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Capítulo 2
DIA 2 — 01h00min ás 02h00min
odia sentir o gosto do sorvete se derretendo dentro
da minha boca. Pistache era meu sabor favorito. Todas as tardes a caminho da
biblioteca comprava duas bolas daquele saboroso sorvete que era sempre bem
vindo naquelas tardes quentes de verão onde o sol queimava minha pele e me
fazia franzir os olhos tentando ver algo. Sentia falta naqueles breves passeios
do meu dormitório até a biblioteca. Eram nesses breves passeios que me sentia
incluso naquele meio. Quando era pequeno o meu pai sempre me levava para tomar
sorvete. Todas as tardes. Ou pelo menos, todas as tardes em que ele estava com
a gente. Minha irmã e eu. Sentia falta do meu velho. Ele morreu quando eu tinha
onze anos. Ele era militar e estava no Iraque quando foi atingido por um
rebelde. Nunca vou esquecer a sensação de quando recebi a noticia.
Meu corpo estava descansado. Abri
os olhos e bocejei me sentando na cama. Já deveria ser de manhã então tínhamos
uma longa caminhada pela frente. Olhei para trás e vi que Ted acabara de se
sentar na cama assim como eu.
- bom dia Ted – falei de costas
para ele.
- bom dia – respondeu Ted se
levantando e caminhando até a janela para abrir as empoeiradas cortinas. Ele
juntou as duas mãos segurando as duas e as afastando relevando a sombria noite.
- o que é isso? – perguntei
surpreso ao ver que ainda estava escuro.
- que horas são? – perguntou Ted.
Olhei para o relógio e vi que
eram uma e dois da manhã.
- são uma da manhã – falei
achando aquilo estranho – isso não é possível. Eu me sinto descansado.
Ted saiu do quarto rapidamente e
eu o segui. Nós descemos as escadas pulando alguns degraus de tão apressados.
Misty e Anita estavam de pé próximas à janela da sala observando a escuridão.
Olhei para o relógio da sala e confirmamos que as horas estavam corretas. Era
pouco mais da uma da manhã.
- o que está acontecendo? –
perguntou Misty olhando para nós.
- eu não entendo – falei
colocando as mãos na cabeça – eu sinto que dormi por horas. Meu corpo está
descansado.
- eu também – falou Anita.
Nesse momento Dorothy e Rodolfo
desceram as escadas parecendo atordoados com a escuridão lá fora.
- onde está Benji? – perguntou Rodolfo.
- estou aqui! – falou Benji
abrindo a porta da cabana voltando para dentro.
- o que estava fazendo lá fora? –
perguntou Ted.
- tentando reconhecer onde
estávamos, mas foi em vão – falou ele respirando fundo – Ted tinha uma mochila
em sua mão.
- o que está acontecendo? – falou
Dorothy – nós dormimos e… deveria ser de dia.
- é como se o tempo tivesse
parado quando nós dormimos – falou Rose chegando ao alto das escadas.
- não é possível – falou Benji.
- algo é possível? – falou Rose –
somos sete desconhecidos de varias partes do país que acordaram em uma cabana
no meio da floresta. Acho que possível e impossível não funcionam por aqui.
- como isso é possível? – falou
Rodolfo – não é como se nós tivéssemos dormido vinte e quatro horas. Não… não
seria possível. Não sobreviveríamos tanto tempo sem água ou alimento. Nós estaríamos sem forças para ficar de pé.
- eu estou com fome – falei me
sentando no sofá – e sede.
- tomem – falou Benji jogando uma
garrafa de água mineral para cada um.
- onde encontrou isso? –
perguntou Ted perplexo.
- tem um carro lá fora batido em
uma árvore. Ele tinha água e cereais. Acho que eles podem nos manter vivos por
uma semana mais ou menos.
Todos abriram suas garrafas de
água e tomaram sedentos sentindo o líquido sedento descer suas gargantas. Eu
bebi metade da minha garrafa e em seguida eu a tampei. Não queria beber toda a
água de uma vez só. Não sabia quanto tempo ficaríamos ali.
