capítulo dois
QUEM EU SEREI?
M
|
eu
coração batia rápido no peito. O Psicólogo tinha saído do quarto a quase vinte
minutos para conversar com esse tal de Kevin McFarlane e ainda não tinha
voltado. Como eu podia ter esquecido de tudo? Porque isso tinha acontecido
comigo? Me sentia solitário. Era como se existisse em um mundo tão grande.
Estou rodeado de pessoas e rostos, mas estou sozinho no mundo. Não tenho
história. Não á segredos, alegrias ou tristezas. Não posso contar com ninguém,
nem comigo mesmo.
O enorme relógio na parede do quarto
marcava quase trinta minutos desde que o psicólogo tinha ido conversar com Kevin.
Será que ele foi embora e não quis me ver?
- estou de volta – falou o Dr. Westbrook voltando para dentro do quarto
me assustando.
- conversou com ele? – perguntei tentando me acalmar.
- conversei – falou ele se aproximando.
- e então doutor? O que aconteceu? Porque demorou tanto?
- ele está confuso e muito chateado.
- é claro – falei inquieto – porque ele não ficaria? Afinal eu o esqueci
– falei apertando os lábios e respirando fundo.
- ele não está chateado por você não se lembrar. Ele está chateado por
tudo o que aconteceu.
- como ele é doutor? Ele é tão medonho quanto na foto?
- na verdade ele parece ser um cara legal. Se importa com você.
- nós somos casados a quanto tempo?
- na verdade vocês não estão casados. Vocês estão noivos.
- noivos? – falei olhando para a aliança na minha mão esquerda.
- sim. Acho melhor trocar de mão.
Tirei a aliança da mão esquerda e coloquei no dedo anelar da mão
direita.
- posso deixar ele entrar?
- pode – falei nervoso.
O Psicólogo abriu a porta e saiu novamente do quarto. Estava muito ansioso.
Sentia minhas pernas se debaterem de nervosismo. Estava prestes a conhecer meu
noivo pela primeira vez. Isso soava muito estranho.
Quando a porta se abriu não foi o Dr. Frederick Westbrook que eu vi. Era
o homem da foto na minha carteira. Seu olhar parecia confuso. Ele fechou a
porta atrás de si e de longe ficou olhando pra mim. Seus cabelos eram ruivos ou
oiros? Dependendo da forma que a luz refletia pareciam loiros. As vezes parecia
ruivos bem claros. Ruivos ou loiros? Ruivo. Definitivamente ruivo. Enquanto eu
debatia sobre a cor dos seus cabelos e barbas ele continuava olhando para mim.
Ele parecia tão assustador quanto na foto.
Ele abriu a boca lambendo os lábios e percebi que ele tinha presas
grandes. Seus olhos azuis brilhavam olhando para mim. Ele tinha um rosto
enigmático. Ele vestia uma calça jeans azul e uma camiseta cinza, mas com uma
jaqueta de couro preto por cima. Ele parecia confuso. Ele engoliu seco e
continuou em silêncio.
- oi Max – falou ele dando um passo para longe da porta na minha direção.
Ele tinha uma expressão tão confusa quanto a minha.
- oi – falei tentando ser simpático. Eu o via na minha frente e tentava
me lembrar, mas não conseguia. Nós ficamos nos olhando por um bom tempo e
ninguém disse nada. Um certo clima se instalou no ar. Estava tão tenso que
podia cortar com uma faca.
Kevin continuava me encarando. Talvez ele estivesse imaginando o que
aconteceu comigo ou talvez só estivesse feliz por eu estar vivo. Ele deu alguns
passos na minha direção e parou ficando a menos de um metro de distância de mim
– você está bem?
- estou sim – falei com vergonha de olhar no rosto dele – acho que estou
um né.
- você se lembra de mim?
- não – falei indiferente – achei que se olhasse para você pessoalmente
eu me lembraria, mas você é um completo estranho. Desculpa.
- O Psicólogo me explicou tudo o que aconteceu. Não precisa se desculpar.
- sabe… eu fecho os olhos e vejo algumas coisas.
- que coisas?
