ESTOU Á CAMINHO capítulo quinze
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ooper voltou para Boston e ele estava já acertando
com Freddy os últimos detalhes da venda do restaurante. Cooper já havia até
encontrado o lugar perfeito. Estava morando outra vez com Adam, pelo menos até
encontrarmos um lugar maior. Adam estava no trabalho e ele devia pegar as
crianças na escola afinal era sexta-feira e elas passariam o final de semana
conosco, mas ele me ligou avisando que estava em reunião e eu acabei ficando
com esse papel. Parei um pouco de escrever meu livro e assim que o relógio
marcou ás duas e meia da tarde, chamei um taxi.
Ao chegar na porta do colégio,
coloquei meus óculos escuros e comecei a passar o tempo fazendo alguns
trabalhos no celular, como por exemplo procurando por colaboradores para o meu
abrigo para animais. Depois que criei um site para que as pessoas se
voluntariassem o meu sonho começava a tomar forma. Doações eram feitas e
patrocinadores começavam a aparecer. Quando deu o horário as duas me viram e
vieram até mim.
- oi tio Mike – falou Jullie
vindo com um abraço.
- oi meu amor – falei segurando
na mão dela. Christian veio logo atrás.
- tudo bem com você Chris?
- estou sim – falou ele com um
sorriso segurando em minha mão.
- o papai não pode busca-los, mas
ele mandou dizer que hoje a noite vamos comer pizza, refrigerante e sorvete.
Tudo o que vocês quiserem.
Os dois sorriram e eu não. Vi
alguns fotógrafos vindo em nossa direção tirando fotos.
- Mike, é verdade que você e o
governador Stephen tinham um caso?
- o que? – perguntou um dos
fotógrafos.
- de onde tirou isso?
- você não soube? Ele acabou de
fazer um pronunciamento dizendo ser homossexual.
- sério?
- você não parece surpreso –
falou um repórter com um gravador se aproximando – podemos levar isso como uma
confissão do caso de vocês?
- nós não tínhamos caso.
- a esposa está ao lado dele, ela
afirma saber a um bom tempo e ficou ao lado do marido: disse que foi uma mulher
compreensiva e que vai apoiá-lo até o fim.
- fico feliz por eles – falei
tentando passar – será que poderiam respeitar meu espaço? Estou com duas
crianças.
Mais uma vez a mídia transforma a
minha vida e a de todos em um circo. Era como se fôssemos animais presos em
jaulas obrigados a serem exibidos para o show particular dos pervertidos.
Depois de muito pedir finalmente consegui me afastar deles e entrar em um taxi.
Ao chegar em casa, botei as
crianças para tomar banho e liguei para Cooper.
- oi amor – falou ele atendendo
no segundo toque.
- oi Cooper, tudo bem com você?
- estou sim e com você? Fiquei
sabendo que seu suposto pai finalmente soltou a bomba.
- estou bem… é claro que alguns
fotógrafos e repórteres apareceriam, mas isso eu já estou acostumado. Já
conhece seus passos e danço conforme a música, mas sem perder o ritmo.
- que bom que está bem.
- e você? Como andam as
negociações?
- ótimas. Vamos assinar o
contrato amanha.
- ele não ficou com raiva? Quer
dizer… você praticamente o intimou: ou compra ou compra.
- somos amigos, ele não se
irritou.
- que bom.
- os filhos de Adam estão ai?
- sim. Cheguei agora a pouco e
coloquei eles para tomar um banho.
- Adam me disse que eles não
queriam ir.
- verdade. Deve ser coisa da
ex-esposa dele. No mínimo ela fica fazendo a cabeça deles. Fiquei sabendo que
ela já tem outro. Espero que ele seja pelo menos, bom para as crianças.
- bom… agora vou trabalhar . Vou
aproveitar e ajudar aqui o máximo que puder.
- um beijo e até na próxima
semana.
- um beijo, um abraço. Te amo.
- também te amo – falei mandando
beijo e desligando o celular.
Depois do banho tomado, coloquei
as crianças para assistir TV enquanto esperávamos pelo pai. Notei que Christian
tinha se afastado um pouco de mim ultimamente. Jullie continuava a mesma, mas
notei que ele tinha mudado um pouco. Tentei não interferir e deixar que Adam
conversasse como ele sobre isso. Decidi agir normalmente.
Por volta dás oito Adam chegou em
casa.
- boa noite – falou ele indo até
as crianças.
