A
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Capítulo Quinze
VERÃO EM VERMONT
bri os olhos bem devagar. Pensei que quando finalmente
acordasse da cirurgia, mas a verdade é que me pareceu um longo e proveitoso
sono. Olhei pela janela do quarto e vi que lá fora o sol iluminava. Por alguns
segundos senti um pouco de paz por estar vivo, mas em seguida comecei a
engasgar. Era como se tivesse algo atravessando minha garganta.
Levei minhas mãos até minha boca
tentando tirar o que estava entalado na garganta, mas não consegui. Olhei para
os lados tentando fechara boca e percebi que tinha algo enfiado na garganta.
Ouvi algumas pessoas gritando e
uns vultos passando rapidamente perto de mim e em seguida vi um rosto familiar.
Não reconheci quem era, mas eu sabia que conhecia. Em seguida ele tirou o que
me incomodava. Parecia ser uma espécie de tudo.
- ele está bem – falou uma voz
masculina – ele está respirando sozinho.
- ele está mesmo bem? – perguntou
uma voz feminina. Olhei para ela e também não a reconhecia apesar de saber que
eu a conhecia.
- sim. Engasgar é um sinal
positivo. Significa que ele está respirando sozinho e não precisa mais do tubo
– falou o homem eufórico. Parecia contente.
Respire fundo e tentei mover meus
braços e agarrei algo. Parecia o braço de alguém.
- você está bem. você vai ficar
bem – falou o homem olhando para mim. Franzi a testa tentando reconhece-lo e
comecei a perceber algumas coisas familiares. O cabelo e barba prateada e os
olhos castanhos escuros. A voz rouca e estridente que tinha me feito fazer uma
promessa.
Era o dr. Marshall.
- Oliver, consegue me entender?
Eu balancei a cabeça
positivamente.
- consegue conversar?
- consigo – falei com a boca
seca.
Olhei para o lado para ver a
mulher dona da voz feminina e ao olhar para ela novamente percebi que era Amy.
Ela estava tão linda quanto da última vez.
- me perdoa – falei para Amy. Me
lembrei que a última vez que eu a vi eu havia faltado com o respeito e xingado
ela.
- esqueça isso – falou ela com
lágrimas nos olhos – estou tão feliz que você acordou – falou ela segurando
minha mão – milhares de coisas passaram por minha mente.
Eu dei apenas um sorriso.
- posso conversar com ele por um
instante? – perguntou Dr. Marshall para Amy.
- sim – falou ela apertando minha
mão mais forte – vou avisar Tobias que você acordou.
- não precisa perturbar o Tobias
– falei.
- preciso sim. Ele vai ficar
muito feliz quando souber.
- OK – falei respirando fundo.
Minha boca ainda estava seca.
Amy saiu do quarto e Dr. Marshall
levou um copo de água até minha boca junto com um lenço. Ele me ajudou a beber
e quando caia e passava o lenço limpando.
- eu não morri? – perguntei outra
vez.
- não – falou Dr. Marshall
sorrindo. Ele tinha lágrimas em seus olhos.
- porque está chorando? –
perguntei perturbado.
- o exame de DNA confirmou –
falou ele com um sorriso.
- o que? – perguntei um pouco confuso. Eu sabia a resposta, mas
não esperava por ela.
- você é meu filho – falou ele
tentando conter um sorriso.
- eu sou? – perguntei surpreso me
deixando levar pelas emoções. Não costumava chorar tanto quando estava com
David. Ele me batia se eu chorasse.
- sim você é – falou ele alisando
meu rosto – eu sempre soube que você era meu filho. Nunca tive duvidas.
- onde está minha mãe? –
perguntei olhando em volta no quarto.
A expressão de Dr. Marshall
mudou.
- Dr. Marshall, onde está ela.
- me chame de Broderick – falou
ele dando um sorriso de lado – me chame só de Brody se quiser.
