HALLOWEEN capítulo vinte e quatro
O
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s meses se arrastaram lentamente. Agosto e setembro
passaram mais rápidos do que eu gostaria de admitir, mas pelo menos nada de
ruim aconteceu. Meu pai tinha conseguido o emprego de volta. Estava tudo bem. Todos
os meus machucados tinham melhorado, minhas unhas tinham crescido outra vez e eu
não me relacionava com ninguém todo esse tempo. Realmente não estava me fazendo
falta.
Meu pai e eu íamos ao psicólogo
duas vezes por semana, meu pai só tinha melhorado desde que ele tinha começado
a ir e eu também começava a parar de ter pesadelos. Eu estava acordando todas
as noites gritando com um pesadelo horrível em que eu era enterrado vivo e não
conseguia gritar para que parassem o enterro. Meu psicólogo tinha me dito que
isso tinha a ver com o fato de impotência durante o estupro. E esses pesadelos
iam desaparecendo aos poucos e eu já não acordava mais gritado fazia três
semanas.
Adam e os associados tinham uma
audiência em Nova Iorque marcada para o dia trinta de outubro. Dessa vez minha
presença não foi requisitada. Tudo bem para mim.
Era dia 29. Fui trabalhar e a
primeira pessoa a chegar não foi Adam e sim Leon Adelstein, um amigo de Adam
que aparecia de vez em quando.
- bom dia – falou Leon.
- bom dia, aceita ao algo para
beber Sr. Adelstein?
- não, obrigado – falou ele com
um sorriso no rosto. – Adam já chegou?
- ainda não Sr. Adelstein, mas
ele deve estar chegando.
Ele então se sentou nas poltronas
e às vezes tossia e eu resolvi conversar com ele.
- o senhor vai viajar com eles
amanhã?
- sim – respondeu ele tossindo
mais um pouco.
- Adam me disse que vocês se
conheceram na faculdade?
- sim, quando cursávamos Direito.
- nesse caso você está sendo um
dos advogados nesse caso?
- exatamente.
Logo o elevador parou e de dentro
saiu Adam.
- bom dia Mike.
Respondi e Adam foi até Leon e
eles apertaram a mão.
- chegou mais cedo hein?
- foi sim, infelizmente marquei
meu voo para um dia antes e resolvi não remarcar.
- ótimo – falou Adam. – Mike,
você pode, por favor, ir ao sétimo andar e arrumar a sala de reuniões? Vamos
ter uma reunião de urgência agora cedo.
- quantas pessoas? – perguntei.
- Sete pessoas. Eu, Xavier, Gray,
Steve, Vanessa, Leon e Você.
- ok – falei pegando minha agenda
eletrônica e a chave da sala de reuniões e indo até o sétimo. Organizei a sala,
abasteci o frigobar e assim que estava tudo pronto voltei para o vigésimo andar.
Todos já estavam lá.
- Mike a sala está pronta? –
perguntou Adam.
- sim senhor.
- então vamos todos, por favor.
Todos nós entramos no elevador e
ele foi até a sala do 7º andar.
- bom dia – falou Gray.
- bom dia – respondi.
Nós saímos do elevador e entramos
na sala de reuniões que tinha paredes de vidro em três dos quatro lados.
Todos nós nos sentamos.
- bom dia – falou Adam. – estou
aqui para dar um aviso para vocês, eu recebi uma ligação ontem que vai afetar
nossa viagem amanhã.
- como assim? – perguntou Gray.
- nós vamos receber dia trinta e
um de outubro advogados da Commercial.com.
Eles estão sendo processados e eles querem que nós os representemos, mas não
está definido ainda. O dono da Commercial.com
só tem horário disponível no Halloween. Felizmente eles não precisam de
todos nós. Como Steve é familiarizado com esse caso eu decidi que deve ser ele
quem deve ficar.
- tudo bem – falou Steve.
- Mike, como você está aqui a
mais tempo eu confio em você para cuidar de tudo enquanto estivermos fora.
Nesse tempo você vai ajudar Steve. Você pode ficar no vigésimo andar, mas vai
ter que ajudar Steve.
- sem problemas – falei pensando:
“que saco, logo o chato do Steve”.
