capítulo vinte e nove
ENTRE DOIS SOLDADOS |
PARTE II
A
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comida estava deliciosa. Randy, Ellen e Julia
realmente capricharam na refeição. A mesa estava barulhenta. Todos sentados
comendo e conversando. Ao meu lado direito estava Ralf, do meu lado esquerdo
estava Ursula. Eu conversava com Lea que estava sentada de frente para mim. Era
basicamente um banquete. Sentia como se estivesse na ação de graças. Pessoas
que não se conheciam direito confraternizando por um motivo em comum. Era bom
estar rodeado de pessoas que queriam o bem uma das outras. Passei o purê de batatas
para Laila e Ursula colocou um copo com suco para mim.
Depois da refeição Randy e Ellen subiram as escadas e foram para um dos
cinco quartos que a casa tem. Eles precisavam descansar. No fim das contas
Kyara e seu namorado Eric foram embora. Amanda decidiu ficar um pouco mais.
Julia e Jeremy também foram embora, mas Ursie e Laila ficaram e já confirmaram
que passariam a noite. Ralf e eu decidimos ficar e passar a noite.
Era pouco mais das quatro e meia da tarde. Depois do delicioso almoço
todos voltaram a beber. Todos bebiam, exceto Ursula e eu. Luke estava dentro da
piscina com Lea. Ela parecia animada. Ralf perguntou se eu queria nadar, mas eu
mudei de ideia e decidi que não queria. Não estava a fim de me molhar e com
certeza não queria aprender a nadar. Só queria ficar na minha. Aproveitar o
sol, a vista e esquecer os problemas.
Ursie e eu estávamos sentados à beira da piscina com os pés dentro da
água. Ursula estava com roupa de banho e eu agora vestia uma bermuda. Eu
balançava os pés na água morna e agora as luzes da piscina estavam acesas.
Havia uma brisa gelada que vinha do mar apesar do sol lá no alto.
- é tão bom estar em paz – falei fechando os olhos sentindo o sol no meu
rosto. Lea jogou um pouco de água em minhas pernas tentando me convencer a
entrar na agua, mas eu não quis.
- eu também – falou Ursula colocando a mão na barriga – faz um bom tempo
que eu não sentia que as coisas estão em seu devido lugar.
- eu que o diga – falei olhando para Ursula – como Laila está lidando
com a sua gravidez?
- na verdade ela tem me ajudado muito – falou Ursie acenando para Laila
que estava do outro lado da piscina tomando banho na cascata – acho que se eu
estivesse sozinha eu não conseguiria. Eu tenho estado um pouco histérica e
tendo desejos bizarros e Laila faz de tudo para facilitar.
- olha eu preciso te contar uma coisa.
- o que?
- vocês não estão bebendo então te trouxe refrigerante – falou Amanda
chegando com dois copos.
- obrigado – falei pegando o copo e Ursula pegou o outro.
Amanda então se sentou do meu lado. Ela estava com roupa de banho. O sol
refletia em seu corpo e ela parecia uma sereia. Seus longos cabelos iam até
quase metade das costas.
- obrigado por ter me convidado – falou Amanda com um sorriso – esse
lugar é maravilhoso. Eu acordei tão puta hoje e quando recebi sua ligação eu
recebi exatamente o que precisava. Uma boa festa a beira da piscina.
- eu também admito que essa festa veio em boa hora – falou Ursula – eu
estava cansada de não fazer nada. Eu não sou o tipo de grávida que não quer
ficar parada. Eu sou tão agitada e estava louca pra tomar um banho de piscina.
- eu não estou com a mínima vontade de entrar nessa piscina. Eu tenho
duas cicatrizes horríveis. A do lado esquerdo é uma cicatriz de quando
retiraram o meu rim. A cicatriz do lado direito é de quando me doaram um rim.
Olha só – falei levantando a camiseta. Parecia que alguém tinha desenhado uma
linha reta usando uma faca. A mancha ficou meio rosada e em alto relevo.
