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NOVA SAN DIEGO capítulo dez
em acreditei quando meu pai me
contou que Felix havia morrido. Sei que deveria me sentir triste, mas a verdade
é que estava feliz por ele finalmente ter seguido em frente.
- promete que vai voltar? –
perguntou meu tio me dando um abraço no aeroporto.
- prometo sim tio, muito obrigado
por tudo, por ter me hospedado por aguentar meus ataques.
- que nada, foi um prazer te ter
aqui – falou ele me abraçando outra vez.
- manda um abraço para o Leo, eu
me despedi dele antes de sair, mas manda um outro abraço mesmo assim.
- mando sim.
- dê um abraço na Gwen no Peter
na Katty e no Joe. Diz para eles que as condições a qual eu fui embora exigiram
que eu fosse rapidamente, mas diz que eu vou voltar.
- fica tranquilo, eles vão
receber essas mensagens.
- e você e meu primo tratem de
passar alguns dias lá conosco também.
- nós vamos sim, prometemos. –
meu tio então apertou a mão do meu pai – boa viagem para vocês – falou meu tio enquanto
entravamos para a sala de embarque. Lá nós esperaríamos o nosso voo.
- você podia ter me ligado pai,
não precisava ter voltado.
- queria te dar essa noticia
pessoalmente.
- estou tão chocado com essa
noticia e ao mesmo tempo tão feliz.
- você está feliz porque Felix
finalmente seguiu seu caminho.
- verdade – falei ansioso.
Ao entrarmos no nosso voo tratei
de me ajeitar na poltrona. Meu pai se sentou ao meu lado e começou a ler um
livro. Fechei os olhos e tentei dormir. Tínhamos um longo caminho pela frente.
Nós chegamos a San Diego ás 01:15
da manhã. Meu pai e eu fomos até a saída do aeroporto e esperamos por Adam. Ele
iria nos buscar.
- tenho que organizar o enterro
de Felix – falei sentindo um calafrio – tinha me esquecido disso.
- você não vai precisar… - falou
meu pai parando por alguns minutos.
- porque?
- porque… eu vou te ajudar –
falou ele com um sorriso passando o braço por trás de mim.
- obrigado pai.
- preciso conversar com você
antes de nós irmos.
- tudo bem – falei olhando para o
lado e vendo o carro de Adam se aproximar. O carro parou na nossa frente e Adam
saiu do carro vindo até mim.
- senti saudades – falou Adam
vindo até mim para um abraço e ele acabou dando um selo na minha boca.
- que saudades – falei
abraçando-o e devolvendo o selo.
- o que achou da noticia? –
perguntou Adam.
- o que achei? Fiquei triste no
começo, mas depois percebi que eu cumpri meu papel. Prometi deixar Felix vivo
até que se esgotassem suas chances e foi isso que aconteceu. Eu sei que agora
ele está em paz.
- que bom que pensa assim – falou
Adam se aproximando outra vez e beijando minha boca. Meu pai ficou nos
encarando, mas devolvi o beijo.
- só estou triste por ter que
organizar o enterro.
Adam deu uma olhada rápida para meu
pai e depois olhou para mim.
- verdade – falou Adam – estou
aqui se você precisar.
- ainda bem – falei entrando no
carro.
Adam estava nos levando em casa e
no caminho meu pai quis conversar comigo.
- filho eu gostaria de falar algo
para você antes de chegarmos em casa.
- o que?
- a Vanessa e eu estamos morando
juntos.
- sério?
- sim. Faz duas semanas, desculpa
não ter te contado antes, mas sabe como é, nós nem sabíamos se iria dar certo
então decidimos ficar um tempo juntos apenas como um teste e até agora tem
funcionado muito bem.
- que bom, eu fico feliz pelo
senhor.
- que bom filho – falou ele com
um sorriso.
