ENTENDA
capítulo dez
D
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epois de ter dito as coisas ridículas que disse
para Jerry eu dei risada de mim mesmo e fiquei com uma puta vergonha. Eu tinha
realmente ficado com ciúmes dele com Rebecca. Talvez o motivo seja porque
Rebecca é tão bonita e ultimamente ninguém anda ligando para mim a não ser
Jerry e quando eu não tive suas atenção por dez minutos eu surtei. É claro que
agora é tudo tão ridículo. Jerry por outro lado gostou de vem ver com ciúmes
porque ele disse que é um bom sinal ter ciúmes. Sinal de que eu gosto dele.
Depois de deixar Rebecca em sua
casa nós fomos para o apartamento, ao entrarmos eu fui direto para o balcão
onde estava o jornal.
- o que você vai fazer? –
perguntou Jerry curioso.
- eu acho que já encontrei o
apartamento perfeito – falei mostrando uma página.
- sério? – falou ele vendo a
descrição.
- sim, porque?
- estava me acostumando a ter
você aqui.
- nós concordamos que não morávamos
juntos lembra? Eu só estou hospedado.
- eu sei, só estou dizendo que
vou sentir sua falta.
- eu também vou sentir sua falta.
- e então? – falou Jerry – esse
prédio fica a quatro quarteirões daqui. Fica perto do bar onde você trabalhava.
- pois é. Eu gostei porque ele é
completo, é espaçoso.
- é um puta apartamento. não é
igual aqui, lá cada andar tem dois.
- eu gosto de ter um lugar
espaçoso. Cresci em uma casa grande e acabei me acostumando. Não gosto de
lugares pequenos.
- você vai conseguir comprar? São
dois milhões.
- vou te contar uma coisa que não
contei a mais ninguém a não ser meu pai.
- o que?
- quando Adam morreu eu descobri
que ele tinha feito um seguro em meu nome. Com isso eu ganhei um bocado de
dinheiro. Dinheiro que eu não tive vontade de mexer até hoje.
- e qual foi sua motivação?
- não sei. Algumas coisas
aconteceram nesses últimos meses que me fizeram animar um pouco.
- fico feliz por fazer parte
dessa mudança – falou Jerry beijando minha boca.
- eu estou feliz por você ter
feito eu me sentir vivo outra vez. Pensei que nunca mais sentiria isso.
- por nada meu amor – falou ele
me dando um selo – nós vamos mesmo falar sobre aquela coisa que nós falamos
durante nossa viagem a Vermont?
- claro que sim. Eu prometi. Você
quer conversar agora?
- não. Vamos tomar um banho
primeiro e vamos falar sobre isso quando estivermos na cama, deitados bem
juntinhos.
- tudo bem então – falei dando um
selo na boca dele – você toma banho primeiro?
- pode ser – falou ele entrando
no quarto e tirando a roupa.
Eu estava curioso para conversar
sobre esse assunto com Jerry. ele tinha me dito pela primeira vez quando
passamos o ano novo em Vermont, mas eu nem liguei muito e já de cara disse que
não toparia, mas agora que passou algum tempo eu me peguei pensando no que ele
tinha proposto e decidi escutar o que ele tinha a dizer.
Depois que ambos estávamos de
banho tomado nós decidimos ir nos deitar. Já deitados, Jerry deixou a luz do
abajur ligada para que o quarto não ficasse completamente no escuro.
- você tem certeza que quer ouvir
o que vou dizer?
- quero sim, porque não? – falei
confuso.
- eu já te falei sobre isso e
você não pareceu aceitar muito bem.
- eu fui preconceituoso, você
merece outra chance para falar sobre.
- Ok – falou Jerry olhando pra
mim.
- então, me explica outra vez o
que você quis dizer com voyeur.
- bom geralmente o voyeur se
excita em ver. Simplesmente em ver.
- então ‘ver’ te deixa excitado.