- não parece tão feio – falou Amanda passando o dedo.
- está de brincadeira? Está horrível. Eu tenho procurado na internet
algum cirurgião plástico. Talvez um bom cirurgião consiga remover essas
cicatrizes.
- você está bem consigo mesmo? – perguntou Ursula.
- como assim?
- você tem vergonha dessas cicatrizes? Isso atrapalha você na cama, por
exemplo?
- não. Eu não me sinto mal perto de Ralf porque ele esteve comigo no
pior momento da minha vida então eu estou bem perto dele, mas me sinto
incomodado e envergonhado em tirar a camisa perto de outras pessoas. Eu fico
com essa sensação de que elas irão ficar olhando imaginando o que seria e até
perguntariam o que aconteceu e essa é uma história que eu não quero contar pra
ninguém. Parece que alguém me retalhou.
- eu entendo – falou Ursula.
- eu também – falou Amanda – mas é bom você ter o Ralf. Ele realmente te
ama.
- e você Amanda? – perguntou Ursula – tem namorado? namorada?
- eu tinha um namorado babaca, mas eu o peguei me traindo.
- sério?
- sim. Peguei-o com outra na cama. Acredita?
- sinto muito.
- não sinta – falou ela rindo – sinta por ele. Eu enfiei minhas chaves
na lateral do carro dele e depois eu rasguei os assentos de couro daquela lata
velha. Depois eu arrebentei os dois faróis e abri um buraco nos quatro pneus.
- mentira – falou Ursula.
- você fez isso? – perguntei perplexo.
- sim. Talvez, na próxima, ele pense antes de trair.
- você é louca – falei rindo e tomando um gole do refrigerante.
- mas você tem alguém em mente? – perguntou Ursula.
- não. Agora eu estou só querendo curtir esse tempo de solteira. Quero
fazer bastante sexo.
- Amem – falou Ursula.
- vamos nadar? – perguntou Amanda.
- agora não – falou Ursie.
- eu não sei nadar.
- eu sei nadar muito bem – falou Amanda rindo de mim – Eu quase ganhei
uma bolsa em uma universidade por causa do nado sincronizado no colegial.
Amanda pulou na piscina e saiu nadando e fazendo piruetas na água. Ela
era uma excelente nadadora por sinal. Eu não sabia nadar e ainda tinha que ver
Amanda jogar isso na minha cara. Assim que chegou do outro lado da piscina ela
acenou pra mim e eu mostrei o dedo pra ela.
- o que você queria me contar? – perguntou Ursula curiosa.
- tinha até me esquecido.
- me conte porque eu estou ficando louca – falou Ursula – não deixe uma
grávida curiosa.
- OK – falei respirando fundo – eu encontrei meu pai biológico.
- sério?
- sério – falei rindo.
- quem?
- é o Gray.
- Gray? – perguntou Ursula pensativa – o Gray? Dr. Gray Forbes?
- sim.
- o que te doou um rim?
- sim. Ele mesmo. O exame deu positivo.
- você está de brincadeira – falou Ursula rindo.
- não – falei olhando para Ursula.
Nesse momento Laila pulou na piscina e nadou até nós e parou ente as
pernas de Ursula e se apoiou.
- o que vocês tanto conversam? – perguntou Laila.
- O Max encontrou o pai biológico dele.
- sério?
- sim. Ele é um médico e mora em Los Angeles e me chamou para passar
alguns dias na casa dele – falei animado.
- e quem é sua mãe? – perguntou Ursula.
- eu não sei. Não tive tempo de perguntar. Tudo o que sei é que ele
tinha dissésseis ou dezessete anos na época. Eu não sei mais nada.
- você deve estar muito feliz né? – perguntou Laila.
- sim, mas ao mesmo tempo eu me sinto um pouco mal.
- por quê?
