AÇÃO DE GRAÇAS capítulo vinte
H
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avia
chegado a última semana de novembro. O dia de ação de graças. Desde que Adam
tinha me contado que tinha mais quatro irmãos eu não tinha tido sossego na
minha vida. Eu estava realmente nervoso por causa desse jantar. eu nunca tinha
conhecido a família de um namorado meu antes, agora eu estava prestes a
conhecer a família do meu marido.
Estava
pronto olhando para o espelho do quarto. Adam saiu do banheiro e eu então sai
do quarto e fui para a sala esperar Adam se vestir. Apesar desse nervosismo eu
não podia deixar de pensar na minha crise existencial. Eu me sentia de mãos
vazias diante do universo. Eu procurava não ficar pensando nisso porque era
realmente depressivo e esse sentimento me deixava para baixo. Eu já estava
nervos o suficiente para um dia só.
Depois
de vários minutos Adam saiu do quarto. Ele estava vestindo roupa social, assim
coo eu, mas nós decidimos não usar os ternos porque se não ficaria formal
demais, até para um almoço de ação de graças.
-
você parece tão triste amor – falou Adam dando um beijo no meu rosto e me
abraçando. – deixa eu te dar um abraço pra você melhorar.
-
não é nada, é impressão sua.
-
eu te conheço Mike, o que você tem em mente?
-
eu estou falando sério.
-
não está não, fala pra mim – falou ele se sentando no sofá e me fazendo sentar
no meio das pernas dele – casamento é para isso, partilhas as alegrias e as
tristezas e eu estou sentindo que você está triste a vários dias. Conta pra
mim. – falou ele colocando a mão no meu ombro.
-
não é nada de mais, é que… eu sinto um vazio no meu corpo. Tudo o que eu sempre
quis foi um marido amoroso, e filhos… uma família. Agora que eu tenho eu sinto
como se não tivesse mais motivos para viver.
-
você não me disse que gostaria de fazer faculdade de direito e se tornar
advogado?
-
esse nunca foi meu sonho de verdade – falei respirando fundo e olhando para
baixo – eu não tenho vocação para ser advogado.
-
mas isso não significa que não possa ter outros sonhos – falou ele me puxando e
me fazendo deitar a cabeça no seu ombro. Ele alisou minhas costas e me deu um
beijo no rosto. – não fica triste não, dá um sorriso. Você só não tem sonhos
agora, tudo o que você precisa é de uma oportunidade, uma luz na sua vida.
-
mas enquanto essa luz não é acesa o jeito é eu meter um sorriso na cara para
não fazer feio na frente de sua família.
-
que saco, minha família – falou Adam – eu também estou nervoso por causa deles.
Nós nunca os damos bem e todos os anos nos encontramos na casa da minha mãe em
respeito a ela e evitamos não nos matar na mesa durante o almoço.
-
imagina como eu estou – falei me levantando.
-
relaxa, é só um dia por ano – falou Adam se levantando – depois que acabar cada
um volta para sua vida até o próximo ano.
-
ok – falei dando um beijo na boca dele – eu te amo.
-
também te amo, mas não pense que nossa conversa acabou. Quando chegarmos eu vou
te ajudar a encontrar um motivo para você viver.
-
ok – falei rindo.
Nós
entramos no carro e seguimos viagem para a casa da mãe de Adam.
-
seu pai aceitou numa boa? – perguntou Adam apontando para a carteira de
cigarros no bolso.
-
sim – falei colocando um cigarro na boca dele e acendendo com o isqueiro – o
sem vergonha foi passar a ação de graças na casa dos pais da Vanessa.
-
ele deu sorte que você falou primeiro – falou Adam assoprando a fumaça.
-
pois é. Ele ainda se fez de coitado, meu pai é uma piada. – falei rindo.
-
não precisa ficar nervoso, meus irmãos vão ser legais com você… - falou ele
tirando o cigarro da boca e assoprando a fumaça – …eu acho.
-
você acha? – falei nervosa.
