capítulo sete
O SENHOR ME CONHECE?
Q
|
uanto
mais eu lembrava mais eu queria esquecer. Acho que todos temos vontade de
esquecer alguns momentos de nossa vida e eu tive essa chance e agora que estou
me lembrando eu estou odiando. Dois dias se passaram desde que Justin me contou
sobre o relacionamento aberto que Kevin e eu vivíamos. Não gostava daquilo. Eu
sinceramente não tenho nada contra o sexo e suas várias formas, mas essa vida
não é para todos e com certeza não é para mim. Não era assim que eu me sentia.
Só de imaginar ficar com dois homens ao mesmo tempo eu já acho estranho imagina
cinco pessoas em uma cama sem regras?
Fazia mais ou menos uma hora e meia que o pintor estava na porta da
frente fazendo seu trabalho. Kevin estava sem camisa deitado em uma das
cadeiras de praia com seus óculos escuros aproveitando os raios de sol. Eu
estava deitado a duas cadeiras de distancia olhando para Kevin imaginando todas
as coisas que que Justin tinha dito e algumas que eu tinha lembrado. Não
conseguia compactuar com aquilo.
- você está bem? – perguntou Kevin tirando os óculos e olhando para mim.
- estou – falei levando um pequeno susto quando ele olhou para mim.
- não parece. Você parece encabulado com algo.
- não é nada – falei tentando disfarçar.
- é sobre o que Adrien fez na porta? – perguntou ele se levantando de
sua cadeira e sentando-se da que estava do meu lado.
- eu já disse que não me importo com a porta.
- então o que é? Você não consegue mentir pra mim – falou Kevin levando
sua mão até meu rosto tocando-o.
- depois que você saiu para comprar os materiais para o pintor Justin
voltou até aqui.
- sério? pra que?
- pra me contar sobre as orgias.
Kevin arregalou os olhos quando eu disse aquelas palavras.
- filho de uma cadela! – falou Kevin com raiva.
- ele me contou tudo. Sobre você, ele, Ava, a namorada bissexual de Ava,
eu… tudo.
- o que você tem a dizer com isso? – perguntou Kevin respirando fundo.
- bem, estou surpreso que tenha topado uma coisa dessas. Não faz meu
estilo.
- sinto muito. Não queria que descobrisse desse jeito.
- porque você não me contou logo?
- porque você está se adaptando aos poucos.
- pois fique sabendo que esse é o tipo de coisa que não vou me adaptar. Seja
lá o que aconteceu, não vai acontecer jamais.
- tudo bem. Não precisa fazer que não queira – falou Kevin
aproximando-se para um beijo. Ele me deu um selinho, mas eu não correspondi – o
que foi? Está chateado?
- não é que… não foi só o que Justin me disse. Eu também me lembrei de
algumas coisas da minha adolescência.
- sério?
- sim. Me lembrei também de algumas coisas que costumávamos fazer na
hidromassagem.
- e como você lembrou?
- Você contou para Justin que eu me lembrei de algumas coisas enquanto fazíamos
amor noite passada então ele achou que era uma boa ideia utilizar o mesmo
método em mim, mas em minha defesa eu achei que fosse você.
- desgraçado! – falou Kevin se levantando.
- onde você vai?
- não sei – falo Kevin se costas respirando fundo – só estou com raiva.
- eu só o chupei… - era esquisito dizer aquelas palavras para seu
namorado e possível noivo – quando eu percebi que não era você eu parei.
- eu te juro que nada disso vai mais acontecer. Nem Ava, nem Justin…
ninguém mais vai chegar perto de você – falou ele se virando para mim.
- Só que tem um problema Kevin, depois do que Justin me disse e das
coisas que lembrei eu também não quero que você cheguei perto de mim.
- porque? O que eu te fiz?
- não é o que fez é o que fazíamos – falei me levantando – é estranho
pensar que você gostava de ver seu melhor amigo fazer sexo comigo.
- isso é só uma parte de mim Max. Entre nós dois e o sexo existe o amor
que sinto por você é maior. Não precisamos voltar a fazer aquelas coisas.
Podemos ser só nós dois.
- e se não for o suficiente? E se no futuro você quiser fazer outra vez?
Não quero ser a pessoa que te fez desistir de algo que gosta. Com certeza eu
tenho minhas fantasias, mas uma orgia é muito pra mim.
