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ESPERANDO POR UM HERÓI capítulo oito
cordei primeiro do que Vincent. Sentei-me na cama e
depois de dar uma esticada no corpo me levantei e fui para o banheiro. Lavei
meu rosto e usei um enxaguante para melhor o hálito já que não tinha nenhuma
escova de dentes. Sai do banheiro e fui até o frigobar. Peguei uma garrafa de
água bem gelada e abri tomando quase toda a garrafa de uma vez. Estava com
muita sede. Minha cabeça doía um pouco, mas infelizmente não tinha remédios.
- que horas são? – perguntou
Vincent se mexendo na cama e limpando a baba do rosto.
- quase onze.
- já? – falou ele procurando o
celular.
- deve estar na sua calça – falei
me levantando e pegando o celular no bolso da frente e entregando a ele.
Ele apertou os olhos tentando ver
algo.
- Vanessa me ligou várias vezes –
falou ele jogando o celular para o lado – ela deve estar preocupada – falou ele
bocejando.
- olha Vincent, eu não sei o que
seu em mim ontem… Eu bebi muito, o que não costumo fazer e…
- Não se preocupe – falou ele me
encarando – Eu não fiz nada que não queria.
- eu devo confessar que a noite
de ontem… foi maravilhosa.
- vem aqui – falou ele batendo a
mão na cama e se deitando de lado. Eu me deitei olhando para o teto.
- me sinto tão estranho.
- deve ser a ressaca… – falou ele
virando meu rosto para ver se ele já não carregava mais a marca – …você foi
maravilhoso também.
Eu suspirei.
- Não quero te decepcionar, mas
você sabe que não podemos ficar juntos não é? Minha irmã é casada com seu pai,
isso é errado de tantas maneiras. É melhor evitarmos brigas.
- eu sei. A verdade é que você me
tratou tão bem ontem a noite que eu acabei de me lembrando de uma outra época
da minha vida. Quando conhecia alguém que me tratava como você me tratou
ontem.
- porque diabos você deixou essa
pessoa escapar? – perguntou Vincent beijando meu rosto.
- Eu não deixei. Ele simplesmente
se foi. Foi obrigado a se distanciar de mim, mas esse ano ele teve a chance de
voltar, mas parece que não significava muito para ele.
- não se preocupe com isso –
falou ele vindo para cima de mim – eu vou soar meio canalha agora, mas sempre
que se sentir sozinho pode vir até mim. Não é que você não seja bom o bastante
para ser algo a mais é que as circunstâncias não permitem.
- eu entendo – falei beijando a
boca dele – fica tranquilo quanto a isso.
- que bom – falou ele me
beijando, dessa vez um beijo bem mais demorado – vou vestir minha roupa e nós
vamos para a casa do seu pai.
- eu não vou. Pode ir você –
falei enquanto ele se levantou.
- Mike, você precisa se acertar
com seu velho. Não importa o que ele fez ou disse, ele é seu pai. É papel dele
te proteger. Se você não quiser volta para lá, tudo bem, mas você precisa pelo
menos ir almoçar. Tenta fazer as pazes com seu velho.
- ok, você me convenceu. Talvez
ele tenha se arrependido do que fez. Eu realmente não sei o que deu nele para
agir daquela maneira, mas espero que ele tenha voltado a ser o pai que amo e
admiro.
Depois que nós dois estávamos
prontos para partir deixamos o quarto e descemos até o térreo para fazermos o
check-out. Vincent pagou por tudo já que minha carteira havia ficado dentro da
mala.
Ao chegarmos na casa do meu pai o
carro foi estacionado ao lado do carro do meu pai.
- bom dia – falou Vanessa vindo
ao nosso encontro quando saímos do carro.
- bom dia – respondemos juntos.
- você está bem Mike?
- estou sim Vanessa.
- que bom.
- e meu pai? Como ele está? Ainda
irritado?
- por favor Mike, não vá embora
outra vez. Fique aqui.
- porque eu iria embora?
Antes que ela respondesse eu vi
Adam ao longe fumando e ele estava com quem? Isso mesmo. Meu pai. Os dois
conversavam e riam.
- quer saber? Já deu. Vou voltar
para o hotel.
- eu não sei o que dizer – falou
Vanessa olhando para Vincent.
- conversa com ele Mike – falou
Vincent – mesmo que você não esteja interessado, talvez seja bom vocês terem um
encerramento.
