fim de semana na casa de Luke tinha sido
maravilhoso. Era como se algo tivesse se acendido dentro de mim. Como se uma
luz tivesse sido acesa dentro de mim. Foi bom desabafar. Foi bom contar para
Ralf e Derek o que tinha acontecido entre meu pai e eu na noite anterior á sua
morte. Foi a última noite que passamos juntos, a última noite em que estivemos
juntos. Não foi como pai e filho. Foi algo
mais e eu me arrependo. Estava pronto para essa nova fase da minha vida.
De uma certa forma eu sentia que tinha sido recompensado pelo universo por
todas as merdas que eu passei. Eu não tinha só um, mas dois homens. Ralf e
Derek.
No inicio nós pensamos que continuaríamos no apartamento alugado, mas
percebemos que não havia motivo para esperar. Na segunda feira Ralf, Derek e eu
procuramos por um lugar para morar. Teria que ser um lugar grande, bonito e que
ficasse no centro. Na verdade nós procuramos por três dias e na quarta feira
nós encontramos a casa certa. Ficava em um bairro no centro. Era uma casa
grande e bonita. Tinha piscina e era próximo de tudo. A casa é mobiliada e fica
em um bairro perfeito. Valeu cada centavo. 1,7 milhão aos quais eu paguei com
um cheque.
Derek tinha conseguido arranjar um emprego. Não foi difícil. As pessoas
tinham muito respeito por soldados que voltavam da guerra e Derek conseguiu em
emprego como mecânico. Na verdade ele era muito bom nisso. Ralf por sua vez
estava trabalhando como segurança em uma boate. Eu pro outro lado decidi voltar
ao meu trabalho no TripAdvisor. Sinceramente é um ótimo trabalho. É o trabalho
ideal. Derek e Ralf nunca ficarão sozinhos quando eu fizer longas viagens
porque eles tem um ao outro. Depois de uma conversa com a gerente do
TripAdvisor ela me deu tem tempo. Minha primeira viagem seria em um mês. Até lá
eu iria aproveitar esse tempo para colocar as coisas da minha vida em ordem. O
primeiro passo era visitar Gray em Los Angeles. Em seguida eu iria visitar
Christopher em Chicago. Eu não ligava mais para as lembranças. Eu só queria
seguir com minha vida. Estava satisfeito com as lembranças que eu tinha. As
filmagens que Jeremy me entregou ainda estavam comigo. Eu ainda não tinha
criado coragem para ir até a delegacia e entrega-las. Acho que estava adiando.
Agora que nós tínhamos comprado a casa nós estávamos tínhamos nos
mudado. Minha viagem para Los Angeles era na sexta feira ao meio dia. Como
Ralf, Derek e eu estávamos em um relacionamento nós decidimos que eu iria
sozinho. Eu não estava preparado para contar para Gray o tipo de relacionamento
que eu tinha com Ralf e Derek e eu não queria escolher apenas um dos dois então
todos nós concordamos que apenas eu deveria ir.
Era quinta-feira a noite. Ralf e Derek estavam terminando de fazer o
primeiro jantar para comemorar a nova casa. Na verdade era Derek que estava
fazendo o jantar. Ralf não era muito bom na cozinha. Ele apenas dividia uma
cerveja com Derek e fazia companhia enquanto no andar de cima eu arrumava
nossas roupas no guarda-roupas. Nós passamos a tarde no shopping comprando
roupas. Derek não tinha quase nada. Ele só tinha o que trouxe em uma mochila.
Então nós fomos para o shopping e compramos roupas, calçados entre outras
coisas. Ralf e eu tínhamos um bocado de roupas, mas doamos quase tudo para o
Exército da Salvação. Nós aproveitamos para renovar o guarda-roupas.
Depois das compras de roupas nós tivemos que ir para o supermercado e
comprar de tudo. Nós tivemos que encher a geladeira, os armários, comprar
adereços para colocar na sala, nos quartos. Compramos utensílios de cozinha e
tudo o mais que precisávamos. Foi um dia bem cansativo. Nós tivemos um dia
cansativo. A nossa sorte é que a casa era toda mobiliada e não tinha
necessidade de carregar mudança.
Depois que arrumei tudo eu tomei um banho e desci as escadas. O jantar
tinha ficado pronto. Ralf terminava de colocar a mesa. Nós nos sentamos e nos
servimos. Quando coloquei a primeira garfada quase não acreditei em como estava
delicioso.
