O GAROTO DE GRAY capítulo vinte e dois
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ecidi ir ao trabalho de taxi. Meu corpo estava
cansado e um pouco dolorido dos últimos acontecimentos e tudo o que eu
precisava era de comodidade.
O dia foi longo e cansativo e eu
não tinha visto Gray. Ele não tinha nem me ligado no dia anterior e nem durante
todo esse dia. Como eu estava preocupado com meu pai resolvi não ligar.
Peguei um taxi de volta e quando
ele parou na porta da minha casa eu tive uma surpresa o carro do Gray estava
estacionado. Eu paguei o taxista pela corrida e quando entrei não vi ninguém na
sala.
- oi de casa – falei indo até a
cozinha. Então ouvi meu pai e ele conversando do lado de fora nos fundos.
- boa noite – falei.
- boa noite – responderam meu pai
e Gray ao mesmo tempo.
- Vim ver como você está? – falou
ele pegando minha mão e quando viu meus dedos com curativos ele me deu uma
olhada e voltou a olhar para o machucado.
- eu sinto muito – falou meu pai
– eu prometo que não vai mais acontecer.
- não tem problema – falou Gray –
eu não vou contar nada para ninguém – falou Gray referindo-se aos meus
machucados que meu pai tinha provocado – mas eu recomendo a visita a um
terapeuta ou psicólogo.
- eu já recomendei. Semana que
vem vou procurar um bom – falei concordando com Gray.
Depois de fazer todos os
curativos no meu corpo ele disse que iria embora.
- obrigado – falou meu pai
apertando a mão de Gray.
- não tem de que.
Ele foi em direção à porta.
- eu vou te levar até a porta.
Eu o acompanhei e fui com ele até
lá fora.
- achei que tinha me esquecido –
falei – você não me ligou ontem e nem hoje.
- Andei um pouco ocupado, mas não
me esqueci de você. Penso em você o tempo todo. Em especial pelas coisas que
vem acontecendo aqui. Tenho medo pela sua segurança.
- eu vou ficar bem. Meu pai está
se recuperando.
- espero que sim – falou ele
abrindo a porta do carro e entrando. – te vejo na festa amanha? – perguntou
ele.
- sim – falei.
Dei a volta no carro e fui para
dar um beijo nele. Gray fez bico é nós demos três selinhos.
Sem dizer nada ele acelerou e foi
embora.
No dia seguinte eu e meu pai nos
arrumamos e saímos de casa para ir á festa ás 19h00min. Meu pai foi dirigindo e
depois de seguir minhas instruções chegamos á casa de Adam. Ele estacionou o
carro e nós dois descemos. A música tocava e a festa era na beira da piscina.
Todos estavam com roupas de casa. Adam nos recebeu de camiseta azul claro, de
bermuda e de chinelo nos pés, era a primeira vez que o via com uma roupa que
não era o terno.
- olá – falei apertando a mão
dele.
A esposa de Adam veio até nós.
- boa noite Mike – falou ele me
abraçando e me dando um beijo no rosto. – que bom que você veio.
- é claro que não ia perder a
festa do ano.
Os dois filhos dele vieram
correndo e me abraçaram.
- olá pestinhas – falei alisando
a cabeça dos dois.
Fui até Gray e cumprimentei-o.
tentei disfarçar já que ninguém sabia do nossos envolvimento. Dei um abraço e
beijo em Vanessa e apertei a mão de Steve.
- que bom que veio Mike – falou
Xavier se levantando e me recebendo.
- tudo bem Xavier?
A esposa de Xavier veio e me deu
um aperto de mão.
Disse olá para quatro pessoas que
estavam na piscina tomando banho e fui até a cozinha e cumprimentei dois casais
que estavam lá.
Olhei para todos os lados
procurando por mais alguém conhecido e foi quando Adam me entregou um copo com
bebida. Em seguida Adam foi até onde meu pai estava e entregou um copo de
bebida para ele. Rapidamente fui até meu pai
- tem certeza?
- é só uma bebida tropical –
falou meu pai.
- tudo bem – falei – pode beber,
mas não bebe nada puro e não bebe muito.
