
- eu fugi desse momento toda a minha
vida – falei respirando fundo – Eu sou estragado. Sou danificado. Você não
consegue viver normalmente depois de fazer o que eu fiz. Você me quer mesmo? É
hora de provar o que disse pra mim.
Roger me encarou e lambeu os lábios que
estavam secos de ansiedade e nervosismo. Ele não soube o que dizer. Não soube como
se comportar, mas ficou lá parado em silêncio enquanto eu continuava sentado
olhando para a televisão.
Continuei sentado em frente a televisão
assistindo ao noticiário só que agora Roger estava sentado ao meu lado a quase
três palmos de distância. Ele assistiu ao noticiário sem dar uma palavra. A
cada entrevista e a cada depoimento, mais ele começava a pensar como eu estaria
envolvido em tudo aquilo. As perguntas me sua mente eram as mais variadas, mas
tenho certeza que a que ele mais pensava era em porque eu fiquei tão abalado
com aquilo? Porque tudo aquilo me abalou mais do que a visita inesperada de
Larry e Vanessa? Eu conseguia entender sua confusão e o porque dele nem querer
sentar perto de mim.
Olhei para Roger e agora que o
noticiário tinha acabado eu esperava perguntas.
- pode perguntar – falei olhando para
ele.
- perguntar o que? – falou ele olhando
diretamente para mim.
- eu sei as perguntas que devem estar
em sua mente.
Roger pensou um pouco e pareceu
hesitar, mas percebi que ele queria perguntar algo que não queria saber.
- você conhecia esse garoto, Mason?
- sim. eu conhecia. Fiz o colegial com
ele. Lembro dele especialmente no nosso último ano.
- você disse que fez algo muito ruim…
tem algo a ver com o que aconteceu com ele?
- você ainda cumpriria as promessas que
me fez se eu dissesse sim?
- me teste – falou ele tentando
arrancar a resposta de mim.
- sim. O que eu fiz de ruim tem a ver
com ele.
Nesse momento ele veio até mim e me deu
um beijo. Um selinho em meus lábios e em seguida enfiou a língua em minha boca
e me empurrou me fazendo deitar na cama. Ele veio por cima de mim deitando seu
corpo junto ao meu e dando um selinho em meus lábios.
- foi você quem o matou? – perguntou
Roger olhando em meus olhos.
Aquela perguntas tinha me surpreendido.
Não imaginei que ele fosse ser tão direto e fazer aquela pergunta.
- você acha que eu o fiz?
- tudo o que sei é que você fez algo
ruim e que isso te abalou e você está questionando meu amor por você.
- o que você faria se eu dissesse que
fui eu?
- isso é uma confissão?
- não. Só quero saber o que faria se eu
dissesse que fui eu quem o matou?
- não te julgaria.
- sério? Você não ficaria com medo de
mim?
- não – falou Roger.
- não. Eu não o matei.
- pode me dizer…
- essa é a verdade. Eu não o matei,
mas…
- mas o que? – perguntou ele
interessado no que eu diria.
- Sei quem fez isso.
- você sabe? Porque não foi a policia?
- viu só? Está me julgando.
- não. Quer saber? Esquece. Tenho
milhões de perguntas em minha mente, mas vou mantê-las só para mim – falou ele
se sentando na cama.
Nenhuma outra pergunta foi feita
enquanto meu tio ficou lá comigo. Depois de uma despedida meu tio voltou para o
quarto e eu fui me deitar. Não dormi com facilidade.
Quando acordei no dia seguinte Gwen
estava sentada á mesa tomando o café da manhã.
- bom dia – falou Gwen.
- bom dia – respondi.
- você está bem? Roger me contou que seu pai apareceu ontem a
noite.
- não vou mentir pra você, não foi
fácil mandar meu pai embora.
- vai ficar tudo bem. – falou Gwen
mostrando apoio – eles foram embora? –
perguntou Gwen.
- eu duvido muito – falou meu tio chegando á
cozinha – Com certeza está hospedado
em algum hotel na cidade. É um lugar calmo e perfeito para eles se esconderem.
Melhor assim.
- verdade – falei confirmando a
suspeita de meu tio.