- que tipo de carro que era? –
perguntou Rodolfo se sentando no sofá ao lado de Dorothy – talvez seja o meu
carro.
- Um Dodge Charger – falou Benjamin
– cinza.
- é o seu carro? – perguntou
Rose.
- Não – falou Rodolfo limpando os
lábios sentindo a água escorrer pela sua barba – Eu tenho um Honda HRV Azul
marinho.
- não importa de quem seja. Pelos
menos tem mantimentos pra uma semana.
- e depois disso? – falou Dorothy
– e se todos os dias que acordarmos for noite?
- isso é impossível – falou Anita
– deve ser porque estávamos muito cansados e dormimos muito. Tenho certeza de
que irá amanhecer logo. Estamos descansados. Só temos que esperar algumas horas
até o sol nascer.
- concordo – falou Benji
colocando algumas caixas de aveia em cima da mesa. Cada um pegou um pouco e com
eu. Não era o sorvete que tanto queria, mas com a fome que estava dava pra me
manter.
- aqui tem feijão e milho, mas
não temos fogo para cozinhar – falou Benji colocando a mochila em cima do sofá
– acho que devemos ficar todos aqui na sala até o sol nascer – falou ele
olhando para o relógio – agora são uma e dezesseis. Temos quatro horas até o
sol nascer.
- acho uma boa ideia – falou Ted
se aproximando de onde estava e se sentando do meu lado. Ele pegou um pouco do
cereal na minha mão e levou até sua boca.
- tem animais lá fora? –
perguntei para Benji.
- eu não vi nenhum – falou ele
tomando um gole de água com sorgo.
- será que eu posso ir até esse
carro ver se descubro alguma coisa?
- está frio lá fora, mas se você
achar que deve, fique a vontade – falou ele tirando da mochila uma lanterna.
- obrigado – peguei a lanterna e
ao chegar a porta Ted se levantou.
- espera Kyle! – falou Ted
tirando o paletó do seu terno e me entregando – vai te proteger do frio.
- obrigado – falei vestindo-o e
ligando a lanterna enquanto caminhava apara o lado de fora. Benji não mentiu
quando disse que estava muito gelado. O vento assoprava uma gelada brisa. As
árvores balançavam seus galhos enquanto eu apontava a lanterna de um lado para
o outro tentando encontrar o carro que logo apareceu á minha frente.
Ele estava entre duas árvores e
sua frente estava amassada. Aproximei-me do carro e vi que o porta malas estava
aberto e a chave estava lá. Benji provavelmente encontrou a chave na ignição.
Segurei a lanterna com uma mão enquanto com a outra eu apalpava o porta malas.
Procurando por algo que talvez Benji não tenha encontrado.
Sem sucesso fui até o carro e
abri as portas do banco de traz e entrei no carro. Olhei nos bancos de trás e
nas portas, mas não encontrei nada. Quando fui sair do carro pensei ter
tropeçado em algo. Vi que havia uma ponta por debaixo do piso de couro do
carro. Puxei forte com a mão rasgando e vi o que parecia ser uma pequena caixa
de metal. Coloquei-a no colo e a lanterna em cima do banco. Ao abrir vi que
havia uma arma. Uma 46. Havia algumas balas dentro da caixa. Benji com toda
certeza não procurou por todo o carro do contrário ele teria encontrado a arma.
Peguei a arma e as balas e
coloquei na parte de dentro do paletó de Ted e coloquei a caixa de metal de
volta cobrindo com a parte do piso que eu tinha rasgando. Sai do carro e me
sentei no banco do passageiro da frente. Abri o porta luvas e vi que haviam
alguns papéis lá dentro. Não havia nada além de algumas notas fiscais amarelas
de postos de gasolina e postos de conveniência. Havia também uma carteira de
cigarros Lucky Strike e um isqueiro. Coloquei-os junto com a arma e sai do carro
fechando a porta.
