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XIV
Cruel Hotel Destruidor de Corações
almoço
estava quase pronto. Eu realmente não tinha muita noção de como era difícil
cozinhar para tantas pessoas. Ainda bem que Lola e Cory me ajudaram nessa
questão. Inicialmente pensei que seriam nove, mas acabei perdendo a conta
depois de contar dezesseis pessoas. Decidi não focar na quantidade. Deixei isso
para mus dois ajudantes. Me foquei na qualidade do almoço a enquanto Cory e
Lola montavam a mesa do almoço eu percebi que até que tinha feito um ótimo
trabalho.
Batatas, arroz, legumes, frango
ao molho de mel e amêndoas, torta de legumes para os vegetarianos, filé de
peixe como segunda opção de carne. Estava perfeito. Fiz três tipos de saladas: Salada
roxa que levava repolho roxo, cenoura, manga, salsinha, limão, azeite, sal e
pimenta-do-reino. Uma salada de tomate cereja e por último, mas não menos
importante a salada de macarrão Bifum que levava kani-kama – um pequeno bastão
vermelho feito com carne de peixe – e chikuwa. Essa era uma salada mais leve
para acompanhar o peixe.
Com os dois ajudantes acabou me
sobrando tempo para que eu pudesse fazer uma sobremesa. O bolo seria comido só
mais tarde. Para após o almoço preparei um Creme de Limão Siciliano com Calda
de Frutas Vermelhas e Vinho Branco servido em taças. A casa era enorme pra
dizer a verdade. Além de uma biblioteca havia uma sala com lareira e nessa sala
tinha um bar com um monte de bebidas e taças. Decidi usá-las na sobremesa. Além
de serem perfeitas dava um ar de sofisticação.
- está perfeito – falou Lola
finalizando a colocação dos talheres.
- vou te dizer. Está perfeito –
falou Cory ficando entre Lola e eu. Ele passou o braço por mim como se
estivesse me parabenizando.
- vocês acham mesmo? Não está
todo muito extravagante?
- está sim. Bastante extravagante
– falou Lola rindo – e isso é um elogio. Ainda não acredito que um rapaz de
vinte quatro anos que nunca fez nenhum curso sequer fez tudo isso. É um dom.
- um grande dom – falou Cory com
um sorriso – agora já pode casar.
- quem dera – falei respirando
fundo. Percebi que as crianças entravam enroladas em toalha.
- o almoço está pronto – falou
Lola.
- estamos famintos – falou Vince
entrando abraçado com a namorada.
- tudo parece delicioso – falou
Clyde chegando à cozinha. Ele não tinha aquele sorriso de antes. Parecia sério,
mas agradecido. Ao olhar para mim ele forçou um sorriso – obrigado pelo almoço
– falou ele se aproximando e dando dois tapinhas amigáveis no meu ombro. Em
seguida ele se sentou em uma ponta da mesa.
- os anfitriões se sentam na
ponta da mesa – falei puxando a outra cadeira e olhando para Anne. Ela deu um
sorriso e se sentou
- muito obrigada. Você é muito
gentil.
- espero que gostem do que eu
fiz. Não sou nenhum Chef, mas fiz o meu melhor.
- está de brincadeira? – falou
Blacke se sentando – está tudo perfeito.
- nós devíamos tê-lo chamado para
preparar a comida do nosso casamento – falou a esposa de Blacke.
- fico lisonjeado – falei tirando
meu avental – mas eu não sou tudo isso – falei levando o avental e colocando-o
no lugar dele. Ainda na cozinha parei para tomar um copo de água. Estava
morrendo de sede e só tinha bebido refrigerante até aquele ponto. Era quase
duas da tarde e eu finalmente podia descansar.
- ao voltar para a sala do almoço
vi que todos estavam me esperando.
- sente-se – falou Clyde
apontando para a única cadeira vazia que estava ao lado dele do lado esquerdo
da mesa.
- vocês podem almoçar. Não
precisam esperar por mim. Clyde é o homem do dia. Não eu – falei me sentando.
- antes de começarmos a comer
essa maravilhosa refeição gostaria de agradecer a todos vocês por fazerem parte
da minha vida. Alguns a mais tempo outros a menos tempo – Clyde disse essa
parte olhando para mim – quero agradecer pela minha linda esposa que me
presenteou com meus dois maravilhosos filhos. Tessa que não está conosco, pois
está em uma viagem para Washington e Aaron meu campeão.
