UM ANO SEM CHUVA capítulo vinte e dois
T
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inha
conseguido o contrato para dois livros então eu tinha um longo trabalho pela
frente. Eu já tinha começado a fazer algumas anotações importantes sobre a
minha vida. Eu estava fazendo uma espécie de seleção, o que entraria ou não no
livro.
Era
quinta-feira. Depois que Adam chegou do trabalho e nós jantamos nós fomos cedo
para a cama. Eu peguei meu caderno e anotação e me sentei escorando na
cabeceira e eu comecei a fazer algumas anotações. Adam estava sentado ao meu
lado lendo um livro.
-
e então? – perguntou ele parando um pouco de ler – está inspirado para seu
livro? – perguntou ele sorrindo com seu rosto liso. Agora ele fazia a barba
todas as manhãs.
-
estou sim e não é tão fácil como parece, escrever sobre a própria vida é difícil.
Você escreve e imagina as pessoas lendo e tenta não parecer muito emotivo ou
fraco. Você tem o poder de escrever sobre você mesmo e escolher como as pessoas
vão te ver e interpretar.
-
não se preocupe com isso amor, eu sei que você vai conseguir, você é um
garotinho inteligente.
-
eu sei – falei dando um beijo na boca dele, quando nosso lábios se encontraram
nós levamos um pequeno choque.
-
o que foi isso? – perguntei rindo.
-
nosso amor é elétrico – falou Adam jogando o livro em cima da cama e vindo por
cima de mim e me dando um selinho na boca. Nós nos beijamos por um longo tempo.
-
está chegando o dia – falei entre um beijo e outro.
-
do que?
-
do aniversário da morte da minha mãe.
-
sinto muito.
-
não precisa. Eu já estou acostumado com
essa data. Todo ano meu pai fica depressivo nessa data, bebe bastante e
eu procuro não tocar no nome dela.
-
esse ano pode ser diferente – falou Adam se deitando e fazendo eu deitar a
cabeça no ombro dele. Eu repousei minha mão na barriga dele e fechei os olhos –
agora ele está casado com a Vanessa, ele está esperando outro filho, que com
certeza será tão maravilhoso quanto você. Talvez esse ano seja diferente.
-
será?
-
tenho certeza que sim.
-
tomara que esteja certo.
-
mas me diz, como você se sente em relação a isso? – perguntou ele alisando meu
braço.
-
não sei… quer dizer, é uma dor que nunca acaba, apenas você a deixa de sentir
depois de tanto tempo.
-
eu sei como é. Quando meu pai morreu eu pensei que não conseguiria seguir com
minha vida. Eu fiquei muito tempo parado no tempo apenas tentando entender o
sentido da vida. Porque apenas o bom morre cedo?
-
eu sempre me perguntei isso.
-
mas veja só onde estamos? Você, eu… se nada disso tivesse acontecido talvez não
tivéssemos nos conhecido.
-
a males que vem para o bem.
-
eu te amo – falou ele dando um beijo no meu rosto e pegando o livro e colocando
no criado mudo. Em seguida ele apagou a luz do abajur e nós dois dormimos.
No
dia seguinte o despertador tocou ás 04:30 da manhã. Adam desligou o despertador
e se sentou na cama coçando os olhos. Eu então me sentei na cama.
-
volta a dormir, eu vou levantar.
-
não precisa – falou ele.
-
porque você não aceita de uma vez? Faz tanto tempo e você continua se
levantando – falei puxando o braço dele e fazendo ele se deitar – dorme de uma
vez.
-
tem certeza? – perguntou ele puxando o cobertor.
-
absoluta – falei dando um beijo na boca dele – eu te amo.
-
também te amo – falou ele fechando os olhos.
Eu
fui até o banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes e assim que voltei para o
quarto eu vesti minha roupa. Eu peguei a roupa de Adam e depois eu passei levei
para o quarto. Eu peguei o sapato dele e coloquei no meu colo e engraxei.