- posso te chamar de pai? Eu
nunca tive um de verdade – falei respirando fundo.
- claro que pode – falou ele
sorrindo.
- onde está minha mãe?
- ela… você precisa entender uma
coisa antes que eu te diga.
- o que foi?
- sua mãe estava com câncer
Oliver. Ela estava com câncer a muito tempo.
- câncer? Como eu?
- sim. Por isso que ela estava
tão triste quando descobriu que você também tinha. Ela ficou se culpando
por isso. Ficou obcecada pensando que a
culpa era dela.
- diga a ela que a culpa não é
dela.
Meu pai apertou os lábios e
alisou meus cabelos.
- sua mãe morreu – falou ele
começando a chorar.
- morreu? Como assim?
- ela descobriu o câncer tarde
demais. Era inoperável. As chances de quimioterapia e da radioterapia
funcionarem eram mínimas. Ela preferiu passar os últimos dias de sua vida
trabalhando até o dia em que finalmente não aguentasse mais.
- ela morreu de ontem pra hoje?
- veja Oliver – falou meu pai –
sua mãe ficou tão feliz quando reencontrou você, mas ela ficou depressiva
porque passaria tão pouco tempo com você, mas saiba que ela morreu feliz. O
maior sonho da vida dela era reencontrar você e ela realizou esse sonho.
- não teve enterro? – perguntei
apreensivo.
Meu pai respirou fundo.
- você não fez a cirurgia ontem Oliver.
Aquilo me fez tremer. Será que eu
tinha entrado em coma?
- depois da sua cirurgia
decidimos te colocar em coma induzido.
- o que é isso?
- é um coma temporário – falou
ele respirando fundo.
- eu dormi por quando tempo?
- bom. O coma induzido é usado
para proteger o cérebro durante grandes neurocirurgias como a sua. Inicialmente
te deixaríamos apenas alguns dias, mas quando te tiramos você não acordou,
pensamos que a cirurgia tinha te causado algum dano. Você teve parada
cardiorrespiratória e tivemos que te entubar. Estávamos torcendo para que você
acordasse.
- quando tempo eu dormi?
- pouco mais de três meses –
falou Dr. Marshall – mas foi bom para você. Sua perna se curou, todas as suas
feridas internas e a cirurgia cerebral.
- eu estou totalmente bem?
- sim. Você está ótimo, pronto
para voltar a viver sua vida.
- minha mãe se foi feliz?
- sim. Isso é o mais importante.
- que bom – falei respirando
fundo e olhando para fora, pela janela. Agora eu percebi que já não tinha neve.
- hoje é que dia?
- o primeiro dia de verão – falou
ele sorrindo.
- que bom. Eu sempre preferi o
verão. Meu pai David parecia bem mais calmo no verão e não me batia tanto.
- eu te proíbo de falar dele Ok?
– falou meu pai Broderick.
- OK – falei rindo – eu não
pretendo falar deles.
- caso você esteja se
perguntando, David está preso assim como Stella e Jake.
- Jake? O Jake não devia estar
preso!
- não se preocupe com isso.
Preocupe-se com você.
- OK – falei sorrindo – eu
finalmente tenho um pai – falei sentindo uma, luz me preenchendo. Não era com
antes. A palavra paz me trazia escuridão. Agora a palavra tinha um novo
significado.
- lembra da promessa que você me
fez antes da cirurgia?
- lembro sim.
- eu mobilhei um quarto pra você
na minha casa.
- não posso esperar para ver – falei
imaginando como seria.
Dr. Victor, meu neurocirurgião
apareceu no quarto.
- como vai meu paciente
preferido? – falou Dr. Victor entrando no quarto.
- estou bem – falei olhando para
ele – porque acha que sou se preferido?
- meus pacientes preferidos são
aqueles que lutam com todas as forças e eu posso dizer que você lutou bastante.
- eu estou livre do câncer?
- completamente – falou Dr.
Victor.
- que bom – falei sentindo uma
paz interior.
