Capítulo Dezenove
FANTASIA
A
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bri os olhos devagar. Estava na mesma posição de
quando fui dormir. Minha mão continuava repousada em seu peito. respirei fundo
me lembrando da noite passada. Tentei sentir o cheiro do homem que tinha
cuidado de mim na noite passada, mas não senti. Abri os olhos devagar e percebi
que meu pai não estava mais lá. Minha mão estava repousada no travesseiro.
Achei estranho no começo, mas ao
olhar no relógio percebi que eram quase oito da manhã. meu pai provavelmente já
estaria no hospital. Me movi um pouco e percebi que estava de roupa. Levantei o
cobertor e percebi que estava de cueca e bermuda. Era estranho porque quando
dormi estava completamente nu.
- o que está acontecendo? – perguntei
alto para mim mesmo.
Tentei me lembrar da noite
passada e tudo o que vinha em minha mente era meu pai. O modo como me tocou,
como me abraçou quando chorei sentindo ele penetrar suavemente seu enorme
membro traçando seu lugar dentro de mim.
Por alguns instantes senti uma
ótima sensação e foi quando percebi. Tudo não passou se um sonho. Teria eu
imaginado tudo? Tentei me lembrar do jantar. Será que nós comemos e conversamos
e fomos nos deitar?
Me levantei rapidamente e olhei
em volta no quarto. Não havia nada que me comprovasse que a noite anterior foi
real. Respirei fundo e dei alguns passos. Não senti nada no traseiro. Nenhuma
dor. Devido a noite passada eu deveria sentir algo, não?
Saí do meu quarto apressado e
passei pelo corredor. Ao passar a porta do quarto do meu pai eu a abri
vagarosamente, mas ele não estava lá. Desci as escadas rapidamente e meu pai
estava na cozinha pronto para ir ao trabalho.
- bom dia – falou ele com um
sorriso.
- bom dia – falei ofegante.
- tudo bem com você? Parece
encabulado.
- estou bem – falei tentando
parecer natural como se nada tivesse acontecido.
- está bem mesmo?
- posso te perguntar uma coisa?
- pode – falou ele parando.
- onde você dormiu essa noite?
- onde dormi? – perguntou ele
rindo – no meu quarto. Porque?
- não é nada – falei disfarçando.
- estou saindo para o trabalho,
você vai ficar bem sozinho?
- vou sim.
- que bom – falou ele passando
por mim apressado – até a noite – falou ele saindo com um sorriso.
- até – falei ouvindo a porta se bater.
Fui até a cozinha e vi que as
louças estavam lavadas. A cozinha estava intacta. Nada parecia ter acontecido.
Nós tínhamos realmente jantado. Nada do que aconteceu na noite anterior foi
real. Porque será que eu tinha criado tudo aquilo?
Me sentei no balcão e respirei fundo
fechando os olhos. Agora eu me lembrava. Nós nadamos, jantamos e eu não tive
coragem de conversar com ele sobre Jake. Tudo vinha como flashback em minha
mente. O que realmente tinha acontecido aquela noite.
Depois do jantar nós lavamos as
louças e fomos nos deitar. Ao me deitar na cama fiquei pensando no meu pai, mas
não estava pensando nele como meu pai e sim como no Dr. Marshall.
- nada foi real – falei
respirando fundo.
Eu estava desejando meu pai e
tinha imaginado tudo aquilo enquanto me masturbava. Nunca tinha me masturbado
antes, não dessa forma. Pela primeira vez me masturbei pensando em alguém e
tinha sido tudo tão real e tão encantador.
- que droga – falei comigo mesmo
– não podia ter feito isso.
Não queria desejar meu pai. Já
havia sofrido muito no passado e agora que tudo tinha se resolvido, estava
começando a criar problema. Não poderia desejar aquele homem e viver na mesma
casa que ele, afinal o homem ao qual estou falando é meu pai.
- quer saber – falei me
levantando – não vou mais pensar nisso.
Tentei ocupar minha mente com
outras coisas.
Troquei de roupa e decidi dar um
passei no Lago Champlain. Quem sabe eu não encontro Jake novamente. Ele sim
merecia minha atenção naquele momento.