Caminhei pelo curto caminho entre
folhas secas e a terra úmida de volta para a cabana. Antes de entrar virei à
lanterna para o lado direito da casa e decidi dar uma olhada pelo lado de fora.
O som do vento por entre as folhas me fez sentir um arrepio. Por um segundo
achei que se tratava de um animal. Ouvi o som do gerador em uma pequena casinha
a uns cinco metros de distância e na parte de trás da cabana vi que havia nada
além de mais e mais floresta. Ao me virar para voltar e vi que havia um alçapão
que dava acesso ao porão. Ajoelhei-me e tentei abrir, mas havia um enorme
cadeado enferrujado.
- a chave! – falei alto me
lembrando da chave enferrujada que Benji havia jogado no chão após tentar abrir
todas as portas. Eu a coloquei no cadeado e para minha sorte ele se abriu.
Arranquei o cadeado e em seguida abri as portas daquele alçapão iluminando as
escadas que me levariam até o portão. Olhei de um lado para o outro antes de
entrar e desci as escadas iluminando um lugar cheio de tralhas. Havia telhas de
aranhas e poeira pelo o que pareceram moveis de madeira.
Assim que entrei e joguei a luz
da lanterna para o alto um monte de morcegos saíram voando me fazendo cambalear
para trás e cair no chão. Para minha sorte não bati a cabeça e o pior que me
aconteceu foi ficar ainda mais sujo do que já estava.
- merda! – me levantei e
continuei a caminhar por entre as tralhas daquele porão.
Do lado espero em uma parede vi
que havia alguns armários de madeira que estavam estranhamente limpos. Aproximei-me
deles e levantei o máximo minha mão abrindo-os e vendo que havia comida. Leite,
bolachas e enlatados de todos os tipos. Além de barras de cereal e chocolates.
Em um balcão próximo havia algumas mochilas. Parece que algumas pessoas haviam
estocado comida para passar pelo inverno ou algo assim. Peguei quatro barras de
cereal e as coloquei no paletó.
Ouvi um som barulho estranho
vindo do lado esquerdo. Parecia algo se movendo.
- tem alguém ai? – perguntei sem
obter resposta – Ben? É você? – dei alguns passos me aproximando, mas não
obtive resposta.
Ouvi novamente o som. Parecia ser
um pequeno animal. Ouvi que o som vinha do oposto mais ao fundo do porão. Um
lado ao qual eu ainda não havia explorado. Continuei a caminhar com a lanterna
e o som foi ficando cada vez mais alto juntamente com um horrível mau cheiro.
- pouta merda – falei colocando
um dos braços na frente do nariz enquanto me aproximava com a lanterna do que
parecia ser a fonte do mau cheiro – que cheiro horrível – falei sentindo ânsia.
Parecia uma mistura de merda e pus.
Com a lanterna saltei de um lado
á outro até iluminar o que parecia ser o rosto de um homem detonado de um lado.
Havia ratos por todo o seu corpo. Em seu colo parecia haver o corpo de uma
criança e uma mulher. Estava cheio de ratos comendo sua carne apodrecida. Dei
dois passos para trás e sai correndo desesperado do porão deixando a lanterna
cair no chão ao subir as escadas. De ia volta na casa e tropecei na raiz de uma
árvore caindo no chão.
Meu rosto ficou sujo e minhas
mãos enlameadas me forçaram a levantar enquanto eu continuava a correr.
- socorro! Ben! Ted! – falei
batendo na porta não conseguindo abri-la. O desespero era tanto que até a menor
tarefa como abrir uma porta parecia impossível. Quando a porta se abriu eu dei
dois passos para dentro de casa e cai sentado no chão me encolhendo próximo a
parede.
- o que aconteceu? – perguntou
Ted se abaixando na minha frente.
- o que aconteceu? – perguntou
Ben.
Anita e Misty pareciam
assustadas. Assim como eu.
- Eu encontrei um corpo – falei
tentando respirar – três corpos.
