A
|
Capítulo Dois
OLLIE, JAKE, DITADOR E STELLA
cho que a pior parte de ter um pai ditador, não e a
falta de “liberdade”. Meu pai impõe suas regras a risca. Ele cresceu na igreja
junto com o pai dele, meu avô. Eu sei que meu pai sofria muito na mão dele e
isso acabou refletindo em mim e em meu irmão Jake que é oito anos mais velho do
que eu.
As regras do meu pai eram simples
e as punições eram sempre as mesmas. Domingo era dia sagrado. Íamos a igreja
sem falta. Faça chuva, sol ou nevasca. Meu pai odiava do fundo do seu ser os
negros e gays. Não sei porque, mas ele odiava de verdade. Jake e eu não
podíamos namorar e nem ter amigos negros. nos relacionar com negros. Não
devíamos questionar suas decisões e sempre respeitá-lo. Ele não aceitava
desaforo dentro de sua casa. Era assim que ele nos dizia desde criança. Essas
eram basicamente as regras. Toda vez que uma delas era quebrada nós subíamos
para o quarto e meu pai nos batia com vara de bambu.
Se nós desobedecêssemos levávamos
um golpe. Se tornássemos a fazer, dois golpes e se tivesse uma terceira ele
dava três. Todas as vezes que acontecia isso orávamos antes e depois da surra.
Ele também não gostava que chorássemos. Se fizéssemos isso ele jogava vinagre
sobre as feridas.
Minha mãe Stella era uma mulher
linda e assim como meu pai ela tinha as mesmas crenças, mas até hoje eu não
consegui descobrir se ela tem mesmo as mesmas crenças ou se tem medo dele.
Minha mãe é uma mulher submissa e é assim que meu pai gosta das mulheres. Ele
dizia que as mulheres foram feitas para servir aos homens. Assim como está na
bíblia.
Eu sei que pode parecer loucura
ao ler tudo isso, mas a verdade é que quando você é criado com esses
ensinamentos você acaba vendo tudo isso como normal. Tanto eu quanto meu irmão
crescemos sabendo das regras e sabíamos das punições e respeitávamos muito o
nosso pai, mas em uma certa parte de nossa vida meu irmão Jake seguiu para um
lado e eu para outro. Eu comecei as me questionar sobre esses ensinamentos. Eu não
concordava com nada do que ele acreditava. Todo o preconceito que ele tinha.
Nas escolas de hoje em dia aprendemos sobre essas coisas. Mas não é porque eu
não concordo que eu o desafiava ou o desrespeitava. Acabei crescendo tão
submisso quanto minha mãe. Meu pai dizia que a família permaneceria unida até o
fim. Ele disse que meu irmão e eu só sairíamos de casa quando nos cassássemos.
Só fiz faculdade porque tem uma faculdade comunitária em Vermont. Do contrário
eu não conseguiria.
Jake ao contrário de mim, era
muito fiel ao meu pai. Ele não questionava e não tinha opinião diferente da
dele. Por isso tinha medo de que ele contasse a meu pai sobre o que tinha
acontecido com Amy que me beijou. Quando tinha oito anos de idade meu pai me
levou ao parque para brincar com os outros garotos e quando escureceu ele me
chamou para ir embora e eu disse que não. Ele não pareceu se importar no
começo, mas quando chegou em casa ele pegou no meu braço e me arrastou escada a
cima e me fez tirar a camisa fechar os olhos e ele bateu com o bambu nas minhas
costas. Eu gritei alto e ele me golpeou outra vez. Disse que continuaria a me
bater se eu continuasse a gritar ele então me golpeou outra vez e dessa vez eu
não emiti nenhum som. Engoli minhas lágrimas, meu orgulho. Foi a primeira e
última vez que apanhei. Foi a última vez que chorei.
Fiquei duas semanas sem ir para a
escola. Minha mãe cuidou das feridas até o dia em que um policial foi até em
casa saber porque eu não estava mais indo até a escola. Meu pai é um homem
influente na cidade. Conhece todo mundo. Não foi difícil ludibriar a verdade.
