E
|
capítulo vinte e dois
ATE QUE A MORTE NOS
SEPARE
stava
cansado e com sono, deitado sob o peito de Ralf, tocando seu corpo, sentindo
seu calor e seus músculos, seus braços fortes envoltos em mim. Dormi
tranquilamente sentindo seu corpo sobre o meu. Agora era eu quem estava por
cima de seu corpo. Sua respiração no topo da minha cabeça fez eu me sentir
seguro. De algum forma aquilo me relaxava. Saber que ele estava tão perto de
mim, mas ao mesmo tempo tão distante. Não queria esperar por Ralf para sempre,
mas eu também não quero perde-lo. Vou tentar não pensar no futuro. Vou tentar
me concentrar no momento de agora. Dentro dessas quatro paredes Ralf é só meu e
de mais ninguém.
Pela primeira vez eu não tive sonhos. Não tive pesadelos, não tive nada.
Eu simplesmente dormi. Esqueci como era essa sensação de apenas me deitar e
dormir. Meu último pesadelo me levou a quando era criança. Fico me perguntando
se as coisas que sonhos são as lembranças voltando ou são só a minha cabeça
brincando comigo. Estava consciente, mas não queria abrir os olhos. Queria
ficar lá deitado. Sem dizer nada. Meu rosto deitado em seu peito minha mão
sobre a sua barriga.
- bom dia – falou Ralf com sua voz rouca. Senti ele acariciando meu
braço. Ele deslizava os dedos vagarosamente.
- bom dia – falei ainda de olhos fechados – dormiu bem?
- eu não dormi!
Abri os olhos ao ouvir ele dizer aquilo e vi que não tinha sido um
sonho. Ralf estava mesmo na cama comigo. Não tinha sido apenas um sonho
perfeito.
- você não dormiu? – falei saindo de cima de Ralf e voltando meu corpo a
posição normal. Ralf olhava fixamente para um ponto qualquer no teto ou na
parede.
- mas eu vi você dormir – falei olhando para Ralf. Ele não fez o mesmo.
- durante algumas horas. Eu tive um pesadelo horrível e eu não quis
dormir mais.
- não precisa ter medo de dormir. Eu também tenho pesadelos.
- não são os pesadelos que me preocupam.
- o que é?
- O que me preocupa é ter um pesadelo e acordar e descobrir que eu te
machuquei como fiz da outra vez – falou Ralf passando o braço por mim fazendo
eu me deitar em seu peito de novo – e eu não me perdoaria se isso acontecesse
outra vez – Ralf acariciou meus cabelos e deu um beijo.
A Televisão estava ligada em um som bem baixo. Ralf realmente passou a
noite toda acordado assistindo TV enquanto eu dormia. Ele me abraçou e eu
retribui o abraço ficando um pouco deitado em seu peito.
- nós cometemos um erro – falei voltando o corpo. Dessa vez me sentei e
me escorei na cabeceira. Ralf fez o mesmo.
- o que está dizendo? – falou Ralf olhando para mim pela primeira vez desde
que acordamos – eu te machuquei? Fui com força demais?
- não é isso. Devíamos ter usado camisinha. Foi irresponsabilidade nossa
não usar camisinha.
- desculpa eu nem me lembrei… - falou Ralf chateado.
- não tem problema, mas agora precisamos fazer um exame para saber se
estamos limpos. Não quero ofender sua namorada, mas eu não sei por onde ela
passou e com certeza você não sabe por onde eu passei. Nem eu mesmo sei.
- não tem problema – falou Ralf aproximando o rosto do meu e dando um
beijo na minha bochecha. Em seguida ele manteve seu rosto junto ao meu e
deslizou sua boca pela minha bochecha até chegar aos meus lábios – estou tão
apaixonado por você. Nem acredito que a noite passada aconteceu.
- você já tinha feito antes?
- o que?
- sexo com homem?
- Não. Nunca – falou ele voltando a beijar minha boca.
- você não está cansado? – falei segurando o rosto dele entre minhas
mãos parando o beijo.
- só um pouco.
- isso não é normal Ralf. Não é normal ter medo de dormir.
- eu fui para a guerra. Passei noites inteiras acordado…
- não estamos na guerra – falei interrompendo-o – aqui não é a guerra. É
a sua casa. Sua cama. Você deveria ser capaz de dormir aqui.
