HISTÓRIA NUNCA CONTADA ‘PARTE 1’ capítulo vinte e quatro
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ão existe força mais poderosa na
natureza do que a força do desejo e a força da paixão. Nós seres humanos
gostamos de ser deuses. Gostamos de pensar que temos o controle de tudo o que
tem relação a nossa vida. Nós pensamos ter controle do que acontece em nossa
volta e gostamos de pensar que temos controle sobre nosso corpo. A verdade pode
ser estonteante, mas é cruel e igualmente deliciosa. É claro que podemos ter
controle do que ingerimos e o que fazemos com nosso corpo, mas não conseguimos
controlar como nos sentimos. É como eu disse antes, não existe força mais
poderosa na natureza do que a força da paixão e do desejo e é nesse ponto que
quero chegar: Você já parou para pensar no que você seria capaz de fazer para
conseguir algo que você quer? Parou para pensar no que você seria capaz de
fazer para ter uma chance com a pessoa que você deseja? Eu sei o que eu faria.
Por mais que
afirmamos para nós mesmos que conhecemos a pessoa com quem vivemos, dormimos,
tranzamos elas podem nos surpreender com os segredos mais obscuros e sombrios.
Eu tenho os meus segredos, Mason é meu segredo. O que descobri sobre Adam era
algo ao qual nunca imaginei descobrir. Ele era confuso sobre a sexualidade, mas
nunca imaginei que ele fosse tão confuso ao ponto de chegar á ser um homofóbico
que espancou um gay. É como disse… é possível conhecer alguém de verdade?
Os relatos
abaixo serão feitos por Anthony Sullivan.
Atravessei o
saguão apressado. O chão em tom de bege percorria todo o caminho até o
elevador. Passei pela recepção e atravessei rapidamente algumas pessoas que
estavam em meu caminho. Ao longe percebi que o elevador não esperaria por mim e
corri rapidamente levando meu braço impedindo que a porta se fechasse.
Teria um
longo caminho até a cobertura do prédio de cinquenta andares localizado no
centro de San Jose, uma das mais populosas do estado da Califórnia que fica nas
proximidades de San Diego. Trabalho na Freedon Publicity uma das maiores empresas de
publicidade do país. A empresa tinha sido fundada do nada pela magnata Carmen
Morgan, a mulher que deu a chance que eu agarrei com tanto fervor. Eu havia
terminado recentemente meu curso de Comunicação e Marketing empresarial e não
foi uma surpresa ter conseguido o emprego já que terminei em primeiro na minha
turma na universidade de Columbia em Nova Iorque.
Sra.
Morgan era uma mulher transcendental, esbelta e estupidamente inteligente. Ela
conseguiu se dar bem no mundo dos negócios predominados pelos homens. Apesar de
ser uma grande empresária ela gostava de entrevistar seus próprios
funcionários. Sem rodeios e sem meios termos. Fui contratado no meio da
entrevista.
Ao
chegar no quinquagésimo andar sai do elevador rapidamente e fui apressado pelas
divisórias. O prédio do lado de fora parecia uma enorme serendibite muita bem lapidada que brilhava aos raios de sol. O
prédio era todo revestido de vidro o que nos dava uma visão panorâmica da Ambassador
Bridge.
Todos
os funcionários tinham uma própria mesa que eram divididas por divisórias de
vidro. Enquanto passava pelos corredores, atravessando divisória por divisória
os outros funcionários paravam de fazer seu trabalho e olhavam para mim. Eles
geralmente me encaravam, mas dessa vez eles pareciam mais surpresos. Todos
olhavam para mim e não viam um colega de trabalho e sim um forte concorrente eu
era conhecido como o “aluno mais
promissor da classe de Columbia”. Após me formar no ano passado todos os
meus professores se ofereceram para me fazer uma carta de recomendações. Trouxe
doze comigo. Carmen ficou impressionada quando me contratou a oito meses atrás.
Foi quando me ingressei selva onde todos buscavam se destacar especialmente
agora que estávamos na última semana de setembro.