Depois dos dois engraxados eu coloquei no quarto. Eu lavei minha mão e fui para
a cozinha preparar o café da manhã de Adam. Preparei salada de frutas e embalei
e coloquei na geladeira.
Eu
então peguei a chave do apartamento para ir lá fora pegar o jornal. Eu desci o
elevador e depois de andar por um corredor e pelos prédios eu cheguei a
portaria.
-
bom dia – falou Benjamin.
-
bom dia, o jornal já chegou?
-
sim – falou ele pegando um e me entregando, junto com algumas correspondências
-
muito obrigado – falei pegando tudo e andando em direção do prédio. Eu estava
olhando as correspondências quando ouvi alguém chamar meu nome ao longe.
-
Mike – falou uma voz masculina.
Eu
parei e olhei em volta, mas não vi ninguém, eu olhei para a portaria do prédio
e vi Roman.
-
Roman? – falei para mim mesmo.
-
por favor Mike, vem aqui.
Eu
olhei para os lados, não sabia o que fazer, o certo seria eu voltar para o meu
apartamento, mas eu simplesmente não consegui.
-
ok – falei para mim mesmo andando na direção da portaria. Roman estava falando
algo para Benjamin e só ouvi o final da conversa quando estava perto.
-
...se fizer isso, nem ele vai poder te proteger – falou Roman olhando para
Benjamin e quando me aproximei Roman olhou para mim e me deu um sorriso. Ele
tinha algo diferente nos olhos.
-
o que está fazendo aqui?
-
nós podemos conversar?
-
não temos nada para conversar.
-
por favor Mike, olha só as horas – falou ele olhando para o pulso – são 05:50
da manhã. Eu não aguentei esperar até mais tarde.
-
como assim não aguentou?
-
por favor, venha dar uma volta comigo. É só isso que eu te peço.
-
quer que eu chame o segurança? – perguntou Benjamin olhando para Roman.
-
não precisa – falei saindo pela portaria.
-
obrigado – falou Roman.
Nós
começamos a caminhar lado a lado para o lado direito. Roman estava com uma
calça social na cor parda e uma camisa social de manga curta na cor vinho.
-
onde você estava indo vestido desse jeito?
-
eu me arrumei para te ver – falou ele passando a mão no rosto que estava liso e
sem barba.
-
está sem barba? Decidiu quando?
-
hoje de manhã. Eu acordei e apenas tirei.
-
o que você quer Roman? – falei parando de andar – eu não te entendo, você disse
tantas coisas ruins para mim, tentou separar Adam dos filhos e agora parece
como se nada tivesse acontecido?
Ele
tirou os óculos escuros que usava quando disse isso. Ele olhou profundamente nos
meus olhos. Ele tinha uma expressão de felicidade no rosto. Ele colocou a mão
no meu ombro esquerdo e olhou para mim de cima em baixo.
-
eu só queria te ver – falou ele colocando a mão no meu rosto.
-
para com isso – falei me afastando – eu estou casado. Eu não gosto mais de
você.
-
eu sei, me desculpa – falou ele – você entendeu errado, eu não quero nada com
você, eu só queria pedir perdão por tudo o que eu te fiz.
-
ok, eu te perdoo.
-
sério? – perguntou ele com um sorriso.
-
sim, porque isso é tão importante para você?
Ele
então em deu um abraço e beijou meu rosto.
-
muito obrigado.
-
ok – falei abraçando ele e dando uns tapinhas amigáveis nas costas dele.
Ele
então me soltou.
-
será que podemos ser amigos? – perguntou ele.
-
olha Roman eu te perdoo, mas o Adam…
-
não tem problema, eu vou pedir perdão para ele também.
-
sério?
-
sim. Eu realmente me arrependo do que eu fiz.
-
ok então, se ele te perdoar nós podemos sim ser amigos.
-
ok – falou ele colocando a mão no bolso e tirando o colar que ele tinha me dado
a muito tempo atrás e tinha pedido de volta – eu quero que você fique com isso.
-
eu não posso aceitar de volta…
-
pode sim – falou ele indo para atrás de mim e colocando o colar no meu pescoço.