- pela primeira vez desde que voltei eu senti que conseguiria dormir,
mas então eu tive medo de te machucar. Eu só não queria te machucar.
- eu quero te pedir um favor.
- o que?
- vamos a uma consulta com o meu psiquiatra.
- o que? Porque?
- Você está apresentando sintomas de transtorno de estresse pós
traumático.
- eu não sou doido. Não preciso de psicólogo. Eu estou bem – falou ele
um pouco nervoso.
- Não quero insinuar nada Ralf. Sei que é difícil admitir que precisa de
ajuda. Você não é maluco. Eu também não sou. Psicólogo não é pra gente maluca.
Quem é maluco? Quem é normal? No mundo de hoje é difícil dizer. Ser maluco é
não procurar ajuda.
- eu não sei – falou Ralf me soltando. Ele ficou pensativo e pareceu
apreensivo – a ultima coisa que eu quero é que as pessoas achem que sou fraco.
Eu estive na guerra por sete anos – falou Ralf voltando a ficar frio. Aquele
olhar sem brilho tinha voltado. O azul se tornou o cinza que eu tanto temia.
- Sei que você é um soldado e a última coisa que quer é se mostrar
vulnerável. Você pode ser vulnerável pra mim. Sei que passou por muita coisa.
Não sei o que você viu u vivenciou, mas sei que deve ser difícil.
- eu não preciso de ajuda – falou Ralf sentando na cama. Ele vestiu sua
cueca branca e ficou de pé.
- Você voltou para casa Ralf –
falei ainda sentado na cama – você precisa cuidar de si mesmo. Você não está
vivendo como deveria. Você tem uma namorada que não ama, mas está noivo. Você
tem chegado bêbado em casa, não tem dormido direito e tem sofrido sonambulismo.
Sua mãe está preocupada e seu pai parece distante. Eles se importam com você,
mas não tem coragem de dizer nada porque tem medo de te magoar. Você precisa
procurar ajuda. Você é um soldado traumatizado e é gay. Não precisa ter
vergonha de nenhuma dessas coisas.
Ralf ficou parado por um tempo pensando no que eu tinha dito, mas não
olhou para mim.
- apontar o problema das outras pessoas é fácil – falou Ralf
agressivamente – você devia ter seguido o exemplo dos outros e ter ficado de
boca fechada – continuou Ralf. A expressão dele era malvada. Ele parecia
chateado pelas coisas que eu disse. Não falei por mal. Pensei que eu tivesse
intimidade o suficiente para falar sobre aquelas coisas. Ele caminhou em
direção ao banheiro e antes de entrar ele pegou minha toalha no cabide. Ele
bateu a porta.
Me senti mal de ter dito todas aquelas coisas. Ele estava certo, Devia
ter ficado de boca fechada. Me levantei da cama e vesti minha cueca. Me deitei
novamente na cama e ouvi a água do chuveiro caindo. Peguei meu celular e vi que
era quase dez horas da manhã. Fui um idiota por ter dito o que disse. Devia ter
ficado calado. As vezes esqueço que as pessoas tem sentimentos.
Me distrai assistindo a televisão quando alguém bateu na porta. Quase
vinte minutos se passaram e Ralf continuava no banho. Quem seria? Ninguém podia
saber que Ralf estava lá então peguei a roupa dele e joguei do outro lado da
cama. Peguei as meias, coloquei dentro do tênis e coloquei embaixo da cama.
Peguei meu roupão e abri a porta. Era Amanda.
- bom dia – falou Amanda com um sorriso – eu não te acordei né?
- não. Estava acordado a um tempo – falei não abrindo a porta por
completo. Dei um sorriso tentando disfarçar – o que foi?
- eu só queria saber se por acaso Ralf te disse alguma coisa?
- Ralf? Porque?
- ele está desaparecido. A mãe dele está na vizinhança perguntando se
alguém viu alguma coisa estranha noite passada e Randy foi nos bares que Ralf
costumava ir. Alguns são frequentados por soldados que voltaram para casa.
- olha eu não vi não.
- Estranho. Kyara disse que acordou hoje de manhã e Ralf não estava na
cama. Ralf deixou o celular no quarto então não temos nenhuma pista.
- não sei o que pode ter acontecido, mas tenho certeza de que ele está
bem. Fala pra ninguém se preocupar.
- como você pode ter tanta certeza? – perguntou ela com um sorriso.