- você vai precisar fazer alguns
exames – falou meu pai – eu preciso voltar ao trabalho afinal o hospital não
vai se gerenciar sozinho – falou ele rindo.
- tudo bem.
- eu estarei de volta assim que
puder – falou ele se despedindo e saindo do quarto.
Dr. Victor convocou alguns
médicos-internos a fazerem exames em mim. Ele queria ter certeza de que eu
estava completamente bem. Ele disse que só me daria alta se tivesse certeza que
eu estava bem, além do mais eu precisaria fazer fisioterapia afinal minha perna
se curou e eu fiquei muito tempo sem me levantar.
- nós vamos te levar para fazer
um raio x – falou Dr. Emilly
- tudo bem – falei me esticando
um pouco na cama. Meu corpo doía por ter ficado deitado tanto tempo.
- Oliver! – falou Tobias chegando
a porta do meu quarto.
- Tobias – falei vendo ele
novamente.
- finalmente você acordou – falou
Tobias vindo até mim e me abraçando.
- estou tão feliz por ter
acordado – falei abraçando-o.
- a parte mais importante é que
seu espirito se curou – falou Tobias – você quis viver. Se você não tivesse
lutado, talvez não tivesse acordado.
- verdade. Eu agradeço ao Dr.
Marshall… meu pai por ter rasgado aqueles papéis. Nunca me senti tão bem em
minha vida. Nunca imaginei que podia me sentir tão bem.
Eu pensei em Tobias e em Harold.
Tobias era um grande amigo e apesar dele ter me dito algumas coisas decidi
começar de novo. Não me importo se Harold traiu Tobias. Eles eram um casal e eu
não tinha direito de me interferir. Eu tentaria esquecer aquilo.
- como está Harold?
- está bem. ele mandou
lembranças.
- não precisa mentir Tobias. Ele
não mandaria lembranças, não depois do que aconteceu.
- ele confessou – falou Tobias.
- o que?
- Tobias confessou. Você falou a
verdade. Ele estava me traindo com Frank.
- ele confessou?
- sim.
- vocês estão bem?
- no começo fiquei bem puto.
Fiquei semanas sem falar com ele vivendo em um motel, mas depois de refletir
muito percebi que minha vida gira em torno dele. Todos cometem erros. Harold
merecia uma segunda chance levando em consideração que eu também trai Harold.
- você traiu Harold?
- sim. Com você.
- comigo?
- eu trai ele emocionalmente. Eu
estava traindo ele em minha mente. Eu gostava de você mais do que eu
demonstrava ou dizia. Eu me imagina fazendo coisas com você e percebi que me
distanciei dele emocionalmente. Nós estamos em terapia de casa a quase um mês e
meio.
- fico feliz que tudo tenha se
resolvido. Se vocês se amam, vocês devem se dar uma segunda chance.
- fico tão feliz por ter
acordado.
- a escola já finalizou o ano
letivo?
- sim. Os alunos fizeram uma
vigília aqui na porta do hospital no dia em que você virou noticia e tudo o que
aconteceu foi mostrado.
- eu virei noticia?
- claro. Uma história com
cobertura nacional, mas não se preocupe. Já se passaram tantos meses que
ninguém mais se lembra.
- ótimo. Não estou afim de
aparecer na TV.
- o importante é que você está
bem.
- também estou feliz.
Era bom finalmente estar
acordado. O que aconteceu com minha mãe é triste, especialmente se pensarmos o
tempo curto que ela passou comigo, mas estava feliz por finalmente começar uma
nova vida. Espero que meu futuro me reserves surpresas, mas dessa vez que sejam
boas surpresas. Estava pronto para essa nova etapa.
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O.O|| kkk adorei "ela morreu de ontem pra hoje?" . Kkk.
ResponderExcluirE outra espero que o tobias não de uma de arrependida depois.
Obrigado pelo comentário. Fico feliz que esteja gostando ;)
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