CONSTRANGEDOR capítulo doze
D
|
epois de tudo o que aconteceu eu decidi esquecer o
passado. Eu não tocaria mais nesse assunto e nem no nome dele. Se ele foi
embora, ele foi embora. Não faz diferença pra mim. Já que esqueci Larry de vez
eu senti que devia incluir Ray em minha vida. Afinal ele é meu pai. Para
começar nós fomos até o prédio onde ficava o apartamento que eu iria comprar.
Esse passeio me fez ver que nós dois temos muito em comum. Meu pai também,
achou que o lugar era muito exagerado. As vezes menos significa mais.
- e então pai? Me diz a verdade.
O que achou?
- é um pouco exagerado pra mim.
quer dizer…
- eu também pensei a mesma coisa
sabe. Muito extravagante para mim, mas eu
quero um lugar que eu possa passar o resto da vida.
- você deve ter vendido bem seu
livro – falou meu pai falando sobre o valor do apartamento.
- sabe pai… eu estava inseguro
sobre gastar o dinheiro.
- que dinheiro?
- Quando Adam morreu eu ganhei 5
milhões do seguro de vida.
- Cinco! Cinco milhões?
- sim.
Meu pai ficou em silêncio por um
tempo.
- o senhor está me assustando
pai.
- é que cinco milhões é muito
dinheiro.
- é provavelmente mais afinal
está a mais de quatro meses rendendo juros no banco.
- eu não conseguiria guardar todo
esse dinheiro – falou Ray – eu penso em comprar tantas coisas.
- eu também pensava assim pai,
mas quando você ganha o dinheiro da forma que eu ganhei você começa a achar
injusto ter esse dinheiro. É como um prêmio que presenteia a dor.
- o que te fez mudar de idéia?
Quando você passou um tempo lá em casa você estava mal você até…
- sim. Eu me lembro de ter tomado
aquele remédios, mas já passei dessa fase. Eu já não quero mais morrer e não
tenho ideias suicidas.
- a quem devo agradecer por essa
sua melhora?
- Jerry.
- Jerry é seu namorado?
- é sim.
- fico aliviado em saber que você
começou a viver novamente, mas será que você está mesmo bem? quer dizer… eu
não… eu tenho medo de ter que passar pelo oque passamos.
- eu não se matar pai. Eu estou
bem.
- eu sei, mas é que quando você
passar pelo oque passou você pode ter
problemas em se envolver com alguém. Ter dificuldade em ser íntimo.
- eu sou intimo de Jerry. Nós já…
tranzamos.
- olha isso não é ser íntimo vai
por mim. Intimidade é muito mais do que sexo. Você pode fazer sexo muitas vezes
com alguém e mesmo assim não ser íntimo.
- eu estou bem pai. Prometo. Eu
sou íntimo de Jerry.
- tudo bem, se está dizendo eu
acredito.
- ótimo.
Meu pai e eu olhamos o
apartamento por quase toda a manhã. Nós andamos por todo o condomínio
conhecendo o lugar e tudo o que ele oferecia e depois fomos almoçar.
Depois que nós almoçamos ficamos
um pouco no restaurante e meu pai ligou para minha mãe e me colocou para falar
com ela ao telefone afinal ela estava preocupada comigo e ficou feliz de ouvir
a minha voz dizendo que eu estava bem.
Depois do almoço, por volta dás
duas da tarde meu pai e eu passamos no hotel onde ele estava e nós fomos embora
para o apartamento de Jerry. claro que ele ficaria hospedado lá. Já estava na
hora de Jerry ser apresentado.
- bem vindo ao apartamento do
Jerry – falei assim que abri a porta e nós entramos.
- quando é que eu vou poder
conhecer esse tal de Jerry?
- em breve. Ele chega do trabalho
geralmente por volta dás seis e meia.
- ótimo.
- vou levar o senhor até seu
quarto – falei levando ele para um dos quartos de hospedes.
- tem certeza de que ele não Vai
se importar que eu fique?
- claro que não.
- vou tomar um banho – falou meu
pai tirando a camisa.
- fique a vontade – falei fazendo
menção de sair do quarto, mas ele me chamou a atenção.
- vocês estão juntos a quanto
tempo mesmo?
- vai fazer cinco meses daqui á
algumas semanas.
- você pensa em se casar? –
perguntou meu pai tirando a calça.
- claro que não.
- eu não estou dizendo agora e
nem com Jerry. independente de quando ou com quem, eu quero saber se você pensa
em se casar outra vez.
- eu nem pensei nisso… quer dizer
– falei me sentando na cama – eu até pensei nisso, mas não sei se posso.
- porque não? – perguntou meu pai
abrindo a mala e pegando uma toalha e se enrolando.
- não sei. Acho que até hoje eu
choro e imploro por algo que nunca vou ter. Eu vivo um dia de cada vez assim
como me disseram pra fazer, mas eu ainda espero algo que me faça querer viver
de novo. Tipo, eu fico esperando chegar no limite até não ter nenhuma maneira
de sair ou voltar atrás e então eu vou perceber outra vez que eu estarei
perdendo algo que eu não tenho. Não mais. É um ciclo que se repete.
- porque você não se muda para
outra estado?
- o problema não é o lugar pai.
Sou eu. Onde eu estiver eu vou me sentir aqui. San Diego, Havaí ou Brasil. Seja
lá pra onde eu for, vou me sentir do mesmo jeito que estou aqui.
