Capítulo 06: DIA 7 — 08h40min ás 09h33min | Conto: Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um

Capítulo 6

DIA 7 — 08h40min ás 09h33min

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U

ma das melhores coisas que nos tinha acontecido foi sermos atacados por aquela criatura que cortou a minha mão. Do contrário nós não teríamos encontrado aquela cachoeira. A água era gelada e muito gostosa e eu tenho certeza de que assim como eu, todos beberam bastante água. Especialmente agora que não tínhamos Benjamin para ficar controlando. A areia era gelada e meus pés estavam afundados nela. A visão a minha frente era maravilhosa. Não me refiro a cachoeira ou ao lindo córrego a minha frente. Referia-me a Teddy dentro da água dando risada junto á Rodolfo e Dorothy que tomavam banho. Eu dei um breve sorriso ao vê-lo sorrir. Era bom ver que todos pareciam felizes ou pelo menos descontraídos de tudo de ruim que tinha acontecido até agora.

- eu estou vendo esse sorriso ai – falou Misty sentada na areia a um metro de mim. Ao seu lado estava Anita.

- do que está falando? – falei olhando para Misty.

- você acha que não vimos você e Teddy se beijando?

- o que tem isso? – toda minha vida sofri preconceito e quando pessoas falavam dessa forma geralmente me ofenderiam logo em seguida.

- nada – falou Misty rindo – você parece apaixonado.

- quem dera eu tivesse alguém para dar uns amassos – falou Anita se deitando na areia – esse lugar é um inferno. Seria bom ter alguém aqui.

- você tem sorte – falou Misty.

- vocês acham? – perguntei me aproximando delas na areia.

- claro. É bom ter alguém em tempos como esse – falou Misty olhando na direção ode Teddy – ele é fofo – ela olhou para mim – você é fofo. Formam um casal bonito.

- eu não sei… - falei rindo envergonhado. Nunca tinha beijado outro homem na vida. Eu tive namoradas falsas, mas foi a primeira vez que beijei um homem.

- o que foi? – perguntou Anita.

- não é nada é que eu nunca… nunca fiz sexo.

- você é virgem? – perguntou Misty.

- sou.

- você me deve dez dólares – falou Misty olhando para Anita. Em seguida ela olhou pra mim – você tem sorte dele ser mais velho. Ele é experiente e vai poder te guiar todo o caminho – falou Misty rindo e fazendo um movimento com a mão.

- eu nem sei se vai acontecer. Não sei se estaremos vivos até lá.

- concordo! – falou Anita.

- Hey! – falou Misty chamando nossa atenção – não sejam pessimistas. Estamos em um paraíso! – falou ela olhando para o alto – as coisas estão um pouco ruins, mas elas sempre melhoram.

- acho que vou tirar uma água do joelho – falei me levantando.

- não vá muito longe – falou Misty – não se esqueça de que você é nosso escudo.

- se continuarem dizendo isso eu nem sei se vou voltar – falei brincando.

Caminhei pela areia e pisei em uma enorme pedra entrando na floresta. Passei por algumas árvores e quando cheguei a uma clareira me aproximei de uma árvore e tirei meu membro para fora e respirei fundo enquanto a urina saia caindo no tronco da árvore.

- Kyle? – falou uma voz masculina próximo a mim.

- o que? – falei olhando para trás. Talvez fosse Rodolfo ou Teddy. Ninguém disse nada.

Terminei de urinar e guardei o membro olhando para trás. Achei estranho. Eu poderia jurar que tinha ouvido uma voz.

- Kyle? – disse novamente uma voz masculina. Era estranho. Não parecia vir de nenhum lado. Era como se viesse do alto ou da minha cabeça. Era como um sopro em meus ouvidos.

- quem está ai?

- você está bem? – falou novamente a voz.

- quem está ai? – falei olhando para trás.

- meu nome é Michael McKinney.

- onde você está Michael?

- pode me chamar de Mike – falou a voz.

- tudo bem, Mike, onde você está?

- com você! – falou ele tentando me acalmar – eu estou com você e você não precisa se preocupar com nada.

- você é invisível?

- estou bom você! – falou ele novamente. Ele não parecia gostar muito de responder as perguntas que lhe eram feitas.

- você vai me machucar?

- não. Você vai?