Ele e então deu a volta e olhou o colar. – viu só? Viu perfeito em você.
-
você não disse que esse colar é muito importante para você? Porque ele não está
com seu namorado?
-
porque nós terminamos, e além do mais eu nunca dei ele para ninguém além de
você.
-
tudo bem, se você quer mesmo eu fico com ele – falei colocando o colar para
dentro da camisa – agora eu preciso ir…
-
vamos indo – nós então começamos a andar de volta. – não conta para Adam o que
aconteceu aqui ok? Quando ele chegar hoje na empresa eu vou conversar com ele.
-
tudo bem.
Logo
nós chegamos em frente ao prédio outra vez.
-
sabe, eu fico feliz que você esteja arrependido.
-
eu também, eu sinto muito pelo mal que eu possa ter causado a você e a Adam.
Espero que ele aceite as minhas desculpas.
-
ele vai, Adam é um homem bom. Ele pode relutar no começo, mas ele tem um
coração tão bom quanto o meu.
-
espero que sim – falou ele me abraçando outra vez sem me avisar.
Logo
ele me soltou.
-
até mais – falou ele colocando os óculos escuros de volta com um sorriso e ele
acenou indo em direção ao carro.
-
ele te fez alguma coisa? – perguntou Benjamin.
-
não.
-
se ele aparecer outra vez, eu mesmo o tiro daqui.
-
não precisa – falei sorrindo – mas obrigado pro se preocupar.
Eu
então fui para o prédio outra vez. Eu entrei no apartamento e coloquei o jornal
de Adam em cima da mesa e fui olhar as correspondências.
Eu
me sentei no sofá e separei nossas cartas e em seguida comecei a abrir as
minhas. Alguns eram faturas do cartão de créditos, outra do banco. No meio de
tantas cartas eu abri uma que parecia ser dedo meu banco, mas quando abri caiu
um envelope menor e branco que me chamou a atenção. Pessoa colocou a carta
dentro do envelope dentro do envelope do banco que parecia ter sido violado e
colado em seguida.
Eu
então abri a pequena carta que não tinha remetente e vi que tinha sido escrita
realmente a mão.
“Mickey,
não conte a ninguém sobre esse envelope. Me encontre nesse sábado atrás do bar
“Paradiso”. Não jogue esse envelope no lixo, queime ele.”
-
Que carta mais estranha – falei me levantando e jogando ela e o envelope no
lixo – desculpe senhor repórter, mas eu não vou cair nessa.
Em
seguida eu voltei para cama porque eu estava cansado e o dia tinha começado
estranho. Eu deitei minha cabeça no peito de Adam e ele me abraçou. Como era
bom estar nos braços do meu homem. Eu não queria que levantássemos daquela cama
nunca mais.
Os
dias passaram e eu já tinha começado a escrever algumas ideias no computador.
Eu tive que perguntar para todas as pessoas envolvidas se eu poderia inclui-las
no meu livro e Adam tinha feito vários contratos para que todos que permitissem
assinasse. As pessoas que não tinham autorizado eu teria que mudar o nome
porque caso eu colocasse o nome real eu poderia ser processado.
As
pessoas que eu tive contato ,mas não eram tão importantes na história teriam
seus nomes alterados porque questões de segurança. Eu tinha recebido aquela
carta estranha e eu a tinha jogado no lixo porque eu tinha certeza que era um
repórter engraçadinho. Eu já tinha caído uma vez nessa história de “não conte a
ninguém” e “Me encontre atrás do prédio”. Eu nunca mais cairia nessa história
pra boi dormir.
O
mais estranho daquele dia não tinha sido a carta secreta, mas Roman. Desde
aquele dia ele tinha voltado a tratar Adam e eu como antigamente. Eles até
tinham passado a noite bebendo e fumando charutos em nosso apartamento no
último final de semana. Eu estava feliz por tudo ter se resolvido entre nós
três. Roman podia ser um canalha e manipulador, mas eu já tinha amado aquele
canhada e manipulador. Ele tinha sido uma parte importante da minha vida e
independente do que ele tenha feito eu gostava dele mesmo assim.