- sim. Nós todos praticamos
voyeur quando vemos pornografia por exemplo, só que geralmente as pessoas se
masturbam vendo pornografia, eu não preciso. Assistir e ver é minha
‘masturbação’.
- entendi.
- existem pessoas que gostam de
ver e outras que gostam de se exibir.
- como assim?
- lembra na primeira vez que você
veio aqui e disse que me espiou no banho?
- lembro.
- eu sabia que você estava
olhando. Eu deixei a porta entreaberta de propósito.
- você estava se exibindo pra
mim?
- sim. Eu gosto de me exibir e
gosto de saber que estou sendo visto, mas não é o minha principal fonte de
prazer.
- isso é tão confuso pra mim.
- não é confuso. É um fetiche.
Vai dizer que você não tem nenhum? Não tem nada que te deixa excitado ao
extremo, algo que mexe com sua libido e que te deixa excitado só de pensar?
- tenho sim.
- o que?
- eu não vou dizer, tenho
vergonha.
- não precisa ter vergonha, mas
se não quiser dizer não vou te forçar.
- tudo bem… deixa eu ver se te
entendi: o seu fetiche tem a ver com a exibição?
- sim, mas como eu disse eu sinto
mesmo muito mais prazer ao observar. Sem se tocar. Apenas olhar.
- tipo, ver duas pessoas fazendo
sexo?
- sim. Tem tudo a ver com o
prazer. Eu estou te dizendo isso porque eu confio em você e você confia em mim.
nós somos um casal e é saudável para um casal conversar sobre as coisas que
gosta e as coisas das quais não gosta.
- eu sei, concordo com você.
- bom, como nós somos um casal eu
queria te propor uma coisa.
- o mesmo que você propôs da
outra vez e eu instantaneamente disse não. Certo?
- sim, mas eu vou te explicar
melhor.
- estou ouvindo.
- Uma prática do voyeurismo muito comum é o ménage que é…
- sexo a três – falei
completando.
- você já fez? – perguntou Jerry
curioso.
- sim.
- OK – falou Jerry – mas não é exatamente
sexo a três do que eu quero falar. Seria mais como uma tranza ao vivo em que eu
assisto. Eu sinto prazer em ver um casal fazendo sexo. Apenas olhar. É algo que
eu descobri ainda novo. descobrir que pra mim olhar me proporciona mais prazer
do que o sexo em sí. É claro que gosto de sexo, mas é como te falei, geralmente
as pessoas gostam de algo que proporciona mais prazer do que outra e isso varia
de pessoa pra pessoa.
- entendo. Você gosta de observar
pessoas fazendo sexo.
- sim. É claro que isso é algo
que eu faço geralmente quando estou solteiro, existem fóruns de encontros onde
casais gostam de ser observados e existe um clube aqui em San Diego onde
pessoas se reúnem para se conhecerem e fazerem tal prática.
- sério? Um clube só pra
praticantes de voyeurismo? Eu nunca ia imaginar
- tem sim.
- interessante.
- bom, como eu ia dizendo, eu
fazia isso quando estava solteiro e por isso eu tinha medo de me relacionar
porque a pessoa que eu me relacionasse talvez não aceitasse, mas então
eucomec3ei a gostar de você e me apaixonei e agora que estamos juntos decidi te
contar porque eu me senti seguro em te contar. Eu gostaria de saber se você
topa fazer isso?
- eu não sei. Parece tão…
- pense mesmo a respeito Mike. Eu
gostaria muito que nós continuássemos como um casal e isso inclui realizar as
fantasias um do outro. Se você não topar nós vamos continuar juntos, mas se
você aceitar nosso relacionamento seria perfeito. É tudo sobre aceitar. Não
fazer nada que o outro não queira.
- OK, deixa eu ver se consegui
entender. Você quer observar enquanto eu faço sexo com outros homens?