- eu já disse isso pai, mas vou
dizer de novo: se existe uma pessoa que sempre me apoiou em tudo na minha vida
foi o senhor. Desde criança o senhor e a mamãe sempre foram às pessoas que me
deram forças em tudo o que eu fazia. Desde a escolha do meu sapato quando tinha
sete anos de idade até quando contei que era Gay. Pai o senhor pode largar o
emprego e ir casar com a Vanessa amanhã mesmo e eu vou te apoiar.
- obrigado filho você não sabe o
tanto que é bom um pai ouvir isso de um filho.
- e o senhor não sabe como eu me
sinto toda vez que me apoia em algo.
Comecei a pensar em Felix e no
pai dele. eles não tiveram um relacionamento tão bom quanto eu e meu pai temos
e não podia evitar de ficar um pouco triste com isso.
Adam nos deixou em casa e foi
embora. Assim que meu pai e eu entramos percebemos que Vanessa já estava
dormindo então não fizemos muito barulho.
- boa noite pai – falei antes de
entrar no quarto. Ele me deu um beijo no rosto e em seguida eu entrei para o
quarto.
Eu tomei um bom banho e assim que
me deitei meu celular tocou. Eu levei um susto, mas logo vi que se tratava de
Adam.
- boa noite – falei atendendo o
celular.
- boa noite – falou ele – não
podia ir dormir sem ligar para você antes
- que bom.
- eu não te acordei não… ou
acordei?
- não. Eu acabei de me deitar.
- que bom que finalmente está
aqui.
- também estou feliz por estar de
volta.
- Mike, espero que seu pai não
tenha achado ruim eu ter te beijado. Me desculpa ter feito aquilo na frente
dele.
- meu pai é de boa. E além do
mais depois do discurso que fiz dizendo que o amo duvido que ele me de bronca
por um tempo.
- que bom – falou Adam parando
por alguns segundos – vou deixar você dormir.
- é bom saber que a sua voz é a
última que vou ouvir antes de ir dormir.
- que bom que acha isso – falou
ele rindo. – boa noite.
- boa noite.
Depois de desligar o telefone
tive uma insônia. Primeiro pensei em Felix e depois em Adam. Fiquei pensando
que talvez eu estivesse apostando no cavalo errado. Adam era um traidor e se
nós nos relacionássemos e ele nunca parasse de me trair? Ele é heterossexual e
em minha opinião só está querendo ter uma aventura comigo. Ele pode achar que
me ama, mas na verdade só quer sexo e uma desculpa para terminar o casamento.
Foi com esse pensamento que eu
acabei adormecendo.
No dia seguinte eu acordei e tomei meu café da
manhã junto com Vanessa e meu pai. depois eu resolvi ir para meu quarto. Estava
ansioso e nervoso para ver Felix no hospital. E ele não saia da minha cabeça.
Eu olhei para o relógio na minha
cômoda e vi que ainda era 09h36min da manhã.
- que droga – falei olhando para
o teto.
Fiquei por um bom tempo pensando
em Adam e acabei chegando a conclusão de que Adam e eu nunca aconteceria de
verdade. Não como um casal. Talvez como namorados, mas nunca seriamos algo
sério porque ele continuaria me traindo.
Tinha dito que esperaria Felix
acordar e Adam disse para não esperá-lo, mas agora que Felix tinha falecido eu
tinha a chance de ser feliz e estava apostando todas as minhas fichas nele.
Será que seria a aposta correta?
Eu então me levantei e tive uma
ideia.
- eu vou até o hospital e
converso com alguém e eles com certeza vão me deixar ver Felix antes do horário
marcado afinal talvez eu conseguisse vê-lo antes que fizessem a autópsia.
Desci as escadas.
- pai! – gritei descendo.
- o que foi filho?
- eu acho que vou visitar o Adam
no trabalho, tudo bem?
- tudo bem.
- eu vou almoçar por lá mesmo e
como o Gray está trabalhando nós vamos de lá para o hospital.
- entendido – falou ele dando um
beijo no meu rosto – até a noite – falou ele.
- até.
Peguei um taxi e pedi que ele me
deixasse em frente ao hospital. depois de uma viagem que pra mim durou horas eu
cheguei ao hospital. eu peguei a viagem e cheguei ao hospital.
