CEREJA capítulo vinte e nove
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sábado chegou e eu ainda me sentia mal pelas
coisas que tinha feito naquela semana. Não costumava tomar decisões idiotas no
meu dia-a-dia, mas desde que conheci Gray eu só tomei decisões ruins a não ser
pela decisão de aceitar o pedido de namoro dele. Louise me ligou na sexta de
tarde e me disse que Victória estava se recuperando bem da cirurgia. Era bom
saber disso. Uma das melhores coisas que aconteceu comigo no meio de tudo isso
foi ter conhecido Louise. Ela me fez ter uma outra perspectiva de vida vendo
toda a dificuldade que ela tem apenas por ser que mela é.
Todo dia é uma luta na vida de Louise e de mulheres como ela, mas ela
não parece se desanimar com os desafios e além do mais ela tem orgulho do que
é. Me senti mal porque enquanto choro com meus problemas de rico ela tem
problemas de verdade todos os dias. Dificuldades intermináveis.
Gray e eu estávamos um pouco distantes desde que eu falsifiquei a
assinatura dele em uma receita e comprei remédios na farmácia. Acho que ele não
confiava mais em mim e ele tinha toda a razão. Nem eu mesmo confio em mim
depois disso. Talvez o nosso fim esteja mais próximo do que eu imaginei devido
a todos esses últimos acontecimento eu não me espantaria se ele terminasse
comigo.
Gray e eu almoçávamos em silêncio. Gray tinha feito peito de frango
grelhado e couve flor refogada coberto com molho branco. Estava bem saboroso,
mas eu não conseguia elogiar, nós mal estávamos conversando.
- que horas Vincent e Stephanie chegam? – perguntei mastigando um pedaço
do frango.
- Morgan irá trazê-lo ás duas horas.
- OK – falei fazendo uma pausa – eu vou visitar meu pai hoje.
- quer que eu vá com você?
- não. eu vou visita-lo justamente para que você tenha privacidade com
seus filhos. Quando eles forem embora você me manda uma mensagem de texto.
- tudo bem – falou Gray mordendo um pedaço da couve-flor.
Depois do almoço Gray foi se deitar e eu fui lavar as louças e organizar
a cozinha. Depois de deixar tudo limpo eu vesti uma roupa adequada e peguei meu
celular. o relógio marcava quase uma e meia da tarde e quando fui ao quarto
avisar que já estava indo ver meu pai vi que Gray estava dormindo profundamente
então decidi não acordá-lo e ir de uma vez.
Fechei a porta do quarto e quando cheguei a porta da sala o interfone
tocou. Atendi no primeiro toque para não acordar Gray.
- boa tarde Sr. Blake.
- boa tarde.
- Morgan está aqui embaixo com os filhos de Gray.
- mas já?
- posso deixar eles subirem?
- claro, obrigado – falei desligando o interfone.
Voltei ao quarto e abri a porta e me aproxime ide Gray na cama.
- Gray? – falei bem perto, mas ele não acordou – Gray? – falei
novamente, mas tocando o braço dele e ele acordou confuso.
- o que foi?
- Morgan já chegou.
- quantas horas?
- uma e meia da tarde.
- você já está indo?
- estou sim – falei indo até a porta do quarto.
- tomou seus remédios?
- tomei.
- quando meus filhos forem embora eu te aviso.
- OK – falei saindo do quarto e quando eu fui até a porta da sala e eu a
abri Morgan estava na porta preparada para bater.
- olá – falou Morgan.
- oi – falei vendo as crianças.
- Papai! – gritaram as duas crianças correndo para Gray que saiu do
quarto.
- que saudades de vocês – falou Gray abraçando os dois e olhando para
Morgan – oi Morgan.
- oi Gray, vejo que está melhor.
- bem melhor – falou Gray se levantando.
- ele se recuperou mais rápido do que eu pensei – falei tentando
finalizar a conversa – ele está tão bem que acho que na segunda eu vou voltar
ao trabalho.
- Acho melhor não – falou Morgan.
- o que? Porque?
- nossa amizade ficou tão desgastada com tudo o que aconteceu que eu
acabei contratando outro contador forense na sua ausência então não vamos mais
precisar dos seus serviços.
- você não pode fazer isso Morgan – falou Gray vindo até nós – porque
você acha que pode contratar e demitir sem avisar a mim?