Fui até o lago e ao chegar lá
estava como no dia anterior, mas dessa vez havia mais pessoas. Algumas fazia
piquenique e outras apenas tomavam banho. Passei pelas árvores e fui até o
local onde tinha encontrado Jake no dia anterior. Havia uma pedra onde me
sentei e fiquei lá esperando por ele. Era loucura esperar por ele sem nem
termos marcado nada, mas precisava fazer algo além de ficar em casa pensando na
fantasia da noite anterior.
- Oliver? – falou uma voz logo
atrás de mim.
Olhei para trás e vi o detetive
Holloway.
- detetive Holloway.
- como você está? Não te vejo
desde o hospital.
- estou bem – falei me
levantando.
- o que está fazendo aqui?
- porque quer saber? Está me
seguindo?
- não, claro que não.
- acho que já vou indo – falei me
levantando e ao passar por ele o detetive segurou meu braço.
- não vai – falou ele segurando
meu braço de leve. Eu me assustei e puxei o braço – me desculpa não queria te
assustar.
-
tudo bem – falei respirando ofegante.
- eu só… só quero conversar.
- eu não tenho nada para conversar
com você.
- eu me sinto mal – falou ele de
uma vez – me sinto mal por não ter te escutado quando me disse sobre seu pai.
Fui um idiota.
- sim. Você foi – falei
respirando fundo.
- eu queria que houvesse um jeito
de te compensar.
- quer saber? Você não têm culpa.
Você não é o único que se sente culpado com isso. Todas as pessoas que me
conhecem a muito tempo se sentem culpadas. Culpadas por não terem percebido,
mas a verdade é que os únicos culpados são David e Stella. Ninguém podia ter
previsto. Ninguém olha para uma família e pensa: “será que existe algo de
sombrio?”, “será que o pai abusa dos filhos e a mãe os acoberta?”. A culpa não
foi sua. É claro que você podia ter me dado atenção naquele dia, mas não faria
muita diferença porque tudo já tinha acontecido desde que eu era pequeno. Então
por favor detetive, pare de pedir desculpas.
- OK – falou ele sem graça –
mesmo assim… eu não consigo imaginar como você consegue prosseguir. Eu não
consigo.
- um dia de cada vez – falei
forçando um sorriso.
- Oliver, quero que saiba que se
um dia você precisar de algo é só pedir. Ok?
- você vai se sentir melhor se eu
disser que sim?
- um pouco.
- sim. Se um dia precisar de algo
não vou hesitar em te pedir.
- ótimo – falou ele com um
sorriso – vou deixar você em paz – falou ele seguindo o caminho – tenha um
ótimo dia.
- vou ter – falei voltando a me
sentar na pedra.
Esperei por duas horas. Sei que
não têm lógica, mas quando você não tem outra saída você faz o que é preciso.
Esperei por duas horas e meu irmão Jake não apareceu. Ao me levantar de onde
estava sentado dei a volta na pedra e vi que atrás dela tinha um papel
embolado. Afastei umas plantas e peguei o papel de desdobrei.
MEU NOME É TROY, COMO É SEU NOME?
Achei
aquela mensagem muito estranha. Quem escreveria algo como aquilo e enfiaria na
pedra. Será que era Jake? Por via das dúvidas decidi responder afinal era muito
coincidência. Talvez Jake tivesse tido a mesma idéia que eu e tivesse deixado
um recado para mim.
Sai
de onde estava e um casal conversando. Me aproximei e perguntei se eles tinham
caneta e para minha sorte a mulher tinha uma na bolsa. Pedi também um pedaço de
papel.
Voltei até onde as árvores
formavam uma espécie de casinha com visão para a parte mais bela do lago e
escrevi.
MEU NOME É OLIVER, QUEM É VOCÊ?
Dobrei o novo papel e coloquei
exatamente onde estava o que encontrei. Devolvi a caneta para o casal, agradeci
e decidi ir embora. Voltaria no dia seguinte para ver se haveria outro recado
ou seria apenas loucura minha.
Ao chegar em casa tudo veio a mim
novamente. Por algumas horas eu realmente me esqueci da noite passada, mas logo
me veio aquele sentimento e o pior de tudo é que tinha sido tão bom. Não podia
ficar alimentando aquela fantasia.
Pensei em preparar algo para
comer já que não tinha tomado café da manhã e quando coloquei o primeiro pé na
cozinha a campainha tocou. Voltei e fui até a porta. Olhei no olho mágico e
tive uma surpresa. Era Tobias.