- é… é só um pressentimento. Boas vibrações – falei tentando disfarçar.
- você estava tomando banho?
- es-estava – falei engolindo em sexo ouvindo o chuveiro ligado.
- você deixou o chuveiro ligado? A água no mundo está acabando sabia?
- sim. Erro meu. Nem percebi que tinha deixado ligado. Acho que vou
voltar lá para desligar.
- tudo bem – falou Amando com um sorriso.
Fechei a porta e rapidamente fui até o banheiro avisar Ralf que ele
estava sendo procurado. Sabia que tinha sido um erro ele não voltar para o
quarto dele. Se eles descobrirem que estava comigo não tem volta. Fui até o
banheiro e bati na porta três vezes.
- Ralf? – falei o mais baixo que consegui. A última coisa que eu queria
é que alguém lá de fora ouvisse – Ralf? – falei novamente batendo na porta. Ele
não respondeu – vou entrar – falei abrindo a porta – todo mundo está te
procurando…
Entrei no banheiro rapidamente e senti algo liso no chão. Escorreguei e
cai de costas batendo a cabeça. Por alguns instantes tudo ficou embasado.
Minhas costas doíam e minha cabeça latejava. Olhei em volta procurando por algo
e algumas manchas laranja no chão. Senti meu braço molhado e percebi que o chão
estava molhada. Tentei recuperar minha visão e percebi que as manchas na cor
alaranjado que eu via na verdade eram os frascos do meu remédio.
Tentei me levantar e assim que consegui me sentar no chão vi que Ralf
estava caído no chão do banheiro. A água caia em seu corpo e escorria para fora
do box molhando o chão do banheiro. Minha toalha estava no chão e os frascos
dos meus antidepressivos estavam vazios.
- que droga – falei indo até Ralf. Ele estava inconsciente. Apenas de
cueca caído no chão – Ralf! Ralf – falei deitando ele no meu colo – acorda –
falei batendo com a mão no rosto dele. A respiração dele estava fraca – acorda
droga! – falei me levantando e puxando ele para fora do box. Desliguei o
chuveiro e me ajoelhei em cima de Ralf. Deitei a cabeça em seu peito e ouvi que
seu coração ainda estava batendo.
- Socorro! Ajuda! – gritei o mais alto que eu pude me levantando de
saindo do banheiro. Abri a porta do quarto e vi Randy subindo pelas escadas com
pressa. Logo atrás eu vi Kyara, Amanda e Ellen.
- o que está acontecendo? – perguntou Randy.
- é o Ralf – falei entrando no banheiro.
Randy me seguiu e viu ele caído no chão.
- meu deus! Ralf! – falou Randy prestando os primeiros socorros ao
filho.
Kyara e Amanda fizeram o mesmo que Randy e Kyara começou a gritar
histérica. Randy mandou que ela se calasse e Amanda abraçou Ellen.
- liga pra emergência.
- OK – falou Kyara pegando o celular. Eu estava imóvel. Não sabia o que
fazer. Apenas parado vendo toda aquela agitação. Toda a cena. Enquanto falava
com a emergência Kyara viu a roupa de Ralf no chão do meu quarto. Acho que só
agora ela percebeu o que tinha acontecido.
- o que aconteceu? – perguntou Randy se levantando e olhando para mim.
- ele bebeu todos os meus antidepressivo. Eu tinha quatro frascos
cheios.
Randy foi até Ralf e enfiou os dedos na boca do filho que em seguida
vomitou todos os comprimidos.
- acho que não é uma boa ideia fazer ele vomitar – falei entrando no
banheiro – eu li em algum lugar que ele pode se engasgar.
- o que você está fazendo para ajudar? – gritou Randy – nada! Então se
der pra dar uma distância eu agradeceria.
- ele está se movendo – falou Kyara se ajoelhando ao lado de Ralf que
movia o rosto de um lado para o outro de olhos fechados. Bem devagar – vai
ficar tudo bem – falou Kyara segurando o rosto de Ralf – vai ficar tudo bem meu
amor.
- vai ficar tudo bem filho – falou Randy colocando Ralf de lado. Ele
deitou a cabeça de Ralf no próprio braço e depois dobrou sua perna.
- eles chegaram – falou Ellen.
Os paramédicos entraram no quarto e me empurraram para entrar no
banheiro.
- se afastem por favor – falou um dos paramédicos se aproximando dele.