- quer saber? Tudo bem – falei saindo do meio dos dois – não vamos
brigar eu estou farto de brigas. Gray aproveite o dia com seus filhos e Morgan
tenha uma ótima tarde – falei saindo do apartamento indo até o elevador.
Quando a porta se abri eu entrei e enquanto a porta se fechava eu vi
Gray sair do meu apartamento.
- Vamos conversar Griffin – falou Gray.
- deixa pra lá Gray – falei deixando a porta do elevador se fechar. Só
queria sair de lá logo se eu fiasse lá acabaria presenciando uma brigas. O
clima já não era dos melhores e agora com essa revelação de Morgan a tendência
era piorar. Não queria ver Gray brigar com Morgan na frente dos filhos.
Peguei um Uber que me deixou em frente a casa de repouso onde me upai
estava internado. Todas as pessoas internadas lá tinham o mesmo problema. Todas
tinham Alzheimer. A entrada era rodeada por um grande jardim e uma fonte que
jorrava água silenciosamente.
- bom dia – falei chegando a recepção.
- bom dia, quem você veio visitar?
- Kenny Nicholas Blake.
- OK – falou ela olhando em uma lista – prefere a sala ou o jardim?
- o jardim é melhor.
- OK.
Atravessei a recepção até que cheguei no fundo da casa de repouso onde
tinha um jardim maior do que o da entrada. Me sentei em um banco de madeira
debaixo de uma árvore e olhei em volta. Havia todos os tipos de pessoas e de
todas as idades.
Esperei meu pai por um tempo até que eu o vi caminhando ao lado de uma
enfermeira.
- Griffin? – falou meu pai com um sorriso.
- oi pai – falei me levantando.
Meu pai veio pra cima de mim e me deu um abraço.
- senti sua falta. Onde você estava que não veio pra casa?
- estou bem pai – falei me sentando e ele sentou-se do meu lado.
- esse lugar é bonito – falou meu pai olhando em volta.
- é sim.
- Sua mãe sempre quis um jardim gigantesco. Minha mãe era o último
assunto que eu queria conversar.
- com o senhor está pai? – falei tentando mudar de assunto.
- estou bem. Só não entendo porque quase não vejo você. Você anda
passando muitas noites fora de casa.
- eu conheci alguém pai.
- está namorando? Qual o nome dela?
Aquele era outro assunto que eu não estava afim de conversar. Cansei de
me assumir para meu pai porque nem sempre ele estava vivendo a mesma época e
toda vez ele reagia de um jeito diferente.
- é o fim da linha né?
- o que? – perguntou meu pai.
- parece que o mundo está conspirando contra mim. Gray está com raiva de
mim e não admite, mas me ignora. Morgan me demitiu e pra não me sentir sozinho
eu tenho que vir aqui conversar com o senhor. O homem que matou meu irmão. É
Patético – falei rindo.
- deixa de ser bobo Bruce, você não tem irmão.
- o senhor está certo. Eu não tenho – falei olhando para as outras
pessoas que visitavam seus parentes queridos. Será que essas pessoas ficariam
tão tranquilas se soubessem o que meu pai fez?
- se o senhor tivesse outro filho o senhor poderia chama-lo de
Christopher.
- é um nome bonito – falou meu pai olhando para mim.
- pai eu posso te pedir um conselho?
- claro meu filho.
- eu estou inseguro. Eu estou nesse relacionamento com essa mulher que é
muito mais bonita do que eu e ela é mais velha e eu sou apaixonada por ela. Eu
sinto que talvez nós não duremos o quanto eu gostaria. O que eu faço para
acabar com esse sentimento de que tudo vai acabar a qualquer momento.
- isso é normal Bruce. Aposto que ela se sente do mesmo jeito. Você só
não pode deixar esse sentimento destruir o que vocês tem.
Nunca pensei que meu pai fosse me dar um conselho que valesse a pena,
mas estava errado. Ele era um homem tranquilo e fácil de se conversar, mas não
aguentei mais do que uma hora e meia com meu pai. Ele ficava me contando coisas
do passado dele como se eu fosse um velho amigo. Em um segundo eu era seu filho
no outro ele estava no bar com um amigo chamado Carl.
- eu preciso ir pai – falei me levantando.