- não precisamos voltar a fazer. Nunca mais – falou ele se aproximando e
segurando em meus braços – só não desista de mim por causa disso.
- eu vou tentar – falei respirando fundo – você promete não esconder
mais nada de mim?
- prometo. Não escondo mais nada. Serei um livro aberto a partir de agora.
- tudo bem então porque ontem a noite foi especial. Quando você estava
dentro de mim e beijava meus lábios enquanto dizia que me amava eu senti como
se te amasse de volta – falei tocando o rosto dele com a mão – sinto que o amor
que tinha por você no passado está escondido aqui em algum lugar e ontem a
noite eu acreditei que fosse possível ele vir a tona de novo. Mentir para mim e
esconder as coisas não vai facilitar.
- eu juro que não vou esconder mais nada – falou ele aproximando e dando
um selinho na minha boca. Eu o abracei de volta e correspondi ao beijo.
- você tem algo para me contar? Alguma coisa que acha que não devia
esconder?
Kevin olhou para mim por alguns instantes e ficou em silêncio. Ele
parecia pensativo.
- não. Não que me lembre.
- OK – falei acariciando o peito dele e deslizando minhas mãos por seu
corpo até que ele me abraçou – o que vamos fazer em relação á sua viagem? Você
disse que Justin ficaria comigo e eu não em sinto confortável perto dele.
- ele não vai mesmo. Vou arranjar um jeito de cancelar essa viagem e
esse encontro com o tal militar.
- você não pode. Será uma honra cumprimenta-lo. Sabe quantas pessoas não
dariam tudo para estar lá no seu lugar?
- o que eu faço?
- posso ficar sozinho. Na pior das hipóteses eu dou uma passada na casa
da Ursula ai na frente.
- por falar nisso…- falou Kevin pensativo.
- sim, eu sei. A história que vocês contaram sobre bater no carro dela é
mentira. Agora eu sei que no passado chamei ela pra uma de nossas orgias… como
eu posso olhar na cara dela depois de pedir uma coisa dessas? Que tipo de
pessoas nós éramos?
- pois é – falou Kevin rindo – as vezes quando se é bonito e tem
dinheiro as coisas fogem um pouco do controle. A luxuria é algo viciante. As
possibilidades são inúmeras, de repente os corpos perdem seu valor e o amor se
torna algo superestimado.
- não me lembro do que sentia por você Kevin, mas se estiver a ser o
homem que espero que seja nós podemos ficar juntos.
- eu farei de tudo – falou ele me dando um último selinho antes de me
soltar.
- acho que vou dar uma volta na cidade hoje – falei olhando para Kevin.
- onde você quer ir?
- na verdade eu estava pensando em ir sozinho. Vai ser bom para mim.
- tem certeza?
- claro Kevin. Eu perdi a memória, mas não sou criança. Posso ir
sozinho.
- vou ficar preocupado com você – falou Kevin se sentando em sua cadeira
de praia.
- não precisa. Vou me sair bem além do mais eu vou levar o celular que
você me deu. Se estiver preocupado é só me ligar – falei me abaixando e dando
um selinho na boca de Kevin.
- te amo – falou ele mantendo meu rosto e dando outro selinho na minha
boca e colocando a língua dentro dela.
Volte para dentro casa e Kevin me seguiu. Ao chegar na cozinha ele pegou
a carteira e me entregou o cartão de crédito com a senha e em seguida um bocado
de dinheiro.
- pode usar para comprar o que quiser. Almoce fora, assista a um filme…
o que quiser.
- obrigado – falei dando um selinho na boca dele e guardando tudo na
minha carteira.
- vamos nos manter em contato – falou Kevin dado um último beijo em meus
lábios.
- eu te ligo qualquer coisa – falei passando pela porta. O pintor quase
deixou tinta pingar em mim.
- foi mal.
- sem problema – falei passando por ele até que cheguei do lado de fora.
Caminhei pela calçada até que encontrei um taxi. Acabei indo para o mesmo
shopping onde tinha encontrado minha irmã Lea no dia anterior. Não foi por
acaso. O Shopping ficava no centro e eu queria encontrar meu pai. Estava
cansado dessa vida que tinha com Kevin.
Ao chegar no shopping pedi um suco e me sentei na praça de alimentação.