- sabe quando você se lembra de quando era criança? Coisas sem sentido
que não devia lembrar, mas por algum motivo seu cérebro achou aquilo
importante?
- sei – falou Kevin.
- eu vejo isso. Me vejo brincando, na escola, mas não reconheço nada em
volta. Não me lembrava disso no começo, mas agora eu me lembro. Do nada.
- isso é bom – falou Kevin – talvez você se lembre. Em seus olhos haviam
um lampejo de esperança.
- O médico não me deu muitas esperanças. Estou começando a me lembrar de
coisas sem sentindo. Imagens aleatórias, mas não me lembrei de nada de verdade.
- Você não costumava ser tão pessimista.
- Pelo o que parece eu costumava ser muitas coisas, mas agora eu não sou
nada – falei cabisbaixo.
- desculpa. Não queria te chatear. A última coisa que eu quero é te
irritar.
- não estou chateado é que… você me conhece mesmo?
- melhor do que ninguém – falou Kevin deixando um sorriso escapar. O
modo que ele olhava para mim era estranho.
- você pode contar um pouco sobre mim?
- claro. O que quer saber?
- nós somos casados ou somos noivos?
- você se lembra?
- não. encontrei uma aliança com o nome Kevin McFarlane. Acredito que
ele seja você.
- acertou – falou Kevin com um sorriso – Não. Não somos casados. Somos
noivos.
- a quanto tempo?
- mais ou menos dois meses.
- como aconteceu?
- eu te pedi em casamento e você aceitou.
Fiquei pensando naquilo. Olhei para a aliança no meu dedo e olhei para
ele.
- você sabe porque eu tenho isso na minha carteira? – perguntei tirando
um cartão do TripAdvisor e entregando a ele.
- é o seu trabalho – falou Kevin..
- trabalho? Eu tenho uma carreira?
- você se formou em turismo na Universidade Internacional da Flórida.
Isso foi bem antes de nos conhecermos – falou Kevin me entregando o cartão.
- e eu trabalho no escritório deles?
- Não. Na verdade você é um avaliador. Você viaja e se hospeda em
hotéis. Você fica hospedado por um ou dois dias, faz uso de tudo o que o hotel
tem a oferecer e faz avaliações para o site.
- sério? – perguntei rindo pela primeira vez – essa é meu trabalho?
- sim – falou Kevin rindo comigo – parece fácil, mas é bem difícil.
- eu imagino – falei rindo com ele – eu viajo o mundo todo?
- não. na verdade só em território Nacional.
- que legal – falei rindo.
- eu também acho bacana. Foi graças a esse trabalho que nós nos
conhecemos – falou Kevin parando de rir.
- você também trabalha para o TripAdvisor?
- não. eu sou Piloto.
- Piloto? Tipo… de avião?
- sim. De Avião. Voos comerciais. – falou Kevin rindo – Foi assim que
nós nos conhecemos.
- então isso explica essa foto – falei pegando a foto dele na minha
carteira. Ele usava um Quepe e o símbolo era provavelmente o símbolo da
aeronáutica.
- sim. Sou eu – falou Kevin pegando a foto da minha mão. Em seguida ele
me entregou de volta.
- nós nos conhecemos em uma das minhas viagens?
- mais ou menos – falou Kevin – o TripAdvisor tem um contrato com a
American Airlines – que é a companhia aérea que eu trabalho – algumas vezes
você pegou vários dos meus voos e em uma dessas viagens minha tripulação e eu
ficamos hospedados no mesmo hotel que você estava avaliando. Nós nos
encontramos no bar, conversamos, bebemos, trocamos alguns beijos – falou Kevin
rindo – isso aconteceu algumas vezes até que você me pediu em namoro.
- eu?
- sim. Você.
- foi em que cidade?
- Seattle – falou Kevin parecendo se lembrar em sua mente de cada
detalhe.
- não é meio solitário? Eu sempre viajando e você também.
- Não. Depois que começamos a namorar sempre que é possível você agenda
suas viagens para as mesmas cidades onde vou. Você é meio que da minha
tripulação. Quando não estamos juntos em viagens estamos juntos em nossa casa.