- então fica assim – falou Adam –
Gray, Vanessa, Xavier e Eu vamos para Nova Iorque dia trinta e voltamos dia dois.
Mike e Steve ficam aqui e cuidam de tudo para receber os representantes da Commercial.com.
- então é isso pessoal. Não me
decepcionem.
Todos nós nos levantamos. A
reunião estava encerrada.
Havia chegado o dia Trinta de
outubro. Véspera do Halloween. Cheguei ao trabalho e Adam já tinha chegado e me
chamou na sala dele.
- bom dia – falei fechando a
porta e me sentando.
- Mike, eu fiquei preocupado que
você entendesse de forma errada. – falou Adam.
- O que? – perguntei.
- Eu te levaria na viagem se não
precisasse de você aqui.
- como assim senhor?
- eu sinto sua falta – falou Adam
aparentemente triste.
- em que sentido?
- Sempre penso na última viagem
que fizemos. Aquele fim de semana foi o melhor da minha vida.
- com todo o respeito, mas foi o
senhor que me dispensou. Contudo eu entendo seus motivos.
- Eu admito que fiquei com ciúmes
na festa. Descobrir que você e Gray estavam juntos me machucou. Eu não queria
admitir, mas sinto algo por você.
- ótimo – falei rindo – é bom que
o senhor tenha sofrido porque eu nunca deixei de sentir.
- Enfim, só queria que soubesse
que por mais que eu tenha te dispensado você tem um lugar no meu coração.
Logo que sai todos os outros
chegaram depois de longas despedidas todos se aprontaram para irem embora.
Sai da recepção e fiquei ao lado
de Steve vendo eles entrarem no elevador. Todos estavam dentro e a porta
começou a se fechar. Eu vi aquela cena bem peculiar em câmera lenta. Eu senti
um calafrio, eu tinha a impressão de que algo ruim iria acontecer. Adam acenou
com a mão e a porta de fechou.
Era Halloween e por onde se
olhava havia folhas secas no chão. Aboboras enfeitavam a minha porta assim como
de todas as casas enfeitadas da rua, do bairro e do país. Ao sair via-se um
jardim enfeitado pronto para receber as crianças em sua tradição de doces ou
travessuras.
- pai você comprou os doces né?
- comprei sim – falou meu pai
chegando a cozinha de terno e gravata.
- a quanto tempo não te vejo de
terno e gravata.
- pois é, hoje vamos receber
investidores e eles querem me conhecer.
- que bom, mas lembre-se de
chegar em casa para dar doces as crianças, não estou afim de ficar limpando a
casa suja de ovos amanhã.
- fica tranquilo.
- eu vou demorar um pouco, mas
vou estar aqui por volta dás 20h00min e vou te ajudar a distribuir os doces.
- você vai se fantasiar? –
perguntou meu pai.
- vou de morto-vivo porque vou
estar cansado.
- o seu chefe temporário não
deixa você em paz?
- o Steve é legal quando quer,
mas quando não quer ele abusa, ele não me deixa em paz um segundo, eu não
consigo fazer os serviços internos porque a cada 10 minutos tenho que sair do
meu posto e ir ao 18º andar ver o que ele quer.
- força de vontade. Hoje é
quinta-feira. Só mais amanhã e tudo acaba.
Abri o armário e peguei uma mão
cheia de doces.
- não era para as crianças? –
perguntou meu pai.
- vai que no caminho encontro
algum espertinho já fantasiado.
- sei, você vai é um coma
diabético com tantos doces.
- que nada – falei dando um beijo
no rosto dele. – até a noite falei me afastando dele.
- vem aqui me dá um abraço está
com pressa por quê?
Voltei e dei um abraço nele.
- bom trabalho – falou ele.
- bom trabalho para o senhor
também pai – falei dando outro beijo no rosto dele.
Eu sai pela porta e logo vi a rua
e fui andando pelo jardim e vi duas garotinhas correndo.
- feliz Halloween Mike – elas disseram
em coro pra mim.
- feliz Halloween lindinhas –
elas não estavam fantasiadas, mas eu dei doces para as duas e elas saíram
correndo e rindo.
Ventava um pouco, o clima estava
agradável. Eu fui andando até o ponto de ônibus bem devagar, eu olhava os enfeites
e algumas casas capricharam na decoração.