- sei lá eu sinto que estou decepcionando meu pai Leon. Acho que ele se
sentiria mal se soubesse que eu estou procurando minhas origens.
- eu acho que não – falou Laila – ele sabe que é seu verdadeiro pai
afinal foi ele quem te criou e te deu amor. E isso é que define uma família.
- sim. Estou triste por meu pai, mas feliz que encontrei Gray. Talvez
essa seja minha chance de redenção. Meu pai morreu antes que nós pudéssemos
acertar as coisas. Talvez Gray seja minha segunda chance.
- Nossa, mas foi muita coincidência – falou Laila.
- sim. O que torna tudo mais especial. Quantas pessoas que foram
adotadas conhecem seus pais biológicos em uma situação como a minha? Eu sempre
me achei um azarado, mas no fim sou um sortudo. Isso sim.
Olhei para Ralf deitado na cadeira de praia tomando sol e me lembrei de
Adrien. Aquele assunto estava realmente me irritando. Como aquele desgraçado teve
coragem de parar Ralf em uma loja e falar sobre as coisas que eu costumava
fazer?
- vocês me dão uma licença? – falei me levantando.
- claro – falou Ursie.
Levantei-me da beirada da piscina e calcei os meus chinelos e caminhei
até Ralf e me sentei na cadeira de praia ao lado dele. Ralf não me percebeu lá
porque estava de olhos fechos. Ele só me viu quando tirei os óculos escuros de
seu rosto. Foi quando ele abriu os olhos.
- está dormindo?
- só tirando um cochilo.
- sabe eu estava pensando em uma coisa – falei acariciando a barriga de
Ralf.
- o que?
- nós devíamos ter chamado o Dr. Bryan. Ele foi parte importante da
nossa cura. Não é algo visível, mas teve feitos visíveis.
- verdade – falou Ralf segurando minha mão em sua barriga.
- acho que vou ligar para ele e pedir que venha. Antes tarde do que
nunca.
- OK – falou Ralf me puxando e dando um beijo na minha boca. Levei minha
mão até seu rosto e chupei sua língua trazendo-a para o lugar onde pertencia:
minha boca.
- vou ligar para ele então – falei me levantando.
Ralf colocou os óculos no rosto outra vez e eu entrei em casa, peguei o
meu celular e subi as escadas e fui para o meu quarto. Sentei aos pés da cama e
fiquei olhando para o mar. A visão era magnífica. Fui até a sala e liguei para
Dr. Bryan. Convidei-o para a comemoração na casa de Luke e depois de muita
insistência ele concordou em vir. Assim que terminei a ligação com Dr. Bryan eu
liguei para Kevin. Precisávamos falar sobre Adrien.
Kevin atendeu ao telefone quase
que imediatamente.
- alô.
- Kevin é o Max.
- sim. Eu vi. Tudo bem com você?
- está tudo bem sim.
- que bom. Você meio que sumiu depois que te vi no hospital – falou
Kevin.
- mais ou menos.
- porque está ligando? Alguma coisa errada?
- na verdade eu queria falar sobre Adrien.
- o que foi dessa vez?
- ele encontrou Ralf na Best Buy
e começou a contar um monte de coisas sobre a nossa vida sexual.
- ele fez isso?
- sim.
- olha eu nem sei o que dizer – falou Kevin – Adrien não mora mais
comigo.
- sério?
- sim. Na verdade não tenho visto muito Justin também e Ava se mudou.
- sério?
- sim. Parece que eles não aceitaram muito bem o fato de eu ser HIV
positivo.
- mas Ava está cega. Quem é ela pra te julgar?
- aparentemente ela continua sendo uma vadia. Só que agora uma vadia
cega.
- sinto muito – falei chateado.
- sim. Adrien acabou se mudando daqui e Justin nunca mais apareceu.
- eles são uns idiotas.
- você também é meio que um idiota.
- eu?
- sim. Eu te ofereci meu rim e você recusou. Preferiu procurar por um
melhor. Isso me chateou muito. Doeu.