- olá – falou ele com um sorriso.
- que surpresa, entre – falei
saindo da frente e dando espaço para que ele entrasse.
- claro – falou ele olhando em
volta – seu pai têm uma casa bonita.
- estou mesmo surpreso, o que faz
aqui?
- vim te visitar – falou ele com
um sorriso.
- que bom. Estava precisando
mesmo da visita de alguém. Minha vida está tão chata ultimamente.
- não tinha certeza se queria te
visitar – falou ele parecendo perturbado – na verdade eu ainda não tenho
certeza se devia estar aqui.
- porque não?
- eu não tenho certeza do que vim
fazer aqui.
- eu sei que estou feliz pro você
ter vindo.
- que bom. Eu só queria saber se
você estavam bem, afinal eu sei que você não tem muitos amigos.
- meus amigos se resumem a você e
Amy.
Tobias deu um sorriso.
- quer tomar alguma coisa?
- água – falou ele me seguindo
até a cozinha.
Fui até a geladeira e peguei a
jarra e fui até o balcão e comecei a encher um copo.
Enquanto o copo se enchia senti
um calafrio na espinha. Pensei que fosse um simples arrepio, mas logo senti a
boca de Tobias beijar minha nuca. Ele chegou tão perto de mim que senti seu corpo
junto ao meu.
- pensei que pudesse perdoar
Harold pela traição. Pensei que podia viver com ele mesmo sabendo das coisas
que ele fez com Frank – falou Tobias levando suas mãos até minha cintura.
Nesse momento parei de colocar
água no copo e apenas respirei fundo.
- o que está fazendo? – perguntei
sentindo Tobias beijando meu pescoço.
- eu quero você – falou ele
beijando meu pescoço novamente.
- me solta – falei tentando me
soltar, mas Tobias me pressionou contra o balcão e continuou beijando meu
pescoço. Ele me agarrou e não em deixou sair.
- me solta Tobias – falei alto
tentando me livrar de seus braços.
- eu quero você – falou ele se
esfregando em mim.
- me solta Tobias – falei dessa
vez só que mais alto.
Nesse momento ele se afastou.
- me desculpa – falou ele
parecendo transtornado – O-Oliver, me perdoa eu não queria… eu nunca forçaria
você…
- Tobias! – falei tentando chamar
a atenção dele.
- eu não sei o que deu em mim –
falou ele colocando a mão na testa parecendo desesperado.
- Se acalma Tobias! – falei mais
alto, mas ele continuou falando sem parar. Foi então que me virei peguei o copo
com a água e joguei na cara dele. Nesse momento Tobias parou de falar. A água
fria parecia ter tido o efeito o que eu esperava.
Tobias olhou para mim com seus
olhos verdes. Ele respirava ofegante. Ele se virou mais calmo e apoiou as mãos
no balcão e abaixou a cabeça pensativo.
- você está bem?
- eu sou um monstro – falou
Tobias cabisbaixo – me perdoa.
Me aproximei de Tobias e ao
chegar perto o suficiente eu o abracei por trás e deitei minha cabeça em suas
costas.
- você não é um monstro – falei
sentindo seu peito em minhas mãos. Abracei-o forte tentando acalmá-lo.
- não devia ter feito isso com
você – falou ele. Só nesse momento eu percebi que ele estava chorando. Senti
uma lágrima caindo no meu braço.
- não chora – falei dando um
beijo nas costas dele.
- de todas as pessoas no mundo…
Tobias estava se martirizando e
não aguentava mais ouvir as pessoas pedindo perdão a mim como se fossem
culpadas pelas coisas que aconteceram comigo.
Queria muito que ele calasse a
boca e para fazer isso eu levei minha mão esquerda até o meio de suas pernas.
Tobias se calou ao sentir meu toque.
- cala a boca Tobias – falei
sentindo suas calça jeans, mas não era só isso. Sentia algo mais. Algo duro.
Não apertei, eu apenas tinha levado a mão até lá.
Tobias pareceu finalmente se
acalmar. Eu me afastei dele e me encostei no balcão atrás de mim respirando
fundo. Tobias se virou e olhou para mim. nos olhamos por um bom tempo. Ele
sabia o que eu queria e ele sabia o que tinha que me dar. Resta saber se ele me
daria.
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