Logo que desci no ponto da
empresa eu andei um pouco e logo na entrada vi que estava decorado com bruxas,
teias de aranha falsas.
- bom dia – falou o porteiro –
feliz Halloween sr. Fabray.
- feliz Halloween Jack – falei
sorrindo para ele e entregando alguns doces – é só para as crianças, mas vou
quebrar as regras.
- obrigado – falou ele pegando os
doces e em seguida pegou um cartão decorado para o Halloween e me entregou.
- obrigado – falei pegando e
entrando no elevador. A porta se fechou. O elevador estava enfeitado e eu
fiquei entretido com os enfeites e começou a tocar uma música que eu gosto no
meu iPhone. Eu aumentei no último volume e fui curtindo o som até o 20º andar e
quando a porta se abriu eu sai e liguei a fonte, coloquei comida para os peixes
no aquário, liguei meu computador e logo fui para meu local de trabalho.
Aguardava a qualquer momento Steve ligar. Como não tinha ninguém mesmo eu tirei
os fones e deixei a música tocando.
Logo o elevador chegou e Steve
saiu de dentro dele.
- bom dia – falou ele – que
barulheira é essa?
- desculpa – falei apertando o
botão de desligar rapidamente e o iPhone caiu do balcão e Steve segurou ele na
hora – obrigado Steve.
- por favor, evite colocar
músicas ou fazer qualquer outra coisa escandalosa que você goste, especialmente
hoje. E se fosse um dos investidores? Com que cara eu ficaria? Tenha
responsabilidade
- perdão não vai acontecer outra
vez.
- acho bom mesmo. – falou ele
arrogante.
- já sabe a hora que eles vão
chegar?
- ás 10h00min.
- tudo bem, vou deixar a sala de
reunião pronta.
- ok – falou ele indo até o
elevador – quase me esqueci. – falou ele abrindo a pasta e me entregando vários
papéis.
- Mike preciso que você leia esse
contrato inteiro do começo ao fim e se estiver ok com o padrão você assina em
todas as folhas como testemunha e depois leve pra mim.
- tudo bem.
- tem que ser antes dás 10h00min.
- tudo bem.
- vou pra minha sala. – falou ele
apertando o botão do elevador e logo ele parou e a porta se abriu e assim que
ele entrou eu o chamei.
- Steve!
- o que? – falou ele tirando a
metade do corpo para fora do elevador.
- Feliz Halloween – falei.
Ele olhou pra mim como se eu
tivesse cometido um crime.
- mas que inferno – falou ele
entrando no elevador e desaparecendo. Eu fiquei no vácuo esperando um “Feliz
Halloween”. Não sei o que tinha dado em Steve, mas ele estava muito nervoso e
eu confesso que fiquei até um pouco ressentido por ele ter dito aquilo.
O relógio marcou 08h45min e eu
tinha lido pouco mais da metade do contrato, estava muito chato naquele andar
sozinho então eu decidi colocar música no meu iPhone. Eu o coloquei para tocar
e continuei lendo o contrato.
- adoro essa música – eu aumentei
o volume no máximo e comecei a cantar. Eu então ouvi um barulho e dei pausa na
hora e fiquei ouvindo para ver se ouvia outra vez. Esperei alguns segundos, mas
nada. Eu então botei outra vez a música para tocar.
Eu continuei ouvindo a canção e
cantando alto. Eu quase dançava junto. Eu então ouvi um barulho alto como uma
porta batendo.
- droga – falei desligando a
música – Steve deve ter vindo pelas escadas apenas pra me pegar ouvindo música
alta.
Eu voltei a ler o contrato, eu
estava na última folha. Fiquei olhando para a porta da escada de incêndio, mas
ele não apareceu eu botei a música outra vez, mas dessa vez começou a tocar “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”
dos Beatles. Outra canção que eu adorava. Depois de alguns segundos ouvi outra
vez um barulho alto como um estouro, eu fui correndo para olhar na janela e as
pessoas se amontoavam em frente ao prédio.
- um acidente – falei comigo
mesmo – para os supersticiosos isso é um prato cheio. – falei me afastando da janela
e terminando de ler o contrato.
- prontinho, agora é só levar
esse contrato para o Steve e estou livre dele no meu pé!