- não é com Adam que estou com
raiva… no momento. É do meu pai. Porque ele fica insistindo nisso?
- eu não sei. Sinceramente, mas
faz o que meu irmão disse. Converse com eles.
- ok falei indo em direção ao
porta de entrada. Atravessei a sala e cheguei a cozinha como se não os tivesse
visto lá de fora. Respirei fundo antes de chegar com um sorriso falso.
- olá – falei finalmente indo de
encontro aos dois.
- bom dia – falou meu pai
sorrindo e esticando-se para um abraço, mas eu me afastei.
- bom dia – falou Adam.
- o que você está fazendo aqui.
- Mike! – falou meu pai me
repreendendo.
- tudo bem – falou Adam – eu só
queria conversar com você.
- ok – falei me afastando – venha
conversar.
- ok – falou Adam apagando o
cigarro e vindo em minha direção.
- e então? Quer falar sobre o
que?
- você está bem?
- ótimo.
- eu queria conversar sobre nosso
relacionamento.
- não temos mais um
relacionamento, agora… se você quer falar sobre o fim dele, tipo: divórcio.
Tudo bem.
- espera, você quer mesmo se
divorciar? Estamos brigados a pouco mais de três dias. Além do mais hoje é meu
aniversário.
- nós não estamos brigados. Nosso
relacionamento acabou Adam. Foi bom enquanto durou, mas não vai mais acontecer.
- eu sei que está chateado, mas
precisa me dar outra chance.
- porque? Daqui a nove meses você
vai ter outra ereção a qual eu não sou o motivo. Você vai outra vez me trair e
engravidar outra.
- eu estou muito arrependido do
que fiz.
- eu também. Não devia ter levado
essa paixão por você a diante. Podia ter passado por isso sem todo esse
sofrimento.
- sabe porque eu te contei a
verdade? Porque eu achei mesmo que nosso relacionamento fosse forte o
suficiente para passar por isso, mas parece que estava errado.
- você é realmente um babaca…
- você também me traiu.
- é, mas além de ter engravidado
alguém você me colocou em risco. Você tranzou sem camisinha – nesse momento eu
me lembrei da noite com Vincent. Teria uma conversa desagradável com ele
depois.
- podemos fazer um exame.
- não se preocupe. Eu vou mesmo
fazer. Vamos falar sobre o divórcio?
- eu não vou me divorciar.
- isso não vai me impedir de
transar, não vai me impedir de namorar.
- Mike… eu… é impossível
conversar com você. Está parecendo minha ex-mulher.
- agora eu vejo o quão sábia ela
era. Agora eu entendo o quanto ela deve ter sofrido em sua mão. Meu deus, eu vi
você tranzar com dezenas de mulheres na sua sala. Quantos vezes você não
tranzou sem camisinha e depois foi para casa ficar com sua esposa. Eu estava
cego de paixão.
- por favor. Tudo o que peço é
uma segunda chance. Eu sei que você me ama. Eu sei que ainda fica arrepiado
quanto te toco – falou ele tocando meu braço.
- você é hétero Adam. Você gosta
de mulher, se você quiser tranzar com outro homem de novo vai ter que enganar
outro trouxa. Ou pagar por um.
Olhei para meu pai e ele estava
apreensivo. Eu sei porque ele balança sua garrafa de cerveja bem de leve. Ele
só fazia isso quando estava muito ansioso. Ele deu um gole olhando para mim da
cerveja.
- quer saber? Você vai almoçar
aqui hoje não vai?
- vou sim.
- depois nos falamos mais sobre
isso.
- ok – falou Adam indo até
geladeira e pegando uma cerveja.
- e então? Perguntou meu pai – se
reconciliaram?
- o senhor está bem pai? Eu te
conheço o suficiente para saber que esse não é o seu normal. O senhor nunca
faria comigo o que fez ontem se estivesse tudo bem.
- você não me conhece bem.
- como assim pai? Claro que te
conheço.
- sabe Mike. Depois que a Rachel
nasceu eu tenho pensado na vida. Tenho pensado no mundo em que ela vai crescer.
Nesse momento Vanessa e Vincent
chegaram até nós.
- o que isso tem a ver com o
senhor ter me batido ontem?
- você deixou o mundo um lugar
mais difícil para sua irmã. Quando ela for para a escola você sabe muito bem o
que os amigos dela vão dizer. Ela vai descobrir tudo o que você fez, todos os
seus vídeos.