- te machucar? – perguntei confuso.

- não – falou ele direto.

- quem é você?

- sou Michael, mas pode me chamar de Mike.

- eu sei quem é você – falei me sentando-me uma pedra – quero saber o que é você? É um fantasma? Eu não acredito nessas coisas, mas depois de tudo oque aconteceu eu acho que preciso revisar os meus conceitos.

- não.

- você é Deus?

- talvez – falou ele parecendo rir – para alguns sou Deus e para outros sou o Demônio. Depende do motivo que levou você a me procurar.

- eu não te procurei. Você é que me procurou.

- é o que todos dizem – falou ele rindo – quero que saiba que quando quiser conversar comigo eu estarei aqui.

- como eu sei se posso confiar em você?

- você não sabe. É exatamente por isso que se chama ‘confiança’. Você simplesmente tem que confiar.

- e como eu faço pra conversar com você?

- é só conversar. Eu estarei aqui com você sempre que precisar.

- okay – falei me levantando da pedra e dando alguns passos.

- não conte para ninguém! – falou Michael – eu estou aqui para você e não para eles.

- por quê?

- você faz perguntas demais.

- desculpe, é que eu não costumo a conversar com um fantasma, um homem invisível, Deus ou… o Demônio. Sei lá o que você é.

- só quero que saiba que estarei aqui pra você.

- obrigado! – falei olhando para o alto.

A voz não disse mais nada. Fiquei lá olhando para cima por um tempo tentando descobrir se aquilo tinha mesmo acontecido ou se eu estava finalmente ficando louco. A essa altura do campeonato nada mais importa.

Voltei para onde estavam os outros e à medida que me aproximava de Anita e Misty sentadas na areia vi que Teddy, Rodolfo e Dorothy saíram da água e vieram caminhando até nós se sentando da areia ao nosso lado. Teddy se sentou ao meu lado na areia e Rodolfo e Dorothy um pouco mais a frente de onde estávamos.

- deixa eu ver sua mão – falou Teddy pegando minha mão virando-a de um lado para o outro – parece que cicatrizou.

- nem parece que eu me machuquei – falei olhando para Teddy.

- onde estão Rose e Lucy? – perguntou Rodolfo olhando em volta.

- elas foram dar uma volta na floresta para verem se encontravam frutas ou algo assim – falou Misty.

- não acho que seja uma boa ideia. Elas podem encontrar aquele monstro de novo – falou Teddy.

- elas levaram a arma e um facão – falou Anita – acho que elas vão ficar bem.

- olha elas – falou Teddy vendo Lucy e Rose trazendo consigo uma de nossas mochilas. Cada uma segurava em uma alça. Parecia pesada.

- você encontraram algo?

- sim – falou Lucy quando elas colocaram a mochila no chão.

- encontramos muitas frutas – Rose abriu a mochila e virou-a jogando um monte de frutas pretas e podres na areia. Muitas delas tinham vermes.

- que nojo – falou Dorothy se levantando rapidamente da areia.

- porque vocês trouxeram isso? – falou Rodolpho se levantando e pegando algo que parecia ser uma pera roxa podre – não dava pra pegar as frutas que estavam nos galhos? Vocês pegaram as que estava, no chão?

- não – falou Lucy olhando para rose e depois olhando para Rodolfo – esse é o problema. Essas frutas estavam nos galhos.

- as árvores estavam podres? – perguntou Teddy.

- não. As folhas estavam verdes e os galhos firmes. Todas as frutas estavam podres.

- de todas as árvores – falou Rose – exceto uma.

- e porque vocês não trouxeram as frutas dela?

- porque não – falou Lucy – não sabemos se devemos. Parecia uma armadilha!

- como assim? – perguntou Misty.

- vocês precisam ver.

Nós vestimos nossas roupas que a essa altura já estavam secas e seguimos Lucy e Rose pela floresta. Nós andamos por um longo caminho enquanto Rodolfo e Teddy seguravam os facões em suas mãos e Lucy portava a arma. Nós passamos por algumas árvores de pera, algumas bananeiras e caquis. Todos estavam com os frutos podres.

- a única árvore com os frutos comestíveis é aquela – falou Lucy apontando para uma macieira no centro de todas as outras árvores. Ao contrário ode suas companheiras as maçãs daquela árvore estavam vermelhos, grandes e pareciam suculentos.