- desculpa Kevin. Eu não pensei nos seus sentimentos.
- eu sei. Estou só desabafando. Você fez certo em receber o rim de
alguém que não seja soropositivo.
- eu não tenho nenhum problema com isso Kevin. Saiba que se nós dois
ainda estivéssemos juntos eu não me separaria de você por esse motivo. Você me
deu tantos outros.
- eu não acredito em você.
- pode acreditar. Se você estivesse na minha frente eu te daria um beijo
na boca.
- e seu namorado?
- ele não vai se importar. Eu daria um beijo sua boca para provar que eu
não me importo com sua condição.
- OK. Isso faz eu me sentir um pouco melhor.
- não se sinta abandonado Kevin. Nós estivemos juntos por mais de um ano
e íamos nos casar. Sei que você é um homem bom. Você cometeu erros, eu cometi
erros… todos cometeram erros.
- mas isso não muda o fato de que estou sozinho. Eu tinha tudo. Tinha
você e agora não tenho nada.
- você vai encontrar alguém que te ame da forma que você é. Só tente
manter em segredo a parte em que você ficava com seu filho. Isso meio que choca
as pessoas.
- eu não sei onde estava com a cabeça quando fiz isso.
- no fim das contas Adrien é só um idiota. Sei que ele é seu filho, mas
um idiota é um idiota. Ele foi um idiota comigo e foi com você.
- pelo menos ele saiu da minha vida – disse Kevin.
- você vai encontrar alguém. Te prometo.
- eu te amava de verdade – falou Kevin. Pude perceber que ele estava
chorando do outro lado da ligação.
- não chora Kevin.
- é que é difícil – falou ele limpando a garganta – as pessoas se
afastando de mim.
- a culpa não é sua. Talvez você só estivesse rodeado das pessoas
erradas.
- acho que é isso que acontece quando você constrói seus relacionamentos
em areia.
- Olha Kevin eu liguei para falar sobre Adrien, mas ele que se foda.
Estou gostando de conversar com você.
- Acho que vou vender essa casa e vou me mudar para outro lugar. Miami
está me trazendo péssimas lembranças.
- faça isso. Mude-se para um lugar mais ensolarado. Um lugar diferente
será bom. Comece uma nova vida. Sendo sincero com as pessoas ao seu redor e
sincero com você mesmo.
- OK – falou Kevin suspirando – foi bom falar com você.
- quando quiser conversar me ligue. Não faça nada drástico. Se você
estiver se sentindo sozinho e quiser fazer algo para acabar com isso. Não use
uma corda ou comprimidos. Converse com alguém. Eu me ofereço para ser esse
alguém.
- porque você faria isso depois de tudo o que eu te fiz.
- não sei. Você foi a primeira pessoa que entrou em minha vida depois do
acidente. Acabei desenvolvendo um carinho especial. Eu fiquei com raiva de você
quando descobri algumas coisas, mas não consegui te odiar.
- obrigado por isso.
- por nada.
- acho que vou desligar.
- você está fazendo alguma coisa?
- não. Estou enfunado dentro de casa.
- Vou enviar um endereço para o seu celular e você vem até aqui. Está
tendo uma pequena celebração aqui na casa de um amigo meu. Quero que você
venha.
- tem certeza?
- sim. Venha aqui para você ficar rodeado por pessoas que se importam.
- OK. Eu vou.
Assim que terminamos a ligação eu enviei o endereço para Kevin que
respondeu com um polegar levantado. Em seguida desci ás escadas para ir ver
Ralf. De repente eu senti saudades dele. Só queria abraça-lo. Ao chegar lá fora
vi que ele não estava mais deitado tomando sol.
Lea estava enrolada em uma toalha sentada em uma cadeira de praia entre
as pernas de Luke que estava deitado com os óculos escuros. A música estava
alta e eu caminhei de um lado para o outro procurando Ralf, mas não o vi.