- bom dia – falei chegando a
recepcionista – um amigo meu faleceu nesse hospital ontem e eu gostaria de
saber se posso vê-lo e me despedir antes que autópsia seja feita.
- qual o nome dele?
- Felix Lawson Conroy
A recepcionista deu uma olhada e
depois fez uma cara estranha.
- me perdoe, mas tem certeza que
é esse o nome?
- tenho, porque?
- aqui diz que esse paciente
faleceu a três semanas. Ele provavelmente já deve estar até enterrado.
- três semanas? Tem certeza de
que não olhou o arquivo errado?
- não. É esse mesmo. O paciente
que estava em coma a anos.
Não estava entendendo. Se Felix
tinha morrido a três semanas porque eu só fiquei sabendo disso ontem? Foi então
que percebi que era isso que meu pai queria conversar comigo. Felix tinha
falecido a muito tempo e eles provavelmente ficaram com medo da minha reação e
esconderam de mim. Essa é a pior coisa que eles poderiam ter feito. Fiquei com
muita raiva e me afastei da recepção sem dizer mais nenhuma palavra.
Assim que eu deixei o hospital eu
peguei um taxi.
- onde quer ir? – perguntou o
taxista.
- me leve ao centro comunitário.
- você é que manda – falou ele.
Depois do centro comunitário eu
peguei um taxi para ir até a “Partners Advocacy”. Eu precisava conversar com
Adam. Assim que cheguei eu pedi que o porteiro dissesse que eu estava subindo e
Adam disse que eu podia subir que ele não estava com cliente no momento.
Eu entrei no elevador e apertei o
botão do vigésimo andar. Logo que cheguei à recepção vi uma loira. “ele com
certeza já transou com ela” – pensei em minha mente.
- bom dia – falou ela sorrindo –
eu vim ver o Adam.
- tem hora marcada?
- oi Mike – falou Adam abrindo a
porta e assim que me viu veio até mim e me deu um selinho na boca.
- Kelly, se alguém aparecer diga
que estou em reunião e não me passe nenhuma ligação.
- tudo bem – falou ela.
Nós entramos na sala dele e ele
me abraçou e nós demos um beijo.
- senti sua falta – falou ele
sorrindo. Ele me deu um beijo e sua barba fez cosquinhas.
- também senti a sua, mas nós
precisamos conversar.
- sério? Não podemos apenas nos
sentar e ficar nos beijando.
- sim. E é sério.
- ok – falou ele me soltando.
Nós então nos sentamos em um dos
sofás que ele tinha na sala dele.
- o que é tão sério?
- primeiro de tudo é que eu já
sei que Felix morreu a três semanas e vocês não me disseram.
- olha Mike me perdoa por não
ter…
- em segundo lugar… acho que nós
não devemos ficar juntos Adam.
- o que? porque?
- porque sim Adam. Você não é
gay.
- eu acabei de te beijar na
frente da minha assistente.
- e aposto que antes disso você
transou com ela.
- do que você está falando Mike?
- o fato não é você ter transado
com sua assistente, mas o fato de você não se aceitar.
- porque está dizendo isso?
Pensei que estávamos acertados quanto a isso?
- isso foi antes de saber que
Felix morreu a três semanas e você escondeu de mim.
- Mike eu não queria.
- não existe desculpa para isso
Adam. Estou com raiva do meu pai, mas posso perdoá-lo afinal ele é meu pai, mas
eu esperava que pudesse ter você me defendendo. Você devia ter me contado.
- me desculpe, mas fiquei com
medo de que você não aceitasse bem.
- ótimo, você fez sua escolha e
eu estou fazendo a minha. Nós nunca ficaremos juntos. Estamos acabados.
Ele não respondeu nada e apenas
olhou para baixo. Me virei para ir embora e Adam segurou meu braço forte, me
virou e deu um beijo na minha boca.
- eu te amo – falou Adam entre um
beijo e outro.
- não faz isso – falei empurrando
ele – você nunca vai deixar sua esposa Adam. Você deixou isso bem claro.