Na
última semana de todos os meses, Carmen Morgan escolhe pessoalmente os três
funcionários que mais se destacaram durante o mês para trabalharem junto com
ela nas semanas seguinte. É claro que todos gostariam de ter essa chance,
especialmente eu, mas não era fácil de se destacar dentro os setenta e oito
funcionários que ocupavam aquele andar. Ganhar a chance seria trabalhar dobrado
pelo mesmo salário no mês subsequente, mas valia totalmente a pena.
Quando
finalmente cheguei a minha divisória, sentei-me rápido á mesa e joguei minha
mochila em cima dela.
-
boa tarde – falou Andrew o meu vizinho.
-
A droga do despertador não funcionou – falei sem dar muita atenção a ele.
Liguei meu computador.
-
com uma desculpa esfarrapada dessas é difícil acreditar que você se formou em
primeiro da classe.
-
obrigado por espalhar isso para todo mundo – falei olhando diretamente para ele
e depois olhando para a tela do computador outra vez.
-
Anthony! – falou Andrew chamando minha atenção.
-
o que foi? – perguntei olhando para ele.
-
você esqueceu – falou ele apontando para os próprios olhos.
-
que droga – falei abrindo a mochila e pegando minha lente de contato – por isso
todo mundo estava me encarando.
-
mas é claro – falou Andrew rindo – ou você realmente pensou que alguém aqui se
sente ameaçado por você? – falando Andrew rindo.
-
palavras suas, não minhas – falei tentando ver meu reflexo no vidro para
colocar minha lente de contato no olho esquerdo. Nasci com Heterocromia, ou seja, nasci com dois tons de cores
nos olhos. Tenho um olho azul e o outro olho na cor castanho escuro.
Já fazia parte da minha rotina
colocar as lentes de contato no banheiro, mas hoje não me lembrei devido ao
atraso. Ainda bem que trago uma reserva comigo. Após tirar a lente do gel coloquei
no olho esquerdo fazendo assim que a cor dos meus olhos fossem castanho e
escuro.
- Andrew ficou me encarando enquanto
eu piscava lentamente tentando em acostumar com aquilo.
- sabe eu não entendo – falou Andrew
– se eu fosse você colocaria uma lente azul no olho direito. Daria tudo para
ter olhos azuis como o seu.
- essa é a diferença entre eu e a
maioria das pessoas que trabalham nesse andar. Eu não quero que a Sra. Morgan me escolha para trabalhar com ela por causa da cor do
meu físico e sim pelo meu trabalho. A maioria das pessoas por aqui gostam de
“puxar saco”.
- você que sabe – falou Andrew
voltando a trabalhar. A maioria das pessoas não entedia quando eu dava essa
explicação, mas a verdade é que para a maioria das pessoas a grama do vizinho é
sempre mais verde. Não para mim.
Tudo o que tenho na vida foi
conquistado por mim. desde os tempos do colegial quando eu decidi sair de casa.
Nasci e fui criado na cidade de New Heaven no estado de Connecticut. Não me
dava bem com meus pais devido a minha sexualidade. Em uma quarta-feira cheguei
em casa, coloquei o que pude dentro de uma mochila e fui morar na casa de um
amigo. Morei com ele até o fim do colegial. Quando eu descobri que entrei na
Universidade de Columbia me mudei para Nova Iorque e morei no campus até o fim
do meu curso. Enviei currículos para várias empresas no meu último ano e eu
pude escolher entre as maiores empresas. Acabei ficando com a Freedon Publicity.
Era quinta-feira, o último dia para
a entrega de uma campanha de publicidade para uma marca de carros conhecida. O
primeiro grupo trabalhou em uma campanha que não agradou o cliente e devido a
estar muito tempo com a empresa eles nos deram três dias para criar uma nova
campanha do zero. Estávamos correndo contra o relógio, mas estavam todos
motivados porque Carmen geralmente escolhia os três sortudos em uma
sexta-feira. Estávamos todos trabalhando para impressionar não só o cliente.
- como você está com a campanha? – perguntou Andrew
me atrapalhando outra vez.
-
está indo – falei tentando não ser sem educação.