-
relaxa, é como eu te disse: todos os anos nos encontramos e é uma matança
porque todo mundo acaba brigando. Um tenta se desfazer do outro, mas fica
tranquilo porque você não é da família. É só ignorar o que acontece e sorrir o
tempo todo.
-
ok – falei respirando fundo e olhando para fora. – você só fuma quando bebe,
quando fazemos sexo ou quando está ansioso, esqueceu? Você não bebeu e não
fizemos sexo…
-
hey, eu vou participar da matança… é claro que estou nervoso. Ano último almoço
eu levei minha esposa e meus dois filhos. Hoje eu vou levar meu marido.
-
você está me tranquilizando.
-
desculpa – falou ele.
-
eu preciso saber alguma coisa dos seus irmãos. Se não vai parecer que eu acabei
de saber que eles existem.
-
mas foi o que aconteceu.
-
eles não precisam ficar sabendo disso.
-
ok – falou Adam apagando o cigarro – meu irmão mais velho se chama Oliver, ele
é agente do FBI, ele tem um temperamento muito peculiar.
-
peculiar?
-
ele é grosso. Não liga para o que ele disser.
-
ok, Agente do FBI que é grosso… começou bem.
-
eu sou o segundo filho, Xavier o terceiro, ai vem Lillyane.
-
Lillyane, não posso esquecer o nome deles.
-
pode chamar ela de Lilly ela não se importa.
-
ok
-
ela é dentista. Depois vem meu irmão Ariel.
-
Oliver, Adam, Xavier, Lilly, Ariel… - falei tentando memorizar.
-
ele é piloto.
-
ok.
-
e vem minha irmã mais nova: Valerie.
-
Valerie? Igual a música?
-
sim, mas não toca nesse assunto porque ela odeia.
-
ok.
-
ela é Chef. Uma das melhores.
-
anotado na minha mente.
-
o bom dela ser Chef é porque ela comanda o almoço de hoje. Ela é mandona, mas é
uma pessoa legal.
-
deixa eu ver se lembro: Oliver – Agente do FBI, Lilly – Dentista, Ariel –
Piloto e Valerie – Chef.
-
você está pronto para a matança – falou Adam rindo.
Depois
de uma longa viagem chegamos em uma casa enorme. Tinha que ser porque para
criar seis filhos era preciso uma casa enorme. Adam apertou o botão para que os
portões fossem abertos e logo eles se abriram e Adam estacionou seu carro ao
lado de outros.
-
eles já chegaram – falou Adam saindo do carro.
-
todos eles moram aqui em San Diego.
-
não. Eles vivem espalhados pelo país. Eu sei que um deles vive em Washington,
mas não sei qual.
-
você não sabe nada sobre seus irmãos? – perguntei indo até a porta da frente
com Adam.
-
só sei os nomes, as profissões e se estão vivos ou não. É o suficiente.
Nós
dois chegamos a porta da frente e bateu esperando alguém abrir. Ele então
segurou minha mão.
-
será que devemos? – falei levantando a nossas mãos juntas.
-
porque não?
Então
alguém abriu a porta. era um homem de pele clara e olhos azuis. Ele olhou para
Adam, olhou para mim e em seguida abaixou o olhar até as nossas mãos e fez cara
de riso e virou de costas.
-
eles chegaram – falou ele entrando.
Eu
então puxei minha mão e respirei fundo.
-
é melhor não – falei entrando ao lado de Adam.
-
esse é o Ariel – falou Adam cochichando.
Nós
então entramos e fomos até a sala de estar e havia várias pessoas. Eu contei
doze pessoas. Incluindo Xavier a esposa e os quatro filhos que jogavam algo em
seus aparelhos eletrônicos.
-
bom dia – falou Adam.
-
bom dia – responderam todos.
Xavier
e a esposa vieram até nós e nos cumprimentaram.
-
oi Mike que bom que veio – falou Xavier pra mim e depois ele olhou para Adam –
é uma boa ideia trazê-lo aqui?
-
eu acho que sim – falou Adam.
-
ele pode sair traumatizado.
-
eu estou aqui – falei para Xavier.