- por favor, me perdoe.
- eu te perdoo, mas não significa
que podemos ficar juntos ou que não estou com raiva.
- OK – falou Adam decepcionado.
Ele agora nem olhava para mim. Acho que tinha partido o coração dele. Já que
ele estava triste decidi dar de uma vez a última noticia
- vou me mudar Adam – falei de
uma vez.
- o que? – perguntou ele confuso.
- vou me juntar em um grupo de
trabalho voluntário no exterior – falei terminando de colocar a gravata nele –
eu vou me mudar para o continente Africano para ajudar pessoas na África do
Sul. Vou canalizar minhas forças em algo que realmente valha a pena. Eu não vou
encontrar um amor de verdade então vou para a lá.
- você é louco Mike? Quer dizer…
é um ato muito bonito, mas você não pode desistir de sua vida por esse motivo.
Não importa o que aconteceu com Felix.
- eu já me decidi – falei
sorrindo – fique feliz por mim, eu não vou ficar infeliz. Estou feliz por tudo
estar se resolvendo com o tempo e eu acho que minha vida vai se completar se eu
for à luta para ajudar outras pessoas.
- vou sentir sua falta – falou
Adam triste.
- também vou sentir a sua – falei
terminando de vestir a minha roupa – se sinta importante, você é a primeira
pessoa a saber.
- você viaja quando?
- no fim do mês. Antes de vir
aqui eu passei no centro comunitário e me inscrevi no programa.
- estaria mentindo se dissesse
que estou feliz por você porque não estou – falou ele me abraçando e me dando
um beijo no rosto – vou sentir sua falta.
Nós então saímos da sala e ele
apertou o botão do elevador para mim e assim que ele chegou Adam me deu um
beijo na boca.
- viu só? Sou hetero e não tenho
medo de te beijar na frente de outras pessoas.
- você é uma ótima pessoa Adam,
mas não acho que esteja no nosso destino ficarmos juntos.
- vou sentir sua falta – falou
ele me dando outro selinho – espero te ver de novo antes de ir viajar.
- você verá – falei quando a
porta do elevador se fechou.
Não aguentaria estar em San
Diego. Não aguentaria estar em nenhum lugar desse pais porque o único homem que
me amou de verdade estava morto. Felix havia morrido e eu não me despedi. Gosto
de Adam, mas ele tinha me decepcionado. A África era a minha maneira de fugir
dos problemas.
“Um ano sem você, achei que eu
fosse esquecer, quatro anos sem você e eu ainda não consegui te superar”. –
falei pensando em Felix. Não tive a chance de me despedir de Felix e estava
decidido. Esse mês era meu último em San Diego.
Me recusava a falar sobre Felix
com meu pai. Disse que o assunto estava encerrado e que não queria mais falar
sobre isso. Havia perdoado ele sobre a mentira. Decidi então contar a todos o
que eu havia decidido e foi por isso que eu marquei um jantar na minha casa. Tinha
convidado Gray, Xavier, Adam, Stephen e Denny. Iria contar para todos que em
menos de vinte e dois dias viajaria para a África.
Meu motivo podia não ser dos mais
nobres, afinal estava fugindo de tudo. Não aguentava mais viver na sombra de
Felix. Tudo o que olhava me lembrava ele. Todos os homens que estiveram comigo
depois dele me lembravam ele. O amor realmente não estava ao meu favor e que se
dane a porcaria do carma que me daria uma recompensa, estava demorando demais e
eu não estava disposto a viver uma vida de sexo sem sentido.
Era sempre a mesma coisa, eu
ficava com tesão, fazia sexo e depois sentia um vazio dentro de mim. Estava
literalmente me arrependendo de fazer sexo porque o sentimento que me possui
depois era um sentimento ruim como se minha vida não valesse nada depois da
gozada. Depois de uns três dias arrependido eu começava a ficar com tesão e o
ciclo se se repetia. Isso não iria mudar a não ser que eu ocupasse minha mente
com outras coisas. Parece que quando Felix morreu ele levou minha essência de
viver. Só deus sabe o quanto eu amei aquele homem. Eu não tinha motivos para viver,
não tinha sonhos, nem vontades nem desejos. Era um ser humano sem utilidade
nasce mundo. E isso iria mudar no momento que eu viajasse.