- eu te amo – falou Tessa com um
sorriso parecendo emocionada.
- nós é que devíamos agradecer
por você fazer parte da nossa vida – falou Cory – você é um dos melhores
policiais que Orlando tem o prazer de ter nas ruas. O povo dessa cidade não
sabe a sorte que tem de ter você para protege-los.
- concordo – falou Vince.
- obrigado amigo – falou Clyde
com um sorriso para Cory – agora se não se importam eu vou comer porque tudo
parece delicioso.
Nós começamos a comer e uma
conversa se iniciou á mesa. Todo mundo conversava com tudo mundo, exceto eu.
Estava pensativo na noite que estava por vir, estava também com medo de que
ninguém gostasse da minha comida e de repente bateu uma saudade de casa. Queria
tanto dar um abraço em meu pai e em minha mãe. Odiava sentir saudades de casa.
Me deixava triste.
Todo mundo parecia ter gostado da
comida. As batatas foram a primeira a acabar. O namorado de Judy era
vegetariano então ele não comeu carne. A esposa de Blacke parece ter adorado o
peixe e a salada de macarrão Bifum porque ela comeu quase tudo sozinha. Aquilo
foi um elogio. Quem parece ter gostado muito do frango foram Cory e Clyde que
elogiaram inúmeras vezes. Os filhos de Blacke e Aaron se sentaram um do lado do
outro. Eles conversavam sobre algo. Tinham a mesma idade.
- …e você Stan? – perguntou
Vince.
- o que? – perguntei voltando a
realidade.
- o que você acha sobre a pena de
morte?
- pena de morte? – perguntei
confuso.
- sim. Estávamos falando sobre a
aprovação da pena de morte na Flórida. Aconteceu semana passada.
- eu não sei – falei colocando um
pouco de frango na boca.
- pode falar – falou Anne me
acalmando – ninguém vai te julgar.
- eu não sei. Sinceramente. É
algo muito complicado.
- não acho que seja complicado –
falou Anne – se você mata alguém merece a pena de morte.
- eu não acho que seja tão
simples – falei discordando dela – existem inúmeras razões para se matar uma
pessoa. Um médico pode cometer um erro durante uma cirurgia, alguém pode dormir
no volante durante a noite ou uma esposa acaba matando o marido abusivo porque
cansou das agressões. Eu não acho que pessoas nessas situações deveriam receber
pena de morte.
- eu concordo – falou Lola – cada
caso é um caso.
- Eu concordo com você Stan –
falou Anne – mas e quanto a serial killers? Homens que matam mulheres depois de
estupra-las
- Anne! – falou Clyde a
repreendendo por causa das crianças.
- desculpe – falou ela parecendo
apreensiva.
- Para mim matar é desprezível,
mas se eu condenar a morte alguém que matou estarei sendo uma pessoa
desprezível. Não estou dizendo que a pessoa deve ser solta em sociedade, mas
talvez prendê-la pelo resto de sua vida seja pior do que a morte.
- ainda acho que a morte é o pior
castigo – falou Anne.
- existem coisas piores do que a
morte – falei voltando a comer.
Todos ficaram em silêncio quando
eu disse aquilo.
- e quanto ao aborto? – perguntou
Flora – a namorada de Vince.
- eu sou contra! – disse Anne.
- é isso que eu acho difícil de
engolir – falou Blacke – geralmente quem é a favor da Pena de Morte é contra o
aborto porque todos merecem viver.
- concordo – falei balançando
minha cabeça – Eu não estou dizendo que sou contra ou a favor do aborto, mas se
você é contra o aborto você deve ser contra a pena de morte afinal você é
pró-vida ou pró-nascimento?
- Amem – falou a esposa de Blacke
concordando comigo.
O clima claramente ficou um pouco
pesado depois disso, mas o namorado de Judy – Eric – tratou de quebrar o gelo.
- Stanley, ouvi você dizendo que
está morando no Hotel Cécille. Cara eu não conseguiria.
- o que? – perguntei olhando para
ele – porque?