Estávamos todos sentados a mesa
de jantar. Fizemos nossa oração e minha mãe colocou o jantar em nossos pratos.
Os homens não deviam se servir. Meu pai tinha olhos azuis, minha mãe tinha
olhos azuis, meu irmão tinha olhos azuis e eu também. A diferença entre eu e
meu irmão é que meu irmão tem os cabelos loiros, assim como minha mãe. Eu
acabei puxando o mau pai. Tenho os cabelos castanhos escuros do meu pai.
- como foi na escola hoje? – perguntou
meu pai começando a comer.
- foi bom – falei olhando para
Jake que olhava para mim sem piscar. Torcia para que ele não abrisse a boca.
- que bom – falou minha mãe.
- Stella o aquecedor está ligado?
– perguntou meu pai.
- está sim amor.
- aqui está congelando.
- vou verificar – falou ela se
levantando.
Nós continuamos a refeição em
silêncios. Minha mãe retornou calada e se sentou. Apenas o barulho dos talheres
é que não deixavam o ambiente
completamente silencioso.
- Stella – falou meu pai olhando
para mim – Ollie eu conversamos e eu decidi deixar ele viajar para a África no
verão.
- Tem certeza David? – falou
minha mãe olhando para meu pai que não respondeu.
A comunicação com meu pai era a
mínima possível. Ele conseguir dizer com um olhar o que não dizia com mil
palavras.
- já me decidi – falou ele
colocando uma garfada na boca e mastigando – a comida está deliciosa – falou
ele para minha mãe. Era verdade. Minha mãe era uma cozinheira de mão cheia.
- como foi no trabalho Jake?
Conseguiu fazer a charanga do Sr.
Johnson funcionar?
- ainda não pai. Ele vai precisar
comprar um novo motor. Aquele não tem salvação.
- e o senhor pai? Como foi no
trabalho? – perguntei.
- bem – falou ele olhando para
mim – você já pensou naquela proposta que eu fiz? Em vir trabalhar comigo?
- eu penso pai, mas eu ainda acho
melhor trabalhar na escola. O senhor sabe que matemática é minha paixão é eu
posso conseguir orientação com um ótimo professor.
- como é o nome do professor ao
qual vem tentando orientação?
- Sr. Abraham Williams
- Sr. Williams. Eu o conheço – falou meu pai terminando seu prato.
- ele é muito inteligente. Pode
me ensinar muitas coisas.
- eu também sou inteligente.
Posso te ensinar muito também. Basta me dar uma chance – falou meu pai
sorrindo. Era estranho vê-lo sorrir em meio a uma conversa extrovertida.
- eu prometo que vou pensar mais
uma vez pai.
- gostei de ouvir isso – falou
ele se levantando – venham meninos, deixem sua mãe organizar a comida. Eu nem
tinha terminado ainda, mas me levantei mesmo assim.
Antes que eu pudesse empurrar
minha cadeira Jake chamou meu pai.
- Ollie, quem é aquela que beijou
você na boca hoje? – falou Jake com um sorriso. Os pelos de sua barba
arrepiaram ao dizer aquilo. Parece que ele estava gostando.
- que garota? – perguntou meu pai
olhando e parando no meio do caminho.
- ninguém.
- eu não vou perguntar outra vez.
- é uma garota chamada Juliana.
- mentira – falou Jake – é aquela
africana.
- Amy?
- essa mesma – falou Jake botando
mais lenha na fogueira.
Senti um arrepio percorrer minha
espinha. Ne acredito que Jake tinha aberto a boca.
- Amy beijou sua boca? É melhor
não mentir.
- sim senhor.
- porque?
- não sei pai.
- vocês estão namorando por
acaso?
- não senhor
- você gosta dela? Está atraído
por ela?
- não senhor
- Ollie… o que eu te falei sobre
praticar zoofilia?