- não soa estranho pra você? Você
não sente ciúmes em imaginar eu tranzando com outros homens… bem na sua frente?
- sei que para a maioria das
pessoas isso é inaceitável, mas pra mim, é o ápice do gozo nas minhas
experiências sexuais.
- isso eu entendo, quer dizer, o
meu tesão é medido pelo tesão do meu parceiro no sexo. Eu sou submisso.
- eu percebi isso. Por isso que
eu resolvi te contar. Isso seria perfeito para nós dois. Alguns podem dizer
"que balela", mas pra mim, não existe sensação melhor. Só de imaginar
você sendo comido por outro cara é transcendental.
- puxa, você gosta mesmo.
- pois então. Isso é o que eu
queria te dizer. Quero deixar bem claro que essa é a última vez que toco no
assunto caso você não aceite. Eu te respeito entende? Eu não quero que faça
nada que não queira.
- olha, eu sei que isso te dá
prazer e eu ficaria feliz que fazer isso por você e por mim é claro, afinal não
será só você que sentirá prazer.
- então você topa?
- com duas condição.
- quais?
- eu entendo que isso te excita,
mas eu não ficaria feliz de te observar fazendo sexo com outras pessoas.
- não se preocupe. Isso não me
interessa. O que me interessa e ter os olhos vidrados na luxúria de dois homens
tranzando. Um homem qualquer cuidando do que é meu.
- tudo bem, tem outra condição.
- qual?
- eu não garanto que farei mais
de uma vez. Eu faria uma vez pra ver como eu me sinto em relação a isso.
- sem problema.
- tudo bem, mas eu quero te perguntar
outra vez.
- pode perguntar.
- você não fica com ciúmes?
Afinal eu vou estar sentindo prazer com outro homem. Eu vou gozar por outro
home.
- está de brincadeira? Isso é o
que me dá prazer. Quando mais prazer você sentir, mas eu sinto. Eu sei que
parece estranjo, mas é a verdade.
- OK então.
- você topa mesmo?
- topo sim.
- bom, existem duas regras
fundamentais para que essa prática dê certo.
- quais?
- a primeira é que eu escolho a
pessoa com quem você fará.
- tudo bem. e a outra condição?
- você não pode ter nenhum tipo
de relacionamento com a pessoa que eu escolher. Não pode haver amizade, nem
paixão… nenhum tipo de relacionamento. É exatamente por isso que eu escolho a
pessoa. Se eu escolher alguém que você conhece, você tem quem e dizer. Você tem
que saber que eu e você temos um relacionamento. Nós namoramos apesar de você
estar tranzando com outro.
- OK.
- é sério Mike. Essa regra é fundamental.
Você não pode ter contato com a pessoa que fizer sexo nem antes e nem depois.
Essa é um jogo perigoso porque os sentimentos começam a se confundir.
- Sim. Eu entendo completamente. nada
de relacionamento e só pessoas desconhecidas que devem continuar desconhecidas
depois do sexo.
A conversa sobre esse assunto
continuou. Era um assunto diferente e eu nunca tinha conhecido pessoas que
gostavam desse tipo de coisa. Eu admito que fiquei tentado, no começo é claro
que fiquei com o pé atrás, mas eu gosto de Jerry e nós somos um casal moderno.
Eu odiaria vê-lo se reprimindo por medo.
Toda aquela conversa tinha sido
no mínimo diferente. Eu nunca tinha falado sobre esse assunto com ninguém.
Jerry se sentia realmente á vontade comigo. Eu tinha vergonha de falar sobre
essas coisas. Pode parecer bobeira, mas eu sou meio reprimido quanto ao sexo.
Já fiz bastante sexo, de várias
formas e em vários lugares diferentes com várias pessoas. Sou aparentemente
tranquilo quanto ao sexo, mas a verdade é que eu sou reprimido. Eu não gosto de
falar sobre sexo. Eu sinto vergonha. Jerry pode me ajudar a libertar essa parte
que ainda insiste em me deixar constrangido quando pessoas falam sobre
fantasia, fetiches e outras coisas relacionadas ao prazer.