Era
dia trinta de dezembro de 2014. Adam e eu estávamos no shopping com as
crianças. Elas estava comendo seu lanche e tínhamos acabado de sair do cinema.
Eles tinham gostado muito do filme. Infelizmente eles passariam o ano novo na
casa dos pais de Megan, a mãe, então tínhamos que aproveitar o último dia do
ano com as crianças.
-
papai, podemos ir com o tio Mike na loja de brinquedos? – perguntou Jullie.
-
deixa o tio Mike em paz filhos, você vão matar ele de tanto andar.
-
não tem problema – falei dando um selinho na boca de Adam e se levantando.
-
vou lá fora fumar e volto para esperar vocês aqui.
-
ok – falei pegando na mão de Christian e em seguida na mão de Jullie.
Nós
fomos até a loja de brinquedos e em menos de um minuto eles já corriam para
todos os lados com alguns brinquedos na mão assim como várias crianças. Era uma
loucura e eu tinha que ficar de olho neles.
Tinha
uns puffs coloridos em uma espécie de brinquedoteca onde as crianças resolveram
ficar parados. Eu me sentei em um dos puffs e respirei fundo.
-
vou ter que ligar para o pai de vocês e dizer onde estamos, pelo o que estou
vendo não vamos sair daqui tão cedo.
Eu
peguei o celular e chamei por Adam.
-
oi amor – falou ele atendendo.
-
Adam, as crianças e eu estamos dentro da loja. Tem uma brinquedoteca aqui e
eles já fizeram até amizades.
-
tudo bem, eu encontrei um amigo da faculdade, você se importa se eu ficar aqui
e conversar com ele?
-
claro que não. Fique a vontade.
-
obrigado, assim que acabar aqui vou encontrar você ai na loja.
-
ok, beijo.
-
beijo – falou ele desligando o celular.
Eu
então peguei um livro infantil que estava em uma pequena mesa colorida e
comecei a ler. Eu fiquei entretido por um longo tempo até que alguém se sentou
no puff ao lado do meu.
-
parece que nossos filhos são amigos – falou o homem.
-
parece que sim – falei olhando para as crianças brincando com um garotinho – é
seu filho? – perguntei olhando para o
homem sentado ao lado de mim. Eu levei um susto, era Scott. O homem que
tinha feito sexo comigo e tinha gravado o vídeo e vasado ele na imprensa. Eu
quase não o reconheci sem a barba.
-
oi Mike – falou ele com um sorriso.
-
o que você está fazendo aqui?
-
isso é um shopping. Que eu saiba eu não sou proibido de vir aqui.
-
crianças vamos embora.
-
não tio Mike – falou Christian.
-
não tio Mike, fique aqui – falou Scott colocando a mão no meu ombro
amigavelmente, deixe as crianças brincarem.
Eu
olhei para ele.
-
ok – falei olhando para as crianças.
-
eu disse pra você não jogar a carta no lixo – falou Scott.
-
foi você? O que você quer comigo? Não vê que estou casado agora, que tenho uma
família?
-
sim. E eu tenho uma coisa muito importante para falar com você – falou ele
cochichando.
-
me poupe de suas mentiras ou sei lá o que você vai falar… a última vez que te
dei, literalmente, uma chance para conversar você jogou na internet um vídeo
nosso. Pra falar a verdade não foi muito inteligente de sua parte né? Liberar
um vídeo de sexo para me atingir e acabar sendo atingido porque deixou mostrar
seu rosto.
-
é isso que eu quero falar com você, não fui eu quem gravou aquele vídeo, não
fui eu quem vazou.
-
e você acha que eu vou acreditar nisso? – nós agora falávamos em um tom baixo.
-
Mike, olha pra lá. Aquele é meu filho, quando ele ficar mais velho com 16 anos
ou sei lá os amiguinhos da escola vão mostrar pra ele um vídeo do pai fazendo
sexo com outro homem. Você que eu queria isso para meu filho? Você acha que eu
gravaria uma fita de sexo e jogaria ela na internet sem censurar meu rosto? Eu
teria editado.