- vocês viram Ralf?
- não – falou Lea tomando um gole da cerveja de Luke.
- eu vi que o celular dele tocou e ele saiu para atender – falou Luke.
Voltei até a cozinha e não vi Ralf. Não vi Ralf na sala e ao ir para a
entrada da casa não vi o seu carro. Então ele foi á algum lugar. Não havia
ligações perdidas no meu celular então não tenho nenhuma pista de onde ele
possa ter ido. Liguei para Ralf, mas o telefone tocava até cair na caixa de
mensagem. Ou ele não queria falar comigo ou ele estava dirigindo. Prefiro
pensar que ele está dirigindo.
Ouvi o barulho de carro chegando lá fora e eu corri para a entrada
pensando que era Ralf, mas era Dr. Bryan. Abri a porta e eu o recebi com um
sorriso no rosto.
- bem vindo – falei se aproximando de Dr. Bryan que me deu um abraço –
como você está?
- estou ótimo e você?
- também.
- obrigado por ter vindo. É muito importante para mim você ter vindo.
- você não trouxe sua esposa?
- eu não sou casado – falou Dr. Bryan.
Dr. Bryan entrou e ao achegar na cozinha eu peguei uma cerveja e
entreguei para ele.
- não. Obrigado. Eu só vim ficar um pouco.
- nem pensar – falei pegando as chaves do bolso dele – você precisa
ficar.
Dr. Bryan se rendeu e pegou a latinha de cerveja e abriu e tomou um
gole. Ele foi até a piscina e eu o apresentei ás pessoas que ele não conhecia.
Por fim eu deixei Ralf de lado. Depois que Dr. Bryan tinha se enturmado eu o
chamei até a cozinha. Ele veio e abriu outra latinha de cerveja. Para quem não
queria beber ele estava bebendo até demais.
- o que foi? – perguntou ele tomando um gole.
- Quero te fazer uma pergunta… duas na verdade.
- OK.
- é profissional então depois me manda a conta.
- mando sim – falou Dr. Bryan rindo.
- eu estou em meio a um dilema com meu marido.
- o que foi?
- Ralf descobriu sobre o meu passado. Sobre as coisas que eu fazia.
Sexo. Refiro-me ao sexo.
- que tipo de coisas? – perguntou Dr. Bryan.
- lembra que eu te falei do meu ex namorado Kevin? Pois é. Nós dávamos
algumas festinhas de sexo e nós éramos bem livres quanto a nossa sexualidade e
uma das coisas que gostávamos de fazer era sexo a três. Ralf descobriu e fica
insistindo em falar sobre isso.
- é normal ele querer falar.
- mas por quê? E se ele terminar comigo?
- ele não vai terminar.
- Tudo o que eu sei é que eu briguei com Ralf. Disse que não queria
falar sobre esse assunto nunca. Eu conversei com algumas pessoas e elas me
dizem ‘Converse sobre isso’.
- é claro que vocês devem conversar. Parar de falar sobre um assunto
nunca é a melhor solução. Você já parou pra pensar que talvez Ralf goste da
mesma coisa?
- não.
- pois é. Converse com ele. Vocês estão casados e fodem. O que é tão
complicado?
- mas sexo a três não estraga?
- não. Muitos casais gostam de incrementar e dividir os parceiros. Essas
coisas. Não existe uma regra geral. Isso varia de pessoa para pessoa, de casal
para casal.
- vou conversar com ele então.
- OK – falou ele tomando outro gole – o que mais você queria falar? Qual
a segunda pergunta?
- é sobre o meu ex.
- o que tem ele?
- ele está vindo ai. Eu queria que você conversasse com ele.
- por quê?
- você sabe… Kevin tem HIV e disse que quando os amigos descobriram eles
se afastaram. E o namorado o deixou. Ele tem estado um pouco depressivo. Será
que você pode conversar com ele? Animar ele um pouco. Ele sente que ninguém vai
querer se aproximar por causa da condição dele.