Olhei em volta e todos
continuaram em silêncio. Clyde, Cory e Blacke pareciam com raiva. Clyde limpou
a garganta e continuou a comer.
- e o aborto? – falou Clyde
colocando um pouco de frango na boca – agora que Trump está em Washington acham
que o aborto se tornará ilegal?
- o que tem o Hotel gente? –
falei rindo me sentindo nervoso. Peguei o guardanapo e limpei a boca – todo mundo
faz cara feia quando digo que estou no Hotel Cécille.
Olhei em volta, mas ninguém quis
me dizer.
- Okay – falei me levantando – o
Google existe pra isso.
- Não! Stan! – falou Clyde
segurando no meu braço – sente-se. Se você quer mesmo saber nós te contamos.
Voltei a me sentar e olhei em
volta.
- nós achamos melhor que você não
soubesse depois de tudo o que vem passando.
- saber do que?
Clyde não disse nada. Ele parecia
apreensivo. Com medo da minha reação. Estava com medo de me assustar.
- existe uma maldição – falou o
namorado de Judy – você realmente não lembra do Hotel Cécille estar em todas as
capas de jornais do país?
- não. O que aconteceu?
- a mais ou menos dois anos atrás
uma garota chamada Elisa Lam se hospedou no Cécille Hotel. Ela veio do Canadá.
Alguns dias depois ela acabou desaparecendo. Depois de algumas semanas os residentes
do hotel começaram a reclamar que a água dos quartos estava escura e com um
gosto ruim. Quando um dos funcionários foi verificar encontraram Elisa morta
dentro da caixa d’água. Estava completamente nua. Não havia evidências e as
roupas nunca foram encontradas. Assim como seu assassino.
- acho que eu me lembro de algo
assim. Como ela morreu?
- primeiramente achamos que ela
tinha se suicidado – falou Blacke – mas a autópsia revelou que ela foi
estrangulada. Nós verificamos as câmeras de segurança e percebemos que ela
estava tendo um comportamento estranho como se estivesse fugindo de alguém que
nunca aparece nas câmeras. Como se a pessoa que a perseguisse soubesse
exatamente onde as câmeras estavam.
- assim como aconteceu no meu
prédio? Onde os ‘pintores’ sabiam onde as câmeras estavam?
- isso não tem nada a ver – falou
Blacke – não precisa se preocupar com isso.
- e não acaba por ai – continuou
Eric – Elisa é o caso mais recente. Desde sua construção a mais de cem anos
atrás existem relatos de coisas estranhas que aconteceram.
- como o que?
- já ouviu falar da Dália Negra?
- acho que já chega – falou Vince.
- não. Eu quero saber – falei
olhando para Vince e depois de volta para Eric.
- crianças? – falou a esposa de
Blacke – Vocês já almoçaram então vão brincar. Depois levamos a sobremesa para
vocês. Os três garotos saíram correndo e subiram as escadas indo para o quarto
de Aaron.
- o que é Dália Negra? –
perguntei perdendo toda a fome.
- Dália Negra é o nome que foi
dado á Elizabeth Short. Elizabeth era uma bela moça que morava aqui em Orlando.
Ela tinha o grande sonho de ser famosa e decidiu se mudar para Hollywood em Los
Angeles. A família não recebeu mais noticias de Elizabeth desde que ela viajou.
No dia 15 de janeiro de 1947 uma mulher que passeava com a filha de três anos encontrou
um corpo esquartejado em um terreno baldio. Os braços e as pernas foram
separados. O tronco cortado ao meio. No rosto de Elizabeth um sorriso foi
cortado de orelha a orelha. Decerta forma ela realizou seu sonho. Ela foi manchete
de todas as capas de jornais por meses.
- eu nunca ouvi falar disso –
falei surpreso.
- e sabe qual a parte mais
estranha disso tudo? Todas as coisas de Elizabeth incluindo a mala estavam no
quarto 403 no Hotel Cécille. Aqui em Orlando
- mas como isso é possível se ela
foi encontrada em Los Angeles?
- alguns dizem que o assassino
voltou para Orlando e colocou as coisas de Elizabeth no quarto para despistar a
policia. O intrigante é que até hoje ninguém sabe quem é seu verdadeiro
assassino.
- isso é horrível.