- mortos? – perguntou Dorothy.
- eles estavam fedendo e cheios
de ratos – falei me lembrando do terrível odor que seus corpo putrefatos
exalavam.
- onde? No carro? – perguntou
Benji.
- não. No porão da cabana.
- no porão? – perguntou Ted –
pensei que a porta estava trancada.
- aquela chave que estava no
bolso de Anita. Aquela que não abriu nenhuma das portas. Ela abriu um cadeado
que dava acesso ao porão pelo lado de fora.
- onde está a lanterna? –
perguntou Benjamin.
- ela caiu quando eu sai correndo
de lá.
- precisamos ir lá – falou
Rodolfo.
- eu vou com vocês! – falou Ted.
- vamos Kyle. Levanta! – falou
Benjamin – nos mostre onde você viu os cadáveres.
- eu não vou lá. Eu não volto lá.
- levante! Seja homem! – falou
Benjamin dando ordens. Me lembrei de meu padrasto sendo um idiota todas as
vezes em que estava em sua presença.
- eu não vou voltar lá.
- para de bosta e levante!
- deixa ele em paz! – falou Ted
colocando a mão no peito de Benjamin impedindo que ele me puxasse a força – ele
é só um adolescente.
- eu vou com vocês! – falou Rose.
- que vergonha! – falou Benjamin –
essa garota é mais homem do que ele. Benjamin saiu pela porta acompanhado de
Rodolfo e Rose. Ted se abaixou e apertou os lábios com uma expressão
preocupada.
- você está bem? – perguntou Ted.
- estou.
- não liga praquele idiota –
falou Misty se aproximando ao lado de Anita.
- não me importo com ele – falei me
levantando com a ajuda de Ted – ele é tão imbecil quanto meu padrasto.
- exatamente como o meu – falou Anita
rindo.
- eu vou lá! – falou Ted – você vai
ficar bem? Vocês vão ficar bem?
- claro – falei me sentando no sofá.
- eu volto logo – falou Ted
saindo pela porta e Anita á fechou.
Misty se sentou ao meu lado e Anita
ao lado dela. Nós ficamos em silêncio enquanto eles estavam lá. O relógio á
nossa frente marcava pouco mais da uma e quarenta da manhã.
- você está bem? – perguntou Misty.
- sim. Estou.
- eu não sei o que teria feito no
seu lugar – falou Anita – eu acho que teria desmaiado.
- eu nunca tinha visto ninguém
morto antes – falei engolindo em seco – nem o meu pai…
- seu pai morreu? – perguntou Dorothy
sentada no sofá de frente para nós.
- sim. Na guerra. Ele era
soldado. O corpo dele foi levado pelos terroristas que o balearam. Nunca tinha
visto ninguém morto antes disso.
- eu nem quero – falou Anita.
- eu também não – falou Dorothy.
Os minutos se passaram e então
ouvimos um barulho estranho. Algo se contorcendo. Nós três caminhamos pela
cozinha da cabana e vimos a porta do porão se abrir. Era Rose.
- a chave estava do lado de
dentro – falou Rose aparecendo. Logo atrás vieram Ted e Rodolfo. Eles estavam
com as mãos sujas.
- o que vocês fizeram com os
corpos? – perguntei para Ted.
- nós encontramos uma lona e
jogamos em cima – falou ele indo pegar uma das garrafas de água abrindo-a para
que ele e Rodolfo lavassem as mãos.
- onde está Benjamin? – perguntei
torcendo para que ele tivesse se machucado.
- estou aqui – falou ele trazendo
três mochilas e jogando-as no chão – quando você ia nos falar das comidas que
encontrou lá?
- comida? – perguntou Dorothy
animada.
- sim – falou Rodolfo – leite,
enlatados, cereais e um freezer com frutas e carne congelada.
- desculpa se eu não falei sobre
a comida. Estava mais preocupado com os três corpos apodrecendo.
- você tem que ser homem – falou Benjamin
– seu pai não te ensinou isso?