- nossa… está muito bom – falei olhando para Derek.
- eu achei que devia fazer algo especial para a nossa primeira noite
juntos – falou ele com um sorriso.
- nós somos sortudos – falou Ralf.
- porque? – perguntou Derek.
- Max e eu não somos muito bom de cozinha. Nós temos sorte de ter você.
Derek deu um sorriso e voltou a comer. A comida estava maravilhosa.
Depois do jantar nós somos para o quarto. Eu escovei meus dentes e me deitei.
Ralf e Derek tomaram banho separados enquanto eu assistia TV. Depois que eles
tomaram banho os dois se deitaram na cama. Ralf no lado direito, Derek no meio
e eu do lado esquerdo. Todos nós apenas de cueca. Eu continuava assistindo TV
enquanto Derek e Ralf conversavam algo sobre o tempo em que estiveram na
guerra. Eu não prestei muita atenção e tentei focar na TV.
Por dentro eu estava ansioso pela viagem á Los Angeles. Não tinha visto
Gray depois da cirurgia então estava nervoso. Pela primeira vez eu ia conhecer
o meu pai biológico. Quando o relógio marcou meia noite eu desliguei a TV.
Derek e Ralf ainda conversavam. Eu me virei de lado e Ralf ligou a luz do
abajur. Ele se levantou e apagou a luz do quarto.
- está ansioso para amanhã? – perguntou Derek.
- sim, estou – falei voltando meu corpo e virando de frente para Derek e
Ralf que estava na outra ponta da cama.
- tem certeza de que quer ir sozinho? – perguntou Derek – você pode
levar o Ralf se quiser. Eu não me importo.
- não. Eu não quero ter que escolher. Nosso relacionamento não pode começar
dessa forma. Quando eu sentir que estou preparado eu vou apresentar os dois
como sendo meus homens – falei rindo – eu pesquisei na internet e um relacionamento a três acontece mais do que a
gente pensa, mas ainda é um tabu.
- tudo bem – falou Derek.
- agora me deixem dormir porque eu estou ansioso e já vai ser difícil
dormir.
- OK – falou Derek aproximando o rosto do meu – boa noite.
- boa noite – falei dando um selinho na boca de Derek.
Levantei um pouco e dei um selinho na boca de Ralf.
- boa noite.
- boa noite – respondeu Ralf dando um selinho na boca de Derek.
- boa noite – respondeu Derek.
Ralf apagou a luz do abajur e eu me virei de lado e senti Derek me
abraçar. Senti que Ralf fez o mesmo com Derek e o abraçou. Não demorou para que
todos nós pegássemos no sono.
Acordamos cedo no dia seguinte. Eu mal tinha colocado as roupas novas no
guarda roupas e tive que colocar um bocado na mala. Ralf e Derek me levaram até
o aeroporto e se despediram de mim. Apenas um aperto de mão e um beijo no
rosto.
- como você se sente? – perguntou Ralf – estar em um aeroporto?
- pois é. É a primeira vez que eu venho a um aeroporto desde o que
aconteceu.
- como você está?
- bem. E você?
- também.
Foi Gray quem comprou as minhas passagens então tudo o que precisei fazer
foi ir até o aeroporto e fazer o check in com o localizador da passagem. Depois
de pesar a minha mala nós fomos até a fila da segurança para entrar para o
Salão de Embarque para aguardar meu voo.
- aqui é o fim da linha – falei olhando para os dois.
- eu vou sentir sua falta – falou Ralf dando um beijo no meu rosto.
- também vou – falei chegando mais perto dele e dando um selinho em sua
boca.
- boa viagem – falou Derek dando um selinho na minha boa. Eu percebi que
algumas pessoas ficaram olhando quando me viram beijar aqueles dois homens na
boca, mas eu não me importei.
- quando eu chegar eu ligo avisando – falei me despedindo.
Depois de todo um processo e uma hora de espera eu estava finalmente
dentro do avião. Estava ansioso. Eram quase quatro horas de voo de Miami até
Los Angeles e eu não via a hora de chegar. Eu tinha tantas perguntas na minha
cabeça. Gray estaria me esperando no aeroporto quando chegasse, não sei se ele
estaria com Griffin, mas existia essa chance e eu estava nervoso também porque
não sabia se Griffin seria tão legal quanto Gray tinha dito. Griffin não queria
que Gray me doasse um rim então isso provavelmente causou um abalo na relação
deles. Se Gray não tivesse me doado o rim ele nunca teria descoberto que eu era
seu filho biológico.