- e a história não para por ai –
falou Eric. Ele parecia fascinado pela história do hotel como se já tivesse
contado aquela história dezenas de vezes – inúmeras pessoas se suicidaram lá. Durante
os anos 50 e 60, o Hotel era conhecido como um lugar em que as pessoas iam para
cometer suicídio, se jogando de uma de suas janelas. Helen Gurnee, 50 anos,
pulou de uma janela do sétimo andar em 22 de outubro de 1954. Julia Moore pulou
da janela de seu quarto no oitavo andar em 11 de fevereiro de 1962. Pauline
Otton, 27 anos, pulou de uma janela do nono andar após uma discussão com seu
ex-marido em 12 de outubro de 1962. Pauline caiu sobre George Gianinni, 65
anos, que estava andando na calçada. Ambos morreram instantaneamente.
- espera um minuto – falei rindo
– me deixa ver se entendi: Aconteceu um ataque no meu prédio e todo mundo se
apavorou. Para resolver isso o prefeito tira a gente de lá e joga nesse hotel
maluco onde todo mundo que entra morre?
- não é bem assim – falou Judy
brigando com o namorado Eric – Eric é fascinado por esse hotel desde o caso
Elisa Lam. A maioria dessas coisas é lenda urbana que ele leu na internet.
- quer saber? Acho que é hora da
sobremesa – falei me levantando e indo até a cozinha.
- ótima ideia – falou Lola se
levantando junto de Cory e pegando os pratos e talheres.
Ao chegar à cozinha me apoiei na
pia e respirei fundo. Eu realmente desejaria não ter ouvido nada daquilo. Não
me dava muito bem com mortes. Até gostava de um filme de terror de vez em
quando, mas eu acredito em energias e aquele lugar não tinha energia positiva.
- você está bem? – perguntou Cory
colocando dentro da pia os pratos e talheres. Lola veio e colocou os dela.
- estou sim. Só estou um pouco
impressionado com tudo isso. É muita informação para um dia só.
- não liga pra essas histórias.
Muitos hotéis têm histórias ruins, assim como muitas casas, praças, igrejas…
enfim. Essa ‘Maldição’ é falsa. É só mais uma lenda urbana.
- você está certo – falei
respirando fundo – eu estou exagerando.
- você está bem? – perguntou Judy
chegando á cozinha.
- estou sim. São só histórias
bobas.
- Peço desculpas pelo Eric. Ele
vive me passando vergonha toda vez que alguém toda no assunto desse hotel.
- deixa pra lá – falei indo até a
geladeira começando a tirar as taças. Lola e Cory começaram a levar e servir a
todos. Peguei uma e entreguei para Judy e peguei outra pra mim.
- Clyde pediu para abrir o
champanhe – falou Cory pegando duas garrafas de champanhe na geladeira e
abrindo.
Cory e Lola começaram a servir
champanhe a todos. Judy e eu caminhamos até a sala do almoço e nos sentamos.
Cory colocou champanhe para mim e em seguida para Clyde.
- antes de comermos a sobremesa
quero fazer um brinde ao cozinheiro.
- não precisa – falei
envergonhado.
- claro que precisa – falou Clyde
levantando a taça – afinal não teríamos essa refeição se não fosse ele. Um
brinde! – falou Clyde bem alto. Todos levantaram a taça e em seguida começaram
a bater as taças e todos tomaram um gole.
- essa sobremesa está estupenda –
falou o policial Randy.
- tenho que concordar – falou
Anne colocando a colher na boca.
Jamais imaginei que estaria onde
estou. Um almoço na casa de um policial rodeado de colegas e pessoas que se
preocupavam umas com as outras. Preciso agradecer Julie por tudo o que ela fez
por mim. Se ela não tivesse mentido e forjado aquele roubo eu nunca teria
conseguido esse emprego. Nem passaria pela minha cabeça. Então eu tenho que
agradecer e muito.
Depois que todos comeram a
sobremesa eu me ofereci para lavar a louça, mas não deixaram. Uma turma se
juntou para lavar a louças e arrumar a bagunça e eu pude ficar lá de fora.
Novamente a churrasqueira foi acesa e todos começaram a beber novamente. A
música voltou a tocar alta e alguns pularam na piscina. Vince e a namorada,
Blacke com as crianças e o namorado de Judy.