- se dependesse de você nós nem teríamos
encontrado essas comidas porque pelo o que eu sei você jogou a chave fora igual
um imbecil quando viu que ela não abria portas.
- quem você está chamando de
imbecil? – perguntou Benjamin caminhando na minha direção.
- está vendo alguém além de você
agindo como um?
Benjamin veio na minha direção
para me atacar, mas Rodolfo o segurou enquanto Ted se colocou n a minha frente.
- vamos nos acalmar – falou Rodolfo
– não importa o que aconteceu. O que importa é que agora temos mais alimentos.
- certo – falou Benjamin – e eles
vão ficar comigo. Precisamos economizar. Não sabemos quanto tempo vamos ficar aqui.
- e quem te nomeou o líder? –
falou Misty.
- você quer ser a líder
garotinha?
- não – falou ela cruzando os
braços – só acho que deveríamos ter um líder menos idiota.
- Bom… enquanto vocês decidem
quem será o líder – falou Benjamin pegando as mochilas e colocando dentro de um
armário na cozinha – eu vou guardar tudo o que encontramos. Tudo o que sei é que
precisamos economizar. Para o nosso próprio bem.
Todos pareceram concordar.
Inclusive eu. Ele era imbecil, mas parecia ter experiência nessas coisas. Todos
nos sentamos nos sofás comendo o cereal que havia sido encontrado no carro. Estávamos
todos em silêncio e Benjamin jogava madeiras na lareira. Ele havia encontrado
bastante lenha e cobertores lá em baixo.
- como eles morreram? – perguntou
Dorothy olhando para mim.
- eu não sei… parece que eles
levaram tiros.
- tiros? – Dorothy pareceu
preocupada – e se quem os matou voltarem?
- só se forem em espirito – falou
Benjamin – eles se mataram. Pelo menos o homem – falou ele entregando um
cobertor para cada um – parece que o homem atirou no garoto, na mulher e depois
estourou os próprios miolos.
- porque ele faria isso? – perguntou
Rose.
- eu também queria saber – falou Ben
colocando um pouco de cereal na boca e mastigando – eles deveriam estar bem
desesperados para tomarem uma decisão como essa.
- pelo menos agora temos
cobertores – falou Misty agarrada com o seu.
- Kyle… fale-nos mais sobre seu
pai – falou Dorothy.
- o que?
- Seu pai. Você estava dizendo
que seu pai era do exercito e que ele foi morto.
Todos pareceram surpresos ao
ouvirem aquelas palavras. Especialmente Benjamin.
- seu pai era militar? –
perguntou Benjamin.
- sim. Ele morreu no Iraque.
- sinto muito – falou Ted
colocando uma de suas mãos em minha perna.
- eu também estive no exército –
falou Benjamin – estive em duas guerras e fui dispensado com menções honrosas após
me ferir – falou ele levantando a manga de sua camisa mostrando o que parecia
ser um buraco no braço – me desculpa pelo o que falei antes.
- não tem problema – falei respirando
fundo.
- ainda falta muito para amanhecer
– falou Ted – o que vamos fazer até lá?
- nada. Só conversar – falou Rodolfo
passando o braço por trás da esposa puxando-a para perto de si. Eles se olharam
e deram um beijo.
- eu sinto falta da minha cama –
falou Anita se aconchegando em Misty.
- eu sinto falta da festa – falou
Misty rindo.
- eu sinto falta do meu filho –
falou Rose.
- você tem filho? – perguntei
surpreso.
- sim – falou ela com um sorriso –
o nome dele é Samuel. Tem dois anos – ele estava com o pai. Era o fim de semana
dele. Eu deveria pegá-lo na segunda de manhã na escola. Ele deve estar com saudades
de mim.
- sinto falta da minha noiva –
falou Ted.
- você vai se casar? – perguntou Benjamin.
- sim. Em dois meses.
- o casamento é uma maravilha! –
falou Dorothy. Rodolfo balançou a cabeça negativamente e Dorothy deu um soco
leve rindo.