- oi Max – falou Laila com um sorriso.
- oi Laila – falei surpreso – tudo bem?
- tudo ótimo, indo dar uma volta em Los Angeles?
- sim, vou visitar o meu pai biológico.
- que legal. Você deve estar ansioso.
- muito – falei tentando controlar a minha excitação – Kevin é o
comandante dessa aeronave?
- não. Eu estou substituindo uma garota que passou mal de última hora.
- quando você ver ele diga que mandei um abraço.
- digo sim – falou ela rindo – aquela festa na casa de Luke foi ótima –
falou Laila.
- foi sim.
- Kevin anda mais animado desde a festa. Ele tem se encontrado com o
Bryan.
- sério? então eles deram mais certo do que eu esperava. Fico feliz por
ele.
- eu também – falou Laila – preciso ir – falou ela olhando para trás –
nós já vamos decolar.
- vai lá – falei respirando fundo me aconchegando a poltrona.
Depois de decolagem eu pedi refrigerante e algo para comer. Em seguida
foi impossível não dormir. O sono me pegou de jeito. Só acordei quando Laila
veio até mim e disse que nós iriamos pousar. Eu afivelei o cinto respirei fundo ansioso. Depois do pouso o
avião taxiou pela pista e não demorou para que nós fossemos autorizados a
descer da aeronave. Quando sai do avião vi que alguns funcionários tinham
enormes guarda chuvas para nos levarem até o lobby do aeroporto. Estava chovendo
em Los Angeles. Assim que cheguei no aeroporto fui até a esteira e peguei minha
mala e caminhei pelo saguão. Havia um bar
no caminho e foi lá que Gray combinou de me encontrar.
Ao me aproximar do bar vi que ele estava sentado tomando alguma coisa. Ao
seu lado um rapaz mais ou menos da minha altura, de olhos castanhos, pele clara
e ele não parecia feliz. Por alguns instantes hesitei e quase não me aproximei.
Fiquei com vergonha. Pensei no que diria ao me aproximar e antes que tivesse a
chance o garoto que estava com Gray ficou olhando para mim.
- é ele? – perguntou o garoto. Gray olhou para trás e ao me ver forçou-se
a dar um sorriso. Ele tomou o restante da bebida que estava no copo caminhou
até mim.
- olá – falei envergonhado.
- oi Max – falou Gray vindo até mim. Ele se aproximou e me deu um abraço
– como você está?
- estou bem.
- como foi de viagem?
- tranquilo. Dormi a maior parte do voo.
- Max, esse daqui é Griffin.
- prazer – falou Griffin apertando minha mão.
- prazer.
- vamos? – falou Gray pegando a mala – me deixa te ajudar.
- OK – falei jogando a minha mochila nas costas. Foi estranhamente
silencioso caminhar por aquele aeroporto até o estacionamento. Gray estava
fazendo de tudo para deixar tudo mais confortável para mim, mas Griffin parecia
um pouco irritado. Acho que ele não gostava da minha presença.
Ao chegarmos no carro Gray colocou a mala no porta malas e nós entramos
no carro. Eu me sentei no banco de trás. Gray e Griffin conversavam sobre algo.
Eu não entendi muito bem. Eles estavam quase cochichando. Eu estava ficando um
pouco sem graça com aquilo.
- e então… - falou Griffin chamando a minha atenção – você veio sozinho?
Pensei que você fosse trazer alguém.
- sim – falei – meu namorado não quis vir.
Devo admitir que fiquei tentado a contar que estava namorado dois
homens. Eu não queria ter que esconder. A vida é minha e eu faço o que quiser,
mas eu fiquei com medo. Sei que existe preconceito e um grande tabu em torno de
um relacionamento a três. Aquelas perguntinhas e frases chatas sempre vão
aparecer: “eu não acredito que dá certo”, “Uma pessoa vai sempre se sentir por
fora”, “por isso que os gays são mal falados”… então por esse motivo eu decidi
esconder.
- sim. É Ralf. Ele não quis vir. Ele não conseguiu uma licença do
trabalho.
- se você tivesse me dito eu teria dado um atestado médico para ele –
falou Gray.
