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Capítulo Seis
SEMENTE
uando você planta uma árvore, você espera que ela
cresça e dê alguns frutos. É o que você espera quando deposita toda a sua
confiança nela. Você sabe que tem que cuidar e cultivar e dessa forma você
conseguira os doces frutos.
O mesmo funciona com o amor. Você
cultiva e dá carinho. Você convive e espera que o tempo dure. As vezes é
difícil pensar nisso, mas tudo o que precisamos é amor. Se não tivermos amor
não conseguimos ficar vivos. As vezes acho que amor é o único sentimento
realmente puro. Não falo de paixão, não falo de ódio. A paixão é forte, te faz
sentir bem, mas é passageira. Amor é aquele sentimentos que fica assim que a
paixão vai embora. Amor é o sentimentos que te faz ficar quando tudo está se
despedaçando porque você sabe que o amor não desaparece.
Tobias me levou em seu carro
assim que recebi alta. Com a ajuda de muletas eu consegui entrar em seu carro.
É claro que com uma pequena ajuda dele. As casa não ficava tão longe da escola.
Ele estacionou o carro na garagem assim que chegamos.
- lar doce lar – falou ele
sorrindo.
- OK – falei nervoso – não vou
mentir. Estou muito nervoso. É a primeira vez que passo a noite fora de casa.
- não se preocupe.
Ficamos em silêncio e parador por
um tempo.
- não vamos sair?
- só quero que saiba que o mundo
não é tão cruel quanto você acha que é. Seu pai te mostrou apenas um lado,
espero que eu consiga te mostrar o outro.
- tudo bem – falei abrindo a
porta do carro.
Novamente com a ajuda de Tobias
eu sai do carro. Eu o segui pela porta que levou até a cozinha.
- quer te apresentar a uma pessoa
– falou Tobias indo até a sala. Eu o segui.
- Harold. Chegamos – falou
Tobias.
No começo não entendi. Havia um
homem de olhos verdes sentado no sofá. Tobias se aproximou dele e o homem se
levantou. Os dois deram um selo e eu não aguentei. Vomitei no meio da sala.
- Ollie, você está bem?
- estou sim – falei limpando a
boca.
Harold desapareceu por alguns
instantes e em seguida trouxe algo para limpar o chão.
- vou ajuda-lo a se instalar –
falou Tobias.
- tudo bem – falou Harold –
prazer em te conhecer.
- igualmente – falei subindo as
escadas com ajuda de Tobias.
Ao chegarmos no quarto eu me
deitei na cama.
- você está mesmo bem?
- estou – falei envergonhado.
- tem certeza? Se estiver com dor
de estômago eu posso pegar uma aspirina…
- não é nada no estômago. É que…
você é homossexual?
- sou. Desculpe não ter te dito
antes.
- o problema não é você é que…
quando completei treze anos meu pai começou a fazer terapia de aversão comigo.
- terapia de aversão? Você fala
aquela terapia usada no passado para “curar os gays”? porque?
- não sei. Acho que ele tinha
medo que eu me tornasse um.
- sinto muito Ollie.
- todas as noites após o jantar
ele me levava ao porão onde tinha uma televisão e colocava filmes pornográficos
homossexuais. Ele colocava um balde na minha frente e me dava remédios para
vomitar. Geralmente durava uma hora. Depois ele colocava um filme pornográfico
heterossexual e me obrigava a me masturbar. Na frente dele. Em seguida ele me
batia com o bambu porque na bíblia diz que não devemos nos masturbar.
- isso é horrível. É medieval! –
falou ele colocando a mão no meu ombro tentando me consolar – quanto tempo
durou?
- não sei. Ele fez isso até meus
dezesseis anos. Parece que ele conseguiu o que queria. Eu não queria ter
vomitado, mas ao ver vocês se beijarem eu acabei me lembrando daquilo e…
- não se preocupe. Harold será
legal com você. Ele também não se importa em você estar aqui. Ele vai te ajudar
com o que puder. Ele trabalha o dia todo assim como eu. Ele é encarregado do
departamento de trânsito.
- que bom. Espero não incomodar
com todo esse lance da minha perna e tal.
- não vai – falou ele se levantando
– agora precisamos pensar sobre suas roupas.
- havia me esquecido.
- acho que posso ir ao shopping
comprar algumas.
- obrigado. Realmente não queria
intrometer.
- não está.
- toc toc – falou entrando no
quarto – desculpa atrapalhar, mas Oliver tem visita.