-
se você não gravou o vídeo e você nem é gay… porque fez sexo comigo?
-
eu admito que fui pago para fazer sexo com você.
-
porque? Por quem?
-
você lembra sobre a “Fábrica de Manequins”? o projeto?
-
sim. Esse projeto foi finalizado quando o candidato a presidência assumiu que
foi ele quem o pagou para fazer sexo comigo.
-
você não está entendendo Mike. P projeto nunca foi finalizado. Ele continua em
andamento.
-
como assim?
-
Mike, eu fui pago para fazer sexo com você porque eu sou o seu tipo: alto,
usava barba, boca sexy… eu fui contratado por encomenda. Eu sou apenas um
contador com problemas financeiros. Eles me ofereceram muito dinheiro e eu
precisava na época e por isso eu aceitei, mas eu não sabia que eles nos
gravariam. Eu fui contratado para te seduzir. Fui contratado para acabar com
seu namoro com Roman.
-
mas isso não está certo… Roderick foi contratado por você. Foi isso que me
disseram.
-
Eu nunca ouvi falar em nenhum Roderick.
-
se você não conhece o Roderick, quem está contratando pessoas para acabar com
meus relacionamentos?
-
isso vai além de seus relacionamentos – falou Scott olhando em volta. Ele
estava cauteloso, se assegurando de que ninguém ouviria.
-
como assim?
-
Mike… lembra que eu te mostre um arquivo com fotos de pessoas? Um arquivo sobre
os envolvidos na fábrica de manequins?
-
sim.
-
aquele arquivo me foi entregue pelo meu contratante. Ele disse para que eu te
seduzisse e te mostrasse esse arquivo. Ele me contou essa história maluca sobre
a Fábrica de Manequins e pediu que eu te contasse.
-
então quer dizer que esse projeto não existe?
-
existe sim Mike. E existe a mais tempo do que você sabe. Depois que o vídeo
vazou a minha vida virou um inferno, minha esposa ficou ao meu lado, mas eu
tive que provar para ela que o que eu dizia era verdade. Eu devia ter voltado a
minha vida, mas eu fiquei pensando no mal que eu tinha te feito e eu tentei de
todos os jeitos falar com você, mas sem provas era difícil.
-
e você tem provas do que está dizendo?
-
sim. Certa noite um homem me ligou e nós marcamos de nos encontrar em um lugar
reservado. Ele estava encapuzado e eu não consegui ver seu rosto, mas ele me
entregou o arquivo verdadeiro.
-
e o que tem nele?
-
você não vai querer saber Mike.
-
mas eu preciso. Eu estou em uma nova fase na minha vida, eu estou casado, tenho
um marido, duas crianças lindas, tenho contrato para escrever meus livros eu
não posso continuar com ela sabendo que essa história de “Fábrica de Manequins”
não está encerrada.
-
você tem certeza?
-
tenho.
-
os arquivos estão no meu carro, venha comigo.
-
ok – falei em levantando. – Jullie, Christian o tio Mike vai ali com o amigo
dele rapidão, não saiam daqui ok?
-
oi tio Mike – falaram os dois.
-
Jesse o papai vai ali e já volta ok? – falou Scott dando um beijo no filho e
nós dois
Nós
então saímos da loja de brinquedos e fomos rapidamente até o estacionamento. Eu
confesso que estava assustado, mas eu estava curioso. Eu olhei em volta e havia
carros entrando e saindo então não tinha perigo dele me jogar no carro e sair
de lá.
De
longe ele desativou o alarme do carro e assim que chegou lá abriu a porta de
trás e pegou uma mochila preta.
-
está aqui dentro – falou ele me entregando a mochila.
Eu
peguei e coloquei em cima do carro e abriu. Tinha uma pasta com vários
documentos. Aqui tem as informações de todas as pessoas envolvidas no projeto.
São informações básicas, mas o que você precisa ler é o relatório e o resumo do
projeto.