- você é louco? – falou Griffin brigando com Gray – e se eles
descobrirem que deu um atestado sem motivo.
- Relaxa Griffin – ele é meu genro.
- você está sendo irresponsável – falou Griffin olhando para o lado de
fora do carro.
- como se você não tivesse falsificado atestado médicos meus antes –
falou Gray.
Aquilo era realmente constrangedor. Senti que não era bem vindo. A minha
vontade era de dar meia volta e entrar no avião. Me senti mal e eu tentei
ignorar. Eu respirei fundo e tentei fingir que não estava ali.
- então… – falou Gray – agora nós vamos até a Pegasus.
- o que é Pegasus?
- é uma empresa de Investigação Particular. Eu trabalho lá… na verdade
sou um dos donos.
- então além de médico você é detetive?
- sim.
- legal.
Não demorou muito para chegarmos ao centro. Haviam vários prédio. Eram
enormes. O que me chamou a atenção foi uma fonte no meio de vários prédios com
um cavalo de vidro. Só então percebi que era um Pégaso. Um cavalo com asas. Ao
chegar no estacionamento de um dos prédios Griffin saiu do carro na frente e
deixou Gray e eu para trás.
Quando eu sai do carro percebi que Gray ficou sem graça e queria dizer
algo sobre a situação que estava acontecendo, mas ele preferiu não dizer nada.
Nós andamos até o elevador e nós subimos até o sétimo andar. Quando as portas
se abriram vi uma correria. As paredes do escritório eram de vidros. Pessoas de
um lado para o outro conversando e eu olhei para a direção de uma das salas e
lá estava Griffin. Conversando com uma mulher negra. Ele parecia nervoso.
- vou te apresentar á todo mundo – falou Gray.
Nesse instante um rapaz de óculos e uma jovem negra de cabelos cacheados
passou por nós.
- Gray? – falou ela olhando para mim – esse é ele?
- sim. Max, essa daqui é Holly – falou Gray com um sorriso.
- muito prazer – falei apertando a mão dela.
- É bom finalmente te conhecer. Gray tem falado muito de você desde que
descobriu que você é filho dele.
- pois é… foi um choque para todos – falei nervoso.
- eu sou Kiff – falou o rapaz de óculos apertando minha mão.
- muito prazer Kiff.
- o que está achando de Los Angeles até agora?
- eu pensei que seria um pouco mais quente.
- pois é – falou Kiff – é raro chover aqui em Los Angeles, mas quando
acontece geralmente são tempestades.
- na verdade você teve o azar de aparecer por aqui com chuva, do
contrário você ia adorar as praias – falou Holly.
- pois é. Eu trouxe até roupa de banho.
- hoje ainda é sexta. Talvez no domingo o sol apareça – falou Kiff.
- sim. Tomara.
- vamos – falou Gray.
Eu segui Gray por um corredor até que chegamos a porta da sala onde Griffin
estava.
- toc toc – falou Gray.
- olha só quem chegou – falou a mulher ficando de pé.
- Max, essa daqui é Morgan.
- muito prazer Max – falou Morgan apertando minha mão com um sorriso no
rosto. Griffin estava de longe olhando a tudo.
- Essa é a minha ex-esposa e mãe dos meus primeiros dois filhos.
- então você foi casado com mulher? – perguntei olhando para Gray.
- sim.
- então você estava no armário?
- não. Ele é bi – falou Morgan – Sabe no começo eu não aceitei muito
bem, mas agora eu estou “de boa” – falou Morgan rindo.
- Estou vendo – falei rindo com ela.
- boa tarde – falou uma mulher ruiva chegando na porta atrás de nós –
você é o Max? – perguntou ela olhando para mim.
- sim – falei esticando a mão – e você é…
- Evelyn, mas pode me chamar de Eve – falou ela com um sorriso – é bom
finalmente poder colocar um rosto ao nome – falou Eve rindo olhando para
Griffin.
- o que quer dizer? – perguntei olhando para Eve.
- não é nada é que eu sinto que já te conheço. Gray fala muito sobre
você.
- ela tem razão. Ele falou muito – falou Griffin confirmando.
Percebi que o clima ficou um pouco pesado depois disso. Todos tentaram
disfarçar, mas percebi que não foi só coisa da minha cabeça. Todos perceberam
que Griffin estava desconfortável com minha presença. Será que era ciúmes?