- porque todas as árvores estão com os frutos podres, mas esses estão tão robustos? – perguntou Misty se aproximando da macieira e levantando a mão tocando a maçã. A árvore estrava cheia de frutos. Era impossível contar.

- parece ou não parece uma armadilha? – falou Rose.

- eu concordo – falou Teddy – não acho que devemos comer essas maçãs.

- concordo – falou Anita.

- nós temos alimentos o suficiente por dois ou três dias. Não precisamos recorrer às frutas agora – falou Rodolfo.

- acho que devemos pegar algumas – falei olhando para Teddy e todos olharam para mim.

- você é maluco? – falou Anita – e se for uma armadilha? E se um monstro pular em cima da gente? Ou se a árvore for venenosa? Eu sei lá. Estamos em um maldito filme de ficção cientifica. Tudo pode acontecer.

- eu pego – falei dando três passos em direção a árvore, mas Teddy segurou meu traço.

- não – falou ele com a feição séria – não faça isso Kyle.

- nada vai acontecer comigo. Aquele monstro não me machucou e o corte da minha mão desapareceu. Seja lá o que for acontecer eu vou me curar.

- eu acho que você está confiante demais – falou Rodolfo.

- confiem em mim. E se ficarmos com fome? As maçãs talvez sejam a única coisa nessa floresta.

- até conseguirmos sair – falou Misty.

- ‘Se’ nós conseguir sair – falou Dorothy olhando em volta – talvez essa floresta não tenha fim.

- eu vou ficar bem – falei olhando para Teddy que soltou meu braço relutante.

- okay! – falou ele pressionando os lábios – tome cuidado.

- tudo bem – falei me aproximando da árvore passando por Misty e levantando a mão eu arranquei uma das maçãs.

Quando arranquei a primeira maçã ouvimos um grito que fez com que todos nós colocássemos as mãos nos ouvidos e nos abaixássemos. Era um grito muito alto. Parecia ser um grito masculino. Apenas um grito estranho.

O grito cessou e eu me levantei olhando em volta.

- estão todos bem? – perguntou Teddy ajudando Anita a se levantar.

- estamos – falou Rose olhando em volt – o que diabos foi isso?

Ninguém teve a chance de responder a pergunta de Rose. Era como se a floresta tivesse se silenciado. Nenhum som a não ser o som do vento passando pelas filhas e o estranho som dos troncos das árvores se contorcendo.

- eu vou pegar outra – falei jogando a maçã para Lucy que a colocou dentro da mochila.

- não acho que você deva continuar! – falou Teddy.

Ignorando Teddy eu levantei o braço e arranquei outra maçã e outra vez ouvimos o som de um grito masculino. Foi tão lato que novamente nós caímos no chão. Dorothy e Rodolfo se abraçaram de olhos fechados enquanto o grito ecoava pela floresta.

Depois de um tempo o grito mais uma vez cessou e ouvimos apenas o eco do grito atravessando a floresta. As árvores pareciam se contorcer a medida que o som avançava.

- não faça mais isso! – falou Lucy se levantando e ajudando Rose a se levantar. Teddy que estava deitado no chão levantou com ajuda de Rodolfo.

- nós nem sabemos se vamos poder comer essas maçãs – falou Misty.

- só tem um jeito de saber – falei pegando a maçã no chão e dando uma mordida!

- não Kyle! – gritou Teddy seguido por Dorothy, Anita e Rodolfo. Mastiguei o pedaço e a maçã era doce e suculenta.

- está uma delicia – falei mostrando a maçã. Ela parecia estar minando açúcar – está doce. O fruto mais gostoso que eu já provei.

Rose pegou a maçã da minha mão e mordeu um pedaço.

- ele tem razão – falou ela entregando para Lucy que deu uma mordida e passou a diante. Todos provaram um pedaço e perceberam que apenas dos gritos o fruto era inofensivo.

- nós precisamos pegar mais delas – falou Teddy mordendo o último pedaço.

- mas e os gritos? – perguntou Anita – nós mal conseguimos ficar de pé.

- usem isso – falou Lucy tirando ataduras da mochila e entregando duas para cada um – não é grande coisa, mas pode ajudar.