Clyde pareceu um pouco distante
depois de nossa última conversa. Ele não ficou mais próximo de mim ou de
qualquer um que estivesse ao meu redor. ele acabou por se sentar em uma mesa
que havia do lado de fora com um guarda sol. Ele fumava seu cigarro, bebia sua
cerveja sempre com a expressão séria. Alguém se aproximava e ele conversava com
a pessoa, mas nada, além disso.
Convidaram-me a entrar na
piscina, mas eu recusei educadamente. Tinha fobia de tubarão e por mais
irracional que seja em minha cabeça eu não entro em piscinas por medo de que um
tubarão apareça lá dentro. Não disse nada para ninguém e usei a desculpa de que
não tinha trago roupa de banho.
- parece que a meteorologia errou
feio – Judy se sentou ao meu lado apenas de biquíni e óculos escuros.
- pois é. Disseram que ia chover
no fim de semana e o sol está brilhando com o céu mais limpo que eu já vi.
- não dá pra acertar sempre – Judy
franziu a testa olhando para o namorado Eric pulando dentro da piscina jogando
água para todos os lados – você não ficou com medo daquela história do hotel
não, né?
- porque eu ficaria? É só uma
lenda urbana boba. É como você mesma disse: coisas ruins acontecem em qualquer
lugar. Eu só acho estranho que pra mim o hotel e esses palhaços parecem estar
interligados.
- como assim?
- eu não sei. Eu tenho esse
pressentimento. Cory disse que eu tenho uma ótima intuição e que eu devo
confiar mais nela e algo me diz que esses assassinatos e o Hotel Cécille estão
interligados de alguma forma.
- por falar em Cory… - Judy se
ajeitou na cadeira – às vezes eu tenho a impressão de que ele fica te
encarando. Não sei… talvez você tenha alguma chance.
- Eu já acho que Lola tem uma
chance. Ele olha muito pra ela e está sempre com aquela expressão de desejo.
- tem certeza? Porque eu acho
que…
- posso te contar um segredo?
- claro – Judy pareceu curiosa.
- eu menti pra você – falei
apertando os olhos olhando para Clyde que estava de pé próximo a churrasqueira.
- sobre o que?
- não é o Detetive DeLarosa que
me deixa louco – passei a língua nos lábios olhando para Clyde. Judy olhou para
a mesma direção que eu e viu Clyde abraçado com a esposa conversando com Vince
que estava abraçado com a namorada. Ambos davam risada. Anne e a Flora estavam
ambas com biquinhas com saídas de banho enroladas na cintura prontas para
entrar na piscina.
- Clyde? – Judy pareceu surpresa.
- sim – falei rindo.
Judy não disse nada. Ela percebeu
o quanto a situação era complicada então todo o clima falava por si só. Ela
apenas ficou lá sentada ao meu lado naquela cadeira de praia. Judy apesar
ajeitou o corpo na cadeira e respirou fundo se bronzeando.
Continuei olhando naquela direção
quando vi Vince – que estava apenas com calção de banho – pegar Flora nos
braços e pular dentro da piscina. Aproveitando a deixa Clyde pegou Anne nos
braços e fez o mesmo jogando água para todos os lados. Ao contrário de Vince,
Clyde não estava com roupa de banho.
Deixei Judy lá deitada e me
levantei louco para ir ao banheiro. Entrei na casa e subi ás escadas á procura
do banheiro. Tinha um banheiro social do lado de fora da casa, mas estava
ocupado. No alto das escadas caminhei pelo corredor procurando o outro banheiro
e quando tentei abrir ele estava trancado.
- droga! – falei bem baixinho.
Estava ocupado.
Nesse instante Aaron passou
correndo com os folhos de Blacke.
- Aaron! Aaron! – falei chamando
a atenção dele.
- ele e os amigos vieram até mim.
- onde tem outro banheiro sem ser
esse e lá de baixo?
- no quarto do papai e da mamãe –
falou ele apontando para trás de mim;
- valeu amigão – falei levantando
a mão direita com os três dedos – toca aqui! – Aaron bateu sua mão e então os
dois folhos de Blacke fizeram o mesmo – agora vão lá brincar.