- vamos indo – falou Gray saindo da sala e eu o segui – quer comer ou
beber alguma coisa? – perguntou ele.
- só um copo de água.
Nós fomos até a copa e Gray colocou um copo com água para mim.
- obrigado – falei tomando um gole – nós vamos para casa?
- sim, mas antes vamos passar no hospital onde trabalho para que eu dê
uma olhada nos meus pacientes.
- OK.
Quando nós saímos da copa Griffin nos seguiu até o elevador. Eu tive
esperança de que ele não viesse. Um pouco antes da porta do elevador se fechar
Eve colocou a mão.
- o que vocês acham de jantarmos na minha casa hoje? – falou Eve – para
comemorarmos a chegada do Max.
- seria ótimo – falou Gray – o que você acha?
- pode ser – falei concordando. Ainda estava sem graça com essa situação
com Griffin, mas eu não queria deixar de curtir a viagem por causa disso. Já
que tinha vindo queria pelo menos socializar com os amigos de Gray.
Nós deixamos a Pegasus para trás e nós seguimos viagem pela chuva até
que chegamos ao hospital Sagrado Coração de Maria. A viagem foi silenciosa.
Griffin não gostava de mim e não estava disfarçando. Eu senti saudades de Ralf
e Derek. Era estranho estar naquele lugar. Eu não conhecia ninguém de verdade e
tinha ficado bem claro que eu não era bem vindo.
Nós entramos no hospital e ao chegarmos na recepção Gray caminhou comigo
até uma cadeiras.
- você pode me esperar aqui? Eu prometo que não vou demorar.
- posso sim – falei me sentando.
Griffin foi com Gray e eu agradeci por isso. A última coisa que eu
queria era que Griffin ficasse lá sentado ao meu lado de cara feia. Eu sabia
que Griffin era quase dois anos mais velho do que eu. Ele tem vinte e cinco
anos, mas ele parecia ter muito mais. Não pela aparência, mas pelas atitudes.
Ele parece uma velha de sessenta e nove anos irritada. Eu já não gostei muito
dele.
Aproveitei que estava sozinho para ligar para casa e dizer que tinha
chegado bem. Liguei para o celular de Derek e ele logo atendeu.
- oi Max.
- oi Derek. To ligando para avisar que já cheguei me Los Angeles.
- e ai? Como foi de viagem?
- foi tranquilo. Dormi durante quase todo o voo e a Laila era a
comissária de bordo no voo então eu tive companhia.
- que bom, e como está ai em Los Angeles?
- uma chuva. Está um friozinho.
- sério? Aqui o sol está rachando.
- Aqui o clima está bom de ficar agarradinho embaixo do cobertor.
Imagina nós três debaixo de um cobertor.
- nem me fale. Ralf e eu já estávamos sentindo sua falta.
- eu também já sinto a falta de vocês.
- e como foi o encontro com tal de Griffin?
- terrível. Ele não gosta de mim e está deixando bem claro. Eu mal
cheguei aqui e já queria voltar.
- nossa, que idiota.
- sim. Bem idiota. Eu estou me sentindo péssimo. Queria que vocês
estivessem aqui.
- se você quiser e só dizer e nós vamos.
- não, eu estou apenas desabafando. Esse Griffin já me odeia. Não
preciso dar mais motivos para que ele me odeie… tenho certeza de que Gray
também iria me odiar se soubesse que tenho dois namorados.
- tudo bem. Não vejo a hora de você voltar.
- eu também.
- quer falar com Ralf?
- não. Manda um beijo para ele e diga que estou bem. Não conta que estou
chateado.
- tudo bem. Um beijo amor.
- um beijo.
Depois que desliguei o telefone eu fiquei lá sentado olhando para fora
do hospital enquanto a chuva caia sem parar. Depois de vários minutos, quase
uma hora eu vi Gray e Griffin voltando pelo mesmo corredor que tinham ido, mas
dessa vez eles estavam acompanhados por dois homens. Eu reconheci logo de cara
que um dos homens era Rupert. Meu psicólogo.
Me levantei e ele me cumprimentou. Rupert apertou minha mão com um
sorriso.
- oi sumido – falei olhando para o homem ao lado dele.
- eu sei. Me desculpa – falou Rupert – eu sei que devia voltar para
Miami para te ajudar, mas acabei ficando preso aqui em LA.
- eu sei. Pelo menos você me deixou com
Dr. Bryan.