Eu apertei o botão do elevador e
assim que ele chegou eu entrei. A porta se fechou.
- droga, esqueci-me de assinar as
páginas. Eu apalpei a calça e encontrei uma caneta e comecei a assinar página
por página dentro do elevador. Logo ele chegou ao 18º andar e abriu a porta eu
continuei assinando e ouvi um silêncio eu parei de assinar e olhei o andar.
Estava vazio, nenhum dos estagiários estava lá.
- mas que droga é essa? aonde
está todo mundo?
Ouvi apenas passos de alguém
correndo e que foram chegando mais perto de mim eu olhei para o lado e Steve
corria em minha direção e assim como em um jogo de futebol americano ele pulou
em mim com toda sua força e me empurrou e me jogou no chão. Eu me machuquei
quando cai no chão.
Cai de barriga para cima e Steve caiu
de barriga para baixo ao meu lado com a perna direita em cima de mim e com a mão
direita na minha boca. Eu olhei para ele desesperado e olhei para o lado e duas
estagiárias estavam agachadas a dois metros de distancia de onde eu estava
caído. Elas estavam chorando bem baixo. Eu olhei por toda a sala e havia outros
estagiários em baixo de algumas mesas, mas eram poucos.
- Shhhh – fez Steve pra mim ainda
apertando minha boca com sua mão. Logo eu ouvi passos pesados. E olhei por
baixo das mesas e vi dois pés vindo da sala de Steve. A pessoa estava calçada
com botas de borracha na cor preta.
As pernas usavam duas calças compridas
também na cor preta e ela deu alguns passos bem devagar para frente, mas de
repente parou e se virou e foi andando para dentro das salas.
- shhh – fez Steve para as
estagiárias perto de nós. E depois olhou pra mim. – cala a boca – falou ele
sussurrando e bem devagar tirando a mão da minha boca.
- o que está acontecendo? –
perguntei.
- um atirador – falou Steve.
- o que?
- cala a boca – falou Steve –
fiquem ai – falou Steve para as garotas.
Ele então foi até elas.
- fiquem calmas, ele não vai
machucar vocês.
Elas olharam para mim chorando.
Eu ainda deitado sem entender.
- quem é o atirador? – perguntei.
- Hunt – falou Steve abraçando as
duas garotas – fiquem calmas.
Um turbilhão de coisas vieram na
minha cabeça.
- ele veio nos matar – falei.
- shhh – falou Steve.
- eu vou me entregar – falei me
sentando bem devagar – eu vou me levantar e ir até ele. Vocês podem correr
enquanto ele...
- não – falou Steve – fica
quieto.
Meus olhos estavam pegando fogo.
Eu não queria dar uma de herói, mas era o que eu queria fazer. Era um
sentimento dentro de mim.
- Mike, quando eu disser você se
levanta bem devagar e nós dois vamos juntos até o outro lado da sala – falou
ele apontando para a outra ponta. – e entramos na escada de incêndio.
- tem certeza? – perguntei tremendo.
Eu tremia como se estivesse com frio.
Olhei em volta e consegui contar
12 funcionários embaixo das mesas e escondidos no canto espalhados pela sala.
- no três Mike – falou Steve.
- tudo be-bem, tudo bem – falei
me preparando para se levantar.
- um...
Eu olhei para os lados e respirei
fundo.
- dois...
Olhei para Steve e depois pro
chão e comecei a chorar. Minhas pernas tremiam.
- três – falou Steve e nós dois
nos levantamos e demos passos silencioso para que Hunt não nos ouvisse.
- eles estão aqui Hunt – gritou
um dos estagiários – por favor, pegue eles e nos deixe em paz.
- que droga – falou Steve agarrando
meu braço e me puxando para correr, nós corremos e Hunt apareceu e levantou uma
das mãos que estava com uma arma e deu um tiro, mas ele errou por pouco, as
garotas gritaram quando ouviram o tiro. Antes que ele desse outro eu e Steve
conseguimos abrir a porta e finalmente chegar à escada de incêndio e começamos
a descer.
Hunt com raiva olhou para o lado
e viu o estagiário que tinha gritado e mirou na cabeça e deu um tiro. Ele então
correu para a escada de incêndio.