Eu não respondi nada. Sabia que
era errado o que ele dizia. Não era atoa que ele tinha pagado uma nota preta
para um artista pintar Delphine LaLaurie. O quadro estava pendurado na sala.
Todas as visitas olhavam o quadro tentando imaginar quem era aquela mulher, mas
nunca se atreviam a perguntar. Todos conheciam o sangue frio do meu pai.
- suba agora para o seu quarto.
- por favor pai – falei olhando para
ele tentando não demonstrar desrespeito.
Ele não disse nada e apenas
respirou fundo e mordeu o lábio. Ele estava ficando sem paciência.
Subi as escadas parecendo uma
rocha por fora, mas a verdade é que por dentro estava com medo. Entrei no meu
quarto e esperei por ele.
Meu pai abriu a porta e a fechou
em um estrondo.
- se vira – falou ele ordenando.
Eu me virei e tirei minha camisa.
Meu pai estava com uma pedaço de bambu na mão. Tinha por volta de um metro. Eu
me virei esperando que ele desse o golpe, nas costas, mas ele não deu.
- abaixa as calças.
- por favor pai eu não…
- abaixa as calças – falou ele
dando uma golpeada nas costas. Doeu muito, mas eu não gemi e não chorei. Como
sempre. Me lembrei de quando tinha treze anos.
Abaixei minha calça, minha cueca
e me curvei sobre a cama. Ouvi quando ele levantou o braço. O vento passando
através do bambu zumbiu. Ele então desceu um golpe nas minhas nádegas foi uma
dor insuportável.
Eu tentei me transportar para
outro lugar. Porque será que Jake contou? Talvez por ter apanhado mais do que
eu. Jake foi muito desobediente na adolescência. Suas surras eram quase que
diariamente. Era difícil que houvesse um dia em que ele não apanhasse do meu
pai.
Senti o segundo golpe. Senti
minha carne queimando. Minhas costas escorreu algo. Acho que era sangue. Não
muito.
Respirei fundo e aguentei o
terceiro golpe. Fiquei aliviado porque finalmente tinha acabado.
- nunca mais minta para mim –
falou ele deferindo outro golpe – você não vai viajar para lugar nenhum – falou
ele me dando outro golpe – você vai se demitir daquela escola – falou ele me
batendo outra vez. Agora ele já não se preocupava com o lugar. Batia em minhas
costas e nas minhas nádegas. Segurei o choro, mas acabei deixando uma lágrima
escorrer por meus olhos.
Eu passei a mão e jurei a mim
mesmo que não deixaria mais acontecer.
- chega David! – gritou minha mãe
do lado de fora do quarto.
Eu levei um susto porque minha
mãe não alterava a voz nunca. Especialmente com meu pai.
Meu pai se virou e abriu a porta.
- pelo amor de deus – falou ela
chorando e avançando em cima dele.
Meu pai levantou a mão para bater
nela e eu me levantei mesmo dolorido.
- não pai. Não pai – falei
segurando o braço dele. Estava desesperado com a bunda sangrando e as costas
ardendo. Eu mal conseguia me mexer, mas criei força e coragem para segurar o
braço dele. Essa era uma desvantagem em se morar em Vermont. Nosso vizinho mais
próximo morava a quase quarenta metros de distância não havia como pedir ajuda.
Meu pai podia me bater o quanto quisesse, mas não aceitaria ele bater em minha
mãe,
Meu pai olhou para mim ainda com
a mão levantada. Sua feição era assustadora.
Olhei para a porta e Jake
assistia tudo calado e sem se mexer. Ele não sentia nada e não tinha coragem de
desafiá-lo como minha mãe fez, como eu acabei de fazer.
Meu pai largou o bambu e tirou o
cinto.
- bate em mim – falei sentindo a
dor dos cortes nas costas pioras.
- não Ollie – falou minha mãe.
- bate em mim – falei me virando
– não encosta nela. Foi eu que desafiei o senhor – falei fechando os olhos.