-
eu posso ficar com a mochila?
-
claro que pode – falou ele fechando a porta do carro e nós andamos de volta
para dentro do shopping. Nós chegamos a loja de brinquedos e levamos um susto
porque Adam estava com as crianças e ele levantou o rosto com um sorriso, mas ele
desapareceu quando viu Scott ao meu lado.
-
Mike? O que você está fazendo? – falou Adam se levantando – sai de perto desse
cara.
-
ok – falei indo para o lado de Adam.
-
mil perdões foi só coincidência – falou Scott.
-
mentira. – falou Adam.
-
é verdade Adam, na verdade ele veio se desculpar.
-
e você acredita nele? – perguntou Adam olhando para mim.
Eu
olhei para Scott e ele balançou a cabeça negativamente discretamente e eu
respondi
-
não.
-
nos deixe em paz – falou Adam.
-
ok - falou Scott – Jesse vem com o papai
– falou ele pegando o garotinho – desculpem qualquer coisa, não foi minha
intenção. Scott saiu da loja com Jesse nos braços.
-
está tudo bem aqui senhor? – perguntou uma funcionária da loja.
- está sim – falou Adam com um sorriso.
-
vamos indo crianças – falei pegando na mão de Jullie.
-
papai leva esse pra mim – falou ela com um boneco.
-
agora não filha – falou Adam. Ele estava visivelmente nervoso.
-
por favor papai.
-
já disse que não – falou Adam pegando o brinquedo de uma vez da mão dela.
-
Adam! – falei pegando Christina no braço que tinha começado a chorar – não
chora não, o tio Mike compra pra você.
-
eu não sei o que deu em mim – falou Adam – não chora não filha o papai compra o
que você quiser.
-
escolhe um brinquedo você também Christian – falei entregando Jullie nos braços
de Adam.
-
esse aqui – falou ele sorrindo com um boneco na mão.
Eu
peguei alguns brinquedos que estavam no chão e que eles tinham brincado e levei
até o balcão.
-
sinto muito Mike – falou cochichando.
-
não é pra mim que deve pedir desculpas – falei respirando para tentar me
acalmar.
-
que mochila é essa? – perguntou ele olhando para a mochila preta que estava na
minha mão esquerda.
-
é… - falei rindo – eu que comprei, estava precisando de uma sabe… pra carregar
meu notebook por ai, afinal eu vou precisar carregar posso encontrar inspiração
para escrever meu livro em qualquer lugar.
-
ok – falou ele pagando tudo e depois que eles colocaram tudo em sacolas nós
colocamos as crianças no chão e seguramos na mão até a saída do shopping.
-
papai não queria ter gritado ok? – falou ele enquanto andávamos para o carro –
aquele homem que estava lá é um homem mau e o papai ficou nervoso com ele, não
com vocês tudo bem?
-
sim papai – falou Christian e Jullie com um brinquedo cada. Adam estava com
Christian nos braços e eu segurava a mão de Jullie enquanto eu carregava a
mochila e as sacolas de brinquedos.
Nós
chegamos ao carro e colocamos as crianças no banco de trás e fechamos o cinto
de segurança delas.
-
você está bem? – perguntou Adam ajudando Christian a se ajeitar.
-
estou sim.
-
onde você encontrou ele?
-
eu estava sentado com as crianças e ele apareceu, ele então pediu desculpas
pelo o que tinha feito.
-
e você o perdoou?
-
sim, quer dizer não tem porque…
-
você é muito manso, se fosse eu teria arrebentado a cara dele lá mesmo.
-
manso? Eu posso não acreditar no que ele disse, mas não significa que não possa
perdoá-lo.
-
tudo bem, tudo bem – falou ele fechando
a porta do carro e nós entramos no carro. Nós colocamos os cintos de seguranças
e ele ligou o carro.
-
nós vamos mesmo brigar por causa disso?
-
não – falou ele coçando o rosto – que droga a barba está começando a crescer e
fica coçando.
-
pode dirigir eu coço pra você.