Acordei naquela manha de
sexta-feira animado. Realmente a viajem estava me dando uma nova perspectiva de
vida.
- bom dia – falei descendo as
escadas. Meu pai estava sentado lendo seu jornal e Vanessa estava sentada ao
lado dele tomando café da manhã.
- bom dia – falou meu pai me
dando um beijo no rosto.
- bom dia – falou Vanessa com um
sorriso – parece que alguém acordou feliz.
- sim, estou animado para o
jantar e o anuncio que eu farei.
- estou ansioso por esse anuncio
– falou meu pai.
- fiz seu café da manhã – falou
Vanessa.
- obrigado – falei me sentando em
frente às panquecas que pareciam deliciosamente saborosas. Eu comi todas elas
com mel e chocolate.
- vou trabalhar – falou meu pai
dando um beijo na boca de Vanessa.
- também já vou – falou Vanessa.
- até a noite gente, por favor
não se atrasem.
- tudo bem filho – falou meu pai
me dando um beijo de despedida. – você que vai fazer o jantar?
- eu mesmo.
- amor, é melhor nós nos
encontrarmos em um restaurante antes de vir – falou meu pai para Vanessa.
- muito engraçado pai, mas
lembra-se que o senhor é só mais um convidado e eu posso desconvidar e te
obrigar a ficar dentro do quarto todo jantar.
- não está mais aqui quem falou.
- até mais – falei mandando beijo
para os dois.
Os dois foram trabalhar e depois
que tomei o café da manhã comecei a arrumar a cozinha e foi quando eu ouvi o
meu celular tocando lá no alto.
Eu sai correndo e consegui atender
o celular antes que ele parasse de tocar. Era um número desconhecido.
- alô.
- oi, eu estou falando com o
Mike?
- é ele. Quem fala?
- é o Dean.
- quem?
- meu nome é Dean e você não me
conhece.
- porque deveria te conhecer?
- porque sou amigo de Felix. Eu
sei sobre vocês dois. Ele me contou quando estava vivo.
Felix havia contado para alguém
sobre nosso relacionamento.
- oi Dean.
- tudo bem com você Mike?
- tudo ótimo e você?
- estou bem.
- porque está me ligando?
- queria saber se você quer ir ao
cemitério visitar Felix.
- porque se importa com isso?
- eu sei o que aconteceu. Você
não teve a chance de se despedir de Felix.
- não sei se quero ir.
- veja Mike, Felix me fez
prometer que se por acaso ele morresse em serviço eu faria você visita-lo mesmo
que isso te machucasse.
- não sei…
- não faça isso por mim, faça
isso por Felix
- tudo bem. Que horas você vai?
- se você puder me encontrar
daqui uma hora em frente ao cemitério.
- posso sim.
- tem certeza? Eu não quero te
atrapalhar.
- tenho sim. Pode me esperar.
- até daqui a pouco – falou ele.
- até – falei desligando o
celular.
Troquei de roupa rápido e chamei
um taxi que me deixou em frente ao cemitério. Ao pagar a corrida e sair do taxi
vi um homem com o uniforme da policia parado. Por alguns instantes ele pareceu
Felix, mas ao me aproximar vi que se tratava de outra pessoa.
- bom dia – falou o homem me
dando um aperto de mão.
- bom dia – falei com um sorriso
–você é Dean?
- Dean Pepper – falou o homem
apontando para o nome no uniforme.
- Ok – falei respirando fundo.
- vamos entrar – falou ele
entrando primeiro.
Nós então entramos no cemitério e
fomos andando.
- esse lugar me dá arrepios.
- concordo – falou Dean – muitas
pessoas morrem todos os dias e esse lugar ficou cheio.
- você sabe onde ele está
enterrado?
- sim – falou Dean.