- ok – falou ele.
De longe fiquei observando Gray.
Sei que nós não rotulamos o que temos, mas admito que fiquei com ciúmes de
vê-lo conversando com outras pessoas e não comigo. Ele estava com uma bermuda
branca que ia até o joelho e uma camisa regata listrada de alaranjado e castanho
em sua mão tinha as chaves do carro.
Eu gosto muito de Gray, mas não sei
quando nós vamos poder ficar íntimos outra vez por causa do meu machucado,
afinal eu tinha sido estuprado. Tenho vergonha de que ele descubra que eu tenha
sofrido isso.
A música estava alta e eu me
sentei em uma mesa junto com meu pai.
- pode ir se divertir com seus
amigos.
- não tem problema, parece que
agora eles tem outro amigo e nem se lembram de mim.
Falei mostrando para meu pai
todos os sete sentados em uma mesa conversando e rindo do outro lado de onde
estávamos.
- está com ciúmes? – perguntou
meu pai.
- ciúmes? Ciúmes de que?
- por favor Mike, não minta para
o pai. Eu vejo como Gray te olha, eu vejo como você olha para Gray.
- não pai… é que… sei lá. Não sei
bem o que eu sinto em relação á ele, mas é algo diferente. Algo bom.
- você merece ser feliz Mike.
Olhei para ele com uma cara de
cansado e tristeza.
- bom, com essa cara até eu vou
me levantar da mesa e ir para outro lugar. – falou meu pai.
Eu fiquei sentado olhando eles de
longe. Gray não veio nem passar um tempo comigo e aquilo me irritou. Ele não
precisavam e beijar, mas podia ficar ao meu lado me fazendo companhia.
Os minutos foram passando e
apesar de não querer admitir estava sendo doloroso pensar que tinha sido abandonado
por Gray. Ver Gray tão longe de mim e nem se importando comigo, logo agora que
eu precisava de alguém perto de mim, depois de tudo o que passei. Pensei que talvez
Gray pudesse me fazer esquecer as dores que tinha naquele momento. Eu só queria
alguém companheiro ao meu lado.
As músicas iam passando e eu
tentava livrar minha mente daquilo. Meu pai tinha se levantado para pegar outra
bebida e tinha acabado parando para conversar com outras pessoas que estava em
outra mesa. Era até bom, pelo menos ele limpava a mente do que tinha acontecido
naquela semana.
Então foi quando Adam pareceu
estar procurando alguém e quando me viu ele se levantou da mesa e veio até mim.
- Mike, está fazendo o que aqui?
Vem sentar-se com a gente.
- eu estou bem sentado aqui.
- que é isso, que cara é essa? –
falou Adam se sentando á mesa comigo.
- não é nada.
- isso é uma festa, você devia
estar feliz ou pelo menos não triste.
- eu não estou triste – falei
fingindo um sorriso.
- não está chateado porque não te
chamarmos para sentar conosco? Por favor, né? Você é de casa, pode chegar e
sentar.
- não é isso.
- você não sabe mentir – falou Adam
– vem comigo, você vai sentar bem do meu lado. Você sabe que ainda é meu amigo.
Você sabe que apesar de eu ter te dado o fora você é importante para mim.
- tudo bem – falei me levantando
e seguindo-o. Adam puxou uma cadeira e eu me sentei ao lado dele.
- porque não veio antes? –
perguntou Steve.
- por nada.
Todos voltaram a conversar. Gray
nem olhava na minha cara. Não sei o que eu tinha feito de tão sério para ele,
mas ser ignorado estava me deixando cada vez mais triste e por mais que eu
tentasse me animar eu não conseguia. Minha vontade era de me levantar e ir
embora, só não fazia isso por causa dos outros que sempre foram bons amigos
para mim.
Eu olhei para Gray esperando que
ele me olhasse de volta, ele olhou pra mim e logo desviou o olhar.
- vou dar uma volta – falou ele.
- porque você está fazendo isso
comigo? – perguntei
Todos na mesa pararam de
conversar e prestaram atenção no que eu tinha dito. Gray não mais se levantou e
me olhou assustado.