Foi por isso que topei. Eu
preciso me sentir livre quanto ao sexo. Eu tenho medo que as pessoas me julguem
ao falar sobre isso ou se tentar incluir algo novo. Preciso ter em mente que
isso é algo natural, afinal como Madonna disse uma vez: “Eu Não preciso me desculpar toda vez que falo sobre sexo. É a natureza
humana”.
Entender o que o outro gosta e
não gosta, é difícil. É dessa falta de compreensão que surge o preconceito. É
difícil entender o porque as pessoas gostam de algo, ou porque não gostam, mas
gosto não se discute e foi por esse motivo que eu decidi ouvir o que Jerry
tinha a dizer e depois que ele me explicou eu decidi aceitar. Relacionamento
são feitos de amor e sexo. O que acontece fora da cama é o mais importante,
exceto quando o que acontece em cima dela começa a se tornar algo
insignificante. Deve haver um consenso.
Jerry tinha me falado algumas
regras que devem ser seguidas para que dê certo. Nada de relacionamento com a
pessoa que for participar desse ‘jogo’. Nem antes e nem depois.
Todos os envolvidos devem estar
cientes dessa regra. Jerry então continuou a me falar algumas coisas sobre o
assunto que tanto me intrigava e que antes me enchia de incerteza.
- a relação sexual será com
preservativo e tanto você quanto o cara escolhido terão que ter exame recente
de DSTs.
- onde você vai conhecer a pessoa
que vai participar?
- Não se preocupe. Eu não vou
pegar uma pessoa qualquer da rua. Como eu te disse antes, existe um clube aqui
em San Diego onde casais vão procurar pessoas para assistirem ou para
participarem da tranza. Existem homens e mulheres que vão a esse clube procurando
por esse tipo de coisa. Do mesmo jeito que eu vou sentir tesão em ver você fazer
sexo com outra pessoa, existem pessoas que sentem prazer em fazer sexo com você
para que eu assista, entendeu?
- então é um clube onde pessoas
que tem fantasias em comum se encontram? Para realizar essa fantasia uma Das
Outras?
- Exato. É fácil encontrar
pessoas que topem esse tipo de coisa, mas temos que tomar cuidado. Todas as
pessoas sabem das regras. Nada de relacionamento, nada de amizade, mas sempre
existem pessoas que gostam de sacanear e separar casais. A pessoa certa pode
proporcionar grande prazer tanto pra mim quanto pra você, mas a pessoa errada
pode destruir nosso relacionamento.
- é um risco então.
- exato. É um risco, mas corremos
riscos todos os dias em todos os lugares, mas estou disposto a correr esse
risco. E você?
- estou sim.
- você tem mesmo certeza de que
quer fazer isso? Eu odiaria saber que você vai fazer só porque eu quero.
- quero sim, além do mais eu vou
tranzar com um cara diferente. Não que o sexo com você seja ruim, mas…
- não tem problema – falou Jerry
rindo. É melhor que veja dessa maneira. Enquanto você sente prazer eu também
sinto – falou Jerry animado.
- ótimo – falei sorrindo para ele.
- ótimo – falou Jerry vindo para
cima de mim e beijando minha boca – obrigado por fazer isso – falou ele
beijando minha boca – você tem alguma fantasia ou algo que queira me contar? Eu
posso fazer acontecer.
- na verdade eu tenho, mas eu
prefiro não dizer. Eu não me sinto confortável em contar.
- tudo bem, quando você sentir
que deve, você me conta e eu vou te ajudar a realizar. Pode ser?
- pode sim.
- será que pode ser sexta-feira?
- pode sim. Você consegue
arranjar alguém até sexta?
- sim.
- tudo bem então – falou ele
dando um beijo em minha boca.