Ele parecia distante. Ele não me respondeu nada e se levantou junto
comigo. Ele parecia pensativo e eu me aproximei dele e dei um abraço forte
nele.
- eu venho te visitar na próxima semana.
Meu pai não disse nada e eu caminhei elo jardim até que cheguei
novamente dentro da casa de repouso. Enquanto caminhava pelo caminho da frente
e passava em frente a fonte eu tentei imaginar para onde iria porque ainda era
cedo. Enquanto caminhava distraído senti alguém tocar no meu ombro. Olhei para
trás e vi que era Eve.
- Eve? – falei surpreso.
- Oi Griffin – falou ela olhando em volta – o que está fazendo aqui?
- o meu pai está internado aqui nessa casa de repouso.
- minha mão também – falou Eve.
Sabia que a mãe de Eve era uma mulher doente, mas não imaginava que ela
tivesse Alzheimer. Nunca tinha perguntando porque Eve não tínhamos tanta
intimidade assim no passado.
- sua mãe tem Alzheimer?
- tem sim – falou Eve caminhando comigo.
- porque você não me contou quando eu disse que meu pai tinha?
- não sei – falou Eve sem graça – você nunca perguntou e além do mais você
desapareceu depois que Gray acordou do coma. A última vez que eu te vi foi no
hospital.
- desculpa é que Gray tem tomado muito do meu tempo.
- isso não é desculpa.
- é sim. Tem um casal que mora no mesmo prédio que eu na porta logo a frente
e eles querem sair pra jantar e eles vem tentando mais de um mês e até hoje eu
não consegui marcar nada.
- o que acha de nós três irmos comer alguma coisa agora? – falou Eve.
- nós três? – perguntei confuso.
Antes que Eve me respondesse eu o vi se aproximar de nós
- olha ele aqui – falou Eve mostrando um homem de barba e olhos
castanhos. O homem se aproximava vagarosamente e eu aproveitei para perguntar
de onde Eve o conhecia.
- de onde você conhece aquele homem?
- daqui. Ele tem uma irmã que está internada. Ela foi internada
recentemente e um dia nós nos encontramos enquanto eu visitava minha mãe e nós
acabamos conversando mais do que devíamos.
- vocês são namorados?
- estamos nos conhecendo – falou Eve quando o homem se aproximou.
Eve não sabia quem ele era, mas eu sabia. Era Phil. O ex namorado que
tinha me encurralado no aeroporto naquele dia. Sabia que seria uma questão de
tempo até que ele me encontrasse. Aposto que essa irmã que ele visita nem
conhece ele. Deve ser uma pobre coitada com Alzheimer.
- Griffin esse daqui é George Adams – falou Eve me apresentando ao homem
que eu já conhecia.
- muito prazer – falou ele apertando minha mão.
- o prazer é meu ‘George’ – falei sarcástico. Eve não percebeu.
- George esse é Griffin Blake. Nós trabalhamos juntos.
- trabalhávamos – falei para Eve.
- como assim?
- a Morgan foi até meu apartamento hoje e disse que não precisa mais dos
meus serviços.
- ela não pode fazer isso – falou Eve frustrada.
- aparentemente ela pode já que possui 55% da empresa.
- o que eu perdi? – perguntou ‘George’ confuso.
- não é nada – falou Eve.
- vocês estão namorando? – perguntei enquanto nó três caminhávamos lado
a lado. Eve segurava a mão de George.
- mais ou menos – falou Eve envergonhada. Ela deu uma risada sem graça
mostrando que estava apaixonada.
- estamos sim – falou George sorrindo para Eve – ela tem medo de dizer
que está em um relacionamento.
- não é isso – falou Eve – é só que não gosto de apressar as coisas.
- a vida é curta – falou George beijando a mão de Eve – porque ficar
adiando o que é inevitável.
- pois é – falei sem graça. Esse era o pior momento para Phil me encontrar.
Não tinha cabeça para mais nada.
- vamos tomar um sorvete – falou Eve apontando para uma sorveteria do
outro lado da rua.
Nós atravessamos a rua e entramos a sorveteria. Nós nos sentamos a mesa
e a garçonete veio até nós. Eve e eu pedimos um Sundae e George não quis um só
para ele então ambos dividiram uma taça. Quando a garçonete trouxe os Sundaes Eve
e eu fizemos a mesma coisa. Comemos a cereja antes de começar com o sorvete.