Atravessei o enorme corredor e
abri a porta revelando um quarto enorme. havia uma janela enorme no quarto que
dava visão para o panorama da cidade. Ao abrir a porta do banheiro vi que ele
fazia jus ao enorme quarto. Havia uma
hidromassagem no canto do lado direito. Ao lado da Hidro havia o chuveiro. O
manheiro era todo no mármore na cor Giallo Ornamental.
- chique – falei fechando a porta
do banheiro me aproximando o box de vidro esverdeado. Em seguida fui até a
enorme hidromassagem e tirei meus tênis e a meia. Em seguida me deitei e fechei
os olhos. Imaginando um banho de espumas, uma taça de vinho branco do lado
esquerdo e frutas do lado direito. Aquilo era tudo muito extravagante – uma
casa gigante e linda como essa e eu vivendo em um hotel maluco – abri os olhos
e respirei fundo imaginando a água quente borbulhando – será que algum dia vou
ter uma casa assim?
- claro que vai!
Levei um susto e parei sentado na
hidromassagem tentando me levantar.
- você me assustou Clyde – falei
me levantando e saindo da hidro – eu estou parecendo um enxerido.
- não tem problema – falou ele
descalço. Estava todo molhado – se você quiser tomar um banho de espumas fique
a vontade. Sei que está sendo
barra esses dias pra você.
- não. Não. Pelo amor de Deus –
falei sem graça – não quero me intrometer. Só estava aqui só viajando. Na
verdade vou usar o banheiro lá de baixo – falei me sentando para colocar as
meias e os tênis.
- não tem problema. Pode usar
esse daqui mesmo. Eu só vim trocar de roupa. Clyde saiu do banheiro e fechou a
porta voltando para o quarto.
Aproximei-me da privada e deixei
a urina cair. Minha bexiga estava cheia e enquanto se esvaziava sentia um
tremendo alívio. Depois de algumas sacudidas fui até uma das duas cubas que
tinha e lavei minhas mãos secando em uma toalha de rosto e me sentei na
hidromassagem. Clyde estava trocando de roupa então esperaria alguns minutos.
Depois de mais ou menos dez
minutos eu decidi que era hora de sair.
Ele provavelmente já estaria lá embaixo. Quando abri a porta do banheiro
levei um susto. Clyde estava sentado na beirada da cama.
- você ainda está aqui?
- sim. Esperando você terminar.
- você quer usar o banheiro? Eu
já terminei há dez minutos. Estava esperando você trocar de roupa para eu poder
sair.
- eu vesti a um tempo – falou ele
se levantando. Só agora percebi que ele usava o mesmo estilo de roupa que usava
antes de cair na piscina: calça jeans, tênis, uma camiseta branca e uma camisa
de botões aberta só que eu reconheci a camisa. Foi a que eu comprei e dei de
presente.
- essa é a camisa que te dei de
presente?
- isso. Ficou certinha em mim.
- que bom que gostei – falei apertando os lábios – acho que vou descer.
- vamos – falou Clyde indo na
frente. Ao chegar à porta ele a abriu e em seguida a fechou – eu preciso te
falar uma coisa – Ele olhou para mim.
- o que? – parei de repente a
alguns metros dele.
- Eu te considero muito e não
quero que você cometa erros então vou te falar o mesmo que falei pra minha
filha – ele juntou as mãos pensativo. Ele apertou os lábios – Eu não posso te
impedir de ter sexo, mas quando acontecer pela primeira vez eu espero que valha
pena.
- o que isso quer dizer? – estava
confuso.
- quer dizer que você não vai a
esse jantar hoje á noite.
- isso é um a sugestão?
- não – falou Clyde – eu acho que
você está cometendo um tremendo erro. Se você começar com algo sem significado
você só terá experiências insignificativas.
- mas você não sabe como é
difícil pra mim. Não será só minha primeira vez no sexo. Eu nunca tive um
orgasmo na vida. Nunca. Com essas mãos eu nunca tive chance de me masturbar. Eu
não sei como é beijar porque nunca dei um beijo antes! Eu nunca… eu… nunca fui
beijado – falei desanimado me sentando na cama – o que é normal para você e
maioria das pessoas é inédito pra mim. Eu quero e preciso muito sentir. Então
toda vez que alguém falar sobre sexo, sobre a conexão, sobre o amor eu não vou
precisar fingir que sei do que estão falando e forçar um sorriso sem graça.