- visita? Quem é?
- sou eu – falou Amy entrando.
Ela tinha um meio sorriso em seu rosto que tentava esconder. Eu a conhecia a
bastante tempo para saber que ela fingira que estava com raiva, mas a verdade é
que somos grandes amigos.
- vou deixar vocês sozinhos –
falou Tobias saindo do quarto com Harold.
- olá Amy.
- Oliver – falou ela se sentando
na cama – Tobias me contou o que aconteceu com você.
- ele contou só o que aconteceu
ou contou “o que aconteceu”?
- ele me contou o que aconteceu.
Tudo. Sinto muito.
- não sinta. Eu é que peço
desculpas por ter sido um babaca com você. Devia ter te tratado mal. Não devia
ter falado com você daquela forma.
- a culpa não foi sua. Seu pai te
fez uma lavagem cerebral. Você não tem culpa de ter sido criado desse jeito. O
importante é que você tenha criado sua própria opinião. Sua própria mente.
- eu não penso como ele.
- me diga. O quão preconceituoso
seu pai é?
- está vendo essas feridas nas
costas? Foi graças ao beijo que você me deu.
- achei que estava te fazendo um
favor – falou ela tomando minha mão – pensei que seu irmão tivesse ouvido o
comentário sobre a paixão sobre o professor. Não imaginei que seu pai tivesse a
mente tão pequena.
- não se preocupe com isso Amy. O
importante é que consegui sair daquele lugar o difícil é me manter longe.
- como assim?
- eu estou em choque. Estou com
um dilema. Eu sei que fiz a coisa certa, mas tem algo na minha cabeça que me
diz que eu devia ter ficado em casa, devia respeitá-lo, devia ter honrado minha
família e todo o esforço que ele fez para manter nossa família unida. Sei que é
errado porque eu me lembro de tudo o que ele me fez, me lembro o que ele ia me
fazer, mas mesmo assim eu tenho essa coisa no peito que me diz que eu não devia
ter saído de lá.
- lavagem cerebral. Você precisa
se livrar disso. Com o tempo você vai se acostumar a novos rostos, a nova
rotina e a um novo tipo de tratamento.
Espero que sim.
- me desculpe, mas eu preciso
voltar. Estou em horário de almoço.
- promete que vem em visitar
sempre?
- todos os dias – falou ele me
abraçando.
- você é uma ótima amiga.
- e você um grande amigo.
Amy se foi e depois de alguns
minutos Tobias voltou ao quarto.
- então… como você está?
- estou bem, só minhas pernas que
estão doendo um pouco.
- eu resolvo isso agora – falou
ele sorrindo e jogando um cobertor sob minhas pernas.
- vai melhorar – falou ele se na
cama outra vez.
- obrigado – falei sentindo um
calafrio. Era bom estar longe de casa. Longe do meu pai.
- só quero dizer que quando você
quiser conversar eu estou aqui. Sei que você tem lembranças horríveis, mas eu
te garanto que os danos que elas causaram irão embora se você falar sobre.
- eu tenho mesmo muita bagagem.
- estou aqui para te ajudar a se
livrar dessa bagagem. A sua viagem para o terror acabou, está na hora de
embarcar em outro trem.
- OK.
- vou te contar um pouco da minha
vida. Talvez eu te deixe mais a vontade para você falar sobre a sua sempre que
quiser.
- estou ansioso.
- bom, vou resumir, mas a minha
história é o seguinte: cresci em uma família como a sua, tradicionalmente
católica, mas não era exatamente como a sua.
- eu entendo.
- meu pai e minha mãe eram muito
religiosos e tudo para eles eram tabu. Como o sexo. Como eles nunca falaram
sobre isso e eu estudava em um colégio católico para garotos acabei crescendo
reprimido e aprendi que ser gay é errado. Acabei me casando com minha ex-esposa
Zoey.
- você foi casado com mulher
antes de se casar com Harold? – eu achei muito divertido o que ele tinha dito.
- claro. Isso acontece muito sabe?
Muitos de nós acabam se casando com mulheres por medo, mas a maioria descobre
que não vale a pena viver uma vida
escondido e acabam se divorciando. Assim como eu.
- vocês terminaram bem?
- por incrível que pareça, sim.
Zoey foi uma mulher compreensiva. Ela me ajudou bastante a me aceitar.
- quer dizer que é normal?
- sim. Não acontece muito, mas as
vezes as esposas ajudam…
- não. Estou perguntando sobre
ser gay. É normal?