- nós precisamos ir a cidade – falou
tio Roger – preciso fazer compras.
- você quer ir hoje? – perguntou Gwne.
- claro. Você não?
- pode ser – falou ela.
- eu vou com você se não se importarem.
- Claro que não – falou meu tio – vou
lá em cima pegar minha carteira.
- Vou dar comida para os animais antes
de irmos – falou Gwen saindo pela porta da cozinha.
Assim que ambos se foram eu respirei
fundo e tentei pensar em outra coisa. O noticiário tinha me abalado muito. Sabe
quando fazemos coisa errada e por um tempo parece que o errado acabou se
tornando certo com o tempo? Foi o que pensei. Nunca imaginei que esse assunto
viria a tona outra vez.
Aproveitei que eles tinham me deixado á
sós e eu peguei meu celular e enviei uma mensagem para ele perguntando em que
hotel ele estava.
ONDE
VOCÊ ESTÁ HOSPEDADO? – M
Esperei alguns minutos pela resposta e
eis que obtive.
NOS
ENCONTRAREMOS NO HOLIDAY INN NO CENTRO, QUARTO 693 – G
Respondi com um OK a mensagem e
coloquei o celular em cima da mesa da cozinha sentindo um frio na barriga.
Precisava despistar Roger quando fôssemos as compras. Só espero que esse
Holiday não fiquei muito longe do supermercado.
Assim que Roger desceu as escadas e
Gwen terminou seus afazeres nós fomos á caminho do centro.
Depois de um longo tempo de viajem nós
finalmente estávamos na cidade. O centro me lembrava San Diego. Longe da
fazendo eu realmente parecia mais a vontade. Ainda não tinha pensado sobre isso
na verdade. Roger e eu ainda não tínhamos decidido onde viveríamos agora que
somos um casal. Na fazenda ou na cidade?
- vamos ao Silver Plaza Mall – falou
Roger – é o maior shopping daqui. Deve ter cinema lá.
- você nunca foi ao cinema?
- já sim – falou Roger – não é muito
minha praia.
- OK – falei feliz. Tinha acabado de
arranjar a desculpa perfeita para ficar horas longe dele.
Ao chegarmos no shopping deixamos o
carro no subsolo. Entramos no elevador e ao chegar no terceiro andar nós fomos
até o cinema. Olhei todos os filmes em cartaz fingindo estar de olho nas
sinopse, mas o que eu realmente olhava era o tempo de duração. Depois de olhar
com cuidado escolhi o que mais tinha tempo de duração. Ficaria quase duas horas
e meia livre.
- esse daqui – falei mostrando o
pôster.
- legal – falou Roger parecendo meio
desanimado.
- são quase duas horas e meia de filme.
- é de que?
- drama – falei tentando fazer com que
ele desistisse.
- vamos comprar os ingressos então.
- não precisa assistir – falei parando
de andar.
- o que?
- sei que você não gosta muito de
filmes e você não deveria ficar aqui comigo preso assistindo a duas horas de
melodrama.
- pelo amor de deus, não tem problema
eu assisto.
- eu odiaria que você fizesse algo
assim – falei tentando convencê-lo.
- que tal você dar uma volta na praça
de alimentação. Lá tem cerveja preta e chopp.
- tem certeza? Você detesta que eu beba
antes de dirigir.
- você é esperto. Tenho certeza de que
não vai beber além da conta – falei enfiando a mão no bolso dele – mas por via
das contas eu fico com a chave. Assim você não faz bobeira e resolve sair daqui
pra ir a outro lugar bêbado.
- tudo bem – falou ele com um sorriso
se afastando.
Roger se foi e eu continuei na fila.
Precisava comprar o ingresso, mesmo que não fosse assistir.
Depois que comprei o ingresso eu fui
para a fila e ao entrar o funcionário deu um carimbo no meu ingresso e foi
nesse momento que eu fingi esquecer alguma coisa e sai da fila procurando o
estacionamento.