Nós então seguimos em silêncio.
Depois de seguirmos por um caminho praticamente reto paramos em frente a um
túmulo.
FELIX LAWSON CONROY
MARIDO AMADO, PAI DEDICADO
1965 – 2013
- eu nem me lembrei de trazer
flores – falou Dean.
- eu também não, mas de qualquer
jeito não vai fazer diferença, Felix odiava flores. Na verdade ele era alérgico
a maioria delas.
- então não vai fazer mesmo
diferença – falou ele.
Nós ficamos em silencio por
alguns segundos e eu tirei algumas folhas secas de cima da lápide dele.
- três semanas e o túmulo parece
o túmulo da minha avó.
- cemitérios são tão mórbidos –
falou Dean.
- é por isso que odeio vir a
cemitérios. Nem tive coragem de ir ao enterro da minha mãe e eu me arrependi
disso. Agora tudo se repete, mas dessa vez não tive escolha.
- vocês se amavam muito. Felix
não conseguia citar seu nome sem dar um sorriso antes.
- eu o amava mais do que minha
própria vida. De fato eu levaria uma bala por ele – falei limpando meus olhos.
As lágrimas eram inevitáveis.
- ele está em lugar melhor.
- é o que dizem.
- você não acredito no paraíso?
- as vezes.
Olhei para a lápide dele outra
vez.
- daqui a alguns dias eu vou
viajar para a África.
- a passeio?
- não. Entrei em um programa de trabalhadores
voluntários.
- sério? Tem certeza mesmo que
quer ir?
- sim. E pra te dizer a verdade o
Felix é o motivo de eu ir. Não aguento mais ter o legado dele em volta de mim.
Ele me assombra em todos lugares e todas as pessoas que eu conheço.
- não tome decisões precipitadas
– falou Dean – quem sabe você não consegue superá-lo.
- já se passaram quatro anos e a
dor é a mesma. Fiquei de luto todos esses anos mesmo ele estando em coma no
hospital. Agora que ele se foi é como se nada tivesse mudado. Não importa o
quanto eu tente fugir das lembranças dele. Ele me assombra outra vez.
- ok – falou Dean olhando para a
lápide também – mas antes de ir procure pensar melhor nessa decisão.
- eu vou tentar. Prometo. É muito
doloroso pra mim porque já me decidi.
- ok – falou Dean – respeito sua
decisão e te digo que é uma péssima idéia, levando em consideração os seus
motivos.
- você não pode me dizer o que
fazer – falei respirando fundo – sem ofensa.
- tudo bem -falou ele com um sorriso – digo isso porque
Felix gostaria de saber que eu estou cuidando do garoto dele.
- OK – falei olhando para ele –
as vezes esqueço que você perdeu um amigo.
Nós ficamos um bom tempo apenas
olhando a lápide e depois de uns vinte minutos decidimos ir embora.
Ao chegar na porta do cemitério
ele chamou um taxi para mim e logo o taxi chegou.
- então é isso – falou ele – foi
um prazer te conhecer Mike.
- igualmente – falei apertando a
mão dele.
- eu tenho seu número e você tem
o meu. Se um dia quiser conversar é só me ligar.
- obrigado – falei entrando no
taxi – até mais.
- até – falou ele acenando enquanto
meu taxi se afastava.
Foi bom visitar Felix, pensei que
seria ruim e que quando pisasse no cemitério eu desabaria, mas a verdade é que
a presença de Dean ajudou um pouco.
Por volta dás 18h00min eu já
comecei a fazer o jantar. Eu arrumei toda a mesa de jantar.
Por volta dás 20h00min chegou a
primeira pessoa. Meu pai Stephen foi o primeiro a chegar.
- oi filho – falou ele quando eu
abri a porta. – por sorte não havia uma legião de fotógrafos atrás dele.
- oi pai – falei abraçando ele –
senti sua falta, que bom que pode vir ao jantar.
Ele me deu um beijo no rosto e eu
o mandei entrar.
- eu fui o primeiro?