- eu te entendo. Você está certo.
A solução não é fugir.
- verdade e não adianta eu tentar
apressar minha melhora. Quando eu participava do grupo de ajuda eles diziam que
cada pessoa encara o lute de uma forma diferente e passam pelos estágios de uma
forma diferente.
- vou tomar um banho, depois
continuamos a conversar.
- tudo bem – falei saindo do
quarto e indo para a cozinha preparar algo para comer. Enquanto meu pai tomava
seu banho eu preparei um lanche para nós dois e enquanto eu preparava a porta
se abriu e Jerry entrou.
- boa tarde – falou Jerry com um
sorriso.
- olá. Chegou cedo.
- cheguei – falou ele me dando um
selo.
- porque veio tão cedo pra casa?
- eu tenho novidades. Eu consegui
encontrar alguém para participar da nossa noite.
- sério?
- sim.
- eu tenho novidades também.
- quais?
Nesse momento meu pai fez barulho
dentro do quarto.
- que barulho foi esse? –
perguntou Jerry confuso.
- Mike vem aqui pra gente
continuar – falou meu pai de dentro do quarto.
- continuar? – falou Jerry
olhando pra mim – você está me traindo?
- não Jerry.
Ele foi rapidamente até o quarto
e abriu a porta pegando meu pai só de cueca vestindo o resto da roupa. Jerry
foi pra cima do meu pai.
- Jerry não – falei correndo pra
cima de Jerry que me empurrou para trás me fazendo cair do chão.
- a quanto tempo estão juntos? –
perguntou Jerry olhando pra mim.
- ele é meu pai. Não é meu amante
– falei tentando me levantar – você é um péssimo jornalista.
- seu pai? – falou Jerry tentando
se acalmar.
- muito prazer – falou Ray nada
contente vestindo o resto da roupa.
- me desculpa eu não sei o que deu em mim.
- você é muito ciumento hein?
Achou mesmo que eu ia te trair embaixo do seu teto? – falei me levantando.
- me desculpa Mike, eu nem sei o
que…
- pai eu posso conversar com
Jerry em particular?
- vai lá – falou meu pai parecendo
irritado.
- me desculpa – falou Jerry
quando saímos do quarto.
- você é louco? Acabou de atacar
meu pai.
- eu esqueci que você tinha dois.
- eu não tenho dois. Só tenho
ele.
- como assim? E o Larry?
- desapareceu e disseque não é
pra mim procura-lo.
- ele fez isso mesmo?
- esquece – falei respirando
fundo – eu não te entendo. Você disse que acabou de encontrar um homem pra
fazer sexo comigo enquanto você assiste e você quase mata meu pai pensando que
era meu amante. Acho que não vai dar certo.
- me desculpa Mike, é que pensei
que…
- eu sei o que pensou. Por isso
acho que não vai dar certo.
- vai sim. Eu pensei que ele
fosse seu amante. É por isso mesmo que eu escolho a pessoa e não fosse. Você
não pode conhecer e nem ter relacionamento. entendeu?
- acho que sim.
- a noite ainda está de pé?
- está sim, agora eu só lamento
por você.
- porque?
- aquele é meu pai e ele não
prece nada contente. Você precisa reconquistá-lo. A primeira impressão é a que
fica, trate de mudar a sua primeira que é quase socando a cara dele.
- OK – falou ele respirando fundo
– me desculpa por isso.
- não se desculpe comigo.
- vou lá – falou ele entrando no
quarto para conversar com meu pai.
Depois que eles conversaram um
pouco os dois saíram do quarto.
- e então? Vocês se entenderam?
- mais ou menos – falou meu pai
saindo primeiro do quarto.
- por favor pai, não se faz de
difícil. Foi um engano.
- eu sei é que eu ainda estou um
pouco irritado por ter um homem em cima de mim tentando me bater.
- porque você não me deu um soco
– falou Jerry – bem que eu merecia.
- porque eu sabia quem era você.
- eu realmente sinto muito –
falou Jerry envergonhado.
- não esquenta essas coisas
acontecem – falou meu pai.
- sério? – perguntei rindo – com
que frequência um homem entra em seu quarto quando o senhor está seminu e pula
em cima de você?
- não força – falou meu pai – eu
só estou tentando ser compreensível.
- obrigado pro entender – falei
entregando um sanduiche para meu pai .
- espero que não se importa de eu
ficar aqui – falou meu pai para Ray.
- claro que não. O senhor é bem
vindo o quanto quiser.
- não se preocupa. Eu só fico até
sexta de manhã eu preciso ir embora. Estou aqui desde antes do natal.
- mas já pai?
- sim. Eu preciso voltar para
o açougue.
- então, o que o senhor faz aqui
todo esse tempo.
- é uma longe história –
respondo.
- e qual de vocês vai me contar –
falou Jerry.
Sei que foi tenso o que
aconteceu, mas foi engraçado ele querendo bater no meu pai pensando oque é meu
amante. Ainda bem que ele não tinha uma arma porque se não seria tragédia.
Depois de uma cena dessa o que nos resta é apenas rir da situação. Jerry
precisa se esforçar muito para fazer meu pai rir.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente aqui o que você achou desse capítulo. Todos os comentários são lidos e respondidos. Um abração a todos ;)