-
sinto muito – falou Xavier rindo.
-
oi Adam – falou uma mulher de cabelos pretos e olhos castanhos iguais aos de
Adam vindo para um abraço.
-
oi Valerie – falou ele dando um beijo no rosto dela.
-
você deve ser o tal Mickey, o que acabou com a família do meu irmão? –
perguntou ela com um sorriso estendendo a mão.
-
acho… que sou eu – falei apertando o mão dela sem graça.
-
cadê a mamãe? – perguntou Adam, nós fomos andando para mais perto dos outros.
-
está lá em cima se debulhando me lágrimas – falou Ariel esparramado no sofá –
está lamentando que um dos seus filhos tenha sido abduzido – ele então olhou
para mim. – sem querer ofender.
Eu
dei apenas um sorriso falso e voltei a minha expressão normal.
-
não vai apresentar-nos a sua nova namorada?
-
foi mal – falou ele se levantando – essa aqui é Dianna – falou ele abraçando
uma mulher alta de cabelos negros, olhos claros e que tinha peitos enormes.
-
muito prazer – falou ela apertando a mão de Adam e depois a minha.
-
o prazer é todo meu Dianna – falou Adam – eu não me preocupar em aprender todo
o seu nome porque ano que vem você não estará aqui – falou Adam alfinetando o
irmão.
-
sim, mas você nunca vai me ver trazer um homem. – falou ele olhando para mim
outra vez – sem querer ofender – falou ele.
Tinha
uma mulher conversando ao celular e ela olhou para Adam e em seguida desligou o
celular e veio até nó. Tinha um homem ao lado dela.
Eles
pararam na nossa frente e olharam para nós dois.
-
eu não entendo – falou Lilly apertando a mão de Adam – você agora é gay? Ano
que vem você vai fazer o que? Vestir uma roupa de astronauta e nos dizer que
vai para a lua?
-
é bom te ver Lilly – falou ele apertando a mão dela sem graça.
Todos
os irmãos estavam nos humilhando, mas como Adam disse: era só um dia
-
esse é meu marido Jason – falou ela apresentando o homem ao lado dela – você já
sabe disso Adam, mas você não…
- Mickey.
- ok… Mickey! – falou ela.
Eu
vi Adam estender a mão para apertar a de Jason, mas ele se virou abraçando
Lilly
e indo embora. Adam recolheu a mão vergonhosamente. Bem que ele tinha dito que
era uma matança, mas eu só via uma presa: Adam. E colocou seu braço direito
sobre meu ombro. Todos olharam para nós disfarçadamente. Tão disfarçadamente
que eu percebi que eles olhavam pelo canto dos olhos.
-
o almoço já está pronto? – perguntou Adam.
-
porque quer saber? – perguntou Valerie rindo – vai se casar com ele também?
Todos
riram e eu respirei fundo. Eu queria que um meteoro caísse na nossa cabeça.
-
oi irmão – falou um homem da altura de Adam. Tinha a pele clara, olhos azuis e
barba no rosto igual a de Adam.
-
oi – falou Adam abraçando ele. – Mike esse aqui é Oliver, meu irmão mais velho.
-
muito prazer – falou ele apertando minha mão.
-
igualmente – falei com um sorriso falso. Eu não estava no clima para distribuir
sorrisos, mas Adam disse que seria bom sorrir o tempo todo. Eu então estampei
um sorriso na cara.
-
vamos nos sentar, eu estou com a perna doendo – falou Adam.
Nós
então fomos para um dos sofás e nos sentamos. Nós ficamos em silêncio e Adam
pegou minha mão e segurou junto a dele em cima da perna dele. eu vi que mais
uma vez todos começaram a olhar e começaram a comentar entre si.
Eu
então puxei minha mão discretamente e cocei meu rosto. Eu estava fazendo isso
pelo bem de Adam, eu sei que ele queria mostrar para todos que estava
confortável com a sexualidade e queria esfregar na cara de todos que estava
feliz, mas eu tinha cansado de ver ele ser humilhado.