As luzes eram automáticas e se
acendiam e apagavam quando alguém estava no ambiente. Teríamos que descer 18
andares o que dava 72 lances de escada. Steve e eu descíamos a escada de
incêndio com toda a velocidade, certa hora Steve pulou vários degraus e caiu de
mal jeito no chão. Eu voltei e o ajudei a se levantar.
- Mike, Mike, Mike – falou Hunt
chutando a porta e começando a descer os lances de escada.
- vamos Steve – falei.
- Mike, Mike, Mike, Steve, Steve,
Steve, Mike e Steve, dois cordeirinhos prontos para o abate – falou Hunt dando
uma risada. Nós ouvíamos os passos dele aumentando e ficando mais alto.
- eu não aguento mais – falei
parando – parece que tem algo cortando meu peito. – falei parando e me sentando
no chão de uma vez. Tinha dado câimbra na minha perna.
- vamos Mike – falou Steve me
puxando.
Eu me levantei e voltamos a
descer.
- vem aqui – falou Steve abrindo
a porta que dava no 11ª andar. Era o arquivo. Nós entramos e nos escondemos em
meio ás dezenas de prateleiras.
Eu fiquei á 6 prateleiras
distância dele.
Esperamos um pouco e logo ouvimos
Hunt chegar.
- vocês esqueceram a porta do
andar aberta – falou ele.
Steve colocou o dedo na boca para
que eu não falasse nada. Eu coloquei as duas mãos na boca e apertei. Tremia e
as lagrimas começaram a escorrer na minha mão. Steve então se levantou e
desapareceu entre as prateleiras.
De repente a sala ficou
silenciosa. Por alguns instantes eu não consegui ouvir o som de nada. Eu ouvi
os passos de Hunt na prateleira ao lado, mais alguns passos e ele me teria.
Hunt estava a alguns passos de
distância de me ver. Eu não tinha sofrido tudo o que sofri apenas para morrer
por causa de um babaca.
- Hey – gritou Steve – olha aqui
seu babaca.
Hunt então se virou e voltou
correndo atrás de Steve.
Me levantei e fui andando ao lado
da outra prateleira cheia de pastas de arquivos e eu corri rápido e ouvi
passos, mas era tarde para voltar e logo bati de frente com Steve.
- vem – falou Steve correndo em
direção a porta. A cada passo que dávamos chegávamos mais perto da porta.
Foi quando ouvimos um tiro e
Steve e eu tropeçamos em um monte de pastas no chão e caímos.
- azar o meu foi escolher o dia
em que só tem dois de vocês aqui – falou Hunt ao longe. – eu queria todos.
- levanta – falou Steve.
Me levantei e nós corremos para a
escada de incêndio e continuamos a descer desesperadamente os lances de escada.
Eu estava suando muito e meu peito pedia por ar e foi quando eu parei de correr
e me sentei no chão.
- temos que ir Mike – falou
Steve.
- vamos pensar um pouco.
- pensar no que? Vamos morrer se
não corrermos. – gritou Steve.
- Steve, você ouviu ele abrir a
porta?
- qual porta?
- a porta do 11º primeiro andar
para a escadaria.
- não.
- pois então – falei respirando
um pouco – ele foi de elevador. E se ele estiver esperando nos andares abaixo?
Apenas esperando nós dois darmos de cara com ele?
Ele então se apoiou na parece.
Ele também respirava ofegante.
- em que andar estamos? –
perguntei.
Steve olhou a placa que indicava
em cada lance.
- o próximo é o nono. – falou
Steve.
- no 6º andar fica o financeiro,
nós podemos nos esconder lá. Tem várias salas podemos nos trancar em uma delas
e esperar ele ir embora ou a policia chegar.
- boa ideia – falou Steve. – mas
nós vamos ter que usar a sorte. Ele pode estar em qualquer andar apenas
esperando.
- vamos ter que nos arriscar. –
falei me levantando.
- pronto? – perguntou Steve.
- pronto – falei.
Nós então começamos a descer as
escadas bem devagar e a cada porta que passávamos o medo nos corroía. Chegamos
ao 6º andar e ficamos encarando a porta.
- se ele estiver aqui já era -
falei.
