Capítulo Trinta e Sete
SONHO MOLHADO
K
|
urt me pediu em namoro e eu aceitei. Ele parecia
ser um cara bom que queria cuidar de mim e eu queria conhece-lo e dar uma
chance a ele, mas com a condição de que não fizéssemos sexo. Não queria fazer
nunca mais.
Estávamos deitados na cama. Jake
tinha vindo até meu quarto dizer que me apoiava e eu agradeci o apoio dele.
Kurt saiu do banheiro, se deitou comigo. Eu estava de bruços e ele de lado
olhando para mim.
- o que você está pensando
perguntou Kurt. Ele continuava lindo mesmo apenas com as luzes do abajur.
- é que… sabe, meu irmão me disse
uma coisa que me fez pensar.
- o que?
- ele disse que eu devia
aproveitar o momento e parar de ficar pensando no passado. Ele me mandou
aproveitar o dia de hoje.
- concordo com seu irmão. Também
acredito que o agora é mais importante do que o ontem ou o amanhã. o passado já
se foi e o futuro é incerto. A única certeza que temos é o presente.
- é ótimo que você pense assim
porque eu estava pensando em algo.
- pensando em que? – perguntou
Kurt levando sua mão até minha barriga e a alisando. Levei minha mão até o
rosto dele e alisei a barba – acho que não vai dar certo esse namoro a
distância. Preciso de alguém em tempo integral. Eu não acredito que o amor
possa ser cultivado quando duas pessoas mal se veem.
- não diga isso – falou Kurt com
o olhar triste.
- é verdade Kurt. Essa idéia de
você viajar para cá todo o fim de semana e em alguns dias eu viajar… acho que
não vai dar certo.
- você não pode dizer que não vai
dar certo se não tentar. Você acabou de dizer que você deve aproveitar o dia e
está dizendo uma coisa dessas.
Kurt olhou para mim e eu senti
toda a alegria desaparecendo de seu rosto. aquilo me machucou muito. Muito mais
do que David, Marshall e Tobias. O olhar de Kurt me cortou o coração, mas era o
certo a se fazer.
O sorriso no rosto dele era
convidativo, mas não tinha certeza se era isso que eu queria.
- Por favor Ollie, não diga isso
– falou ele ofegante – você acabou de aceitar namorar comigo, você nem me deu uma
chance. Eu mereço uma chance.
- você merece mais do que uma
chance e é por isso que eu acho que eu devo ir embora com você.
- o que? – perguntou Kurt
surpreso.
- eu não tenho futuro aqui em
Vermont, tudo o que tenho são lembranças ruins. As pessoas me olham e tudo o
que veem é o garoto que foi sequestrado, o garoto que tem sorte de estar vivo.
Se você não se importar eu adoraria ir morar com você, mas só tem um problema.
- qual? – perguntou ele com um
sorriso.
- eu não gosto de ser intrometido
então eu só vou me mudar se eu for convidado.
- isso não é problema – falou ele
rindo – você quer morar comigo?
- eu adoraria.
- você é uma figura – falou Kurt
dando gargalhada e beijando meu pescoço. Eu senti um calafrio e me assustei.
Ele percebeu e parou de rir – me desculpa – falou ele sério – eu esqueci… eu
prometo que vou respeitar seu espaço.
- não tem problema – falei
fechando os olhos e respirando fundo – sabe o que me ajuda a dormir – perguntei
ainda de olhos fechados.
- o que?
- um beijo de boa noite – falei
abrindo os olhos.
- Ok – falou ele beijando meu
rosto – boa noite – falou ele olhando para mim. Em seguida ele beijou minha
outra bochecha. O lado que estava machucado, mas não mais inchado – boa noite –
falou ele outra vez.
Alisei o rosto dele e senti a mão
dele alisando meu rosto. ele se aproximou e deu um selo na minha boca.
- boa noite – falou ele depois de
três selos na minha boca.
- boa noite – respondi.
Ficamos em silêncio por um longo
tempo até que Kurt me deu outro selo.