Depois
de algum tempo todos começaram a se espelhar. Valerie e Ariel foram para a
cozinha, Dianna e Jason foram para fora da casa fumar. O restante continuou na
sala conversando entre si.
Adam
e eu estávamos em silêncio. Eu estava querendo que aquele dia acabasse logo. A
porcaria do almoço só sairia depois das 14:00.
Eu estava ansioso para ir embora daquele lugar. Aquela casa estava
parecendo o colegial e Adam e eu era o único casal gay da escola em que todos
faziam piadas e ficavam encarando esperando nós darmos um beijo para gritarem
suas palavras e ódio.
Adam
se virou para mim para me dar um beijo e eu me afastei um pouco e limpei a
garganta.
-
não faz isso – falei baixinho pra ele.
-
ok – falou ele parecendo decepcionado. Eu sei que estava magoando ele, mas eu
sabia que não magoava mais do que os irmãos rindo e curtindo com a cara dele.
Logo eu vi uma senhora de cabelos
brancos que iam até o ombro descendo as escadas.
-
minha mãe – falou Adam se levantando e foi até ela. Eu fui atrás dele.
-
oi Adam – falou ela dando um abraço nele e um beijo.
-
oi mamãe – falou ele olhando para mim – Mãe esse é Mickey.
-
muito prazer falei estendendo a mão para ela, mas ela não apertou e me puxou
para um abraço.
-
você agora é da família filho.
-
obrigado – falei abraçando ela. Finalmente aguem naquela família que não era
cruel. Tirando Adam, Xavier e a esposa de Xavier é claro que sempre muito bons
para mim.
Depois
de algumas horas o almoço finalmente ficou pronto e todos os irmãos organizaram
a mesa para o almoço. Todos nós fomos para a mesa e depois de uma oração
cristã. Todos á mesa eram cristãos com exceção de Adam, a família de Xavier e
eu, mas mesmo assim nós fechamos os olhos, porque podíamos dar graças a nossa
maneira.
Depois
que demos graça nós nos servimos.
-
está com a cara ótima – falou Ariel – muito obrigado Chef.
-
por nada – falou Valerie.
Eu
coloquei uma garfada na boca e comecei a mastigar.
-
foi tudo feito com a gordura de porco, que deixa a comida mais saborosa – falou
ela.
Instintivamente
eu peguei o guardanapo e cuspi a comida e todos olharam para mim.
-
gordura de porco? – perguntou Adam.
-
sim – falou Valerie – ele é alérgico?
-
não – falei limpando a boca – eu sou judeu.
Nessa
hora todos olharam para Adam e para mim.
-
era o que faltava – falou Lilly.
-
vira gay e judeu… - falou Ariel rindo e colocando uma garfada de comida na
boca.
-
Valerie porque você fez a comida com gordura de porco? – perguntou Dakotta, a
mãe de Adam.
-
eu não sabia – falou Valerie.
-
a culpa não foi dela mãe – falou Adam – eu esqueci completamente, mas eu também
não imaginava que ela faria tudo na gordura de porco.
-
a Valerie vai preparar outra coisa pra você comer.
-
eu não -falou ela colocando uma garfada.
-
não precisa mãe, eu vou a um restaurante e busco algo para ele comer. – falou
Adam se levantando.
-
não precisa amor. – falei sem perceber.
-
amor? – falou Oliver.
-
pra que tanto drama é só carne de porco – falou Ariel.
-
não, não é – falei me levantando delicadamente. – vocês não precisam me
respeitar, ou respeitar minha religião, mas precisam respeitar o fato de que eu
acredito e fui criado acreditando nisso. Pode ser apenas porco para vocês, mas
para mim significa muito. Se eu pegar o crucifixo da sala e queimar vocês vão
gostar? – falei naturalmente. Eu não tinha alterado o som da minha voz.
Adam
ficou calado.
-
sabe, eu ate poderia aguentar vocês o dia inteiro me desrespeitando, eu faria
isso calado e ainda concordaria, mas o que me incomoda é que vocês tem
humilhado Adam desde que ele chegou. Ele não merece ser tratado dessa forma.