- papai – gritaram os dois
pulando em cima dele para um abraço.
- oi meus amores – falou ele se
sentando no sofá com os dois no colo. Ele encheu os dois de beijos.
- como foi seu dia no trabalho? –
perguntei me sentando mais próximo.
- foi um bom dia – falo eu ele
olhando para mim e me dando um selinho na boca – deixa o pai ir tirar essa
roupa – falou ele se levantando.
Fui atrás dele e assim que
entramos no quarto fechei a porta.
- senti sua falta – falei
abraçando-o e sentindo o cheiro do perfume dele.
- também senti a sua – falou ele
me abraçando – não precisa ficar cheirando minhas camisas quando chego em casa,
não estou te traindo.
- você não pode me culpar por
fazer isso.
- claro que não – falou ele
desabotoando os primeiros botões – você se consegue sentir cheiro aqui – falou
ele afastando a camisa. Me aproximei, senti o cheiro e dei um beijo.
- realmente você está limpo –
falei rindo.
- tem outro lugar onde pode ter
cheiro.
- seus filhos estão logo ali –
falei abrindo a porta.
- o que aconteceu de bom hoje? –
perguntou ele enquanto tirava a roupa e entrava no banheiro.
- você ficou sabendo que Stephen
finalmente se abriu?
- vi algumas pessoas comentando
durante o almoço.
- pois é. Pensei que ele tinha
coragem, mas parece que estava errado.
- falou com o Cooper hoje?
- sim. Um pouco antes de você
chegar.
- ele está bem?
- sim. Disse que chega semana que
vem.
- ok.
- vou deixar você tomar seu banho
em paz. Vou esperar lá fora – falei saindo do quarto.
Depois de jantarmos assistimos um
pouco de TV, mas Adam logo me cutucou.
- não aguento mais. Vou me
deitar.
- pode ir – falei beijando sua
boca.
- papai já vai dormir – falou ele
se despedindo das crianças.
- boa noite papai – falou
Christian.
- boa noite meu filho – falou ele
para Christian e em seguida para Jullie.
- boa noite pai – falei brincando
para Adam.
- você não vem?
- eu sei que está tarde – falei
olhando no celular. Era quase onze da noite – mas vou esperar o filme acabar e
além do mais as crianças não parecem nem um pouco cansadas.
Adam foi se deitar e eu continuei
assistindo TV com as crianças. Cartoon Network era o canal favorito dos dois e
se dependesse deles ficariam a noite toda. Não queria ser o tio chato então
decidi deixar eles assistindo até quando quisessem.
O relógio marcou meia noite
quando comecei a cochilar. Levei um susto com o meu celular. Uma mensagem
enviada por Cooper havia chegado.
“SURPRESA, ESTOU AQUI EM BAIXO”.
Cooper havia chegado e estava lá
em baixo no prédio.
“ESTOU A CAMINHO”
Respondi me levantando.
- onde você vai? – perguntou
Jullie.
- o tio Cooper está lá em baixo.
Vou busca-lo.
- não deixa a gente sozinho –
falou Christian. Os dois se levantaram.
- ok. Vocês estão assustados.
Então venham comigo, mas coloquei uma roupa de frio porque lá fora está
congelando – falei indo até a porta. Depois que estavam todos bem agasalhados
descemos pelo elevador e assim que chegamos a portaria logo já achei aquilo
tudo muito estranho. A portaria estava vazia.
- Cooper? – falei na portaria
olhando para o escuro dos dois lados.
- onde ele está? – perguntou
Jullie.
- ele devia estar aqui – falei
pegando o celular para mandar uma mensagem, mas logo ouvi um resmungo.
As crianças me abraçaram e eu
procurei pelo barulho e ao olhar por cima do balcão dentro da sala da portaria
vi Bart deitado no chão com as mãos amarrados e a boca com um pano amarado.
- Bart! – falei assustado –
garotos fiquem aqui na porta – falei entrando na sala deixando ele na entrada.
Me abaixei para desamarrar as
mãos e os pés. Estava ofegante e assustado com tudo.
- você está bem? – perguntei
quando tirei a amarra da boca.
- estou – falou ele colocando a
mão na testa. Agora eu via que alguém o tinha acertado.
- quem fez isso com você?
- não sei. A última coisa de que
me lembro é de ver o vulto de três homens.
Olhei para trás nesse momento
procurando pelas crianças e elas haviam desaparecido da entrada.