Ainda bem que Ralf estava pelo menos de cueca.
- o que aconteceu? – perguntou outro paramédico para Randy, mas eu tive
que me intrometer.
- ele está mal – falei para o paramédico – ele está um pouco depressivo
por causa da guerra e eu acho que disse algumas coisas que chateara e…
- você disse algo? você fez isso? – gritou Randy vindo para cima de mim
e me apertando contra a parede. Ele colocou as mãos no meu pescoço.
- Randy! – gritou Ellen chorando.
Randy me soltou e tentou se controlar. Ele estava com raiva. Amanda
segurou na minha mão e me puxou para fora do quarto.
- vai embora – falou Amanda.
- mas eu quero ficar com ele. Quero saber se ele vai ficar bem.
- eu te dou noticias. Vá embora só por agora – falou Amanda colocando a
mão em meu ombro.
- obrigado.
Amanda entrou no quarto e pegou minha roupa. Ainda no corredor eu vesti
minha roupa e joguei o roupão de lado no chão.
- promete que me avisa qual hospital ele está?
- aviso – falou ela me entregando eu celular. Anotei o meu número no
celular de Amanda e em seguida eu desci as escadas.
Ao chegar do lado de fora da casa vi que os vizinhos estavam todos lá
querendo saber o que tinha acontecido. Meu coração batia forte e eu tive
vontade de voltar, mas a culpa era minha. Eu o matei.
- eu o matei, eu o matei, eu o matei, eu o matei! – repeti para mim mesmo
sentindo o desespero consumir meu corpo. As lágrimas caíram e me senti sem
chão. Levei minhas mãos até meu rosto e tentei me controlar. Olhei em volta e percebi
que não podia ir embora.
Voltei para dentro de casa e dessa vez fui para a cozinha. De lá eu vi
quando os paramédicos desceram com Ralf. Randy, Ellen, Kyara e Amanda saíram de
casa e quando a ambulância se foi com Ralf e Ellen, Randy pegou o carro e com
Kyara e Amanda em sua companhia eles foram para o hospital. Era engraçado. Em
um instante havia o caos e agora o silêncio era denso. Podia cortá-lo com uma
faca.
Fui até a geladeira procurando por algo para beber e quando fiz isso eu
vi que havia um copo do Starbucks com o meu nome. Assim que o peguei vi que era
café gelado. Seja lá quem foi que me comprou eu só tenho o que agradecer. Tomei
alguns goles do Café Gelado e me sentei á mesa e fiquei encarando o celular.
Estava ansioso esperando pela ligação de Amanda. Ela disse que me ligaria assim
que chegasse ao hospital. Tomei outros longos goles do café tentando me
acalmar. Acho que o Café não ia ajudar muito.
Meu celular vibrou e eu dei um pula da cadeira. Estiquei a mão para
pegar o celular, mas por alguma razão ele ficou distante e novamente eu senti
minha cabeça bater no chão. O copo com o café caiu por cima de mim molhando
minha roupa. Me senti fraco. Senti meu coração bater rápido. Minha boca estava
dormente.
Tentei me mover, mas não conseguia. Tentei pedir ajuda, mas senti algo
escorrendo na minha boca. Comecei a sentir dificuldade para respirar e fechei
os olhos tentando imaginar o que estava acontecendo e por alguns segundos eu
senti como se meu corpo não estivesse lá. Senti uma sensação de paz quando abri
meus olhos e vi meu pai.
- Max? – falou ele se ajoelhando ao meu lado – você está bem?
Tudo o que consegui fazer foi colocar a mão no peito tentando mostrar
que não conseguia respirar. Tive um lapso. Não era meu pai e sim tio Teddy.
- vai ficar tudo bem. Já liguei para a emergência.
Tio Teddy me colocou de lado e em seguida enfiou os dedos na minha boca.
Ele enfiou um dedo, depois dois e enfiou o máximo que conseguiu. Senti ânsia e
vomitei. O café que deveria ser marrom estava azul. Vomitei tudo o que tinha no
estômago. Que era nada. Tudo o que vomitei foi água. uma, duas, três vezes.
Tudo o que conseguia pensar era em Ralf. Amanda tinha ligado e eu não consegui
atender.
Ainda consciente eu vi quando os paramédicos entraram pela porta.
Deitado no chão eu vi o copo da Starbucks caído no chão. O café não estava
marrom. Estava azul. Porque diabos o café estava azul?