Vocês precisam respeitá-lo. Em nenhum momento eu o vi desrespeitar nenhum de
vocês. Ele apenas fez algumas brincadeira e vocês o atacaram com pedras na mão.
-
você está sendo moralista de mais para quem tem um vídeo de sexo gay na
internet – falou Jason, marido de Lillyane.
-
quer saber? – falei jogando o guardanapo em cima do prato e me virando – eu não
vou passar o dia de ação de graças sendo desrespeitado.
Eu
então me virei e sai da cozinha em direção a porta da frente.
Eu
dei dois passos para sair da cozinha e me virei.
-
vocês não tem um pingo de respeito próprio? Porque vocês não param de ficar
apontando os defeitos de Adam e começam a apontar os defeitos da pessoa que
vocês veem quando olham no espelho?
-
você Ariel, aparente ser um cara fodão, mas na verdade não deve passar de um
garotinho mimado.
-
Lilly, você deve ser uma dessas mulheres submissas ao marido. Deixaria a
carreira por causa dele. Você provavelmente a pior de todos. Você falar mal do
seu irmão é uma coisa, agora deixar seu marido babaca falar mal dele é uma
coisa bem diferente.
-
me respeita – falou Jason se levantando na hora para me bater e Adam levantou
junto.
-
se você encostar a mão nele eu te mato – falou Adam.
Jason
então se sentou com Lilly puxando o braço dele.
-
Diana você acha que eu não vi como você olhou para Adam quando ele chegou? Você
não tem vergonha? Respeita seu marido. Ariel se eu fosse você eu tomava
cuidado.
-
e você Valerie. Você pode ser uma ótima chef, mas sinceramente eu odiei sua
comida e não se faça de idiota porque Adam te disse sim que eu sou judeu. Ele
pode estar mentindo para te proteger porque apesar de tudo o que vocês fazem
com ele, Adam sempre os tratou como irmãos e eu tenho certeza que ele
defenderia vocês com unhas e dentes apesar de ser tratado como lixo.
Eu
parei e respirei fundo.
-
e sim, eu tenho um vídeo de sexo na internet e eu não me arrependo dele, se eu
voltasse no passado eu faria a mesma coisa porque se não hoje eu estaria casado
com um homem egoísta e nunca teria dado a chance para Adam.
-
o brigado – falou Adam para mim.
-
vocês deviam ser como Xavier que está sempre ao lado do irmão, ou então como
Oliver que foi o único de vocês que me recebeu bem e não ficou apunhalando
Adam.
Quando
eu disse isso todos começaram a discutir bravos comigo. Não durou muito porque
a mãe de Adam se levantou e nesse momento todos olharam para ela que estava em
pé encarando todos.
-
vocês todos deviam se amar. Vocês são irmãos. Não deviam estar atirando bombas
um nos outros deviam estar ajudando a carregar os feridos – falou ela olhando
ao redor – o que o pai de vocês diria se estivesse vivo?
-
ele com certeza não apoiaria Adam.
-
sim apoiaria – falou ela – o pai de vocês ama todos vocês. Ele apoiaria até se
vocês fossem assassinos. Esse é o trabalho dos pais.
Todos
ficaram em silêncio.
-
Adam meu filho – falou ela olhando para Adam, eu não me importo quem você ama a
única coisa que eu quero saber é se você está feliz.
-
eu estou mãe… muito – falou ele segurando minha mão.
-
mil perdões por ter estragado o dia de ação de graças da senhora. – falei
respirando mais calmo.
-
sem problemas – falou ela – eu teria feito a mesma coisa quando tinha a sua
idade e não pense que foi você que estragou esse dia, foram esses ingratos. –
falou ela olhando para eles – Valerie, você vai agora fazer outro jantar para o
Mickey.
-
não precisa mãe – falou Adam se levantando – a senhora não se incomoda se nós
formos embora, certo?
-
claro que não – falou ela com um sorriso – podem ir se quiserem.
-
obrigado – falou Adam indo até ela para um beijo.