Ele
então colocou as duas mãos no volante e eu cocei o rosto dele e depois de um
tempo ele disse que estava aliviado e já não coçava.
-
esquece, eu fiquei nervoso por que encontrei ele, foi mesmo melhor ter
perdoado, era pior se tivesse começado uma briga e você ficasse nervoso e
desmaiasse.
-
viu só as vezes brigar não é a melhor opção.
Nós
levamos as crianças para a casa da mãe e deixamos os brinquedos e o feliz ano
novo porque nós não nos veríamos mais. Todo o caminho de volta eu fiquei
pensando no que Scott tinha me dito. Eu estava ansioso para chegar em casa e
ler o relatório da fábrica de manequins, mas ao mesmo tempo eu não sabia se
aguentaria o que tinha lá. Eu não sei se estou preparado para descobrir mais
coisas em minha vida. Agora que ela está nos trilhos aparece isso. Eu tenho que
tomar uma decisão: Devo conviver com a verdade dolorosa ou a mentira
reconfortante?
Assim
que chegamos Adam tirou sua roupa e foi direto para o banheiro tomar um banho.
-
depois que você sair eu vou – falei dando um beijo na boca dele.
Adam
entrou no chuveiro e fiquei esperando a água do chuveiro cair para abrir a
mochila e ler o arquivo. Logo ouvi o barulho da água e eu peguei a mochila e
abri. Dentro havia duas pastas pretas. Pareciam livros de capa dura. Eu
coloquei uma delas no colo e assim que coloquei a mão para abrir Adam saiu do
banheiro de uma vez.
-
você não ouviu eu te gritar? – falou ele vindo até mim enrolado na toalha.
-
não – eu joguei a pasta que estava no meu colo no chão e empurrei para debaixo
da cama com o calcanhar e coloquei a mochila preta no chão fechando o zíper – o
que você queria?
-
vem tomar banho comigo.
-
eu não sei, estou tão cansado
-
deixa de bobeira, vem – falou ele pegando minha mão.
-
ok – falei arrancando a roupa e entrando no banheiro. Acho que poderia esperar
mais alguns minutos.
Depois
do sexo, eu tomei meu banho rápido e sai do banheiro. Eu me enrolei na toalha e
assim que sai do banheiro fechei a porta e dei a volta na cama para pegar a
mochila, mas para minha surpresa ela tinha desaparecido.
-
o que? – falei desnorteado – não pode ser, eu deixei ela bem aqui – falei
olhando em volta – será que eu fiquei louco? – falei saindo do quarto e indo
até a sala, mas ela não estava em nenhum lugar. Foi quando eu me lembrei que
uma das pastas tinham caído no chão. Eu então entrei no quarto e me abaixei e
para minha sorte ela estava em baixo da cama. Eu enfiei minha mão para pegar e
na mesma hora Adam saiu do banheiro.
-
Mike? O que está fazendo ai?
-
nada, só procurando meus chinelos.
Ele
deu a volta na cama e eu procurei me levantar.
-
estão nos seus pés – falou ele rindo pra caramba.
-
pois é – falei rindo sem graça.
Eu
me levantei e vesti minha roupa.
-
vamos pedir comida? – perguntou Adam.
-
vamos – respondi.
-
depois de hoje – falou Adam vestindo a roupa – eu só tenho um desejo para o ano
novo: Um ano sem chuva.
-
como assim? Eu adoro chuva.
-
não nesse sentido – falou ele ajeitando a cueca – uma metáfora, quero um ano
normal e sem problemas. Amanhã quando formos passar o ano novo com seu pai esse
será meu desejo.
Eu
apenas me forcei a dar uma risada. Adam continuou conversando comigo, mas eu
nem estava ouvindo o que ele dizia. Eu tinha essa melodia horripilante se
repetindo em minha mente. Quem estaria tentando sabotar minha vida? Eu tinha
vontade de contar para Adam o que tinha acontecido, mas Scott tinha me
advertido que não contasse para ninguém. Eu estava ansioso para saber o que
estava naquela pasta, mas infelizmente eu teria que esperar por outra hora.
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