- Nossa? nós moramos juntos?
- sim.
- quando nós começamos a morar juntos?
- quando eu te pedi em casamento. Você morava de aluguel e quando eu te
pedi em casamento nós resolvemos morar logo juntos. Você então cancelou seu
contrato de aluguel e se mudou para minha casa.
- posso perguntar uma coisa?
- claro Max – falou ele tentando ser prestativo.
- eu tenho família? Pai? Mãe?
- tem sim, mas você não mantem muito contato com eles.
- onde eles moram?
- Em Miami – falou Kevin parecendo incomodado com minha pergunta –
mudando de assunto… - falou Kevin disfarçando – Fiquei tão preocupado quando te
liguei ontem a noite e você não atendeu. Quando a policia me ligou contanto o
que tinha acontecido eu fiquei louco. Fiquei com medo de que você tivesse
sofrido algo grave.
- minha Amnésia não é grave?
- sim, mas podia ser pior. Só estou feliz por você estar vivo – falou Kevin
segurando minha mão, mas eu a puxei.
- me sinto estranho. Talvez estar vivo não seja uma coisa boa.
- não diga isso Max.
- Não quero ser pessimista, mas o que eu faço agora? Não me lembro de
nada. Como eu volto para minha vida normal?
- um dia de cada vez, um passo por vez – falou Kevin tentando me
motivar.
- aparentemente você é a única pessoa próxima de mim e você viaja todos os dias. Não vai dar certo. O Dr.
Herman disse que vou precisar exercitar meu cérebro e fazer visitas regulares a
um terapeuta. Ainda sim não é garantia.
- não fica pensando nisso agora.
- mas isso é tudo o que eu tenho para pensar – falei mais alto do que
gostaria. Kevin se calou e respirou fundo. Ele percebeu que eu estava irritado
– desculpa.
- sem problema – falou Kevin olhando pela janela do meu quarto. Ele
olhou para fora alguns instantes e depois voltou a olhar para mim – eu vou
pedir uma licença do trabalho. Talvez um mês ou dois. Até você se sentir melhor
e sentir que sua vida está nos eixos de novo.
- OK – falei olhando para o outro lado. Quem era esse homem?
Uma vez que entrou no meu quarto Kevin não demonstrou traços de que iria
embora. Ele saiu algumas vezes do quarto e voltava minutos depois mascando um
chiclete ou chupando balinha de menta. As vezes ele ia até o banheiro e voltava
em silêncio. Ele ficava sentado na poltrona ao lado da minha cama mexendo no
celular. O silêncio era mortal. Não tínhamos o que conversar. Foram duas horas
maçantes.
- com licença – falou uma enfermeira abrindo a porta do quarto – Senhor
o horário de visitas acaba em dez minutos.
- eu não posso ficar com ele? – perguntou Kevin se levantando da
poltrona.
- infelizmente não. O senhor pode voltar amanhã para visita-lo.
- ele vai receber alta amanhã – falou Kevin se aproximando dela – ele
está com Amnésia e não se lembra de nada. O psicólogo… o doutor… - falou Kevin
tentando lembrar o nome dele.
- Frederick Westbrook – falei da minha cama.
- exato – falou Kevin – o Dr. Westbrook disse que ter companhia vai ser
bom.
- preciso confirmar com ele – falou a enfermeira saindo do quarto.
Kevin olhou para mim e se aproximou da cama.
- eu vou ficar. Não vou te deixar sozinho – falou ele estabelecendo um
limite. Ele percebeu que eu não gostei do toque da mão dele.
- você pode ir se quiser. Algumas horas sozinhos não vai me machucar.
- Se o Dr. Westbrook permitir eu ficarei aqui.
Ficamos em silêncio alguns minutos e a porta do quarto se abriu. Era o
Dr. Frederick.
- com licença – falou o Doutor entrando fechando a porta.
- Dr. Westbrook eles me disseram que vou precisar ir embora – falou Kevin
se aproximando dele. Kevin parecia realmente preocupado. Ele estava com medo de
ter que ir embora do hospital e só voltar no outro dia.
- infelizmente esse é o protocolo Sr. McFarlane – Max terá toda a ajuda
que precisar de nossos enfermeiros.