- nós devemos pegar os frutos todos de uma vez – falou Rodolfo entregando as ataduras de Dorothy.

- não importa o quão alto os gritos sejam, peguem o máximo de maçã que conseguirem – falei lambendo os lábios.

Todos nós nos posicionamos embaixo da macieira e esfregamos as mãos e nos preparamos para arrancar o máximo de frutos que conseguíssemos.

- estão prontos? – perguntou Teddy olhando de um lado para o outro.

- sim, estamos – falou Dorothy apreensiva. Ela parecia nervosa.

- No três! – falou Teddy se preparando – Um… dois… três!

Quando ele disse três nós levantamos as mãos e começamos a arrancar frutos. O grito soou tão alto quanto antes, mas dessa vez era possível ouvir uma voz masculina e uma voz feminina. Apertei os lábios enquanto arrancava uma maçã atrás da outra. Olhei em volta e vi que Anita havia conseguido arrancar tantas maçãs quanto eu. Rose estava deitada no chão tapando os ouvidos e Misty segurava em uma maçã, mas não conseguia arrancá-la.

- puxe com força Misty! – gritei olhando para ela.

- eu não consigo tirar!

- eu também não – falou Teddy puxando uma das maçãs com toda a força Depois de alguns segundos ele desistiu e caiu no chão tapando os ouvidos. Anita e eu éramos os únicos que conseguiam arrancar os frutos. Rose, Misty, Lucy, Dorothy, Rodolfo e Teddy estavam no chão encolhidos com as mãos cobrindo os ouvidos. Rose e Misty gritavam sentindo muita dor.

Anita e eu continuamos a arrancar as maçãs uma atrás da outra. Em certo momento Anita segurou em meu braço.

- chega! – falou ela olhando para mim – eles não vão aguentar.

- tudo bem – falei me ajoelhando no chão junto com Anita. Nós nos abraçamos e aguardamos os gritos sessarem.

Dez segundos depois os gritos não passavam de ecos e um horrível zumbido em nossas cabeças. O chão estava coberto de maçãs. Talvez vinte ou trinta delas. Não entendi porque ninguém além de Anita e eu conseguimos arrancar as maçãs daquela árvore. Tudo o que sei é que o som de um tronco se contorcendo tomou conta do silêncio e a macieira começou a se mover. Seus galhos pareciam ter ganhado vida própria.

Olhei para o alto e vi o momento em que a macieira se inclinou para o lado pronta para bater seus galhos em Anita e eu.

- corre! – falei para Anita segurando em sua mão. A árvore se jogou no chão com toda a força fazendo aterra tremer. Nenhuma das maçãs caiu de seus galhos.

Anita deu um pulo e caiu longe. Eu parei e olhei para trás. A árvore sacudiu os galhos e voltou á posição original ficando parada. Teddy, Rodolfo e os outros pareciam assustados. Eles se levantaram e rastejaram para longe da árvore.

- o que diabos foi isso? – perguntou Misty enquanto olhávamos todos atentos para a árvore.

- eu não sei – falei com a boca seca. Meu coração batia rápido. Nunca corri tanto na vida.

- porque não conseguimos arrancar as maçãs? – Lucy parecia atônita.

- eu não sei – falou Ted olhando para Anita e eu – era como se elas estivessem guardadas na árvore.

- pra mim parecia maçãs normais – falei olhando para Anita – e você?

- também.

- precisamos pegar as maçãs – falei pegando a mochila.

- e se a árvore nos atacar de novo? – Anita parecia assustada.

- acho que se não tocarmos nas maçãs que estão nos galhos acho que ficaremos bem.

- vamos lá – falou Rodolfo.

Lucy e Rose seguraram a mochila enquanto o resto de nós colocava as maçãs dentro da mochila. Uma por uma. Conseguíamos ouvir os galhos das árvores se movendo e os troncos se contorcendo e isso fez com que ficássemos em alerta. Para nossa sorte até o momento em que eu peguei a última maçã nada aconteceu.

- venham – falou Teddy pegando a mochila das mãos de Lucy e de Rose.

Nós saímos rápido debaixo da árvore e à medida que nos afastamos olhamos para trás. Aquela floresta não parava de nos surpreender. Quando chegamos á areia e a cachoeira percebemos que havia algo de diferente.