- foi sim senhor – falei tirando
o terno dele e pendurando no cabide.
Logo alguém ligou no interfone.
- é só um chegar e todo mundo chega
– falei indo até a porta.
- vamos entrando – falei saindo
frente para que Adam, Xavier e Gray entrassem.
Depois de poucos minutos Denny
chegou, dessa forma todos os convidados estavam lá. Durante o jantar todos
elogiaram minhas habilidades culinárias.
- viu pai, o senhor fica curtindo
com a minha comida e todo mundo gostou.
- eu paguei pra todo mundo mentir
– falou meu pai Larry.
- você não vai estar fazendo
piada depois que eu der uma noticia – falei fazendo todos prestarem atenção em
mim – A única pessoa que sabe é o Adam.
- fui a pessoa privilegiada a
saber primeiro – falou Adam levantando a taça de champanhe e tomando ela toda
de uma vez – façam o mesmo porque vocês vão precisar – falou ele olhando fixo
para mim.
- organizei esse jantar com todas
as pessoas que me ajudaram muito esse ano, que sempre estiveram comigo e
fizeram parte da minha vida porque vocês significam muito para mim.
- esqueceu do Roman – falou meu
pai Larry – ele fez parte da sua vida.
- quer saber? vou falar logo de
uma vez: aproveitem o jantar porque no fim desse mês eu estaria viajando para
Serra Leoa na África. Eu me inscrevi como voluntário para ajudar os pobres e eu
não planejo voltar tão cedo.
Todos fizeram silêncio quando eu
disse isso.
- eu avisei que precisariam da
taça de champanhe – falou Adam.
- e então? Não vão me
parabenizar?
- o que vocês está pensando? –
perguntou meu pai Larry. – você vai viajar para África? E me diz isso agora?
- claro, porque devia dizer
antes?
- Mike isso é sério – falou meu
pai.
- eu sei pai, estou falando
sério. Não tenho propósito de vida vivendo nos Estados Unidos e eu percebi que
vou ser mais útil lá. O senhor não vai me apoiar?
- eu te apoiei a vida inteira e
hoje vai ser a primeira vez que eu não te apoio. Não vou apoiar o meu filho a
ficar não sei quantos milhões de quilômetros de distancia de mim por causa de
uma crise existencial.
- não é só uma crise existencial
pai. é meu propósito de vida.
- desde quando?
- desde… não importa pai. Eu já me
inscrevi e vou partir no dia quatro.
- pelo amor de deus Stephen –
falou Larry se levantando – conversa com o seu filho – meu pai saiu da sala de
jantar e subiu as escadas.
- eu não sei o que dizer Mike,
quer dizer… o motivo é nobre e o que você está pensando em fazer é lindo, mas
não está fazendo pelos motivos certos. Você não pode simplesmente fugir daqui
só porque não tem um propósito. E se você se arrepender? – falou Stephen –
quando você tem propósito de vida, qualquer lugar se torna especial. Se você
não tem propósito de vida aqui, também não terá propósito de vida na África e
em nenhum lugar do mundo.
- o que há de errado com vocês? O
que estou fazendo é algo bom.
- é bom sim Mike – falou Adam –
mas não é o que você quer da vida. Isso não é uma escolha do dia pra noite. Se
você tivesse planejado com mais tempo talvez fosse mais fácil para todos
aceitarem.
- mas é o que eu quero. Não
importa o motivo. Pensei que todos vocês fossem me apoiar mesmo que eu
estivesse fazendo a escolha certa.
- nós te apoiamos – falou Gray –
só que também estamos dizendo que talvez você deva pensar um pouco mais se é
isso mesmo que você quer.
- não nos leve a mal – falou
Xavier – é só que sabemos como você já sofreu não queremos que você se
arrependa de uma escolha.
- eu sei que a intenção de vocês
é a melhor de todas, mas vocês podiam me apoiar e dizer tipo: será ótimo.
- converse com seu pai – falou Denny.
- tudo bem – falei me levantando,
mas vocês ficam aqui e terminam de jantar porque eu tive um trabalho danado pra
fazer comida para esse “time de futebol”.