-
foi bom conhecer a senhora – falei chegando próximo a ela e dando um abraço.
-
foi bom te conhecer também. Espero poder ter você e Adam aqui em casa para um
jantar decente.
-
com certeza – falei soltando ela – até mais.
Adam
e eu saímos da casa e fomos até o carro dele e entramos.
Nós
estávamos andando em direção ao carro e Adam me perguntou.
-
você está bem? – perguntou Adam olhando para mim.
-
estou – falei colocando a mão na cabeça sentindo uma pontada.
-
tem certeza?
-
tenho – falei cambaleando e caindo no chão desmaiado.
-
Mike? Mike? – falou Adam se ajoelhando no chão. Essa é a última coisa de que eu
me lembro antes de ficar completamente inconsciente.
Eu
abri os olhos devagar e eu estava dentro de um quarto de hospital deitado em
uma cama. Eu olhei para o Adam e ele estava sentado ao meu lado segurando minha
mão.
-
bem vindo de volta – falou ele beijando minha mão.
-
o que aconteceu? – perguntei olhando para ele.
-
você desmaiou e eu te trouxe para o hospital.
-
o que eu tenho? Porque tenho esses desmaios?
-
o médico fez uma tomografia computadorizada e em breve deve trazer os
resultados.
-
que horas é agora? Se sairmos agora podemos ter o jantar de ação de graças em
casa mesmo. Nós dois preparamos.
-
é meio tarde – falou ele mostrando o relógio que marca 01:40 da madrugada.
-
nossa, já é sexta-feira?
-
sim.
-
e meu pai? Ele sabe onde estou?
-
sabe sim. Ele está lá fora. Se quiser eu chamo ele.
-
ok.
Adam
se levantou para chamar meu pai e quando o ele abriu a porta do médico estava
chegando.
-
boa noite – falou o médico.
-
boa noite – falou Adam.
-
eu trouxe os resultados dos seus exames – falou o médico pegando em minha mão –
é bom te conhecer acordado.
-
ainda bem que acordei – falei me sentando na cama – e então? Eu tenho um
câncer?
-
o que é isso? – falou Adam – não diga uma coisa dessas.
-
desculpa.
-
Mike – falou o médico – você por acaso tem passado por muito estresse
ultimamente?
-
tenho certeza que o senhor me conhece doutor, então eu acho que sabe a
resposta.
-
sei sim – falou ele colocando o raio luz contra a luz – o resultado mostrou que
você tem uma falha no cérebro, de nascença.
-
uma falha? – perguntou Adam preocupado.
-
sim. Não é muito comum essa falha, geralmente é causado quando a mãe sofre
muito estresse na gravidez.
-
provavelmente foi isso. – falei, eu já sabia das histórias que meu pai Stephen
me contou e os meses que passei na barriga da minha mãe foram muito estressante
para ambos.
-
tem como resolver essa falha com cirurgia? – perguntou Adam.
-
bom, as más noticias é que não é possível corrigir essa falha, nem com cirurgia
e nem com medicamentos.
-
isso não são más noticias, isso são péssimas noticias – falei sentindo minha
respiração aumentar.
-
se acalme – falou o médico colocando a mão no meu ombro – eu tenho boas
noticias.
-
e quais são?
-
essa falha não te causa nada além de desmaios quando você fica nervoso.
-
ela não pode sei lá… me matar?
-
não. Essa falha é o seguinte – falou o médico olhando para Adam e para mim –
você tem um certo ponto do cérebro que não recebe oxigênio suficiente. Quando
você fica nervoso ou ansioso sua respiração aumenta e essa parte não recebe
oxigênio suficiente. Você provavelmente sente alguns sintomas antes do
desmaios: tontura, dor da cabeça, respiração ofegante…
-
sim, eu sinto isso mesmo.
-
pois então. Não existe remédio que você toma contra isso. Só á um jeito de você
não desmaiar: não ficar nervoso. Você tem que procurar se manter calmo.
-
só isso? – perguntei rindo.