Jerry voltou a se deitar ao meu
lado e desligou a luz. Não demorou para que dormíssemos. Jerry dormiu mais
rápido que eu. Fiquei apenas pensando em como seria essa nova experiência e
confesso que estava ansioso pelo dia.
Acordei cedo naquela terça-feira.
Jerry estava tomando café da manhã para ir ao trabalho. ao chegar na cozinha
fiz um carinho nele e dei alguns beijos de bom dia.
- bom dia – falei me sentando ao
lado dele cansado. Eu não costumava comer quando acordava.
- porque acordou tão cedo?
Geralmente quando vou para o trabalho você ainda está dormindo.
- eu sei é que eu acordei e por
algum motivo não consegui dormir.
- sempre tem um motivo. É pelo o
que falamos ontem a noite?
- não. É que eu fiquei pensando
nos planos que eu tinha feito. Tinha planos de escrever um livro além da minha
biografia, uma espécie de lar para cães e gatos abandonados. Entre várias
coisas que morreram junto com Cooper e Adam.
- quem é Cooper?
- é uma longa história, o fato é
que fiquei pensando nessas coisas. Não sei porque.
- talvez seja porque você esteja seguindo
em frente fazendo uma nova vida. Dizem que o luto tem cinco estágios: Negação,
Raiva, Negociação, Depressão, Aceitação. Algumas pessoas apresentam os cinco,
outras elo menos dois. Talvez você esteja no estágio da aceitação. Talvez você
esteja pensando em tudo o que viveu porque você finalmente em tudo o que pode
viver a partir de agora.
- talvez seja isso. Não sei como
aguentei até agora. O engraçado é que a dor não desaparece.
- você vai ficar bem. tudo vai
ficar bem – falou Jerry pegando minha mão e dando um beijo nas costas dela antes
de se levantar – eu já vou trabalhar.
- bom trabalho.
- te vejo a noite.
Jerry se foi e eu fiquei lá no
balcão sentado pensando na vida e em como as coisas mudaram em todos esses
anos. Se fosse antes eu nunca imaginaria que estaria onde estou.
- não tenho nada pra fazer o dia
inteiro – falei para mim mesmo. Com esse pensamento eu decidi ir ver o
apartamento que ficava perto do bar onde costumava trabalhar. Peguei o jornal e
olhei o nome mais uma vez.
- Edifício Elisabeth – falei
arrancando um pedaço do papel.
Depois de me vestir adequadamente
decidi ir de ônibus. Assim que cheguei ao prédio fui direto a portaria.
- bom dia – falei ao porteiro.
- bom dia. Eu quero dar uma
olhada em um apartamento que está a venda – falei vendo os enormes prédios na
cor prateada.
- qual o número do apartamento
que você viu?
- Apartamento 94, 7º no prédio III
– falei lendo no papel.
O porteiro viu uma anotação e voltou
a falar comigo.
- olha você precisa estar com o
corretor de imóveis para ver o apartamento. vou ligar para ele tudo bem? ele me
deixou o número caso alguém aparecesse.
- tudo bem – falei esperando.
O porteiro fez a ligação e eu
fiquei ouvindo. Ainda era cedo. Espero que o corretor não se importe. Era pouco
depois das sete.
- bom dia – falou o porteiro –
quem fala é o Adrian, porteiro do Edifício Elizabeth. Tem um rapaz aqui que
gostaria de ver o apartamento.
Estava silencioso e como eu
estava perto eu pude ouvir o que o corretor respondeu.
- “ainda é cedo, diz que eu estou
ocupado, eu não estou afim de mostrar o apartamento para alguém que não vai
comprar, quem tem dinheiro vai á imobiliária e não aparece tão cedo para ver um
apartamento” – falou o corretor. Nesse momento eu chamei a atenção do porteiro.
- me dá o telefone, me deixa
falar com ele – falei pegando o telefone – bom dia.