Era hora do almoço e ela estava cheia. Peguei meu celular e liguei para Lea. O
celular chamou algumas vezes até que ela finalmente atendeu.
- das ligações na mesma semana? Você realmente perdeu a memória – falou
Lea atendendo o telefone.
- oi Lea – falei respirando fundo.
- você está bem Max?
- só metade.
- e a outra metade?
- a outra metade odeia se lembrar das coisas.
- problemas no paraíso?
- mais ou menos. Descobri que o meu paraíso tem portas abertas.
- a bom…… - falou Lea rindo – é bom você descobrir por si só o que sua vida se tornou depois que conheceu
Kevin. Nem sempre o homem experiente se mostra ser o homem ais sábio.
Inteligência e sabedoria são coisas diferentes
- sim. E é por isso que eu quero ouvir o outro lado dessa história.
- o que quer dizer com isso?
- eu quero ver meu pai.
- não sei se é uma boa ideia. Se você está odiando o que está
descobrindo imagina como nosso pai se sente com isso.
- não importa. Eu quero vê-lo. Sinto falta dele – falei deixando uma
lágrima cair de meus olhos – sinto falta da minha mãe.
- Max,, do que você se lembrou?
- de nada – falei limpando meus olhos – acho que me lembrei do vídeo.
- Okay – falou ela fazendo uma pausa – e mesmo assim você quer ver nosso
pai?
- eu preciso pedir perdão.
- tarde demais não é – falou Lea.
- pois então.
- olha mau pai está trabalhando agora então vai ter que esperar até a
noite.
- não. Preciso falar com ele agora. Onde ele trabalha?
- ele é promotor de justiça. Ele trabalha no Ministério Público, mas uma
hora dessas ele deve estar almoçando.
- você tem o número dele?
- não acho uma boa ideia ligar. Se quiser falar mesmo com ele você tem
que ir até ele. Ele não sabe sobre sua perda de memória, eu não contei então
não fique chocado se ele não quiser falar com você.
- se eu pegar um taxi eu peço pra ele me levar no Ministério Público?
- sim. Fica anexado ao prédio Judiciário e ao tribunal regional da
Flórida. Fica no Distrito dos Tribunais. Tem um restaurante bem em frente então
ele deve estar lá.
- como ele é?
- um homem alto, de olhos castanhos e cabelos pretos. Ele usa barba e
vai estar de terno já que está em horário de trabalho. Eu não tenho uma foto
dele agora se não eu te mandava.
- não tem problema. Eu vou encontra-lo.
- boa sorte.
- obrigado – falei desligando o celular.
Ao pesquisar no mapa descobri que o Ministério Público de Miami não
ficava muito longe dali. Dez minutos de distância. Acabei chamando um Uber ao
invés do taxi. Ao chegar em frente ao Ministério Público olhei para o outro
lado da escadaria e vi que havia um restaurante. Homens e mulheres bem vestidos
caminhavam de um lado para o outro. Eles conversavam entre sí.
Atravessei a rua e entrei no enorme restaurante. Já do lado de dentro
fui até uma garçonete que conversava com outros garçons.
- com licença – falei me aproximando – talvez vocês possam me ajudar.
- do que precisa? – perguntou a mulher com cabelos pretos amarrados em
um rabo de cavalo.
- você conhece o Leon Loudorn? Ele trabalha no ministério da justiça.
- o Promotor Loudorn?
- sim. Esse mesmo.
- é aquele – falou ela apontando para uma grande mesa com cinco homens e
três mulheres. Eles comiam, conversavam, e davam risada.
- é aquele de terno marrom?
- sim. Ele mesmo.
- muito obrigado – falei tirando uma nota e entregando para a garçonete
que agradeceu.
Caminhei até a mesa e a minha presença não incomodou nenhum deles e na
verdade eu nem fui notado. Todos continuaram conversando.
- com licença – falei tocando o ombro do homem de terno marrom. Ele se
virou com um sorriso no rosto e ao me ver o sorriso desapareceu – o senhor me
conhece?
- o que está fazendo aqui?
- o senhor é Leon?
- com licença – falou meu pai falando com os amigos em seguida ele segurou
no meu braço e praticamente me arrastou para fora do restaurante.
- o que está fazendo aqui?
- o senhor é meu pai?
- você costumava ser meu filho então sim, tecnicamente sou seu pai.
- olha eu sei que talvez isso seja estranho pra você, mas eu não me
lembro de nada.