Kevin olhou para mim e voltou a olhar para o Dr. Westbrook. Ele parecia
chateado por ter que ir embora. Me deu pena.
- eu não quero ficar sozinho – falei respirando fundo – Tem um buraco em
minha mente e eu claramente não me lembro de Kevin, mas ele me conhece bem. O
senhor mesmo disse que as primeiras horas após o acidente são cruciais para
saber se minha memória vai voltar ou não. Kevin parece me conhecer bem. Ele
ficar parece uma boa ideia.
- eu não posso – falou o Dr. Westbrook – me desculpem.
- seu nome é Frederick? Posso te chamar pelo primeiro nome? – perguntou Kevin.
- pode – falou o médico intrigado.
- Frederick – falou Kevin se aproximando dele – eu mencionei que sou
piloto para a American Airlines?
- na verdade não – falou Frederick pensativo.
- sabe eu ficaria feliz em te dar algumas passagens para qualquer lugar
que você quiser.
- na verdade eu estava pensando em levar minha família em Paris nessas
férias.
- ótimo – falou Kevin sorrindo – eu ficaria feliz em te dar as passagens.
Uma forma de agradecimento por tudo o que você fez por Max – falou Kevin
olhando para mim. Em seguida Kevin pediu uma caneta para o médico e ele anotou
seu número em um papel – é só me ligar e me dizer quando gostaria de ir e
voltar – falou Kevin entregando o papel com o número dele – e é claro que sua
hospedagem estaria incluída. Para você e sua família aproveitarem o máximo e
suas férias.
- tudo bem – falou o Dr. Westbrook pegando o papel e guardando no bolso.
Ele abriu a porta do quarto e olhou para mim – Max se você ou Kevin precisarem
de qualquer coisa durante a noite não hesitem em incomodar as enfermeiras. Elas
estão aqui para isso.
- obrigado – falei agradecendo por ele ter deixado Kevin ficar.
- eu é que agradeço – falou ele olhando para Kevin. Com certeza o
suborno de Kevin tinha sido efetivo.
Quando a porta se fechou Kevin olhou para mim e se aproximou da cama.
- você tem esse poder?
- o que? – perguntou Kevin.
- Passagens e hospedagem em hotel?
- são as vantagens de ser um piloto – falou Kevin.
- amanhã quando eu receber alta nós vamos voltar para Miami?
- sim.
- ótimo – falei respirando fundo – vai ser bom estar em casa.
- em breve – falou Kevin tocando meu ombro. Ele manteve a mão por alguns
segundos e então á retirou – posso te perguntar uma coisa?
- pode – falei confuso. Eu não saberia o que responder.
- você não se lembra de nada certo?
- nadinha.
- não queria te incomodar com isso agora, mas é que é estranho.
- o que é estranho?
- você não devia estar em Chicago.
- não devia estar aqui?
- não. A última vez que nós nos vimos você disse que estaria indo para
New Hampshire. Você voltaria em três dias. Achei estranho quando os policiais
me disseram que você estava aqui.
- Eu devo dizer que não me lembro, mas eu já disse essas palavras tantas
vezes que elas estão começando a perder os sentidos.
- quer saber? Não importa. Tudo vai ficar bem – falou Kevin tentando ser
otimista.
Queria eu ter o otimismo de Kevin. Tudo parecia tão normal para ele. Kevin
estava feliz por eu não estar morto, mas eu sinto como se estivesse. Parece um
pesadelo sem fim. Quando a noite chegou Kevin apagou na poltrona, mas eu não
consegui dormir. O relógio marcava quase uma hora da manhã e meu corpo doía de
ficar deitado naquela cama de hospital.
Kevin roncava bem baixinho e eu vi que ele tinha deixado o celular dele
em cima do colo. Ele estava apagado. Levei minha mão até o celular e eu o
peguei tentando não acordá-lo. Uma vez com o celular na mão eu me virei para o
outro lado. Para minha sorte não tinha senha. Ao ligar o celular a primeira
coisa que vi foi uma foto nossa. Uma foto minha e de Kevin. Nos dois estávamos
de óculos escuros do lado de fora de uma aeronave. Kevin estava com o uniforma
de piloto e eu vestido como se estivesse indo á praia. Nós dois sorriamos.
