CAPITULO 07
Finalmente a quinta-feira tinha chegado. Meu pai decidiu não ligar para Jay
na segunda-feira ele tinha decidido ir à terapia comigo para poder conversar
com Jay. Ele ligou para Jay e confirmou a consulta para a quinta-feira.
Assim que chegamos ao consultório esperamos alguns minutos até que Jay
apareceu.
- boa tarde – falou Jay pegando na mão do meu pai e depois pegando na
minha.
- boa tarde – falou meu pai.
- podem entrar – falou Jay entrando.
Eu fui até as poltronas e limpei rapidamente. Limpei a minha e a do meu pai
e depois da do Jay. Eles estava em pé sem dizer nada um para outro e depois de
alguns minutos depois que limpei todos nós nos sentaram.
- podemos conversar – falou Jay se reconfortando na poltrona.
- você sabe que eu amo meu filho e espero que você não machuque-o.
- eu não pretendo fazer isso. Eu realmente gosto muito dele. – falou Jay
sorrindo pra mim.
- você falou com sua esposa? – perguntei.
- sim.
- como ela reagiu? – perguntei outra vez.
- melhor do que eu esperava. Ela disse que não aguentava mais viver
comigo. Nós meio que vamos nos separar “amigavelmente”.
- que bom – falei sorrindo.
- eu realmente quero que vocês sejam felizes. – falou ele sorrindo para
Jay – Jack me disse que se sente bem melhor quando está com você.
- eu também queria falar sobre isso – falou Jay. – eu queria que Jack
viesse morar comigo.
Eu levei um susto com esse pedido.
- será que não estão indo rápido demais tipo uns 200% mais rápido?
- eu também pensei nisso, mas o melhor para Jack agora é criar novas
lembranças em novos lugares ou pessoas diferentes ou ele nunca vai melhorar. O
que ele passou quando criança nunca irá ser apagado, mas nós podemos criar
novas lembranças para que seu corpo e sua mente vejam que essas novas
lembranças são mais importante do que as antigas.
Ele se aproximou de mim ainda sentado na poltrona e pegou na minha mão.
- e essa não é a parte mais importante... a parte mais importante é que
eu e seu filho nos amamos.
Nós nos olhamos e eu olhei para meu pai.
- não posso fazer isso se o senhor não concordar. – falei sorrindo pra
ele e pegando na mão dele.
- tudo bem – falou ele sorrindo pra mim. – tudo o que eu quero é que você seja feliz.
- tudo bem – falou ele sorrindo pra mim. – tudo o que eu quero é que você seja feliz.
Depois que a sessão acabou meu pai chamou Jay para jantar em casa na
sexta-feira.
- adoraria – falou Jay – assim podemos conversar sobre a mudança nós
três juntos.
- tudo bem – falei me despedindo.
Meu pai insistiu muito e terça-feira foi o meu último dia no trabalho
então eu fiquei encarregado de preparar o jantar.
Assim que o relógio marcou por volta das 20:00 horas Jay chegou para o
jantar. Nós nos sentamos a mesa. Eu comi vagarosamente tentando relaxar.
- eu irei comprar um novo apartamento pra mim e depois você pode se
mudar.
- tido bem – falei engolindo vagarosamente e sorrindo.
Quando eu ouvia as pessoas comendo, o barulho dos dentes ou da comida se
mexendo eu sentia uma raiva muito grande, mas estava tentando muito melhorar.
Depois do jantar fomos até a sala para conversarmos um pouco até a hora
em que Jay fosse ir embora. Enquanto conversávamos minha mente viajou por um
instante e olhei para a cozinha. O chão para ser mais exato pensava em tudo o
que tinha acontecido no dia em que nasci. Meu irmão tinha me dito tantas vezes
que era como se eu me lembrasse de tudo. Enquanto pensava o celular do meu pai
tocou.
- só um instante – falou ele se levantando do sofá.
- você está bem? – perguntou Jay chegando mais perto de mim.
- sim – falei respirando – só estou um pouco perturbado.
- com o que? – perguntou ele.
- com nada – falei dando um meio sorriso.
Meu pai apareceu outra vez na sala sem dizer nada. Ele estava meio pálido
e tentando disfarçar o rosto.
- tudo bem? – perguntei.
- está sim – falou ele ainda em pé parecendo um pouco encabulado. –
vocês se importam de ficar aquí? Eu preciso resolver um problema no trabalho.
- uma hora dessas? – falei me levantando.
- não é nada não precisa se preocupar – falou meu pai colocando a mão no
meu ombro.
- aconteceu alguma coisa? – perguntou Jay se levantando.
- eu estou bem – falou meu pai indo em direção ás escadas.
Eu me levantei tremendo.
- aconteceu alguma coisa com meu irmão?
Quando disse isso meu pai parou onde estava e olhou pra trás. Ele me
olhou intensamente e depois olhou para Jay.
- seu irmão sofreu um acidente.
Quando meu pai disse isso meus braços tremeram e meus dentes se bateram
como se eu estivesse com frio.
- eu sabia – falei colocando a mão na minha cabeça. Jay tentou se
aproximar e eu me afastei dele. – o que aconteceu? – perguntei tremendo. Eu mal
conseguia conversar minhas palavras saiam enroladas.
- ouve uma explosão durante uma missão que seu irmão participava e ele
ficou ferido.
- ele morreu? – perguntei me sentando no chão.