- do que está falando Max?
- eu sofri um acidente de carro em uma viagem que fiz em Chicago – galei
mostrando os curativos que tinha no rosto – eu bati a cabeça bem forte e perdi
minha memória.
- isso é algum tio de piada?
- não. Estou falando a verdade. Pode perguntar para minha irmã.
- Se isso fosse verdade Leona tinha me contado.
- eu pedi que Lea não contasse.
- não acredito em você. Vá embora – falou meu pai se virando.
- eu me lembro do vídeo.
Ao me ouvir dizer aquelas palavras meu pai parou ainda de costas.
- eu vim aqui para me desculpar. Lea me contou que nós perdemos contato
e hoje eu me lembrei de algo. Um vídeo. Lea já tinha me falado sobre ele.
- sim. Lea sabe, sua mãe sabe…
- me desculpa. É só isso que vim dizer – falei me virando.
- espera – falou meu pai segurando meu braço.. Ele levou a mão até o
rosto e coçou a barba – você quer almoçar?
- não quero atrapalhar.
- você não vai – falou meu pai voltando a entrar no restaurante. Dessa
vez ele se sentou em uma mesa vazia e eu me sentei com ele.
A mesma garçonete que encontrei quando cheguei no restaurante veio até nós.
- olá Michelle – falou meu pai para a garçonete.
- pois não Sr. Loudorn. O que vai querer?
- eu nada, mas ele vai pedir.
- quem é esse?
- meu filho. Max – falou meu pai me apresentando.
Michelle fez uma cara engraçada afinal ela achou estranho eu perguntar
quem era meu próprio pai, mas ela não fez perguntas.
- o que vai querer?
- pode ser só uma salada. Não estou com muito apetite.
- traga sushi – falou meu pai – ele adora.
- tudo bem – falou Michelle – e para beber?
- Ginger Ale. É o sabor favorito dele.
Michelle se foi e em alguns minutos depois ela trouxe uma variedade de sushi.
Em seguida ela me entregou o Hashi. Coloquei um deles na boca e eu salivei. Era
muito gostoso. Fiz o mesmo, mas dessa vez eu o mergulhei em um molho.
- digamos que eu acredite em você… - falou meu pai me vendo comer. Estava
com muita fome. Acho que estava até sendo mal educado – você não se lembra de nada?
- de nada – falei tomando um gole do Ginger Ale – eu venho tendo alguns
flashes de lembranças e eu me lembrei desse vídeo.
- eu ainda o tenho – falou meu pai pegando o celular – quer vê-lo?
- porque guardou?
- porque eu sabia que você ia voltar pra mim. Eu sou seu pai. Vou te
amar incondicionalmente, mas esse vídeo é uma lembrança do que você se tornou.
Meu pai abriu a galeria e colocou o vídeo para rodar e me entregou. Engoli
em seco quando eu o vi. Não era só um
sonho ou uma lembrança falsa. Era um vídeo amador. No vídeo Kevin aparecia
rindo falando alguma coisa sem sentido ele segurava o celular e virou ele para
mim. O vídeo era escuro, mas eu estava bem iluminado devido ao flash e foi fácil
reconhecer o que vi. Eu tinha um sorriso no rosto e um pênis em cada mão. Na mão
esquerda o de Kevin e na direita o de Justin que também sorria para a câmera.
- essa é pra você pai – falei antes de começar a revezar entre os dois. Kevin
e Justin gemiam enquanto eu não podia falar já que estava de boca cheia.
Depois de um minuto de vídeo eu devolvi para meu pai.
- o que foi? – perguntou meu pai pegando o celular – não quer ver até o
final? A melhor parte é quando você engole – falou meu pai desligando o
celular.
Estava envergonhado. De verdade. Se houvesse um buraco eu enfiaria ele
dentro da terra.
- como eu me transformei nesse garoto do vídeo?
- duas palavras – falou meu pai pegando meu copo e tomando um gole –
Kevin McFarlane.
- Kevin me disse que não gosta dele.
- sim. Desde o começo não gostei de Kevin. Admito que a diferença de
idade de vocês me incomodou um pouco, mas o que me incomodava de verdade era a
má companhia. Pra você Kevin era um príncipe, mas eu sou promotor de justiça e
eu não sou enganado por um rosto bonito – falou meu pai puxando meu braço. Havia
algumas marcas roxas no meu braço – está vendo isso daqui?