- boa noite – falou ele outra
vez. Ele deu dois selos e em seguida se atreveu a colocar a língua em minha
boca. Demos um beijo calmo, molhado e delicioso. Levei minha mão até a nuca
dele e apertei o rosto dele contra o meu. O gosto da boca dele era muito bom. O
beijo dele era viciante.
- boa noite – respondi com um
sorriso entre os beijos.
- uma ótima noite meu amor –
falou ele beijando meu rosto e deitando sua cabeça em meu peito. Apaguei a luz
do abajur e levei minha mão até o rosto dele e fiquei alisando.
- só espero que as pessoas me
julguem por tomar essa decisão.
- com pessoas você quer dizer Amy
e Jake?
- precisamente.
- eles te amam é claro que vão de
julgar. Não porque são maus, mas porque te amam e não querem te perder.
- eu não quero te perder nunca
Kurt. Significa que eu te amo?
- talvez. O amor é engraçado e
age de formar diferentes.
- acho melhor irmos dormir.
- também – falou ele dando um
beijo no meu rosto e levando ele de volta ao meu peito.
Fechei os olhos e Kurt segurou
minha não. Ele trançou seus dedos com os meus. Estávamos completamente
apaixonados um pelo outro. Isso era um fato.
Dormi bem praticamente a noite
toda. Nem teria notado que estava dormindo se não tivesse tido um pesadelo.
Estava correndo em uma rua longa em uma noite sombria. Olhei para trás e vi dois
enormes lobos negros de olhos amarelados.
Levei um susto e me concentrei no
que estava a minha frente. Me preparei para correr, mas parecia que eu não saia
do lugar. Os lobos por outro lado corriam rapidamente e eles vieram ferozmente
para meu lado. Eles se aproximaram cada vez mais.
Um deles foi para minha perna e o
outro para meu pescoço. Senti uma dor enorme e comecei a gritar.
- socorro! – falei acordando. Não
estava gritando, tinha apenas dito em voz alta.
- você está bem? – perguntou Kurt
deitado de costas.
- estava tendo um pesadelo –
falei ofegante. Pensei que estivéssemos no meio da noite, mas quando olhei pela
janela vi o sol brilhando. Olhei para o relógio e vi que marcava seis e
cinquenta da manhã.
Fechei os olhos e tentei me
acalmar. Porque ainda estava tendo esses pesadelos se eu tinha aceitado o
namoro com Kurt? Já não me sentia mais da mesma forma, eu estava pronto para
continuar com a vida.
- quantas horas? – perguntou Kurt
se deitando de bruços de olhos fechados.
- são quase sete da manhã.
- dorme mais – falou ele me
puxando fazendo com que eu deitasse em seu peito. fechei os olhos e levei minha
mão até o peito dele. Nesse momento eu senti que algo estava estranho. Abri os
olhos e vi que o peito de Peter estava muito suado.
Esfreguei os dedos na palma da
mão e percebi que não era suor. Nesse momento eu tirei os cobertores de cima de
nós dois.
- o que foi? – perguntou Kurt
abrindo os olhos e passando a mão no colchão – porque o colchão está molhado –
falou ele levando a mão até o nariz e cheirando.
- não é água – falei levando a
mão até o meio das minhas pernas e sentindo a cueca e a bermuda molhada. Me
senti destruído quando percebi que eu tinha feito xixi na cama.
- espera, isso é xixi? – falou
Peter que em seguida cheirou a mão e se sentou rapidamente na cama se escorando
na cabeceira.
- me desculpa – falei chorando –
eu não sei o que aconteceu comigo.
- não chora – falou Peter me
puxando e me abraçando. Eu deitei minha cabeça no ombro dele e continuei
chorando – isso não é nada.
- não me diga que não é nada
porque é. Eu acabei de mijar na cama e nós dois estamos cobertos de urina.
- não tem problema. Eu só me
assustei. nós podemos tomar um banho.
- o que eu vou falar pra Amy? Eu
estraguei o colchão dela. E se acontecer outra vez?
- não se preocupe com isso. Eu
conto pra ela se você estiver envergonhado.