- é claro. É tão normal quanto
ser heterossexual. Não deixe ninguém te dizer o que deve ou não fazer. Não
deixe ninguém dizer que você é menos do que você é só porque você é diferente
de algum jeito.
- não vou.
- continuando – falou ele
sorrindo – minha esposa me ajudou a me aceitar. Como ainda não tínhamos filhos
foi fácil nos divorciar.
- vocês ainda se falam?
- claro. Somos amigos e saímos em
dupla.
- é tão engraçado sabe? Fui
criado sob circunstâncias tão diferentes. Se os pais de todo o mundo deixassem
de ser ignorantes e conversassem com seus filhos ao invés de infectar as mentes
delas com preconceito, talvez o mundo se tornasse um lugar melhor no futuro.
- você é um garoto bem
inteligente sabia?
- obrigado.
- quando você quiser conversar
comigo ou estiver com algo te incomodando pode me chamar OK? Pode ser Harold ou
se quiser falar com Amy é só pedir.
- obrigado.
- bom, se você me permite eu vou
dar uma pulo na delegacia.
- na delegacia? O que vai fazer?
- vou exigir que eles coloquem
outro detetive o seu caso.
- Sabe, eu andei pensando sobre
isso e… decidi não dar queixa contra meu pai.
- o que? você não pode fazer
isso.
- você viu o que aconteceu
comigo. A metade da cidade conhece e confia meu pai. Se eu levar isso a público
só vou arranjar mais problemas para minha mente e para a de vocês.
- não me conformo com isso.
- por favor. Eu peço de todo o
coração que respeite minha decisão.
Ele hesitou por um momento, mas
acabou por ceder.
- tudo bem, mas eu espero que
você mude de ideia. Ele não pode fazer tudo isso com você e sair ileso. Imagina
o que ele não deve ter feito com seu irmão.
- tudo bem. vou pensar.
- perfeito – falou ele se
levantando – preciso que se prepare para hoje a noite. Sei que é segunda-feira,
mas vamos receber alguns amigos para o jantar e preciso que esteja preparado.
- eu prefiro ficar aqui. É sério.
- tem certeza? Eles adorariam te
conhecer.
- é sério. Vai ficar tudo bem.
vocês podem se divertir e eu estarei aqui.
- se você prefere – falou ele
indo até a televisão e pegando o controle remoto e me entregando – isso é um…
- controle remoto. Eu sei – falei
rindo – meu pai não nos deixava assistir televisão, mas eu sei o que é.
- desculpa.
- não se desculpe.
- vou trazer seu almoço.
- obrigado.
Tobias saiu do quarto e eu liguei
a televisão. Era a primeira vez que podia assisti-la sem ter meu pai ao meu
lado censurando tudo oque eu via. Parecia bobeira, mas era bom. Senti uma
pontada de felicidade. No momento em que pulei a janela do meu quarto plantei
uma semente no chão. A árvore estava plantada, tudo o que tinha que fazer era
cultiva-la.
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perfeito mc
ResponderExcluirPorcaria. Sinceramente não sei porque você ainda insiste em continuar. Ninguém gostava de paixão secreta, um personagem que tranza com vários homens é sempre odiado. Em paixão secreta todo era gay. sua cavbeça é de gente doente e precisa de tratamento.
ResponderExcluirEsse conto de verão em vermont tá tão chato. o personagem se faz de vitima o tempo todo. quer meu conselho? pare de escrever. chega dessa bosta, chega dessas histórias flopadas e ruins.
Não sou só eu. Todo mundo aqui do site ta comentando que ta ruim e TODO MUNDO DO SEU GRUPO também. Isso mesmo, eu estou no grupo do whatsapp. Estou lá de olho em tudo. Sinceramente, pare de passar vergonha, pare de escrever e publicar assim todo mundo fica mais feliz. exclui logo esse grupo no whats que tá uma tristeza só. você é patético
c vc axa uma merda pq vc le fale por vc eu amo ler os contos do mc vc tem e inveja
ExcluirBeijin no ombro
ExcluirQue o recalque passa longe
Beijin no ombro
Para as invejosas de plantão
😘😘😘
Esse cara wur comentou aii em cima ta doido? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirSó pode pq eu ADOREI Paixão Secreta e estou gostando deste também, as histórias dele são muito boas! E tenho certeza que tem outros que também gostam.
Ahhhhhh, por favor faz um livrooo! Eh tô amandoooooo! Lindo bjs!
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