- Quando cheguei ele estava caído no chão – falou Tio Teddy se
explicando para o paramédico que me colocou em uma maca – acho que ele não está
respirando. Ele apontou para o peito. Não sabia o que fazer então eu provoquei
o vomito e ele saiu azul. Assim como o café.
- Ele foi envenenado – falou o paramédico pegando o copo da Starbucks.
Ele sentiu o cheiro no copo e viu que estava azul – tem um inseticida usado em
plantações para matar insetos que tem esse tom azul. Esse não é o primeiro caso
que eu vejo.
- então eu fiz bem? – perguntou tio Teddy.
Senti meu corpo levitar no ar e mais uma vez lá ia eu dentro da
ambulância. O balançar da carruagem me fez enjoar o estômago. Me lembrei
daquele dia no campo florido. Uma família inocente e um garoto se memória. Quem
faria aquilo comigo? Quem me envenenaria? Me senti fraco e por mais que
quisesse vomitar não havia mais nada em meu estômago. Quando a ambulância parou
os paramédicos me levaram para dentro do hospital.
Quando entrei pela emergência eu vi Randy, Ellen, Kyara e Amanda. Eles
me viram entrar e ficaram surpresos.
- Max? – perguntou Ellen seguindo a maca.
- se afaste senhora – falou o paramédico.
- o que temos aqui? – perguntou o médico de plantão naquela tórrida
manhã.
- homem, vinte e quatro anos, dificuldade para respirar, vômitos e
irritação na pele. Os lábios deles estão inchados – falou o paramédico.
- ele é meu sobrinho – falou Tio Teddy chegando.
- o que aconteceu com ele? – perguntou Ellen.
- acho que ele bebeu veneno – falou tio Teddy.
- ele tentou se matar? – perguntou Kyara chegando até onde eu estava.
- não – falou o paramédico mostrando o copo – ele bebeu desse copo. Um
liquido azul. Eu cresci em uma fazenda e meu pai usava um pesticida azul para
acabar com os insetos. Certa vez alguns animais da fazenda morreram depois de
entrarem em contato com esse veneno.
- Randy está fazendo um serviço em uma fazenda – falou Ellen da boca pra
fora. Acho que nem ela percebeu que aquilo tinha sido uma acusação – ele está construindo
um celeiro. Ele é carpinteiro – falou Ellen com os olhos vermelhos.
- chame a policia – falou o médico para uma enfermeira – diga que temos
uma tentativa de homicídio.
- ele vai ficar bem? – perguntou tio Teddy.
- Vamos fazer uma lavagem estomacal e aplicar um desintoxicante e só então
saberemos – falou o médico fechando a cortina do box.
Tio Teddy colocou as mãos na cintura e olhou para Ellen.
- você é da família? – perguntou Ellen para Teddy.
- sim. Sou tio do Max.
- você se parece muito com o pai dele – falou Amanda chegando até onde nós
estávamos.
- nós éramos irmãos gêmeos – falou tio Teddy preocupado.
- o que aconteceu com ele? – perguntou Amanda.
- Eu estava indo visita-lo. Eu liguei no celular dele, mas Max não
atendeu. Eu bati na porta algumas vezes, mas ninguém atendeu então quando eu
entrei ele estava caído no chão espumando pela boca.
- ele foi envenenando? – perguntou Amanda?
Kyara já não estava mais entre nós. Ela voltou para junto de Randy.
- sim – falou Teddy – ele estava bebendo em um copo da Starbucks e como o
copo é tampado ele não viu que o café estava azul. O café disfarçou o sabor –
você o conhecem?
- sim. Max mora comigo – falou Ellen.
- muito prazer – falou Teddy apertando a mão dela e depois a de Amanda.
- eu entendo que ele não tenha notado a diferença – falou Amanda – ele estava
nervoso com o que tinha acontecido.
- o que aconteceu? – perguntou tio Teddy.
- meu filho – falou Ellen com os olhos vermelhos tentando não chora –
ele tentou se matar.
- isso não é verdade – falou Kyara – foi Max que o matou.
- sinto muito – falou Amanda segurando no braço de Kyara puxando ela para
longe – será que dá pra se controlar?
- sinto muito – falou Teddy para Ellen ignorando o teatro que Kyara
queria fazer – ele está bem?
- os médicos não disseram. Eles estão fazendo uma lavagem estomacal nele.