- OK. Eu faço isso, mas vou te mandar a conta.
- pode mandar.
Ouvi o barulho de um carro chegando e logo percebi que era Kevin.
- deve ser ele – falei indo até a porta.
Abri a porta e vi Kevin sair do carro.
- você veio mesmo.
- sim. Eu disse que viria.
Kevin entrou e eu fechei a porta.
- essa casa é linda – falou Kevin olhando em volta.
- sim. É de um amigo chamado Luke. Vou te apresentar ele.
- espera – falou Kevin segurando no meu braço.
- o que foi?
- eu não queria parecer carente, mas você disse que me beijaria se
estivesse na minha frente… será que você pode?
- sim, mas só um selinho.
Aproximou de Kevin e dei um selinho na boca dele. Eu mantive um pouco os
lábios juntos ao dele e só para provar que eu falava sério eu abracei-o forte e
chupei sua língua. O que era pra ser um selinho se tornou um beijo mais quente.
- viu só? – falei olhando para Kevin e dando um último selinho na boca
dele – eu disse que faria.
Kevin pareceu se animar um pouco depois que eu o beijei. Ele limpou o
canto da boca com um sorriso no rosto. Eu pensei em Ralf quando beijei a boca
dele. Era tudo oque conseguia pensar. Eu só pensava no pior. Nós fomos até a
piscina e eu apresentei Luke. Eles se cumprimentaram e em seguida eu apresentei
Bryan. Claro que eu não apresentei como um psicólogo. Bryan saberia como
chegaram e Kevin. A parte mais difícil de ir ao psicólogo é criar coragem para
ir. A ideia de se abrir com um estranho é uma assustadora para algumas pessoas.
Depois de algum tempo conversando, Kevin e Bryan entraram para pegar algumas cervejas
e não voltaram.
Graças a deus as paredes dos quartos nos andares de cima não eram de
vidro. Do contrário ninguém teria privacidade para tranzar. Bem, eu não teria
privacidade para tranzar com Ralf. Se ele aparecer porque o relógio marcou nove
horas da noite e nada de Ralf dar as caras. Ele não ligou. Tudo estava
iluminado agora que estava escuro. A piscina tinha luz própria em suas bordas e
o pequeno jardim ao lado também era iluminado.
Ralf continuava não atendendo o celular quando o relógio marcou nove e
meia eu vi Ellen e Randy virem da cozinha. A música ainda rolava solta. Laila e
Ursula já tinham ido para seu quarto e Amanda também havia ido para outro
quarto. No fim das contas acho que Amanda desmaiou na cama porque ela tinha
bebido por mim, por ela e por Ursula. Lea e Luke continuavam agarradinhos na
beira da piscina. Trocando beijos e carícias. Eu sentia falta disso. Onde
diabos estava Ralf?
- onde diabos está Ralf? – perguntou Randy chegando até onde estava.
Ellen estava ao lado dele.
- eu não sei. Ralf saiu faz umas quatro horas e não voltou. Ele não
atende o celular e eu estou começando a me preocupar.
- posso falar com você? – falou Randy.
- pode.
Eu me levantei e Randy e eu caminhamos até o pequeno jardim com flores
roxas no alto em um emaranhado muito bem feito.
- o que foi? Sabe de algo que eu não sei sobre Ralf?
- não é isso – falou Randy – é que eu ainda não tive chance de me
desculpar pelo modo que eu te tratei lá em casa quando Ralf tentou… você sabe.
- não se preocupe Sr. Falconer.
- eu me senti um idiota. Eu vi você e Ralf se beijando nas escadas e me
senti mal. Não vou mentir para você. Eu não queria que Ralf fosse gay. Eu
fiquei com raiva de você, mas agora eu percebo que ele continua sendo quem eu
criei para ser. Um homem honrado.
- sim. Ralf é maravilhoso e ele tem orgulho de ser seu filho.