- Me diz Gray. O que eu te fiz
para ficar me ignorando? Porque você me trata tão bem em um dia e depois me
ignora no outro? você só queria a chance de me levar para a cama outra vez?
Todos começaram a disfarçar e
ficaram em silêncio. Nem acredito que tinha feito uma cena daquelas na frente
de todo mundo.
- vamos falar sobre isso – falou
ele se levantando.
Me levantei e eu o segui para
longe da piscina e fomos para perto do jardim. Gray parou de andar.
- então... Sei que não somos
nada, mas eu também sei que não mereço ser ignorado.
- Nós somos algo. Definitivamente
– falou Gray – me desculpa tão ter ido falar com você e com seu pai quando você
chegou, mas é que eu comecei a pensar que eles estavam desconfiando que nós
tínhamos algo. Eu só estava te ignorando por isso. Parece que não resolveu já
que você abriu a boca pra todo mundo.
- sinto muito Gray. Eu nem pensei
nas consequências que esse relacionamento pode ter para você.
- Me desculpa por ter te ignorado
– falou ele se aproximando e me dando um abraço.
- Me desculpa por ter contado pra
todo mundo o segredo que você tentava esconder.
Nós nos olhamos e demos um
selinho.
- você ainda é meu ratinho –
falou Gray com um sorriso.
- E você é meu gatão – falei
dando outro selinho em seus lábios.
Nós então fomos andando de volta
para a mesa.
- eu estou morrendo de vergonha –
falei para Gray.
- não precisa – falou ele.
Nós então chegamos. Todos
pareciam estarem meio sem graça com a cena que eu fiz.
- quero me desculpar pelo vexame
que dei á poucos minutos.
- então quer dizer que você é o
garoto de Gray? – perguntou Steve.
- chega pra cá – falou Adam – os
deixem sentarem um do lado do outro.
- desculpa pela briga – falei
novamente.
- não tem problema – falou
Vanessa. – porque vocês não nos contaram?
- porque o garoto aqui estava com
vergonha e acha que é antiprofissional. – falou Gray se sentando ao meu lado.
Eu me sentei ao lado dele e fiquei olhando para Adam. Será que ele se importava
de saber que Gray e eu tínhamos o que ele me recusou?
A festa continuou, mas dessa vez
estava bem melhor já que eu estava sentado ao lado de Gray. Eu merecia ser
feliz por um tempo. Sofri tanto nesses últimos dias. Merecia pelo menos de um
pouco de paz.
- vocês estão juntos há quanto
tempo? – perguntou Vanessa.
- na verdade não sei bem dizer se
estamos juntos. Nós só gostamos da companhia um do outro. É claro que queremos
algo á mais, mas admito que faz pelo menos uns dois meses que venho sentindo
esse ‘algo a mais’ por Gray. Nós temos ficados juntos todo esse tempo
- e vocês conseguiram esconder
por todo esse tempo? – perguntou Steve.
- sim.
- eu já sabia – falou Xavier.
- vamos comigo lá na cozinha vou
pegar algo para beber - falou Gray se levantando. Eu me levantei e nós fomos
até a cozinha.
- vem comigo – falou Gray
querendo que eu o acompanhasse – vamos pegar uma bebida lá dentro.
Nós nos levantamos e atravessamos
o longo caminho até que chegamos até a piscina. De repente eu parei porque
senti algo escorrendo nas minhas pernas. Foi quando ouvi alguém gritando.
- segura a bola!
Me virei de uma vez e senti algo
batendo no meu rosto e eu fiquei tonto por alguns segundos e cai na piscina com
roupa de tudo.
Fui até o fundo e voltei
tossindo. Todos estavam rindo.
- desculpa – falou a esposa de
Adam.
- você está bem? – perguntou
Adam.
- estou sim! A festa não pode
parar – falei tentando parecer animado sentindo a água fria.
Logo eu ouvi as crianças que
estavam dentro da piscina gritando. Eu olhei pra trás para ver o que elas viam
e eu vi a água em volta de mim estava com uma mancha vermelha. Eu tinha
sangrado.
Que Diabos. Porque essas coisas
aconteciam comigo?
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