- o que está fazendo? – perguntou Kevin me assustando. Ele se levantou.
- nada – falei me virando. Ele viu que eu estava com o celular dele.
Senti um frio na barriga. Apertei o botão desligando a luz do celular, mas era
tarde demais. Ele tinha visto ele em minha mão.
- curiosidade? – perguntou ele pegando o celular da minha mão.
- desculpa é que eu estou sem sono.
- gostou da foto? – perguntou ele ligando novamente o celular me
mostrando a foto que ele usava como papel de parede no celular.
- sim – falei mentindo. Era estranho me ver daquele jeito. Tão próximo de
alguém que nem conhecia.
- tem várias outras – falou Kevin indo até a galeria – quer ver?
- quero – falei me sentando na cama.
Kevin me entrou o celular e eu fui passando as fotos. Haviam várias
fotos nossas. Algumas fotos só minhas e fotos só dele. Passei uma por uma e em
várias delas nos estávamos em pontos turísticos. Washington, Seattle, Las
Vegas, Los Angeles e até mesmo no Canadá.
- nossa, mas nós viajamos tanto – acho que essa foi a coisa mais idiota
que eu disse o dia todo.
Kevin deu risada quando eu disse aquilo.
- me desculpa – falou Kevin tentando parar de rir.
- o que foi?
- não é nada. Você parece uma criança. Tudo é tão novo pra você.
- não posso nem esperar pra ver o que me aguarda em casa – falei
passando algumas fotos até que parei em uma em particular. Era uma foto minha e
de Kevin na cama. Nós estávamos sem camisa. Na foto seguinte nós estávamos nos
beijando.
- nós tiramos essas fotos á dois dias antes de você viajar – falou Kevin
pegando o celular.
- as fotos acabaram?
- sim. Tem alguns vídeos, mas não acho que você vai querer ver – falou
ele guardando o celular no bolso.
- OK – falei respirando fundo. Eu estava com frio.
- está com frio?
- um pouco – falei sentindo com frio. Estava tão gelado.
- o enfermeiro deixou um cobertor extra – falou Kevin pegando o cobertor
e abrindo-o. Ele jogou em cima de mim.
- obrigado – falei puxando o cobertor e voltando a me deitar.
Me virei de lado de costas para Kevin. Ele voltou a se sentar na
poltrona.
- eu posso te perguntar sobre minha família?
- claro que pode.
- estou perguntando porque parece que você não gostou muito quando eu
perguntei.
- não é nada… o que você quer saber?
- eles estão vivos?
- sim. Você tem um pai, uma mãe e uma irmã mais velha. Eles estão todos
vivos. Você não mantem muito contato com eles. Na verdade você só os via em
algumas datas comemorativas.
- eles me aceitam? Como gay?
- sim – falou Kevin – eu pelo menos nunca vi eles te tratarem mal por
causa disso.
- você os conhece?
- sim, mas eu só os vi algumas vezes depois que te conheci.
- o que eu vou fazer se minha memória não voltar?
- não fique pensando nisso – falou Kevin tentando me acalmar – não seja
apressado. Você sempre foi ansioso. Tente se acalmar. Lembra do que eu disse.
Um dia de cada vez, um passo por vez.
- vou tentar – falei me virando para o outro lado. Agora eu via Kevin
sentado na poltrona olhando para mim no quarto quase escuro. As luzes que
vinham pela janela não deixavam o lugar
totalmente no breu. Kevin ficou olhando para mim pensativo. Não me importei
dele olhar para mim sem piscar. Ele parecia pensativo. Não me importei porque
eu olhava para ele do mesmo jeito. Tentei ver um lampejo de esperança em tudo
aquilo. Comecei meu dia de cabeça para baixo e agora estava diante ao meu
noivo. Um homem que não conhecia. Ele era gentil e parecia gostar de mim, mas
não tenho certeza de quem eu serei a partir de agora porque parece que o velho
eu nunca mais vai voltar.
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