- bom dia – falou o homem do
outro lado da linha – será que você pode vir me mostrar o apartamento? eu gosto
de resolver meus problemas logo cedo, não tenho tempo pra deixar as coisas para
mais tarde.
- me desculpa, mas você sabe o
preço?
- sim, dois milhões. Se eu gostar
eu pretendo pagar em dinheiro e a vista. Hoje ainda se possível. Será que posso
te ter aqui em o que… dez minutos antes que eu desista de gastar o dinheiro que
ganhei com a morte da pessoa que eu mais amo nessa vida?
- sim senhor. Estarei ai em dez
minutos, pode passar o telefone para o porteiro?
- ele quer falar com você – falei
entregando o telefone.
O porteiro falou com o corretor e
em seguida desligou. Em seguida ele se levantou do seu posto e voltou com uma
chave na mão.
- você pode entrar e ver o
apartamento. fique a vontade.
- o que o dinheiro não faz né? –
falei pegado a chave.
- pois é – falou o porteiro rindo
sem graça. Ele com certeza ganharia uma porcentagem se me fizesse ficar lá – o
código para entrar é 621.
- tudo bem – falei pegado a chave
e entrando no prédio. A área de fora era muito bonita. O caminho era feito com
madeira e tinha área verde por volta de tudo.
Segui as placas que mostravam
onde estava. Uma seta mostrava academia para a direita e a outra mostrava
piscinas para a direita. Pare frente eras os prédios III e IV. Segui até
cheguei ao prédio que estava com as portas de vidro fechadas. Digitei a senha e
a porta se abriu.
Fui até um dos elevadores e ao
entrar apertei o sétimo andar. Ao chegar eu vi duas portas. Uma do lado
direito, uma do lado esquerdo. Abri a porta do lado esquerdo que era o
apartamento 94.
Entrei e vi que era realmente um
belo apartamento. Todo mobiliado. A parede da sala era totalmente de vidro com
visão panorâmica onde era possível ver a praia de San Diego. Era realmente
muito bonito.
Olhei bem para o lugar e tentei
imaginar se eu me imaginava vivendo naquele lugar. Era esquisito estar em novo
lar. Eu odiava ficar mudando então o lugar que eu comprasse seria o lugar onde
viveria até morrer. Se eu chegar a me casar novamente, seja com Jerry ou com
outra pessoa é aqui que eu quero morar. Chega de mudar. Eu odeio mudanças, eu
nunca me dei bem com mudanças. Nenhum tipo de mudança.
Olhei para o lado da porta e
tinha uma espécie de tablete com o logo do prédio. Não entendi bem para o que
era, mas lá havia informativos. Nada de papel grudado em elevador. Era tudo
eletrônico.
Nesse momento o elevador parou no
andar eu coloquei minha cabeça para fora e vi um homem apressado saindo do
elevador e vindo até onde eu estava.
- bom dia – falou ele apertando
minha mão.
- bom dia – falei deixando ele de
lado e olhando o apartamento.
- o que você achou? É lindo né?
- méh… – falei me fazendo de
difícil – acho que a Iggy veio a esse
lugar pra escrevera música dela.
- quem é Iggy? – perguntou ele
confuso – nunca ouvi essa expressão.
- Aqui é muito extravagante –
falei curtindo com a cara dele.
- é um pouco, mas ele garante a
comodidade e a segurança.
- eu não sei. Talvez eu só não
tenha gostado da atitude do vendedor.
- olha me desculpa por ter te
dito aquilo é que…
- …é que você não sabia que eu
tinha dinheiro. Eu sei. “O dinheiro faz o
mundo girar”.
O homem ficou calado por um
momento pensando no que podia dizer depois do que eu disse.
- e então? Vai tentar me
convencer a ficar com esse apartamento ou não?
- OK – falou ele forçando um
sorriso – vamos começar – falou ele me mostrando o apartamento.
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