- sim – falou Rupert olhando para o médico ao lado dele – esse daqui é
Gordon. Meu noivo – falou Dr. Rupert.
- muito prazer – falei apertando a mão de Gordon.
- igualmente – falou Gordon – então você é filho do Gray?
- sim. Pelo o que o exame de DNA me disse eu sou.
- vamos para casa? – perguntou Gray.
- vamos – falei seguindo pelo hospital.
Rupert e Gordon nos seguiram pelo estacionamento.
- hoje nós vamos jantar na casa de Eve – falou Gray quando chegamos até
o nosso carro – você estão convidados.
- claro – falou Gordon.
- nós iremos – falou Rupert.
Griffin, Gray e eu entramos no carro
e seguimos viagem. Mais uma vez o silêncio predominou o carro. Aquilo era um
saco. Odiava aquilo. Griffin não dizia nada e Gray queria conversar, mas não
dizia nada com medo de Griffin ficar com mais raiva ainda. Se eu soubesse que
seria assim nem teria vindo em primeiro lugar.
Nós entramos me um bairro chique e então seguimos por uma estrada onde
só havia floresta.
- vocês moram naquela mansão – falei vendo uma enorme casa ao longe
enquanto seguíamos subindo uma ladeira.
- sim – falou Gray – você vai conhecer nossos amigos. Oliver e Rachel.
- você dividem a casa com amigos?
- sim. Nós morávamos no mesmo prédio, mas depois de alguns
acontecimentos nós decidimos morar juntos. A casa é enorme.
- legal – falei vendo a casa se aproximar cada vez mais.
- na verdade não é tão grande assim – falou Griffin – por exemplo:
moramos Gray e eu e nós temos um filho. Rachel e Oliver também tem um filho
então são seis pessoa a casa já está cheia.
- OK – falei tentando não me importar com a indireta de Griffin.
Eu vi que Gray não gostou nada do
comentário dele, mas não disse nada. Depois de alguns minutos passamos por um
portão e Gray estacionou o carro. A casa era linda. Era enorme. Toda branca com
paredes de vidro. Lembrei da casa de Luke. Era tão linda quanto.
Nós saímos do carro e Gray pegou minha mala. Quando nós entramos na casa
eu vi um homem e uma mulher. Cada um deles estava com um bebê.
- chegamos – falou Griffin caminhando na frente. Ele foi até a mulher e
pegou o bebê no braço. Ele começou a brincar com o bebê que deu risada.
O homem que se chamava Oliver estava com um bebê maior no braço.
- Oliver, Rachel esse daqui é meu filho Max.
- muito prazer – falei cumprimentando os dois.
- Max esse daqui é Kurt, seu irmão – falou Gray indo até Griffin.
Eu me aproximei um pouco, mas Griffin mudou ele de posição para que eu
não visse o rosto dele.
- é uma gracinha – falei vendo Griffin balançar o bebê
- vira ele para Max ver o rosto.
- ele está cansado – falou Griffin.
- deixa de bobeira Griffin – falou Gray tentando pegar Kurt dos braços
de Griffin, mas ele não deixou.
- vou coloca-lo para dormir.
- o que está fazendo? Porque está agindo dessa forma? Você me prometeu
que tentaria não ser um idiota – falou Gray. Oliver e Rachel ficaram sem graça
e é claro que eu também fiquei.
- porque você está fingindo que se importa com ele – falou Griffin.
- ele é meu filho também. Você vai ter que aceitar isso.
- quando me casei com você eu não imaginei que você tivesse um filho que
tem a minha idade.
- o que é isso? Ciúmes? – perguntou Gray.
- eu não sei – falou Griffin – eu só não pedi por isso. Ele é seu filho,
não meu. É você que tem a obrigação de ser um pai e fingir que gosta dele. Não
eu.
- eu não estou fingindo.
- não? – perguntou Griffin olhando para Gray e depois olhando para mim –
Max, me diz… o Gray já te contou que quando descobriu que a namorada do
colegial estava grávida ele implorou de joelhos que ela te abortasse?
Aquilo me chocou. Eu realmente não esperava por aquilo. A briga
realmente não tomou o rumo que eu esperava.
- ele contou? Ele convenceu ela a te abortar. Ele até conseguiu o
dinheiro para pagar o médico, mas quando eles chegaram á clínica de aborto a
namorada mudou de ideia. Ela preferiu te dar para a adoção. Ela achou que você
valia a pena. Gray só não queria ter que desistir da faculdade de Medicina. O
sonho dele sempre foi ser médico.