- meu deus – falei saindo rápido
de lá e gritando por elas – Jullie! Christian! – falei tremendo. O frio e a
tensão me dominaram.
- vou chamar a policia – falou
Bart pegando o telefone.
- “socorro” – ouvi a voz de
Jullie gritando ao longe. Sai pela portaria e olhei para o lado direito da rua
e vendo ela caída sentada no chão. Corri na direção dela e ao chegar vi que ela
estava chorando.
- está tudo bem – falei me
abaixando tentando ajuda-la.
- tio Mike – falou ela assustada.
A última coisa que senti foi uma pancada forte na cabeça.
Abri os olhos devagar e senti uma
dor forte na cabeça. Senti o chão nas minhas costas e minhas pernas no ar. Meus
braços estavam para trás e queimavam um pouco. Agora percebi que estava sendo
puxado pelos pés na calçada. Olhei em volta com a visão ainda embasada e vi que
se aproximava de uma vã preta. Christian e Jullie estavam sendo carregados por
dois homens encapuchados logo a minha frente.
- o que… - falei olhando para o
céu – o que está acontecendo.
- ele acordou – falou um dos
homens quando chegamos ao lado do veículo.
- isso é um sequestro – falou um
dos homens colocando as crianças dentro da vã. Só agora percebi que a vã estava
disfarçada como se fosse de uma empresa de entregas.
- se tentar fugir, está morto –
falou o homem que me puxava jogando minha perna no chão e pegando uma arma.
- tudo bem. Não nos machuque –
falei me levantando a medida que ele me ordenava.
- entra – falou ele dando uma
coronhada na minha cabeça. Eu entrei e senti algo escorrendo na parte da trás
da minha cabeça.
Jullie e Christian choravam.
- eu tenho dinheiro – falei
abraçando os dois.
- seu dinheiro não chegas nem aos
pés do que estamos querendo. Tem muita gente cheia de dinheiro que se importa
com você. Eles vão pagar o que pedirmos para ter você de volta.
- então solta as crianças. Vocês
vão ter o dinheiro que quiserem só comigo. Eu prometo colaborar com tudo o que
pedirem, mas não levem as crianças.
Os homens se entreolharam e
depois olharam para mim.
- acho que ele está certo – falou
um deles – só vamos ter mais trabalho se levarmos as crianças.
Olhei para o homem e não houve
dúvidas. Seus olhos e sua voz eram inesquecíveis. Era Teddy.
- tudo bem – falou um deles
arrumando a máscara – saiam daqui – falou ele ordenando as crianças, mas eles
não me largavam.
- Christian, Jullie, vão embora.
Vocês correm para aquele lado e vão chegar até o prédio.
Os dois concordaram limpando os
olhos. Eles pularam para fora.
- diz para o pai de vocês que eu
o amo – foi a última coisa que disse antes que a porta fosse fechada e eu
puxado bruscamente para trás.
Dois dos homens tiraram suas
máscaras e se sentaram nos bancos da frente. Dois homens ficaram atrás comigo:
Teddy e outro.
- ele está sangrando – falou
Teddy ainda com o disfarce – Porque você bateu nele? Agora vamos ter que
levá-lo ao hospital.
- ficou louco? Coloca alguma
coisa para aparar o sangue. Não vamos leva-lo a nenhum hospital – falou o homem
que nos fazia companhia atrás.
Teddy pegou uma camisa e me deu.
Não estava sangrando muito. O homem vendou meus olhos e amordaçou minha boca.
- se deita e fica bem quietinho a
viagem será longa – falou o homem. Eu obedeci e me deitei virado para o lado
esquerdo. Fechei os olhos e respirei fundo. O homem que eu desconfiava ser
Teddy, colocou a mão discretamente na minha perna e a acariciou. Agora eu tinha
certeza de que era ele.
Não sei por quanto tempo
viajamos. Meia hora? Uma hora? duas? Não sei, mas eu não consegui dormir estava
ansioso, não sabia o que me esperava. Ondamos no chão de terra por algumas
horas e finalmente a vã parou. As portas foram abertas e fui puxado para fora.
Cai no chão e tentei me levantar.
- seja bem vindo a fábrica de
manequins – falou um deles rindo com uma arma na mão.
Lembrei logo de todo aquele
projeto do governo e várias teorias vieram a minha mente, mas assim que olhei
para o lado cai na real. Estávamos mesmo em uma fábrica de manequins. Lá seria
o esconderijo dos bandidos.
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