Antes de descer para o estacionamento
eu paguei pelo ticket do estacionamento e ao chegar até o carro, entrei e
liguei o carro. Era uma sensação incrível estar dirigindo novamente. Faz seis
anos que não dirijo. Não tinha carteira, mas eu sempre soube dirigir porque meu
pai Larry me ensinou quando era ainda novo e nunca esqueci.
Sai do shopping e liguei o GPS do carro
de Roger e falei o nome do hotel Holiday Inn e acontece que ele ficava nos
arredores do enorme shopping. Do outro
lado da rua, mas não sabia exatamente em qual dos lados então segui as
instruções do GPS até que finalmente estacionei em frente. Nem precisava ter
tirado o carro do shopping, mas eu precisava de todo o tempo que conseguisse.
Ao sair do carro entrei no hotel e fui
até o recepcionista.
- boa tarde – falei olhando a mensagem
no celular – eu preciso ir ao quarto 693.
- só um segundo – falou ele ligando
para o quarto e depois de trocar poucas palavras eu recebi autorização para
subir.
Ao chegar no décimo sexto andar fui
andando pelo corredor olhando o número dos quartos. Estava nervoso e ansioso.
- meia nove zero, meia nova um, meia
nove dois, meia nove três… - falei parando em frente ao quarto e respirando
fundo antes de bater duas vezes. Foi então que a porta se abriu.
- pensei que você não viria – falou
Gray abrindo a porta.
- é claro que vim – falei respirando
fundo e entrando. Gray fechou a porta e me encarou.
- você está bem?
- Estou sim – falei olhando em volta –
onde está Larry?
- estou aqui – falou Larry saindo de um
dos quartos.
- você não voltou aqui porque me roubou
– falei para Larry – você voltou porque viu o noticiário, certo?
- sim – falou Larry – me perdoa por ter
roubado seu dinheiro.
- esquece – falei olhando para baixo – não
quero falar sobre isso. não Agora. considere isso um presente por tudo o que me
fez na vida e por tudo o que fez por mim… só espero que Vanessa não saiba sobre
isso.
- não. Ela não sabe. Ela realmente acha
que estamos sendo perseguidos pela polícia. Ela não desconfia de nada.
- é bom te ver – falou Sophie.
- faz um bom tempo – falei abraçando-a.
Ela era uma grande amiga minha de Danny nos tempos do colégio.
- é bom que ninguém além de nós
saibamos que estamos aqui – falou Gray.
- onde ele está? – perguntei olhando
para Gray.
- no quarto principal.
Fui andando até o quarto principal, mas
antes que abrisse a porta. Alguém bateu na porta do apartamento. olhei
assustado, mas assim que Gray abriu a porta percebi que era Denny.
- olá Mike – falou Denny entrando e
fechando a porta.
- oi Denny – falei forçando um sorriso.
A situação não me permitia sorrir então eu forcei. Estava uma bagunça em minha
cabeça e eu sentia tudo menos alegria.
Olhei para a porta a minha frente e ao
colocar a mão na maçaneta ela se abriu.
- oi Mike – falou ele com um sorriso –
senti sua falta.
- eu não. Não gosto nem de lembrar da
última vez que nos vimos – falei apertando a mão de Nick. Meu professor de
Biologia no tempo do colegial.
- bom pessoal – falou Gray – todos nós
sabíamos que esse dia podia chegar ou não, parece que a sorte não está á nosso
favor.
- eu só tenho duas horas. Depois disso
meu tio Roger vai me procurar.
- vamos ter que ser rápidos então –
falou Larry se sentando em uma poltrona do lado direito.
Denny, Sophie e Gray se sentaram de
frente para mim e Nick se sentou na poltrona do lado esquerdo.
- Mike… – falou Gray pegando um pacote
com um monte de papeis. Provavelmente onde estava escrito tudo o que eu disse á
seis anos atrás – nos conte novamente tudo o que aconteceu no dia vinte e cinco
de abril de dois mil e dez, a noite em que Mason desapareceu – falou Gray
olhando para os lados e depois olhando para mim.
Meu coração acelerou e eu respirei
fundo tentando me acalmar. Precisava me acalmar e contar tudo. Afinal só tinha
duas horas até que Roger fosse me buscar no cinema. Deus queira que ele não
procure pelo carro.
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