- e você? Sente falta da sua mãe?
– perguntou Rodolfo para mim.
- não.
- de quem você sente falta? – perguntou
Anita sentada do meu lado direito.
- do meu pai – falei respirando
fundo e olhando para baixo. Todos ficaram em silêncio. Tinha certeza de que
minha fala tinha sido a mais mórbida até para a situação de nos encontrávamos.
- sinto falta do cigarro! – falou
Benjamin – daria qualquer coisa por um.
Nesse momento coloquei a mão no
paletó e tirei de lá o cigarro e o isqueiro.
- onde você achou isso?
- no carro.
- obrigado – falou ele acendendo
um cigarro. Ele ofereceu para Rodolfo que acendeu um – aceita um Ted?
- não, obrigado – falou ele negando
– me reservo aos charutos de vez em quando.
- eu aceito – falou Misty pegando
um dos cigarros.
- eu não sabia que fumava – falou
Anita.
- eu não fumo – falou Misty – se
eu for morrer do que importa? – falou ela colocando o cigarro na boca enquanto Benjamin
acendia.
O relógio á nossa frente marcava
exatamente uma hora e cinquenta e um. As horas passavam tão devagar. Parece que
o amanhecer nunca chegaria. Eu estava aconchegado no sofá entre Ted e Anita e
olhava para a parede enquanto as brasas se moviam e formavam desenhos. Olhava
como se fossem nuvens tentando reconhecer alguma forma.
- eu estou com sono – falou Anita
abrindo o cobertor e jogando em seu corpo deitando no colo de Misty que
aproveitou o cobertor para cobrir suas pernas.
- eu também estou com sono –
falei repousando a cabeça para trás com o cobertor no colo.
Dorothy não disse nada, mas vi o momento
em que ela se aconchegou no ombro do marido e fechou os olhos. Benjamin era o único
que não estava aconchegado em nada. Ele encarava as chamas enquanto apoiava os
cotovelos nos joelhos. Ele parecia pensativo. Por mais que ele fosse um imbecil
machista parecia que nesse momento ele se lembrava de algo. Algo importante.
- se vocês quiserem dar um
cochilo fiquem a vontade. Eu vou esperar o sol chegar.
Estava encarando o teto e foi
quando senti Ted se aconchegar no sofá e passar o braço por trás de mim me
puxando junto dele. Ele fez isso para que pudéssemos dividir melhor o espaço do
sofá. Ele o fez de uma forma paterna como se estivesse colocando o braço lá
para que pudesse ter algo macio para repousar a cabeça.
- abre o cobertor – falou ele sério
– está frio.
- Okay – falei abrindo o cobertor
e jogando em nossas pernas.
Ted fechou os olhos e repousou a
cabeça para trás e eu fiz o mesmo em seu braço. Não queria dormir. Queria estar
acordado quando o sol nascesse. Não havia percebido como sentia falta do por do
sol. Rose estava deitada no mesmo sofá de Rodolfo e Dorothy com as pernas
cobertas e a cabeça repousada no braço do sofá. Parece que no fim das contas todos
tinham aderido ao conselho de Benjamin.
- o por do sol – falei alto e
todos olharam para mim – é do por do sol que eu sinto mais falta.
- Aleluia – falou Rose.
- acho que é unanime – falou Ted
rindo e todos deram risada.
O ponteiro do relógio moveu-se
lentamente até que marcou exatamente uma hora e cinquenta e nove. Meus dedos
estavam congelando. Era bom estar na cabana outra vez. Havia sido muito
estresse para um dia. Só queria que o sol nascesse para que pudéssemos sair
daquela cabana e descobrirmos onde estávamos. O relógio marcou duas horas da
manhã. Foi a última coisa que vi antes de cair no sono.
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Okay, já não shippo mais o Kyle com o Benji. O cara é um idiota :v
ResponderExcluirJá tô indo pro próximo <3
-Juliano.
Cada vez melhorando...
ResponderExcluir