-
então quer dizer que ele não corre risco de vida?
-
de certa forma corre um pouco mais do que você e eu por exemplo – falou o
médico – por exemplo: se ele desmaiar e bater a cabeça ou desmaiar dentro da
piscina… mas nesse caso as providencias podem ser tomadas e como eu disse: Se
manter calmo é seu remédio. Existem frutas, legumes que podem te deixar mais
calmo, eu posso te recomendar um nutricionista se quiser.
-
queremos sim – falou Adam.
O
médico então tirou um cartão de nutricionista e entregou para Adam.
-
muito obrigado doutor – falou Adam.
-
eu vou assinar esses papéis dando alta e vocês podem ir para casa.
-
muito obrigado falei ficando de pé.
-
estou tão feliz que não é nada sério? – falou Adam me abraçando.
O
médico assinou os foi embora.
-
chama meu pai que nós estamos indo.
-
eu acho que não é uma boa ideia.
-
porque?
-
devido as novas descobertas sobre sua saúde eu acho que sair por aquela porta
vai te deixar muito nervoso.
-
porque? Aconteceu alguma coisa com meu pai? – falei começando a ficar nervoso.
-
não – falou Adam me abraçando – me desculpa por fazer você pensar isso, não.
Relaxa que seu pai está ótimo.
-
ok, então o que é?
-
meus irmãos estão todos lá fora.
-
o que eles estão fazendo aqui?
-
eles ficaram preocupados com você.
-
preocupados uma ova… eles vieram me torrar mais um pouco.
-
não fala isso, meus irmãos e irmãs são bons.
-
ok – falei respirando fundo. – eu acho que consigo fingir que gosto deles.
Quando
eu disse isso, alguém bateu na porta.
-
posso entrar? – falou Ariel acompanhado de Jason o marido de Lilly.
-
podem – falei ficando atrás de Adam.
-
por favor, não venham aqui chateá-lo – falou Adam.
-
nós viemos pedir desculpas. – falou Jason.
-
tudo bem, eu aceito. Fazer o que? Agora nós somos partes da mesma família.
-
Oliver e Valerie também mandaram suas desculpas, eles esperaram você acordar,
mas tiveram que ir embora – falou Ariel.
-
tudo bem.
-
só de pensar que talvez o que fizemos possa ter te provocado um mal físico me
fez pensar no que eu te disse, e eu peço perdão – falou Jason.
-
sem problemas.
Ele
esticou a mão e apertou.
-
eu também sinto muito – falou Ariel – enquanto você estava dormindo eu
conversei com Adam e ele realmente te ama.
-
muito – falei segurando a mão de Adam.
-
pois é, ele estava me contando como você estava triste por não ter um legado e
não saber o que quer da vida. Adam usou a expressão: “Mike se sente como uma
página em branco” e foi então que eu lembrei…
-
do que? – perguntei.
-
o pai da Dianna é dono de uma editora e eu consegui uma entrevista para você.
-
editora? – falei pegando o cartão na mão dele.
-
sim, eu contei quem você era e ele se interessou em você. Eu não sei bem o que
ele quer, mas quando o pai dela marca uma entrevista é que eles querem
contratos para contratar novos escritores.
-
mentira! Sério? – falei olhando o cartão de visitas.
-
sim – falou ele – eu espero que isso compense por todas as idiotices que eu
disse.
-
com certeza – falei esticando a mão e ele apertou.
-
nós precisamos ir – falou Ariel apertando a mão de Adam e Jason fez o mesmo.
-
boa viagem – falou Adam.
Eles
então saíram da sala.
-
eu não acredito – falei sentando na cadeira – eu tenho uma entrevista com uma
editora.
-
essa pode ser a chance que você estava esperado. Esse pode ser o rumo de sua
vida.
-
Mickey Amzalag, escritor – falei olhando para o nada - será? – falei olhando
para Adam.
-
você só vai saber se tentar.
Eu
estava feliz. Depois de um dia ruim eu tinha tirado alguma coisa boa dele. Eu
com certeza não deixaria essa chance passar.
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