Clyde se aproximou e se sentou na
cama ao meu lado.
- eu sei que você quer muito isso
– falou ele abrindo as pernas e apoiando os cotovelos na perna se inclinando
para frente – mas você não acha que vale a pena esperar mais um pouco? Você
quer mesmo ir para a casa de dois estranhos e fazer sexo com eles? Isso pra mim
não é certo. A primeira vez deve ser inesquecível. Deve ser com alguém que te
deixe sem ar, que faça seu mundo virar de cabeça para baixo, alguém que te
deixe louco! – falou Clyde pensativo.
- eu prometo pensar nisso. Prometo.
- tudo o que estou dizendo é para
que pense antes de fazer isso.
- prometo que vou pensar – falei me
levantando.
Sai do quarto primeiro do que Cory
e ao passar pela cozinha peguei um refrigerante e eu chegar lá fora voltei a me
sentar ao lado de Judy que estava tomando cerveja em um copo com gelo.
- onde você estava?
- fui ao banheiro.
- junto com Clyde? – Judy com
certeza viu Clyde voltando lá de cima junto comigo.
- acabei topando com ele lá em
cima.
- Stan – falou ela colocando o
copo com cerveja em cima de um pequeno banco ao lado dela – eu posso ser sincera
com você?
- pode.
- eu digo sincera, sincera mesmo.
Sem florear ou medir palavras?
- claro. Pode falar. Eu estou
precisando disso.
- Se desde o começo você tivesse me
falado que gostava do Clyde eu já teria te aberto os olhos e te dado esse
conselho que é: desencana dele. Você está sofrendo e esperando por alguém que
nunca terá. Não é nenhum crime sentir tesão por um cara hétero, mas você precisa
aceitar a realidade de que ele é hétero. Eu já percebi que Clyde se sente
confortável com você porque acho que no fundo ele te vê como um filho. Sempre dá
conselhos, sempre conversa com você e vive sempre preocupado. Acho que você está
confundindo os sentimentos.
- eu não te contei porque fiquei
com vergonha.
- eu sei, mas fico feliz que tenha
me dito a verdade isso me dá a possibilidade de colocar juízo nessa cabecinha
sua – falou ela cerrando os dentes e apontando para minha cabeça. Você tem mania de complicar as coisas. Você é
novo e inexperiente quando se trata desse assunto e na minha opinião você deve
deixar acontecer.
- mas eu vou deixar acontecer. Recebi
um convite para um jantar hoje na casa de Paul.
- o cara casado? Você está
começando errado. Já parou pra pensar que ele está te usando para apimentar a
relação? Você não passa de um ornamento para pessoas que gostam de sexo a três.
Quando tudo acabar os dois continuam juntos e você estará sozinho. Alguém
sempre sai ferido em relações assim. Especialmente alguém como você que não tem
experiência nenhuma em relacionamentos.
- então eu voltei à estaca zero
outra vez – falei me sentindo mal com tudo aquilo. Me sentia um idiota por ter
aceitado aquele convite.
- não se sinta mal com o que eu
falei. Eu falei porque gosto de você e não quero ver você sofrendo por erros de
principiante. Eu cometi muitos erros. Acredite.
- não, tudo bem. Eu entendo.
Estou chateado comigo, não com você.
- Stanley! – gritou Blacke dentro
da piscina – não vai dar uma mergulho?
- eu não tenho roupa de banho! –
gritei.
- acho que tenho um calção que pode
servir em você – falou Anne dentro da piscina é do meu sobrinho. Ele nos
visitou a algumas semanas e acabou esquecendo.
- vou pegar para você – falou Clyde.
- que droga – falei respirando fundo.
- o que foi? – perguntou Judy.
- eu tenho fobia de tubarões –
falei respirando fundo.
- graças a Deus que estamos em
uma piscina – falou Judy sarcástica.
- você não entende o meu irmão
mais velho me fazia assistir o filme tubarão quando eu era criança. Quanto eu
tinha oito anos meu pai e minha mãe nos levaram ao parque aquático e eu fiquei
com medo de entrar na água. Meu pai disse que eu estava sendo irracional que um
– tubarão não ia aparecer – e me jogou dentro da piscina. Acontece que a piscina
que meu pai me jogou era funda e eu acabei afundando com tudo. Nunca me esqueço
da agonia de tentar respirar e não conseguia. A água queimando nos meus pulmões.