Meu pai não falou nada e segurou
o cinto pelo meio. Ele começou a bater em minhas pernas com a fivela. A cada
toque do gelado metal era mais um hematoma, mais um rasgo em mim. Mais uma
montanha roxa em minha pele. O frio lá fora fazia com que doesse muito mais.
Meu pai me bateu com o cinto mais
algumas vezes antes de finalmente parar.
- reze por seus pecados – falou
ele respirando fundo, colocando o cinto e siando do quarto. Minha mãe ficou
parada me vendo todo machucado e assim como Jake não fez nada.
Eu me virei para ver Jake e ele
continuava parado na porta. Como ele podia ver o nosso pai bater em nossa mãe e
não mover um músculo? Como ele pôde deixar que tudo isso acontecesse?
Eu me mexi em passos pequenos até
a porta e Jake foi para eu quarto. Eu fechei a minha e respirei fundo. Sim.
Essa era minha vida e não tinha nada que eu podia fazer. O dano já estava
feito. O pior dano não podia ser visto.
Seguidores
Contato
CAPÍTULOS MAIS LIDOS DA SEMANA
-
CAPITULO 26 O médico me disse que a única saída seria a cirurgia, mas os riscos tinham duplicado. Eu tinha decidido não arriscar. E...
-
UMA NOITE MUITO DIVERTIDA capítulo vinte E stávamos no bar a mais de uma hora. Como Arthur tinha dito ele ...
-
C apítulo Trinta e Doi s MELANCOLIA E ra sexta-feira. Faltava um ...
-
TODOS IRIAM INVEJAR capítulo onze P or mais que eu não quisesse ter contato com Charley eu tive que eng...
-
MINHA SEGUNDA CHANCE capítulo vinte O filme estava chato como sempre. Era assim que eles queriam nos entr...
-
RENASCIMENTO capítulo dezoito E stava tendo um sonho colorido até demais para mim. Parecia um carnaval de animais. Anda...
-
PARA ACESSAR A PÁGINA DE PERSONAGENS ACESSE A GUIA ' PERSONAGENS + ' NO ALTO DA PÁGINA OU CLIQUE AQUI . capítulo treze...
-
PARA ACESSAR A PÁGINA DE PERSONAGENS ACESSE A GUIA ' PERSONAGENS + ' NO ALTO DA PÁGINA OU CLIQUE AQUI . capítulo quato...
-
C apítulo Vinte e Set e A ESCOLHA N ão existem decisões erra...
-
C apítulo Quatorz e A PROMESSA S eria mentira se eu dissesse ...
Minhas Obras
- Amor Estranho Amor
- Bons Sonhos
- Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um
- Crônicas de Perpetua: Playground do Diabo — Livro Dois
- Cruel Sedutor: Volume Um
- Deus Americano
- Fodido Pela Lei!
- Garoto de Programa
- Paixão Secreta: 1ª Temporada
- Paixão Secreta: 2ª Temporada
- Paixão Secreta: 3ª Temporada
- Paixão Secreta: 4ª Temporada
- Paixão Secreta: 5ª Temporada
- Paixão Secreta: 6ª Temporada
- Paixão Secreta: 7ª Temporada
- Príncipe Impossível: Parte Dois
- Príncipe Impossível: Parte Um
- Verão Em Vermont
Max Siqueira 2011 - 2018. Tecnologia do Blogger.
Copyright ©
Contos Eróticos, Literatura Gay | Romance, Chefe, Incesto, Paixão, Professor, Policial outros... | Powered by Blogger
Design by Flythemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com
você estar usando uma nova conta no cdc pois tem um conto igual a esse sendo publicado por la.
ResponderExcluirestou sim. ;)
ExcluirJá vi que terei um novo vício, será um conto.
ResponderExcluirrsrsrsrs obrigaod pelo comentário
ExcluirConhecendo agora é amando seus contos Parabéns. Continue se fosse um livro eu compraria todos.
ResponderExcluir