- mas isso não é culpa minha.
- está tudo bem? – perguntou
Vanessa.
- não está não – falou meu pai –
estou apenas dizendo a verdade a ele.
- Larry por favor… - falou Adam.
- a culpa é sua também – falou
meu pai para Adam – você não soube administrar seu casamento.
- pai, eu não estou entendendo –
falei com o coração doendo.
- é o que você ouviu – falou meu
pai – eu não posso mais ter você aqui. Já aconteceu antes, você se envolve e
depois volta correndo. Puxa cara, você já é um homem. Se vire com seus
problemas, eu não posso mais estar aqui sempre que precisar, eu tenho uma filha
especial. O que vou dizer a ela quando ela ver um dos seus vídeos?
Não conseguia dizer nada. Nunca
pensei passar por tal situação.
- tudo o que aconteceu de ruim
nessa casa, comigo foi culpa sua. Tudo começou quando trouxe aquele Charley
para dentro dessa casa. Você sabe o que aconteceu e você sabe o que veio
depois. O estupro não foi culpa minha, foi sua. Se eu te estuprei aquela noite
a culpa foi sua.
- Larry, pelo amor de deus o que
está dizendo – falou Vanessa – você já bebeu demais.
- eu não estou bêbado. Volte
daqui a dois dias e eu vou dizer a mesma coisa.
- o que a mamãe diria?
- você matou minha esposa –
gritou meu pai – foi tudo culpa sua. Maldito foi o dia em que eu te adotei. o
engraçado é que o problema não é sua sexualidade. É você. Você podia ser gay, assassino,
pedófilo… tudo bem. Eu te amaria do mesmo jeito, mas parece que você foi
amaldiçoado quando nasceu. Você só trouxe desgraça para minha vida. Você
destruiu tudo o que eu amava. Não vou deixar fazer isso com minha família. Não
vou deixar você destruir a esposa e a filha que eu consegui apesar de você.
- então não sou mais seu filho? –
falei tremendo por dentro.
- você é um capítulo encerrado em
minha vida. Você pode correr para os braços da sua nova família. Stephen me
disse que você encontrou seu pai biológico né? Ótimo. Leve um pouco da sua
maldição para longe da minha família.
- eu não faço mais parte dela?
- você é um capítulo encerrado da
minha vida. Um capítulo longo e negro.
- não diga isso para seu filho –
falou Vanessa com lágrimas nos olhos – Mike, por favor.
- tudo bem Vanessa – falei dando
dois passos para trás – tudo bem, a culpa foi mesmo minha.
- Mike… - falou Adam me vendo
passar por ele. Iria embora daquele lugar para nunca mais voltar. Meus olhos se
encheram de lágrimas ao pensar em toda a minha vida. Você já parou para pensar
se um dia a pessoa que você achou que mais amasse simplesmente virasse as
costas para você?
Adam veio na minha direção para
um abraço e quando passou os braços em mim eu consegui sair e continuar
andando. Quando passei por Vincent ele fez o mesmo, eu tentei me livrar de seus
braços, mas ele foi persistente e acabei por abraça-lo. Minhas lágrimas
escorreram por seu ombro. O abraço durou um bom tempo.
- vai ficar tudo bem – falou
Vincent cochichando.
- não aguento essa choradeira, é
disso que estou falando – falou meu pai. Você é muito dependente Mike.
- chega Larry – gritou Vanessa –
pelo amor de Deus, chega.
- o que é isso? – perguntou meu
pai – cuidado Vincent, ele vai tentar te converter assim como fez com Adam.
Nesse instante Vincent me
empurrou fazendo eu bater as costas na parede. Ele foi em direção ao meu pai
com o punho levantado e acertou o lado esquerdo do rosto dele. Meu pai
cambaleou deixando a garrafa de cerveja cair, mas ele logo se recompôs e foi
para cima de Vincent acertando um soco no nariz dele. O sangue jorrou em sua
camisa branca, mas isso não impediu que ele jogasse meu pai no chão.
Vanessa gritava desesperada. Adam
não tentava separar os dois. Algo dentro de mim impedia que eu me movesse.
- Vincent foi por cima do meu pai
e levantou o braço com a mão fechada pronto para acertar vários socos na cara
dele, mas algo fez ele parar. Não sei bem o que foi, mas sua mão tremeu no
alto, mas ele recolheu sem faze-lo. Ele saiu de cima do meu pai.