- Cala a boca Griffin! – falou Gray com raiva.
- O que foi Gray? Você é que está todo sentimental desde que descobriu
que esse rapaz é seu filho. Ele merece saber a verdade.
- isso é verdade?
- é, mas eu me arrependo.
- OK – falei respirando fundo – acho melhor eu ir para outro lugar –
falei pegando a mala e a mochila que estava em cima do sofá.
- não Max – falou Gray olhando para mim.
- não. tudo bem. Acho que não é uma boa ideia eu ficar aqui. Eu não
sei oque estava pensando quando aceitei
vir. Eu v9im com essa ideia louca de que você era a segunda chance já que
estraguei as coisas com meu pai de verdade. Agora que estou aqui eu percebo que
você já tem uma família. Já tem três filhos. Não precisa de outro.
- tem certeza que é uma boa ideia? Está uma chuva muito forte lá fora –
falou Rachel.
- sim. Tenho certeza – falei seguindo até a porta de saída.
- vou chamar um taxi para você – falou Oliver.
- obrigado – falei agradecendo e saindo pela porta.
Ainda chovia, mas não me importei. Caminhei pela chuva até que cheguei
na calçada. Havia uma árvore. Ela não protegia de muita coisa, mas foi o
suficiente. Quando o taxi chegou eu pedi que ele me levasse até um hotel que
ficasse próximo ao aeroporto. Aquilo tinha sido um desastre. Tudo o que eu
queria era voltar para casa. Antes eu precisava ir para um hotel trocar de
roupa em seguida eu iria para o aeroporto.
Eu realmente não servia para nada. O pai biológico queria que eu tivesse
sido abortado e o pai que me adotou fez sexo comigo por que eu fiquei
insistindo. Eu arruinei todos os relacionamentos que eu tive. E tudo é culpa da
droga da perda de memória. Se eu não tivesse sofrido esse acidente eu nunca
teria que vir para Los Angeles para ser humilhado como eu fui. Eu fui realmente
pensando que eu tinha um pai, mas agora vejo que não é bem assim. A vida da
minha irmã foi arruinada por um tio pedófilo, a vida de Ralf e de Derek foram
arruinadas quando eles me conheceram. Sinto como se todos ao redor de mim
tivessem sido arruinadas. Griffin deixou bem claro que a vida dele foi
arruinada.
- as estradas estão uma loucura – falou o taxista enquanto diria pela
estrada molhada. A chuva agora se tornou uma tempestade. Quase não dava pra ver
nada pelo vidro.
- você não está indo muito rápido?
- nós precisamos ser rápidos. A tendência é que essa tempestade piore
então precisamos sair das ruas.
- tudo bem, só não vá muito rápido.
- OK – falou o taxista seguindo viagem na mesma velocidade. Eu estava
assustado. O vidro estava embasado e lá fora a água jorrava do céu.
Nós seguimos viagem então eu percebi que o taxista estava com o celular
na mão enquanto dirigia com a outra. Ele digitava alguma coisa no celular. Eu
não sabia se falava alguma coisa. Ele não parecia ligar para mim.
- Olha eu não quero ser rude, mas será que dá pra você prestar atenção
na estrada?
- relaxa – falou o taxista olhando para mim.
Desviei meu olhar para o lado de fora e foi então que eu percebi que os
semáforos estavam desligados. Antes que eu pudesse dizer algo eu senti a água
entrando no carro e molhando meu rosto. Senti uma brisa passar por mim e então
eu senti meu corpo ser jogado para fora do carro. Foi uma sensação estranha. Em
um momento eu estava dentro do carro. Agora eu estava deitado no chão frio e
molhado. Minha cabeça doía muito. Eu sentia a chuva gelada congelando meu
corpo. Tentei me mover, mas não conseguia. Não sabia se era o frio, o choque de
estar machucado no chão ou se eu estava finalmente morto. Não seria uma forma
tão ruim de morrer depois de tudo o que fiz. Eu vivi uma vida miserável.
Merecia um fim á altura.
Estava caído no chão gelado olhando para o alto. Minha boca tremia com o
frio. Meu rosto queimava como se eu nem tivesse mais a face. Não sei quanto tempo
se passou, mas eu acredito que fiquei desmaiado alguns minutos. O taxi estava
destruído. O carro preto que bateu em nós também. Foi essa mania chata de
lembrar do passado que me trouxe até aqui, mas acho que isso não importa mais.