A mesma coisa que disseram sobre Max. Não temos nada de concreto.
- vamos esperar que eles fiquem bem – falou tio Teddy se afastando e se
sentando em uma cadeira. Ellen se sentou ao lado dele.
- vamos orar – falou ela com um terço na mão.
Eles mal se sentaram para esperar por noticias e a policia chegou e meu
tio contou o que tinha visto, o médico também, contou o que tinha acontecido e é
claro: o paramédico. A policia pegou o copo como evidência e disseram que a
eles iriam isolar a casa como cena do crime para recolherem mais evidências.
Assim que a policia se foi tudo o que eles precisavam eram esperar por
boas noticias. Eles se sentaram por trinta minutos naquelas cadeiras e não
disseram nada. Ficaram em silêncio orando por noticias boas. Amanda tentava controlar
Kyara e Randy andava de um lado para o outro preocupado com o filho. Ele não ligava
para mim.
- Ralf está bem! – falou Randy chegando até onde estávamos..
- graças a deus – falou Ellen se levantando animada.
- ele ainda está dormindo e foi internado na área psiquiátrica.
- fico feliz – falou tio Teddy para Ellen.
- acompanhante de Max Loudorn? – falou uma médica chegando com uma
prancheta.
- sou eu – falou Teddy se levantando. Ellen e Randy seguiram Teddy para
saber das noticias – me diga que tem boas noticias – falou tio Teddy preocupado.
- sim – falou a médica – quanto ao
veneno nós aplicamos o desintoxicante e ele está melhorando. A irritação da
pele já passou e tudo o que ele sente é um pouco de cansaço e fraqueza, mas
isso é normal depois de ingestão de um produto tão forte.
- viu só? – falou Ellen abraçando tio Teddy – eu disse que tudo ficaria
bem.
- posso vê-lo?
- infelizmente isso não é tudo – falou a médica – eu vi em nossos
registros que o Sr. Max teve um rim cirurgicamente removido.
- sim. Meu irmão me contou – falou tio Teddy – o que isso tem a ver com
o envenenamento?
- Devido ao fato de Max ter apenas um rim o corpo dele teve dificuldade
em filtrar foto o veneno que o corpo ingeriu. Ele acabou desenvolvendo Nefrite Glomeriana
Aguda. Não é incomum quando a pessoa só tem apenas um rim.
- eu não entendo – falou Ellen.
- o que isso quer dizer? – perguntou Randy.
- a taxa de filtração do rim do Max é apenas de dez por cento. Significa
que ele vai precisar de outro rim… para substituir o atual. Eu recomendo que ele
comece a fazer diálise imediatamente – falou a médica apertando os lábios – vocês
querem vê-lo?
- sim – falou tio Teddy.
- eu posso ir também? – perguntou Ellen – Ralf gostaria que eu fosse.
- tudo bem – falou Teddy.
- vamos Randy – falou Ellen.
- não. Preciso ficar com Ralf – falou Randy indo até o elevador.
Os dois seguiram a médico e quando eles entraram em meu quarto eu estava
deitado na cama tomando remédio na veia. A cada gota eu sentia uma melhora.
- olá – falei vendo os dois entrarem.
- oi Max. Tudo bem? – falou tio Teddy.
- estou sim… quer dizer… acho que sim.
- como você está? – perguntou Ellen se aproximando.
- estou bem – falei respirando fundo – e Ralf?
- Ralf está bem.
- a culpa foi minha – falei cabisbaixo.
-a culpa não foi sua. Não foi de ninguém
-falou Ellen apertando minha mão.
- OK – falei tentando não chorar ao lembrar da cena no banheiro – então…
eles já deram as boas novas? Estarei morrendo em breve.
- você não vai morrer – falou tio Teddy segurando minha mão – você vai
ficar bem.
- eu posso ir embora doutora?
- não – falou ela se aproximando – diálise leva seis horas por dia. Você
vai ter que ficar no hospital até encontrar um rim.
- e quanto tempo eu vou ter que esperar por isso?
- Eu tomei a liberdade de colocá-lo na lista nacional de espera de
transplante. Você é oficialmente a 22.108ª (dois milionésima dois milésima
centésima oitava) pessoa na lista.
- tem vinte e suas mil e cem pessoas na minha frente? – falei espantado
com o número.
- isso é um absurdo – falou Ellen – pessoas morrem esperando nessa
lista.