- quero você fora da minha casa –
gritou meu pai.
Vincent estava nervoso e
ofegante. Ele veio até mim tapando o nariz impedindo o que o sangue continuasse
sair.
- você tá bem? – perguntou ele.
- estou.
- desculpa ter te empurrado, te
machuquei?
- não – falei vendo a Vanessa
cuidando do meu pai… Larry.
- não quero que volte mais a essa
casa – gritou meu pai. Não sabia bem para quem ,mas tinha quase certeza que era
para Vincent e eu.
- Depois eu pego minhas coisas
Vanessa.
- não tem problema Vincent –
falou Vanessa.
Nós entramos na casa e subimos as
escadas indo até o banheiro. Vincent abriu a porta e abriu a torneira deixando
o sangue sair. Fiquei na porta do banheiro vendo ele limpando o rosto.
- me deixa no aeroporto? – falei
me aproximando – vou voltar para Nova Orleans.
- não. Eu vou para um hotel e você vai comigo.
- não precisa… - falei me
aproximando mais e fazendo com que ele levantasse a cabeça – fica com a cabeça
levantada – eu tapei o nariz dele enquanto ele olhava para o teto – …não
precisa ser um herói. Eu me viro.
- não. Me deixe ser seu herói. Eu
quase perdi a chance com você só porque não queria irritar seu pai.
- Você ouviu o que ele disse. Só
vou trazer desgraça pra sua vida – falei começando a chorar. Nunca me senti tão
mal em toda a minha vida.
- não chora.
- é difícil não chorar depois do
que aconteceu.
Vincent abaixou o rosto e o
sangue já não saia. Ele lavou o rosto outra vez e tirou a camisa. Ele foi até o
quarto e colocou outra.
Nós descemos as escadas e fomos
até o carro. Ele destravou e o alarme apitou. Vanessa saiu pela porta da
frente.
- você está bem Mike?
- não – respondi limpando o rosto.
Meus olhos estavam inchados. Adam veio logo atrás de Vanessa.
- Mike, vamos para casa – falou
Adam – eu cuido bem de você.
- tudo bem, pode ir com ele –
falou Vincent.
- Vou com você – falei entrando
no carro de Vincent.
- tem certeza que quer vir comigo?
– falou ele olhando para trás e dando ré com o carro.
- tenho – falei olhando para ele.
- você está bem mesmo?
- estou.
Ele virou a esquerda e seguiu por
algum tempo e depois de virar a esquina ele parou.
- você quer que eu te leve ao
aeroporto? Eu te levo.
- não, quero ficar com você.
- tudo bem – falou ele me
abraçando – vai ficar tudo bem – falou ele me dando um selinho na boca – vai
ficar tudo bem.
-
ok – falei engolindo o choro e deitando minha cabeça no vidro do carro. Ele
seguiu viagem. Quem dera eu pudesse acreditar que ficaria tudo bem.
Fazia exatamente trinta e seis
dias que Larry havia me expulsado da família. Como se isso fosse possível. Faz
exatamente trinta e seis dias que estou dentro desse apartamento e não vejo a
luz do sol. Não fui a Nova Orleans para saber o resultado exame. Stephen e Ray
devem estar loucos atrás de mim, mas a bateria do meu celular estava jogada
para um lado e o celular para o outro. Eu tentava sair da cama, fazer algo além
de tomar banho e de ir ao banheiro, mas não tinha ânimo. Não queria sentir o
que sentia, mas estava depressivo, sem vontade de viver.
Pedi a Vincent que não contasse a
ninguém onde estávamos e assim ele o fez. Vincent havia alugado esse
apartamento provisoriamente. Seu filho agora já não estava mais com a babá,
Vincent o buscou e agora ele vive com a gente. É claro que ele passa o dia todo
na creche, mas o que importa a Vincent é estar perto do seu filho.
A rotina de Vincent era a mesma
desde o ocorrido. Ele acordava cedo e preparava o café da manhã e trazia para
mim na cama. Eu nunca comia na hora, mas a fome doía e eu acabada comendo,
mesmo sem vontade nenhuma. Ele vai para o trabalho e me liga de hora em hora
para saber como estou. Ele comprou um celular especialmente para isso.
Na hora do almoço ele vinha para
casa e no caminho passava em um restaurante e trazia a comida. Nós almoçávamos
juntos. Se é que se pode chamar de almoço quando uma das pessoas mal dá duas
garfadas. Em seguida ele volta para o trabalho e mais uma vez ele me liga a
cada hora.