- onde estão os frutos? – Dorothy foi a primeira a notar – os podres! – falou ela olhando para Rodolfo.

- é verdade – falou Lucy correndo na direção de onde os frutos podres haviam sido jogados – eles estavam bem aqui.

- as maçãs continuam na mochila? – perguntou Rodolfo olhando para Ted que colocou a mochila no chão.

- sim – falou Teddy abrindo a mochila mostrando as robustas e suculentas maçãs.

Todos se aproximaram e pegaram uma das maçãs. Todos deram uma mordida. Chega dava água na boca provar um pedaço. Era doce e carnuda. A maçã mais gostosa que eu havia comido. Ninguém disse nada, mas tinha a impressão de que todos se sentiam como eu.

- deliciosas! – falou Anita se sentando na areia novamente – eu ficaria aqui para sempre, sabia?

- eu também – falei me sentando ao lado de Anita.

- eu adoraria – falou Teddy se sentando na areia atrás de mim. Ele passou o braço por mim e me manteve perto dele. Anita sentiu vontade de rir. Acho que ela achou fofo o que Ted fez.

Misty se sentou ao lado de Anita e Rose e Lucy tiraram as roupas de cima e foram para a água de calcinha e sutiã. Elas deram um mergulho enquanto Rodolfo e Dorothy se sentaram em uma pedra; aconchegados um ao outro assim como Ted e eu estávamos.

- acho que devemos sair daqui em breve – falou Ted.

- por quê? – fiquei curioso ou ouvir aquelas palavras.

- eu não sei – falou ele apertando os olhos olhando em certa direção – não acho certo ficarmos em um lugar só porque é confortável. Precisamos encontrar um lugar seguro e se tem uma coisa que essa floresta não é, é segura.

- concordo – falou Misty – vamos aproveitar mais um pouco a água e devemos partir ás dez horas – Misty pegou o relógio oque eu havia encontrado na cabana e olhou as horas. Em seguida ela jogou na minha direção e eu o peguei no ar.

Teddy passou o braço me apertando mais junto a ele e eu me atrevi a me inclinar um pouco para trás deitando minha cabeça em seu ombro. Sentia-me protegido em seus braços. Era como se Ted fosse Deus e eu estivesse em seus braços. Talvez Mike seja o demônio, afinal.

- parede fazer essa loucuras! – falou Ted cochichando e minha orelha. Ele me assustou. Pensei que fosse Mike novamente, mas senti quando ele deu um selinho carinho na minha orelha.

- o que?

- parede ficar se jogando nas coisas. Colhendo maçãs de árvores vivas, ficar enfrentando monstros… pare. Você me assusta toda vez que faz isso.

- o que você sente? Quando eu estou enfrentando monstros ou colhendo maçãs de árvores vivas?

- falta de ar. Como se a minha respiração dependesse da sua – falou ele rindo – se você não estiver vivo eu não sei se vou conseguir ficar vivo sem você.

- mas você acabou de me conhecer? Como pode sentir tudo isso por mim?

- você não sente o mesmo por mim?

- claro que sinto – falei tocando seu braço e segurando-o contra mim – é estranho. Sinto como se já te conhecesse há muito tempo.

- eu também – falou Ted dando outro selinho em minha orelha fazendo com que eu me arrepiasse.

- e sua noiva? O que vai dizer a ela quando a encontra-la?

- eu não sei – falou ele respirando fundo – e no momento eu não quero pensar nisso.

- eu também não – falei fechando os olhos me sentindo em paz nos braços de Ted.

Todos concordaram que deveríamos sair de lá e continuarmos seguindo para o norte. Havíamos nos desviados um pouco do caminho quando fomos atacados por aquela criatura e era hora de voltar a nossa caminhada. Já era lucro não estarmos dormindo igual quando estávamos na cabana. Era bom conseguirmos sair da floresta antes do anoitecer ou só Deus sabe o tipo de criatura que enfrentaríamos. Decidi não contar aos outros sobre Mike. Talvez eu estivesse ficando louco, talvez eu apenas estivesse alucinando. O fato é que algumas coisas era melhor eu manter apenas para mim.

PÁGINA DE PERSONAGENS

Valeu pelos comentários Pessoal. De verdade. Essa história está sendo bem recebida e eu fico feliz e motivado a continuá-la para vocês.