Ele
se levantou um pouco e olhou para meu papel. Ele estavam e branco. Eu encarava
a tela do meu computador tentando ter uma idéia.
-
com licença – falou Sra. Morgan saindo de sua sala chamando a atenção de todos.
Ela usava um vestido branco com detalhes vermelhos. Seus lábios continham um
batom vermelho em um tom escuro e seus olhos verdes fitaram todos na sala.
Todos
se calaram e se levantaram para ouvir o que Sra. Morgan tinha a dizer.
-
eu estou decepcionada – falou ela dando dois passos para frente – nunca na
história da Freedon Publicity um cliente
havia recusado uma campanha. Não digo isso tentando desmerecer o trabalho dos
que criaram a campanha e sim pelo fato de que ninguém tenha conseguido pensar
em algo melhor. O cliente nos deu três dias – falou ela apontando para um dos
quatro relógios que ficavam espalhados – eu tenho uma reunião daqui a duas
horas. É melhor que alguém pense em algo.
- desculpa Sra. Morgan – falou um
funcionário levantando a mão – será que não é possível conseguir mais tempo?
Sra.
Morgan olhou para ele e deu um sorriso.
-
qual o seu nome?
-
Jackson Blacke.
-
ótima pergunta Sr. Blacke – falou ela olhando para todos nós e sorrindo –
acabei de falar ao telefone com o cliente e ele entendeu o nosso lado e nos
ofereceu mais uma semana de prazo.
Todos
cochicharam quando ela disse isso. Todos se sentiram aliviados quando ela disse
isso.
-
mas eu neguei – falou ela olhando para trás e acenando positivamente com a
cabeça para seu assistente – eu disse que não era preciso porque a nova
campanha estava pronta.
Todos
ficaram surpresos e começaram a cochichar protestando sobre a decisão. Eu
fiquei surpreso.
-
ela é louco – falou Andrew perto de mim.
-
ela não é louca – falei olhando para ela – ela é esperta.
-
levem isso como um elogio – falou ela atravessando o corredor em direção ao
elevador – isso mostra que eu confio em vocês. Eu estou depositando toda minha
confiança e tudo o que eu criei em vocês. Conversem um com o outro, troquem
ideias e opiniões. E o principal, não me decepcionem – falou ela passando por
mim e seguindo até o elevador com seu assistente ao lado.
“Conversem
um com o outro, troquem ideias e opiniões”. Aquilo ficou gravado em minha mente
por alguns segundos. Senti um frio na barriga enquanto encarava o papel branco.
-
acho melhor começarmos a procurar um novo emprego – falou Andrew rindo olhando
para mim.
Coloquei
minha mão na testa e fechei os olhos tentando pensar em ago.
-
“Conversem um com o outro, troquem ideias e opiniões”, “Conversem um com o
outro”, “troquem opiniões”, “boca a boca”... – repetia essa frase bem baixinho
com minha boca tentando descobrir algo que minha mente já sabia.
-
Anthony, você está bem? – perguntou Andrew.
Apertei
os olhos e pensei por mais alguns segundos e de repente veio a minha cabeça.
Olhei para trás e vi que Sra. Morgan estava entrando no elevador. Peguei meu
papel em branco e sai correndo pelo corredor. Foi difícil porque várias pessoas
transitavam e eu tive que desviar.
-
onde você vai? – gritou Andrew.
-
Sr. Morgan – falei alto, mas ela não ouviu. Estava conversando com alguém ao
celular.
Fui
o mais rápido que consegui tentando passar por entre aquelas pessoas e vi que a
porta do elevador começou a se fechar. Corri rapidamente e ao chegar bem perto
enfiei meu braço entre as duas portas que se abriram.
Sra.
Morgan ficou me encarando, mas falava ao celular. Seu assistente olhou para
mim.
-
ela tem uma reunião agora.
-
eu tive uma idéia – falei ofegante – eu tive… eu tive uma idéia.
-
ela não tem tempo – falou o assistente.
-
por favor – falei para ela – eu tive uma idéia – falei pausadamente.
-
tudo bem Jack – falou ela para o assistente – rápido – falou ela prestando
atenção em mim.