A noite ele chega com o jantar.
Ele varia sempre tentando encontrar algo que eu goste. Comida indiana,
mexicana, japonesa… nem me lembro mais a variedade que comi.
Depois do jantar vou ao banheiro
tomar meu banho, mas Vincent não me deixa fechar a porta do banheiro, talvez
ele tenha medo de que faça alguma loucura. Quando nos deitamos ele nunca dorme
primeiro. Eu sou sempre o primeiro a dormir. Eu sei porque ele massageia minhas
mãos. Essa é a última coisa de que me lembro.
Eu sei que Vincent sente mais por
mim do que ele anda me dizendo. Uma pessoa não faz pela outra o que ele anda
fazendo por mim se ela não for perdidamente apaixonada por ela. Vincent diz que
gosta muito de mim e é por isso que ele cuida de mim todos os dias. Ele não dá
o braço a torcer. Talvez a culpa seja minha. Me jogo de cabeça em
relacionamentos, mas a verdade é que fui criado como uma pessoa carente e
mimada. Preciso que alguém me ame ou
então eu perco o rumo.
Depois de tomar seu café da
manhã, Vincent endireitou a gravada em frente ao espelho.
- você não contou ao Adam… ou
contou? – perguntei aflito.
- ele não tem falado comigo.
- você não precisa fazer nada
disso por mim. você sabe disso.
- se eu não cuidar de você, quem
vai cuidar? Adam? Nem pensar – falou ele se sentando na cama – já disse e vou
dizer outra vez: não estou fazendo isso por obrigação. Eu gosto muito de você –
ele colocou sua mão em cima da minha.
- também gosto de você – falei
apertando a mão dele.
- você gosta mesmo de mim?
- gosto.
- você confia em mim?
- sim.
- venha almoçar comigo hoje. Em
um restaurante. Vai ser bom pra você sair dessa cama, desse apartamento. Tenho
medo de que você tenha um colapso e faça uma coisa estúpida.
- eu não consigo.
- por mim. Faça isso por mim.
Sempre disse não. Todos os dias
ele me pergunta isso, mas é a primeira vez que ele segura a minha mão. Não sei
porque, mas pela primeira vez senti vontade de sair de lá.
- tudo bem.
- sério? – perguntou ele
sorrindo.
- sério.
- você quer que eu te busque? Eu
posso vir…
- não precisa. Eu chamo um taxi.
- que ótimo – falou ele se
levantando – vou ficar ansioso. Você não me dar o bolo né? Não faria isso
comigo.
- não vou – falei respirando –
agora eu me lembrei… você pegou o resultado do seu exame?
- sim. Deu negativo. Significa
que você também está limpo – falou ele arrumando o cabelo pela última vez. Ele
gostava de se arrumar.
- graças a deus.
- já vou indo – falou ele
beijando meu rosto. Ele ia se levantar, mas eu o impedi e dei um beijo em sua
boca.
- vou estar lá na hora.
- vou estar esperando.
Foi a última coisa que ele disse
antes de sair pela porta. Antes de me levantar, decidi que aquele seria um dia
diferente. Não queria mais me sentir daquele jeito. Não podia mais viver
daquela jeito, triste e com remorso. Eu tinha que fazer alguma coisa a
respeito.
Tomei um banho demorado e depois
vesti minha melhor roupa. Vanessa havia deixado minha mala com Vincent. Antes
de deixar o apartamento fui até a cozinha e peguei uma das facas mais afiadas
na gaveta e coloquei em minha mochila.
Ao chegar na rua meus olhos
doeram. Fazia tempo que não sentia o sol na minha pele. Talvez eu estivesse
diferente, mas quando passavam por mim as pessoas olhavam por mais tempo. Acho
que era o extinto das pessoas avisando que eu era um perigo em potencial.
Não sei porque, mas andar
armando, mesmo que por uma insignificante faca, nos deixa mais confiantes. Eu
sentia que o mundo era apenas uma enorme loja de doces e eu era a criança mais
sortuda.
Estava cansado de ser tratado
como lixo por todo mundo que eu pensei que me amava. Sei que meus planos eram
sombrios, mas não conseguia esconder o sorriso em meu rosto. Era bom finalmente
estar tomando controle da minha própria vida.