- ele não morreu – falou meu pai – ele apenas ficou ferido. Por sorte
ele não estava perto da bomba. Eles acabaram de me ligar e disseram que seu
irmão está vindo pra cá agora mesmo. em algumas horas ele vai ser transferido
para um hospital no centro da cidade.
- eu o matei – falei colocando as mãos na cabeça.
- não foi culpa sua – falou Jay.
- você pode cuidar dele esta noite? – perguntou meu pai.
- posso sim, fica tranquilo e nos mantenha informado – falou Jay.
Meu pai pegou as chaves do carro e logo foi em encontro do meu irmão.
Eu continuei sentado no chão olhando para o vazio tentando encontrar um
significado ou uma explicação para tudo aquilo. Realmente não tinha outra
explicação... era minha culpa.
Jay se sentou ao meu lado, mas um pouco afastado.
- se quiser ficar sentado aquí eu posso te fazer companhia. – falou ele.
- eu matei minha mãe e agora eu vou matar meu irmão.
- você entende que isso não é culpa sua?
Eu ouvia aquelas palavras, mas não acreditava. Era minha culpa e de mais
ninguém.
- o que nós conversamos? Você se lembra de tudo?
- sim – falei baixo olhando para o chão.
- a culpa não é sua. Não é culpa de ninguém. É simplesmente a vida, ela
acontece rapidamente existe coisas boas e coisas ruins, mas essa é a vida.
- entendo – falei olhando pra ele e sorrindo e olhando para o chão. Eu
comecei a contar os quadradinhos de madeira que formavam o chão da sala. – 1,
2, 3, 4, 5, 6... – eu contava tentando organizar pelo menos uma coisa na minha
vida. Eu fiquei de quatro e comecei a passar o dedo pelos quadradinhos e
contanto.
- mesmo antes da noticia você parecia distante – falou Jay. Eu não
ligava para o que ele me falava apenas continuei contando.
- 33, 34, 35, 26...
Ele ficou sentado apenas olhando pra mim.
Eu me sentia humilhado, mas enquanto eu contava parece que minha vida
era organizada. Dava-me certo conforto eu ter controle sobre alguma coisa. Por
alguns minutos continuei contando e fui me afastando de Jay à medida que
contava.
- o que te aborrece? Sou eu?
- 339, 340, 341... não! 342, 343...
- o que é então? Eu sei que além do seu irmão algo mais te aborreceu.
Eu não disse nada e continuei contando. A medida que contava eu começava
a suar e as vezes caiam lágrimas dos meus olhos. Jay ficava olhando pra mim
tentando me decifrar. Ele então se levantou e se sentou na minha frente me
atrapalhando a contar.
- 404, 405... – eu olhei pra ele. – eu preciso contar os que você está
em cima.
- não vou sair daqui. Eu sei que você sente necessidade de contar quando
está nervoso e sente que perdeu o controle da situação.
- vou ter que começar outra vez – falei me sentando.
- não – falou Jay. – você pode contar outra coisa.
Ele disse isso desabotoando a camisa e tirando e esticando o braço.
- você pode contar os pelos no meu braço. São muitos e assim você pode
ficar parado para que possamos conversar.
Eu olhei pra ele meio receoso e pela primeira vez tinha reparado na
tatuagem de águia que ele tinha no braço. Continuei olhando para o braço dele e
ele esticou mais o braço para que eu pegasse em minhas mãos. peguei o braço
dele e comecei a contar os pelos do braço dele. Eram muitos e eles ficavam
embaralhados e às vezes eles se arrepiavam à medida que passava meus dedos pelo
braço dele.
Jay apenas me olhava atento.
- você não quer se mudar? – perguntou Jay, mas eu continuei contando.
Ele olhou mais um pouco pra mim atento:
- você têm medo de deixar seu pai sozinho? – falou ele mais uma vez.
Outra vez não dei bola e continuei contando.
Ele continuou olhando pra mim e olhou para a cozinha e depois para os
meus dedos passando no braço dele.
- você tem medo de me machucar também? – falou ele. eu parei de contar e
fiquei segurando o braço dele sem fazer nada. Ele se assustou quando uma
lágrima caiu no braço dele. – você tem medo de me machucar caso nós dois nos
relacionemos?
- é um aviso! – falei olhando para ele. – olha só o que aconteceu com
meu irmão.
Ele foi levantando o braço e passou no meu rosto:
- vem aquí – falou ele escorando na parede e me puxando fazendo com que
eu o abraçasse. – isso não vai acontecer porque você nunca machucou ninguém.
Sua mãe morreu de uma infecção e seu irmão se afastou de você por uma escolha
dele.
Eu fiquei abraçado com ele pensando no que ele falava e apesar daquelas
palavras serem as mesmas que eu vinha ouvindo a anos de algum modo eu me
acalmei quando ele me disse.
Ficamos abraçados por 30 minutos até que o silencio foi quebrado.
- você quer ir se deitar? – falou Jay.
- quero – falei me levantando e Jay segurou na minha mão e me levou até
na cama. eu me deitei e ele me cobriu.
- eu vou ficar acordado esperando por noticias do seu pai.
- fica aquí até eu dormir – falei pegando a mão dele e segurando em cima
do meu coração.
- tudo bem – falou ele sentado na cama.
Eu fiquei segurando a mão dele e pensando na vida e tudo o que ele tinha
me dito e antes que eu percebesse dormi.
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