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CAPITULO 12
Eu sinto que vou sufocar se não contar para alguém e eu não quero contar
isso para o meu pai e meu irmão;
- tudo bem – falou Jay.
- eu me lembro que houve uma “última vez” que Kenny me tocou.
- porque você destaca “ultima vez” com aspas?
- porque nunca era a última vez. Eu lembro que pedia para Deus para que
o titio Kenny nunca precisasse me ver outra vez. Eu lembro que me ajoelhava na
cama todos os dias antes de dormir e eu só pedia uma coisa, eu queria que Kenny
morresse para que eu não precisasse sentir ele me tocando outra vez. Acho que
foi a partir daí que parei de acreditar em Deus.
- você nunca mais pediu para Deus?
- não. Desisti de não ser ouvido e fazia tudo o que Kenny pedia torcendo
para que ele não voltasse mais.
- o que aconteceu desta vez que você ia me dizendo.
- bom. Meu pai precisava trabalhar naquela sexta-feira até mais tarde
para não me deixar com uma babá ele me deixou na casa do Kenny por volta dás
18:00. Eu me lembro que ele me deixou lá com uma mochila nas costas. Eu tinha
10 anos na época. Ele me deu um beijo e disse para “obedecer o tio Kenny”.
Eu comecei a chorar quando disse isso.
- se meu pai soubesse na época o que ele fazia ele nunca teria dito
isso. Jay pegou um lenço no bolso e me entregou. Eu limpei minhas lágrimas e
continuei a contar.
- eu entrei e me sentei no sofá deixando minha mochila. Eu estava
assustado porque eu sabia que ele faria alguma coisa. Kenny veio até mim com um
copo de refrigerante e sentou do meu lado e disse que queria brincar.
- Jack quer brincar com o titio Kenny?
Eu apenas balancei a cabeça concordando.
- hoje nós vamos brincar de seu mestre mandou – falou ele – eu vou ser o
mestre e tudo o que eu pedir você tem que fazer.
- eu estava assustado – falei para Jay.
- porque?
- ele ameaçava.
Kenny se levantou e tirou a camisa dizendo pra mim que se eu não
obedecesse as regras ele “machucaria o papai”
Ele se sentou do meu lado e tirou a bermuda que ele usava e tirou a
cueca também. Eu lembro que ele olhava pra mim como se fosse um predador e eu
fosse uma ovelhinha ele pediu para que eu...
- se acalma – falou Jay – se não estiver pronto pra falar não precisa.
- tudo bem – falei engolindo seco sentindo vontade de vomitar. – eu fico
enjoado de lembrar disso.
- tudo bem. – falou Jay – quando estiver pronto é só dizer.
- vou continuar.
Kenny abriu bem as pernas e mandou eu me ajoelhar entre as pernas dele e
chupar o pênis dele. Eu lembro que mal cabia nas minhas mãos eu lembro que
sentia nojo, mas mesmo assim eu o fazia porque eu tinha medo dele machucar meu
pai. tinha um gosto ruim, salgado e suado. Eu lembro que não fazia idéia do que
eu estava fazendo só sabia que Kenny gostava e muito e sempre no final saia um
leite branco. Era isso o que eu pensava.
Desta vez ele mandou eu parar e ficou se masturbando o que na época eu
não sabia o que era também... meu pai e eu nunca tínhamos falado de sexo eu era
muito novo pra saber o que era isso. Desta vez o leite branco saiu tudo na mão
dele.
Eu fiquei calado por um tempo.
- acho que não precisa falar – falou Jay.
- tem só mais uma coisa.
- tudo bem, pode continuar.
Depois que ele lambeu minha bunda ele se levantou e pegou um iogurte Danoninho
na minha mochila e abriu colocando o “leite branco” dentro sem misturar me
mandou comer.
Eu comecei a tremer e a chorar outra vez.
- você comeu? – perguntou Jay.
- comi – falei chorando – de todas as vezes que ele abusou de mim essa
foi a pior. Não foi a última e foi a pior de todas. O mais difícil é crescer e
descobrir o sexo. Imagina como eu me senti quando eu descobri o sexo e imaginei
tudo o que ele fazia comigo, imagina o que eu senti quando descobri o que ele
me fez comer aquele dia. Ele não é apenas um pedófilo ele é um pervertido.
- se sente melhor de ter contado? – perguntou ele.
- sim – falei limpando o rosto.
- acho que descobrimos de onde surgiu o TOC.
- acho que a partir de agora que sabemos o problema será mais fácil de
tratar.
Eu balancei a cabeça positivamente.
- como meu terapeuta foi progresso?
- foi sim – falou Jay forçando um sorriso.
- e como Jay... meu namorado? Acho que preciso dele agora.
Jay se levantou e ficou olhando pra mim. Eu ví que começou a chorar. Ele
limpava o olho.
- não consigo fazer isso. – falou Jay saindo do quarto.
Eu fiquei surpreso com a reação dele. Realmente não esperava que ele
reagisse dessa forma. Eu fiquei triste eu precisava de um abraço. Alguns
segundos depois ouvi o carro saindo eu fui até a janela para confirmar e
realmente era ele indo embora.
Meu pai e meu irmão entrou porta.
- sinto muito – falou meu pai me dando um abraço. – Jay foi embora.
- ele não gosta de mim mais? – falei deitando a cabeça no ombro dele.
- é muita coisa pra processar. – falou meu pai batendo nas minhas
costas. – dê a ele um pouco de tempo.
- tudo bem – falei soltando-o e sentando na cama.
- você precisa dormir Jack – falou meu irmão.
- tudo bem. Eu vou me deitar.
Eu me deitei e assim que eles saíram e apagaram a luz eu me virei para o
lado e fechei os olhos tentando dormir. Demorou um tempo, mas finalmente eu
dormi. Eu acordei várias vezes durante a noite e ficava acordado pensando em
várias coisas.
Se passou quatro dias e como todos os dias eu acordei por volta dás
08:00. Eu tomei um banho e fui até a cozinha tomar um café. Jay ainda não tinha
dado noticias e não atendia os telefonemas. Eu não queria pressioná-lo, mas eu
sentia falta dele.
- bom dia – falou meu pai.
- alguma novidade sobre o caso do Kenny? – perguntei.
- você vai ficar feliz em saber que você salvou a vida de várias outras
crianças, eles encontraram fotos, vídeos e Kenny vai ficar preso por muito
tempo.
- que bom – falei sorrindo. – eu sei que o senhor queria mata-lo, mas eu
acredito na filosofia do Karma: aquí se faz e aquí se paga. Morrer seria um
presente pra ele.
Meu irmão desceu as escadas e se sentou a mesa conosco.
- pai, posso te fazer uma pergunta! Você promete me falar a verdade
mesmo que me machuque?
- sim – respondeu ele.
- o que aconteceu com o Kyle? Como ele morreu? Eu não me lembro disso.
Quer dizer. Eu lembro do que aconteceu e sei que ele morreu no acidente de
moto, mas qual foi a causa da morte?
Meu pai ficou um pouco desconfortável de dizer.
- eu sei que não sou psicólogo, mas acho que esse é um grande passo para
você Jack. Lidar com a morte.
- esse é o problema – falou meu pai – Kyle não morreu.
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