- como está Gray? – perguntou Eve colocando uma colherada do sorvete na
boca.
- está bem melhor. Ele já até tirou os pontos. Na minha opinião ele
deveria repousar mais, mas ele não me escuta.
- a culpa é sua – falou Eve colocando
uma colherada na boca de George – você dá força a ele. Quando a pessoa quer
ficar bem isso ajuda e muito na recuperação.
- posso perguntar quem é Gray? – perguntou George olhando para mim.
- é o namorado dele – falou Eve colocando uma colher de sorvete na boca.
- e vocês moram juntos? – perguntou Phil parecendo enciumado.
- sim.
- droga! – falou Eve. Ela tinha derramado um pouco de sorvete na blusa
que ela usava. Ela pegou um dos lenços de papel e se levantou – vou até o banheiro
e já volto. Quando Eve se foi o olhar de Phil mudou.
- porque está fazendo isso Phil? Porque não vai simplesmente embora?
- sabe eu fiquei bem ofendido quando você roubou minha carteira aquele
dia no aeroporto. Foi até bom porque eu já tirei novos documentos com meu novo
nome: George Adams
- quero que você termine com Eve antes que isso vá longe demais. Termine
com ela e desapareça.
- eu não vou fazer isso.
- tem certeza? Eu vou a policia se você não terminar.
- você não vai a policia porque eu vou te ajudar a recuperar o dinheiro.
- porque você faria isso depois que eu te traí no aeroporto?
- porque são 46 milhões e não se encontra quarenta e seis milhões jogado
na esquina.
- não posso. Eu contei a Gray sobre você e eu não posso mentir sobre você.
Não posso ficar pisando na bola com ele.
- tudo o que eu quero é que você me mostre quem é esse vigarista.
- eu não sei quem é ele.
- sabe sim. você trabalha em uma empresa de investigação particular. Eu sei
que você sabe.
- como você mesmo ouviu eu não trabalho mais.
- tudo o que estou pedindo é que me mostra esse vigarista. Uma vez que
eu souber quem ele é eu vou trabalhar para conseguir o nosso dinheiro de volta.
Não quero que se envolva, não quero que você se arrisque. Não quer mentir para
seu novo namorado? OK, mas só me prometa que vai me dizer quem é o vigarista.
- OK Phil. Eu te ajudo com uma condição.
- qual? – perguntou ele tomando uma colherada do Sundae.
- termine com Eve. Não agora é claro. Faça de um modo que ela não fique
chateada porque ela realmente gosta de você.
- OK – falou Phil.
- me dê seu número que assim que
eu tiver tempo e disposição eu te ligo para a gente sair e eu te mostro quem é
o vigarista.
- você pode me dizer pelo menos o nome dele?
- assim com você esse vigarista tem dois nomes. Ele me enganou usando o
nome Hugo McNamara, mas o nome verdadeiro dele é Roger Rothlo.
- maravilha – falou Phil sorrindo – e então? Você já deu sua cereja para
esse tal de Gray ou está enrolando com ele do mesmo jeito que fez comigo?
- nós realmente não vamos falar sobre isso – falei rindo.
- deixa eu adivinhar: vocês ainda não fizeram sexo.
- porque se importa?
- eu conheço você Griffin. Você nunca quis fazer sexo comigo e eu fui
sincero com você. Eu disse que sem sexo eu não estaria disposto a continuar com
o relacionamento.
- obrigado por me lembrar disso. Obrigado por terminar comigo pela
segunda vez.
- sei que eu fui um canalha, mas eu fui sincero. E esse Gray? O que ele
disse quando você disse que queria esperar?
Por alguns segundos eu ignorei Phil. Não devia satisfações da minha vida
pessoal, mas ele ficou me olhando com aquela cara curiosa esperando por uma
resposta.
- ele disse que ia esperar – falei desembuchando.
- Uau! – falou Phil rindo – parece que você finalmente encontrou ‘o
escolhido’.
- não sei se a gente vai durar.
- porque? – perguntou Phil.
- eu tenho tomado algumas decisões duvidosas nesses últimos tempo e eu não
sei quanto mais tempo ele vai aguentar ficar comigo.