- sim – falei notando. Nunca tinha reparado naquilo. Aposto que quando
você gravou esse vídeo e me enviou você estava drogado.
- quando eu te enviei esse vídeo?
- quando Kevin te pediu em casamento eu explodi. Você estava sendo
idiota e sendo iludido e tão eu disse que cortaria suas regalias. Eu pagava
pelo seu luxo. O que você fez? Mandou eu me “foder” e desde então você começou
a me provocar. Começou com mensagens de texto provocantes onde você descrevia o
que fazia na cama com ele. Eu não me importei. Torcia para você abrir os olhos
afinal sou seu pai. Depois de um mês me provocando você percebeu que eu não
reagiria e eu te ignorava. Foi quando você começou me enviar vídeos. Vários vídeos como esse. Esse
é o vídeo mais “leve” – falou meu pai fazendo ‘aspas’ com os dedos – eu tinha
outros. Esse você tem dois. Tinha um que havia quatro. Outro vídeo haviam duas
garotas. O pior de todos era um em que você tinha dois ao mesmo tempo dentro do
seu…
- entendi – falei interrompendo ele – eu já entendi.
- enfim… - falou meu pai respirando fundo – Eu queria guardar todos, mas
sua mãe conseguiu excluir. Então a dois meses atrás você me mandou esse último vídeo.
Sua mãe não sabe que eu o tenho.
- não sei nem o que dizer.
- eu é que não sei oque dizer. Você
se tornou o meu pior pesadelo. Eu tentei ser um pai, mas eu desisti. Você não
me respeitava e me tratava como um moleque.
- nós estamos do mesmo lado pai. Também não gosto disso.
- você se lembra de quando se assumiu para mim?
- não. quando foi?
- você tinha dezoito anos. Foi no dia da sua formatura. Nós tínhamos acabado
de voltar da Sinagoga e você estava vestido com a beca. Você me disse que
gostava de homens e que já tinha contado para sua mãe a alguns meses e que não
teve coragem para me contar.
- o que você disse.
- eu te dei um abraço, um beijo no rosto, disse que te amava e segurei
em seus braços e disse que não me importava se você era gay ou hétero. Se você
vivesse uma vida Digna, respeitando sua Mente e seu Corpo eu estaria satisfeito
e sentiria que meu trabalho como pai tinha sido completo.
- e então? – perguntei curioso.
- Então? Cinco anos depois você me envia um vídeo dando pra quatro
homens ao mesmo tempo. Foi basicamente isso que aconteceu. Não sei o que Kevin
te disse, mas eu não me importo que você namore um homem que tenha minha idade.
Desde que ele te respeite e Kevin não te respeita e pior, você não se respeita.
Desculpe se estou sendo “antiquado” ou “careta”, mas eu ainda sou da época em
que você só faz sexo com uma pessoa só e você não precisa tirar foto ou filmar
pra mandar para os outros. Especialmente seus familiares.
- como eu me tornei esse tipo de pessoa pai? Quando foi que eu me perdi?
- sinceramente eu não sei – falou meu pai pegando o celular.
- o que está fazendo?
- apagando o vídeo – falou meu pai colocando o celular de volta no bolso
– filho muitos homens vão te fazer ter um orgasmo, mas só o homem certo vai te
fazer amar. E o amor é um orgasmo que não termina – falou ele fazendo uma pausa
– não quero dizer o que você deve fazer, mas eu posso te dar um conselho?
- pode.
- eu sou o único homem da sua vida ao qual você pode confiar. Não
importa quantos homens você conheça e namore na vida eu sou o único que vai
estar sempre de braços abertos. Sou o único que vai te levantar quando cair.
Sou o único homem que vai colocar a sua vida em primeiro lugar. Eu faria
qualquer coisa por você e sua irmã. Vocês são meus dois bens mais preciosos.
Vocês já me passaram muita raiva, mas nunca me arrependi de ter todo vocês. Nenhuma
vez
Me aproximei do meu pai e dei um abraço nele. Senti as lágrimas caindo
de meus olhos. A vergonha por ter enviado o vídeo, pelo modo que agi, pelas
coisas que disse. Não me lembrava de nada disso, mas eu precisava obter o perdão.
Era bom saber que apesar de tudo ele continuava a ser meu pai.
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