- vamos lá – falou Steve
Ele abriu a porta e não tinha
ninguém. Nós ficamos aliviados e fomos até as portas do financeiro, mas todas
elas estavam trancadas.
- está tudo trancado – falei
forçando uma por uma.
Steve então abriu uma delas.
- vem aqui – falou Steve.
Fui correndo e nós entramos em
uma das salas. Steve escorou na parede eu fiquei agachado na frente dele.
- estou tão cansado – falei.
- si-sim. eu-eu também – falou
ele.
- estou suando muito – falei.
- nós vamos ter que sair daqui –
falou Steve.
- porque? – perguntei.
- por nada – falou ele se
levantando. – vai na frente – falou Steve.
Fui andando na frente e abri a porta. Quando
chegamos na recepção do andar nós vimos que o elevador estava em movimento.
- é ele – falou Steve.
- como você sabe? – perguntei.
- por que o prédio está isolado e
os policiais não subiriam de elevador. O marcador mostrava que ele tinha
entrado no 5º andar e o elevador começou a subir e passou pelo 6º e continuou
subindo.
- ele acha que nós subimos –
falou Steve – é nossa chance.
Nós dois voltamos para a
escadaria e começamos a descer as escadas correndo. Nós corríamos feito loucos.
Quarto andar, terceiro andar, segundo andar, primeiro andar...
- térreo – falou Steve atrás de
mim ele abriu a porta e nós chegamos ao andar vazio. Havia portas de vidro de
gigante que levava a saída. Nós fomos andando e eu vi Jack morto em cima do
balcão.
- Jack! – falei chorando.
- vem – falou Steve mostrando o
marcador do elevador – Hunt está descendo e já esta no quarto andar.
Nós corremos em direção á porta e
abrimos com todas as nossas forças nós olhamos em volta e havia uma área enorme
sem ninguém. Pessoas estavam atrás de faixas amarelas. Vários policiais miraram
para nós dois. Nós levantamos os braços.
Ás pessoas gritavam na rua. Eu
não sei porque, mas me senti aliviado e ao mesmo tempo cansado.
- limpa as minhas costas – falei
para Steve. – estou suando muito – falei olhando meu braço e o que escorria não
era suor. Eu vi o sangue pingando no chão e me senti tonto e fui caindo quando
Steve me segurou e com cuidado me colocou deitado no colo dele.
- eu estou sangrando? – perguntei fraco.
- sim – falou Steve – você deve
ter levado o tiro quando estávamos no arquivo, mas você não sentiu nada por
causa da adrenalina.
Os policiais vieram me ajudar e
outros policias especializados entraram armados no prédio.
- Mike! – gritou meu pai tentando
se aproximar, mas alguns policiais não deixavam.
Um deles jogou um cobertor em
mim.
- eu sou o pai dele – falou meu
pai empurrando os policiais e vindo até mim e se ajoelhando alisou minha testa.
- Feliz Halloween – Foi à última
coisa que eu disse antes de desmaiar.
Acordei no hospital. Eu olhei
para os lados e não tinha ninguém dentro da sala. Meu braço estava imóvel e
enfaixado. Eu tentei levantar, mas não consegui estava fraco. Eu não sabia o
que estava acontecendo.
- alguém por favor! – gritei.
Logo meu pai abriu a porta e
entrou. Logo atrás dele veio Steve.
- finalmente você acordou – falou
meu pai.
- que dia é hoje? – perguntei
assustado – por quanto tempo eu dormi?
Steve olhou para meu pai com a
cara série e meu pai não disse nada.
- quanto tempo? – perguntei.
- você dormiu durante sete horas
– falou Steve rindo.
- seu palhaço vai me matar do
coração. – falei respirando mais calmo – o que aconteceu com meu braço?
- você levou um tiro no braço –
falou meu pai. – eles fizeram uma cirurgia para remover a bala, fecharam a
ferida e enfaixaram seu braço para se recuperar.
Tentei mexer os dedos do braço
direito que tinha sido o atingido e consegui.
- você teve sorte – falou meu pai
– um pouco mais para a esquerda e você não conseguiria mover o braço com
perfeição.
- você se machucou Steve? –
perguntei.
- não.
- sorte teve ele pai – falei. –
Steve quando você viu que eu tinha sido baleado?