- Griffin ele está disposto a esperar por você. Não conheço esse cara,
mas acho que não importa o que você faça ele vai continuar com você.
- você acha?
- pense que não se importasse com o que eu penso.
- e eu não me importo – falei vendo Eve voltar do banheiro.
- tá dando pra ver? – perguntou Eve
se sentando perguntando se dava pra ver a chance do sorvete.
- não – falou Phil – o que acha Griffin?
- não. você limpou bem – falei terminando de tomar o meu sorvete.
Phil e Eve trocaram alguns beijos e eu tive vontade de contar a ela o
que estava acontecendo, mas eu nunca vi Eve tão feliz. Era melhor deixar ela
ser feliz por mais um tempo afinal Phil prometeu que vai terminar com ela.
- posso te perguntar uma coisa Eve?
- pode – falou ela olhando pra mim.
- a Morgan ainda está namorando aquele tal de Jake?
- ao que tudo indica sim. Ela vive saindo com essa tal de Jake. As vezes
ela sai mais cedo na sexta e chega mais tarde na segunda e pelo o que parece o
relacionamento dele continua.
- ela vive tão estressada. Imagina se não estivesse dando certo.
Eve deu risada.
- isso é realmente verdade – falou Eve tomando a última colherada do
sorvete dela.
Eve levantou a mão e a garçonete veio com a conta.
- eu pago – falei pegando a minha carteira.
- nem pensar – falou Phil pegando a carteira colocando algumas notas em
cima da mesa – hoje é por minha conta.
- tudo bem – falei guardando a carteira de volta no bolso.
- foi bom ter te encontrado – falou Eve quando chegamos no lado de fora da
sorveteria.
- digo o mesmo e me desculpa por ter desaparecido por todo esse tempo.
- sem problema – falou Eve segurando na mão de Phil.
- foi bom te conhecer – falou Phil apertando minha mão.
- igualmente George.
- melhoras para seu namorada.
- obrigado – falei vendo os dois se afastarem.
Não acredito que Phil estava novamente no meu pé, mas pelo menos a
visita inesperada dele ia me ajudar a recuperar meu dinheiro. Espero que ele
encontre Hugo e consiga de volta cada centavo que ele roubou de mim.
Depois que me despedi de Eve e George eu caminhei pela calçada. Por
sorte estava no centro e ao olhar no relógio vi que ele marcava pouco mais das
três e meia da tarde. Era tão cedo e eu já não tinha mais para onde ir então
decidi ir ao cinema assistir a um bom filme para que a hora passasse logo.
Ao chegar no cinema eu não escolhi o filme pelo gênero e sim pela
duração do filme. Para minha sorte tinha um filme de drama passando que tinha
duração de duas horas e dez minutos a sessão começaria em vinte e cinco
minutos. Seria tempo suficiente para comprar meu ingresso e comprar algo para
comer: cortesia de Gray é claro já que não tinha dinheiro e não tinha emprego.
A sessão começou ás quatro e dez da tarde e ao entrar no cinema eu
percebi que ele não lotaria. Na verdade havia muitos lugares vagos para todos
os lados e apenas alguns gatos pingados. Alguns namorados que se beijavam e
logo mais a baixo três amigos que jogavam pipoca um no outro. Observei mais as
pessoas do que o próprio filme e acabei pegando no sono.
Acordei com um funcionário do cinema tocando meu braço.
- senhor o filme já acabou.
- o que? – perguntei desorientado. Por alguns segundos nem me lembrei de
onde estava. Depois que recuperei os sentidos eu me levantei – obrigado.
- por nada – falou o funcionário.
Subi as escadas e sai da sala de cinema. Voltando ao shopping eu peguei
meu celular e vi que era quase seis e meia da tarde. Vi também que tinha
ligações perdidas de Gray. Três ligações perdidas feitas por volta dás cinco e
cinquenta. Provavelmente Gray queria me avisar que os filhos já tinham ido
embora então eu nem retornaria as ligações.
Talvez Phil estivesse certo. Talvez Gray fosse o escolhido, mas eu não
tenho certeza se nós vamos durar. Eu preciso parar de tomar decisões idiotas
porque eu não vou usar sexo para segurar ninguém. Só vou fazer sexo quando
sentir que a hora chegou. Só espero que Gray esteja a meu lado quando esse dia
chegar.
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