- eu sei que estou sendo
dramático – falei limpando meus olhos.
- você não está sendo dramático.
É a vida. Eu ficaria morto de vergonha se tivesse sido eu. Foi por isso que me assustei. Pensei que
tivesse sido eu e acabei constrangendo você. Me desculpa.
- não peça desculpas, eu é que
peço.
- nenhum de nós pede desculpas
então – falou ele respirando fundo e olhando no meu rosto – que tal você ir
tomar um banho enquanto eu cuido de tudo por aqui?
- tudo bem – falei me levantando.
- pode ir tomar seu banho, eu
levo a toalha pra você.
- OK – falei entrando no
banheiro.
Kurt se levantou da cama e foi
arrumar tudo e eu entrei no banheiro.
Depois que tomei meu banho eu me
enrolei na toalha e sai do quarto. O colchão não estava mais na cama. Tentei
não ligar para aquilo e vesti minha roupa.
- bom dia – falei saindo do
quarto. Eu estava envergonhado.
- bom dia – respondeu Amy.
Olhei para os lados e não vi
Jake.
- onde está o Jake? – perguntei
acanhado ainda perto da porta.
- ele foi embora ontem mesmo.
- pois é…
- foi sim – falou Amy.
- olha Amy, me desculpa eu não
queria…
- não se preocupe com isso
Oliver. essas coisas acontecem.
- o que Kurt fez com o colchão?
- não sei e sinceramente não ligo
e você não deve ligar.
- onde está ele? Não sei – falou
Amy.
- vou lá fora procura-lo.
- OK – falou Amy.
Sai do apartamento e Amy e olhei
para os dois lados do corredor. Imaginei que ele estivesse lá fora fumando e
decidi ir para as área de lazer e eu acertei. Ele estava lá olhando para o
horizonte.
- Kurt? – falei quando me
aproximei.
- estou aqui – falou ele com um
sorriso – eu sai pra fumar, devia ter te avisado.
- tudo bem – falei ficando ao
lado dele – o que você fez com o colchão?
- esquece isso.
- eu vou precisar pagar pelo
colchão da Amy.
- não se preocupe com isso. Eu já
dei o dinheiro para ela comprar outro.
- não precisava – falei me
aproximando dele e beijando sua boca – seu beijo de bom dia.
- bom dia meu amor – falou ele me
beijando. Por fim ele deu um beijo no meu rosto e me abraçou. Ele se escorou na
parede e eu fiquei abraçado com ele.
- eu nem acredito que vou morar
com você.
- não vai mudar de idéia né?
- não – falei beijando o rosto
dele – só estou nervoso, nem sei como contar para Amy e Jake.
- se você preferir contar sozinho
eu respeito isso.
- tudo bem.
- eu tomei uma decisão hoje.
- qual?
- já que você vai embora comigo
eu decidi não ir embora hoje. Vou ficar aqui com você até que arrume tudo e nós
possamos ir embora.
- isso vai ser fácil. É só
arrumar tudo em uma mala e ir embora.
- podemos ir na segunda feira
então?
- claro. Segunda feira nós vamos.
- você vai adorar o estado da
Virgínia. Você já deu uma volta de barca?
- nunca.
- vou levar você pra passear
assim que chegarmos lá. Espero que não tenha medo de água.
- eu já estou morrendo de medo do
avião, o barco é o menor dos meus problemas.
- vou comprar nossas passagens
hoje, tem certeza que podemos ir na segunda?
- sim.
- ótimo, o melhor de tudo é que
vou poder ir na festa do lago com você.
- que bom.
Kurt apagou o cigarro e nós
voltamos juntos para o apartamento da Amy. Nem acredito que tomei uma decisão
dessas. Me mudar com Kurt. Eu sei que a decisão parece ser maior do que ela
realmente é. Vermont vez parte de minha vida, uma grande parte dela, uma parte
importante. Estou pronto para deixar tudo isso para trás e começar nova vida
com Kurt.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente aqui o que você achou desse capítulo. Todos os comentários são lidos e respondidos. Um abração a todos ;)