- quando entramos na sala no 6º
nadar e eu me sentei encostado na parede e você parou na minha frente. Eu vi
que você estava sangrando e tinha deixado um rastro de sangue no chão, mas eu
percebi que você não tinha visto e a adrenalina do corpo não deixou você sentir
dor então o jeito foi deixar você sem saber até que conseguíssemos chegar.
- obrigado por ter me salvo. –
falei.
- não foi nada, se quiser
espalhar por ai que sou um herói fique a vontade – falou Steve.
- o que Hunt foi fazer lá? Ele
foi pego?
- sim, ele foi pego. Ele tentou
se matar, mas não conseguiu.
- ainda bem, mas o que ele foi
fazer lá? Nos matar?
- Sim. O plano dele era matar
Você, Adam, Gray, Xavier, Vanessa e Eu.
- ainda bem que a viagem foi
remarcada para hoje – falei. – como uma pessoa consegue guardar tanto ódio em
tanto tempo?
- pelo que me parece ele já tinha
registros médicos de que não batia bem.
- ele matou quantos? – perguntei
lembrando de Jack.
- Jack, Kaylee, Spencer e Roward,
o estagiário que gritou. – falou Steve.
- coitado – falei.
- coitado? Ele disse para Hunt
nos matar. – falou Steve
- mesmo assim... imagina o que
ele não deve ter passado para ter feito uma coisa dessas? Ele deveria estar
assustado tanto quanto nós.
Todos nós ficamos calados.
- o pessoal que está em Nova
Iorque já sabe?
- Nova Iorque? O mundo inteiro
sabe do que aconteceu aqui. Foi como Columbine.
Nossos nomes estão em todos os canais de televisão. Eles ficaram sabendo
quase que na hora. Eles devem chegar em 1 hora mais ou menos. – falou meu pai
- e a audiência?
- foi remarcada para daqui a três
meses. – falou Steve
- ele escolheu logo o Halloween
para fazer isso.
- eu te disse. Ele não regula
bem, um psicólogo disse na TV que ele faria isso de qualquer jeito, encontraram
papéis na casa dele. Ele vem planejando isso há muito tempo, mas ele encontrou
uma motivação quando foi mandado embora. – falou Steve
- vamos ver o que o pessoal vai
dizer quando chegarem vão botar a culpa em mim – falei brincando.
- você é que não sabe. Adam ficou
louco quando soube do tiroteio. Queria até alugar um jato só pra chegar mais
rápido, mas o restante do pessoal conseguiu acalmá-lo e convencê-lo de que você
está bem.
- não quero muito drama, eu estou
bem. Ainda bem que foi só um tiro no braço.
- ainda bem – falou meu pai.
Antes que meu pai terminasse a
frase Adam entrou pela porta com Denny.
- Você está bem? – Perguntou ele
aparentemente perturbado.
- estou Bem – falei – só
machuquei o braço.
- oi Mike – falou Denny.
- oi – falei segurando a mão dele
e apertando.
- você quase me matou de susto – falou
Denny.
- não é Halloween? É o que
fazemos.
- podem nos deixar a sós, por
favor? – falou Adam.
Todos saíram deixando apenas nós.
Assim que todos saíram Adam veio até mim e me deu um beijo. Um beijo quente que
durou bastante tempo.
Ele segurou minha mão e deu um nas
costas.
- eu tive muito medo de te
perder. – falou Adam.
- sério?
- claro. Por que a pergunta? Eu
te amo Mike. Eu disse isso antes e vou dizer até o dia em que nós dois
estivermos pisando nessa terra.
- Eu também te amo – falei puxando
a mão dele e dando um beijo – onde estão todos?
- Gray e Xavier foram para a
empresa, todos vão ter que prestar depoimento sobre o que aconteceu, inclusive
você.
- que saco.
- eu sei, mas eu vou ficar ao seu
lado todo esse tempo – falou Adam.
- mas como você vai lhe dar com
isso? E sua esposa.
- Ninguém precisa saber. Eu disse
que não vou deixar minha esposa e eu não vou, mas nós dois sabemos á quem
amamos. Apenas eu e você. Essas sãos ás duas pessoas que precisam saber.
- OK – falei segurando forte a
mão dele.
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