Parei no meio da calçada e peguei
meu celular novo. Enviei uma mensagem para Larry e Adam. A mensagem dizia para
que eles viessem a 4ª Avenida. Claro que eu não em identifiquei, mas eles
ficariam curiosos.
Olhei para o lado e vi uma
lanchonete do outro lado da rua. Podia ficar lá esperando pelo dois. Espero que
dê tempo de cortar a garganta dos dois antes que alguém me impeça.
Será que eu surtei? Não conseguia
sentir nada ao dizer essas palavras.
- Espero que ninguém me impeça
antes de cortar a garganta dos dois.
- falou comigo? – perguntou um
policial passando do meu lado.
- não senhor policial.
- ok – falou ele com um sorriso –
tenha um bom dia.
Espero que ele não fique por
perto quando acontecer. Não me importo de ter surtado. Larry surtou, Adam
surtou. Porque eu não posso?
As horas se passavam. Era quase
dez horas da manhã. A mensagem dizia claramente para eles me encontrarem ás dez
horas na quarta avenida em frente a Vinil Records. Uma velha loja de Vinis. Uma
das poucas existentes na cidade.
Fiquei sentando em um banco do
outro lado da rua, dessa maneira podia vê-los chegar. Pedi um suco de laranja
enquanto esperava por eles. As dez horas em ponto vi Adam se aproximando em
frente a loja. Por um instante ele parou, olhou no relógio e ficou lá parado.
Esperei alguns minutos e vi Larry
se aproximando de Adam. Vi que os dois se entreolharam e começaram a conversar.
Respirei fundo, abri minha mochila e coloquei a faca na cintura, me levantei e
comecei a andar.
- Hey, você está esquecendo sua
mochila – gritou a garçonete quando coloquei o primeiro pé na rua.
- depois eu pego – falei olhando
para trás. Quando fiz isso ela deve ter visto a faca porque gritou.
E não liguei e olhei para frente.
Adam e Larry ainda não tinham me visto. Os carros desviavam de mim e buzinavam,
foi quando os dois me viram. Estava no meio da avenida e peguei a faca na mão.
Estava quase chegando quando ouvi alguém gritando meu nome.
- Mike? – falou Adam.
Olhei para o lado e vi Stephen
próximo a mim. ao seu lado estava Ray.
- o que estão fazendo aqui.
- Vincent me ligou. Ele viu você
pegando a faca na cozinha – falou Stephen – ele só viu agora.
- o apartamento tem câmeras?
- sim, mas foi Vincent que
instalou. Ele tinha medo de que fizesse algum mal a você.
- vocês estavam aqui em San Diego
o tempo todo.
- sim – respondeu Stephen –
estávamos apenas esperando você ficar melhor.
- porque esperavam por mim?
- Eu sou seu pai – falou Ray.
- o que?
- eu sou seu pai – falou ele
dando um passo em minha direção – você é incrível sabia? Eu sei tudo sobre você
e quer saber? Eu não me importo. Não faça isso.
- você não sabe o quanto as palavras
machucam – falei pela primeira vez pensando direito.
- Eu te amo do jeito que você é –
falou Ray vindo bruscamente em minha direção e me dando um abraço.
Eu finalmente me rendi e comecei
a chorar.
- eu não sei o que deu em mim –
falei soltando a faca e abraçando-o.
- não se preocupe com isso –
falou Ray me abraçando. Eu ouvi o choro em sua voz.
Nos abraçamos por um longo tempo
antes que me arrependesse do que tinha feito. Eu estava prestas a acabar com a
minha vida e a de duas pessoas.
Olhei
em volta e vi que nosso pequeno e sujo segredo não duraria tanto. Havia câmeras
por todos os lados. As pessoas olhavam para nós e outras contavam o que tinha
acontecido para as câmeras. Vi Vincent sair do carro correndo e vir em nossa
direção. Ele tentava passar pela multidão. Mais uma vez fodi com a vida de
todos a minha volta.
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Alex esta certo em ter ciumes,o Mike pega todos os caras mesmo!
ResponderExcluirobrigado pelo comentário. Me motiva a escrever mais e mais ;)
ExcluirGente e tao fácil pegar o Mike ,eu acho que ate um mendigo gordo e feio consegui comer ele!!
ResponderExcluirverdade. É até uma boa ideia.
ExcluirObrigado pela dica ;)
Um abraço e obrigado pelo comentário. Continue companhando e comentando. É isso que me motiva. :)