- Tem alguém na família que pode se voluntariar como doador? – perguntou
a médica.
- eu tenho uma mãe, um irmão e meu tio Teddy – falei respirando fundo –
minha mãe não vai me doar um rim. Ela me odeia.
- eu com certeza faria feliz em fazer o teste Max – falou tio teddy – mas
tem uma coisa que precisa saber.
- o que é? – falei atento.
- Sei que talvez esse não seja o melhor momento e nem o lugar para te
dizer isso. Não sei se sou a pessoa que deveria te dizer isso… acho que sua mãe
deveria te contar…
- diz logo – falei ansioso.
- Você é adotado!
Seguidores
Contato
CAPÍTULOS MAIS LIDOS DA SEMANA
-
CAPITULO 26 O médico me disse que a única saída seria a cirurgia, mas os riscos tinham duplicado. Eu tinha decidido não arriscar. E...
-
UMA NOITE MUITO DIVERTIDA capítulo vinte E stávamos no bar a mais de uma hora. Como Arthur tinha dito ele ...
-
C apítulo Trinta e Doi s MELANCOLIA E ra sexta-feira. Faltava um ...
-
CAPITULO 23 Jake tinha me ligado dizendo que o assassino de Kenny tinha se entregado. Eu nem acreditei quando ele disse: Rup...
-
TODOS IRIAM INVEJAR capítulo onze P or mais que eu não quisesse ter contato com Charley eu tive que eng...
-
MINHA SEGUNDA CHANCE capítulo vinte O filme estava chato como sempre. Era assim que eles queriam nos entr...
-
RENASCIMENTO capítulo dezoito E stava tendo um sonho colorido até demais para mim. Parecia um carnaval de animais. Anda...
-
PARA ACESSAR A PÁGINA DE PERSONAGENS ACESSE A GUIA ' PERSONAGENS + ' NO ALTO DA PÁGINA OU CLIQUE AQUI . capítulo treze...
-
PARA ACESSAR A PÁGINA DE PERSONAGENS ACESSE A GUIA ' PERSONAGENS + ' NO ALTO DA PÁGINA OU CLIQUE AQUI . capítulo quato...
-
C apítulo Vinte e Set e A ESCOLHA N ão existem decisões erra...
Minhas Obras
- Amor Estranho Amor
- Bons Sonhos
- Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um
- Crônicas de Perpetua: Playground do Diabo — Livro Dois
- Cruel Sedutor: Volume Um
- Deus Americano
- Fodido Pela Lei!
- Garoto de Programa
- Paixão Secreta: 1ª Temporada
- Paixão Secreta: 2ª Temporada
- Paixão Secreta: 3ª Temporada
- Paixão Secreta: 4ª Temporada
- Paixão Secreta: 5ª Temporada
- Paixão Secreta: 6ª Temporada
- Paixão Secreta: 7ª Temporada
- Príncipe Impossível: Parte Dois
- Príncipe Impossível: Parte Um
- Verão Em Vermont
Max Siqueira 2011 - 2018. Tecnologia do Blogger.
Copyright ©
Contos Eróticos, Literatura Gay | Romance, Chefe, Incesto, Paixão, Professor, Policial outros... | Powered by Blogger
Design by Flythemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com
OMG q final de capítulo foi esse? Sabe mesmo como surpreender
ResponderExcluirContinue pq todos os seus contos que li ate agora são excelentes e agora que eu achei seu site estou relendo o conto paixao secreta mas lerei todos os seus outros que vc ja fes entao n desanime ^^
ResponderExcluirolhe n desista d escrever seus contos são todos muitos bons eu achei seu site essa semana e começei a reler paixao secreta que infelismente n tinha lido todo eu li ele antes na casa dos contos ms la o conto ta todo incompleto e foi uma felecidade eu ter achado seu link po seu blogger agora eu lerei todos os capitulos e os contos que eu n li ainda entao continua vc escreve muito bem e melhoras pra vc^^
ResponderExcluirQue reviravolta. Já to
ResponderExcluirImaginando como vai ser lindo o Ralf doar um rim para o Max. Acho q o veneno é coisa da ex-noiva. Enfim.... Manda logo o próximo capítulo.
Gente três tapas na minha cara num capítulo só, kkkkk adorei. Rqlf bixin e fraco ;-;, qual o cronograma de pastagem desse livro?
ResponderExcluir