- eu só queria que soubesse que estou arrependido pela forma que te
tratei e que eu estou cem por cento de acordo com o relacionamento de vocês.
Não que vocês precisem da minha autorização.
- eu entendo aonde quer chegar. Fico feliz.
Randy então me puxou para um abraço. No começo foi estranho e
desconcertante, mas eu me deixei levar. Sabia que as intenções de Randy eram as
melhores.
- eu só queria saber onde Ralf está – falei olhando para Randy.
- ele está bem. Tenho certeza de que ele foi fazer algo importante. Não
precisa se preocupar.
- vou tentar.
- Ellen e eu estamos indo embora – falou Randy enquanto caminhávamos de
volta á piscina.
- vocês não vão passar a noite?
- infelizmente não.
Randy e Ellen se despediram de Luke e Lea e eu os acompanhei até a
porta. Eu me despedi dos dois e eles tentaram me reconfortar dizendo que Ralf
estava bem. Tudo o que eu podia fazer era acreditar afinal já tinha passado por
muita desgraça. Despedi dos dois e voltei para dentro. Tentei imaginar onde
Ralf estava e percebi que algo estava errado. Lea e Luke estavam na piscina.
Ursie e Laila estavam no quarto e Amanda desmaiada em algum dos quartos. Onde
estavam Kevin e Bryan?
Andei pela casa, mas eu não os encontrei. Havia duas salas, biblioteca,
escritório, até lugar para ginástica e Yoga, mas eles não estavam. Subi as
escadas procurando por Bryan e Kevin, mas eu não os vi logo de cara. Vi que a
luz de alguns quartos estavam acesas e sabia eu Ursie e Laila estavam no
primeiro quarto. Abri a porta de um quarto e não havia ninguém. No segundo
quarto estava Amanda desmaiada na cama.
- onde eles se meteram?
Faltam três quartos. O meu, o de
Luke e o outro quarto que ainda não tinha olhado. Fui até esse quarto e abri a
porta. Levei um susto e fiquei envergonhado ao ver que Kevin e Bryan deitados
nus na cama. Por sorte o cobertor cobria os seus corpos até a cintura. Bryan e
Kevin se beijavam apaixonados. Eu posso jurar que vi Bryan chupar a língua de
Kevin. As roupas dos dois estavam jogadas no chão e os dois olharam para mim.
- me desculpem – falei sem graça.
- sem problema – falou Dr. Bryan voltando a beijar Kevin. Os dois não
ligaram para mim e voltaram a se beijar. Eu vi a mão de Kevin fazendo um
movimento repetido debaixo do cobertor entre as pernas de Bryan e logo imaginei
o que seria. Eu apenas fechei a porta envergonhado por ter pêgo os dois com a
mão na massa. Essa não era exatamente a terapia que eu indiquei para Kevin, mas
no caso dele acho que um bom sexo o fará ter a autoestima elevada.
Desisti de procurar por Ralf. Todo mundo se divertindo e eu sozinho
naquela droga. Aposto que Amanda está tendo um sonho maravilhoso com alguém,
mas eu tenho que ficar jogado de um lado para o outro esperando por alguém
descer do céu e me dizer onde diabos Ralf se meteu. Entrei no meu quarto e me
deitei na cama e fiquei encarando o teto. Aquilo era uma droga. De verdade. A
parede que dava para o lado de fora trazia consigo uma linda visão do mar nas
profundezas da noite. Era realmente uma merda estar sozinho.
Estava distraído revezado entre olhar para o teto e para o mar quando
ouvi um barulho. Parecia ser o som de pneus. Só podia ser Ralf. Eu não estava
esperando por ninguém. Para a segurança de Ralf é bom que seja ele porque do
contrário eu vou trancar a porta do quarto e ele vai ser obrigado ao dormir no
sofá e nada de sexo para ele por pelo menos um mês. Levantei da cama e desci as
escadas pronto para recebê-lo.
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