Eu me lembro também que enquanto me debatia dentro da piscina eu podia jurar
que vi um tubarão. O mesmo do filme. É claro que eu sei que foi imaginação de
crianças, mas o desespero daquela época foi real.
- você chegou a se afogar?
- sim. Eu fiquei inconsciente. Meu
irmão mais velho pulou e me salvou. Fez ressuscitação e tudo. Acho que ele
tinha vocação pra médico desde cedo - falei me levantando – eu não vou entrar
nessa piscina de jeito nenhum. Desde então eu não entro em piscinas. Não por
medo de me afogar, mas por medo de tubarões. Eu morro de medo – falei segurando
no braço de Judy.
- você está gelado – falou ela.
- eu fico assim toda vez – falei limpando
minha testa que estava suando.
- fica calmo – falou Judy se
levantando – eu explico pra eles que você não gosta.
- voltei – falou Clyde me
entregando o calção de banho.
- eu não quero – falei devolvendo
para Clyde.
- porque não? – perguntou ele
confuso.
- eu não gosto de piscinas.
- o que está acontecendo? –
perguntou o detetive DeLarosa se aproximando com uma lata de cerveja na mão.
- Stan não quer tomar banho de piscina!
- vem Stan! – gritou Blacke e
todo mundo dentro da enorme piscina começou a gritar e assoviar para que eu
entrasse.
- eu não gosto muito de piscina.
- ele tem fobia de tubarões –
falou Judy.
- o que? – perguntou Clyde
confuso.
- longa história – falou Judy –
ele não gosta e acho melhor ele não entrar.
- só um segundo – falou Cory entregando
a lata de cerveja para Clyde.
- não – falei com medo.
- não confia? – perguntou ele
colocando a mão no meu ombro.
- Okay. Confio – falei respirando
fundo.
- não tem tubarões dentro daquela
piscina. Eu sei disso, você sabe disso, Clyde e Judy sabem disso. Okay?
- Okay – falei olhando para
dentro da piscina. As lembranças da infância permeavam minha mente. Cory segurou
na minha mão e nós caminhamos até a beirada da piscina – não me empurra – falei
segurando no braço dele com a outra mão ficando de frente para ele.
- não vou te empurrar.
- tudo bem.
- o que você acha – falou Cory olhando
para a piscina – se nós dois pulássemos juntos. Pode ser?
- não.
- confie em mim – falou Cory segurando
em meus dois braços.
- eu não sei. Eu não posso. Eu vou…
eu vou… - não conseguia nem falar.
- Okay, Okay, Okay… eu estou com
medo – falei tentando controlar minha respiração. Eu estava suando gelado.
- se acalma – falou Cory se
aproximando e me abraçando – um… dois… três.
Cory me abraçou forte e demos um
passo para o lado. Nós dois nos inclinamos para o lado e caímos dentro da piscina
jorrando água para o alto. Abri os olhos e me lembrei de quando era criança. Mais
uma vez balancei meus braços sem conseguir agarrar em nada. Meu corpo afundava
e afundava. Senti um medo repentino de que algo ia me pegar. Me morder. Me
machucar. Ao contrário do que aconteceu da última vez que entrei em uma piscina
o que senti foi à mão de Cory me puxando para o alto pelo meu braço esquerdo. Subia
em câmera lenta. O sol brilhando por cima da água. Não via a hora de poder
respirar.
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ta muito bom mais eu estou ansioso para a parte picante
ResponderExcluirTa chegandoooooooo
ExcluirAmeiiii....continua
ResponderExcluirContinuoooooo <3
Excluirfoi apenas eu ou mais alguém sentiu que o clyde se parece um pouco com o Adam no começo de paixão secreta onde queria protege-lo meio que indiretamente
ResponderExcluirFicou muito Adam sim srsrsrsrsr Abraço.
ExcluirAdorei. PS: Esse não deveria ser o capitulo 14?? 🤔🤔
ResponderExcluirSim sim sim. Já corrigi :) Um abraço
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