-
eu pensei no que disse sobre conversar e trocar ideias e isso veio a minha mente
– falei mostrando o papel para ela. Estava em branco.
-
isso é algum tipo de brincadeira – perguntou ela.
-
não, eu percebi que não precisamos criar outra campanha.
-
o cliente não gostou da idéia apresentada – falou ela.
-
exato – falei continuando – a campanha publicitária criada tem o humor como
foco e qual o motivo deles não terem gostado da idéia? Eles acham que ofendem a
comunidade LGBT.
-
não entendo onde quer chegar com isso.
-
viral! A resposta é simples: nós vazamos o comercial criado, dessa forma ele
vai viralizar. o cliente não terá
outra escolha a não ser liberar a campanha original e aceitar nossa idéia.
-
mesmo assim, isso não tira o fato de que a campanha pode ofender.
-
Não podemos nos preocupar com as ofensas porque hoje em dia, tudo ofende
qualquer um. Sempre alguém sai ofendido, seja de um comercial ou a conversa em
uma roda de amigos. O cliente está com medo de algo que pode vir a acontecer. É
um medo irracional.
-
o cliente pode nos processar.
-
sim, eu sei que é um tiro no escuro, mas depois que o cliente ver as proporções
que tomou o vídeo eles vão com certeza aceitar. A campanha “viral” está
presente em tantas outras empresas, mas eu duvido que alguma delas tenham usado
esse método. Eu sei que é um grande risco porque pode ser um tiro no pé, mas
não foi assim que criou essa empresa em primeiro lugar? Tomando riscos?
Eu
dei uma pausa para respirar e Sra. Morgan olhou para mim e novamente para o
papel. Todos atrás de min olhavam fixamente esperando pela resposta dela.
-
como é seu nome?
-
Anthony senhora, Anthony Sullivan.
Ela
então deu um passo para fora do elevador.
-
senhoras e senhores, Anthony Sullivan. Ele acaba se salvar o meu traseiro –
falou ela rindo.
Todos
começaram a bater palmas.
-
parabéns Sr. Sullivan, você é o primeiro
escolhido para trabalhar comigo junto com o nosso mais novo cliente.
Levei
um choque quando ela disse aquilo. Nunca, no tempo em que estava lá ela tinha
escolhido alguém antes do dia.
-
obrigado pela oportunidade Sr. Morgan.
-
nunca fiz isso antes Sr. Sullivan,
mas vou deixar que você escolha um de seus companheiro para ocupar a vaga de
numero dois.
-
Ok senhora.
-
me chame de Carmen – falou ela entrando novamente no elevador.
-
eu já tenho um nome para indicar – falei a Carmen.
-
quem?
-
Andrew Potter.
-
OK – falou ela apertando o botão do elevador e finalmente desaparecendo.
Voltei
cheio de mim para minha mesa. Era uma honra ser escolhido para trabalhar com um
novo cliente. Era minha chance de se destacar. Era a chance de mostrar as
minhas habilidades.
-
você mesmo inteligente “Columbia boy”
– falou Andrew brincando – eu nunca teria uma idéia como essa.
-
de nada por ter te conseguido a vaga.
-
eu não preciso agradecer – falou ele brincando – ela seria minha de qualquer
jeito.
-
você é engraçado – falei me sentando e tentando me recompor.
-
como você teve essa idéia? – perguntou Andrew.
-
é fácil – falei tentando não falar muito alto – ela nunca teve intenção de
fazer uma campanha nova, a intenção dela não era que criássemos uma nova
campanha e sim de fazer a empresa aceitar a campanha já feita. É como ela
disse: “nunca na história da Freedon Publicity um cliente havia recusado uma campanha”. A intenção dela sempre foi que o
cliente aceitasse de um jeito ou de outro.
-
“garoto de Columbia” você é demais – falou Andrew.
-
mais uma vez: de nada por ter te indicado.
-
não estou surpreso por ter me indicado.
Estava
feliz por ter conseguido uma das três vagas. Era uma grande oportunidade de
fazer meu futuro. Estava ansioso para poder trabalhar com esse novo cliente.
Seja ele quem for.
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