Subi as escadas e fui até o
quarto do meu pai e abri a porta.
- porque você me odeia? –
perguntou meu pai quando eu abri a porta.
- eu não te odeio pai.
Meu pai estava deitado na cama
dele olhando para o teto.
- então porque quer ficar longe
de mim? Não é como se viajasse para New Hampshire com seu pai Stephen ou
Shelbyville com seu tio Roger. Você vai realmente viajar para fora do país.
Eu fechei a porta do quarto e fui
até a cama e me deitei do lado do meu pai.
- ei preciso que o senhor aceite
pai ou eu não vou conseguir ir sabendo que o senhor vai ficar chateado.
- então é isso. se o único jeito
de você não ir é se eu ficar chateado é isso que vai acontecer.
Nós ficamos em silêncio por um
bom tempo até que finalmente eu decidi contar.
- pai, eu me apaixonei por um
homem casado há quatro anos atrás. Esse homem era policial e infelizmente ele
morreu. pai eu amava tanto ele eu ainda o amo. Ele era casado porque o pai o
obrigou sobre tortura e tudo o que tivemos foi um romance de dois anos sendo
que o que eu queria era uma vida inteira ao lado dele. eu não aguento mais
viver aqui pensando nele porque tudo o que consigo é sexo, sexo e sexo. Eu
nunca mais vou conseguir um relacionamento saudável se eu não sair desse lugar.
Meu pai ficou calado e não disse
nada.
- porque nunca me contou isso? –
perguntou meu pai depois de alguns minutos de silêncio.
- eu nunca contei isso para
ninguém pai. Me dói muito pensar nele. O relacionamento que nós tínhamos era
como o do senhor e o da mamãe. Nunca vi um amor mais lindo.
- sinto muito filho – falou meu
pai.
- então, será que posso conseguir
o seu apoio?
- fazer o que né? Dizer adeus é
parte do trabalho de ser pai.
Eu então dei um abraço nele.
- obrigado pai, não sabe o quanto
isso significa para mim.
- promete que vai me ligar sempre
que puder?
- prometo – falei me sentando na
cama – nós vamos sempre nos contatar nem que seja por carta, e-mail sei lá.
- tudo bem – falou meu pai se
sentando na cama.
- vamos lá então terminar de
jantar?
- vamos – respondeu meu pai.
Nós descemos as escadas e
terminamos o jantar e logo em seguida alguns foram beber e outros foram arrumar
a cozinha. Ninguém me deixou arrumar a cozinha porque eu já tinha feito o
jantar. Fiquei lá na sala conversando com Adam, Denny, Gray e Xavier.
- fico feliz por você – falou Denny.
- obrigado.
- gostaria de ter coragem para
fazer uma escolha tão corajosa.
- sim – respondi mentindo. Sabia
muito bem que a motivação disso tudo não era coragem e sim desespero. Um
desespero incessante para esquecer de vez aquela minha vida.
Depois das 23h30min todos começaram
a se despedir para irem embora. Eu agradeci a presença de todos e logo todas se
foram exceto meu pai Stephen que dormiria na minha casa. Apesar de tudo tinha
sido um dia perfeito e o jantar tinha um sucesso. Agora eu só aguardava a
viagem.
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Supreendendo sempre, Parabens!!!
ResponderExcluirobrigado
ExcluirSem palavras pra comentar, poste o outro logo por favor, kkkkk. Está muito bom Cormick. Muito bom. :3 <3
ResponderExcluirAss: o real Baby Grows.
Obs: curiosidade enorme em te conhecer pessoalmente e falar não só de suas estórias, mas sim, de qualquer coisa que tu quiser. (Kkkkkkkkkkk)
valeu Baby Grows! Passa seu whatassp se tiver ou então seu face!! Não se preocupe, não vou publicar ;)
ExcluirPoxa tbm queria manter contato com vc... cvs.. eu acho vc muuuuuuiiiiitoooo inteligente
ResponderExcluirAss Alanis ☆