Depois de horas de meses fazendo terapia, depois de tomar todo o tipo de
remédio, depois de me debater por horas tentando lembrar do passado eu estava
ali no chão. Havia tudo sido em vão.
É engraçado. Sempre achei que doeria morrer, mas é meio que um alívio. Estou
triste por deixar as pessoas para trás. Deixar minha vida para trás, mas eu
sinto como se estivesse perdendo algo que nunca tive. Era como se um peso
estivesse sendo tirado de cima de mim. Houve uma época em que era o única da minha
espécie. Me senti perdido no mundo, distante de mim, das pessoas ao meu redor.
Eu realmente estava solitário naquela época. Eu tentei, mas nunca entendi por
que sempre me senti como um estranho na multidão. Estava em queda, mas já
atingi o chão. Eu tentava respirar, mas tentar não era é o
suficiente. Eu sentia como se estivesse me afogando pela água da chuva que
caia. Tentei manter os olhos abertos e agora que estou deitado no chão olhando
para o alto eu sinto que as estrelas no céu parecem um lar. Meu novo lar.
Cansei de tentar ficar acordado. Senti um cansaço preencher meu corpo e então
eu vi a escuridão.
Meu Deus, que capítulo foi esse?! A espera valeu a pena pra viver todos sentimentos que vivi o lendo. Ansiosíssimo pelo próximo. E até desconfio de como tudo irá acontecer agora, mas, preciso dizer algo: desejei que Gray terminasse com Griffin com todas as minhas forças! Foi tão legal revisitar e sentir toda a atmosfera de Princípe. Mas essa atitude imbecil e estúpida de Griffin não tem explicação ou defesa. Max é apenas filho de Gray. Não um candidato em potencial a tirá-lo de Griffin. Enfim, que decepção, Griffin!
Não estou reconhecendo Griffin, pq está agindo desse jeito? sério, eu AMO ele, mas agora passei a odiar um pouco.. Max não merecia ser tratado assim. Capítulo ótimo, não vejo a hora de ler o próximo <3
Cara amo de paixão suas estórias, espero um dia conhecer essa pessoa por trás dessa imaginação maravilhosa. Velho de onde vc tira isso tudo??? rsrsrs Vc é o máximo, queria um dia tbm poder ver um conto onde um protagonista que é frágil e dependente seja submisso a um macho poderoso e que o ama a cima de tudo e de todos Abraços! Ganimedis♡
Meu Deus, que capítulo foi esse?! A espera valeu a pena pra viver todos sentimentos que vivi o lendo. Ansiosíssimo pelo próximo. E até desconfio de como tudo irá acontecer agora, mas, preciso dizer algo: desejei que Gray terminasse com Griffin com todas as minhas forças! Foi tão legal revisitar e sentir toda a atmosfera de Princípe. Mas essa atitude imbecil e estúpida de Griffin não tem explicação ou defesa. Max é apenas filho de Gray. Não um candidato em potencial a tirá-lo de Griffin. Enfim, que decepção, Griffin!
ResponderExcluirA.
Sério? Outro acidente? A reação do Griffin era esperada, ele sempre faz merda e depois se arrepende. Não demora mt a postar....
ResponderExcluirL.
Eu não esperava ou contava com essa reação dele, afinal, era pra ele ter amadurecido, não? Merecia um susto de Gray agora, isso sim.
ExcluirNão estou reconhecendo Griffin, pq está agindo desse jeito? sério, eu AMO ele, mas agora passei a odiar um pouco.. Max não merecia ser tratado assim.
ResponderExcluirCapítulo ótimo, não vejo a hora de ler o próximo <3
-Wyatt
Cara amo de paixão suas estórias, espero um dia conhecer essa pessoa por trás dessa imaginação maravilhosa. Velho de onde vc tira isso tudo??? rsrsrs
ResponderExcluirVc é o máximo, queria um dia tbm poder ver um conto onde um protagonista que é frágil e dependente seja submisso a um macho poderoso e que o ama a cima de tudo e de todos Abraços!
Ganimedis♡
Você deveria postar suas estórias no Wattpad, faria muito sucesso com o público de lá, as gay gostam disso rsrsrs
ResponderExcluirGanimedis♡