A
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NÃO PERGUNTE, NÃO CONTE capítulo um
vida é curta, viva. Aproveite o dia, viva o
agora, esqueça o que passou. A vida é cheia desses clichês ao qual geralmente
não damos importância, mas o engraçado é que tudo muda quando o amanhã já não é
mais uma certeza. Talvez eu esteja sendo dramático demais, mas quando se tem
câncer no pulmão ser dramático é um luxo ao qual eu me permito ter. Aquela sala
era gelada. Da janela eu podia ver o Obelisco Espacial de Seattle. Aquela torre
de 184 metros criada especialmente para a Feira Mundial também podia ser vista
da janela do meu quarto, mas a uma enorme distância de diferença. Não sei se
era o nervosismo ou se era o ar condicionado, mas eu estava tremendo de frio e
eu balançava minhas pernas ansioso. Respirei fundo algumas vezes tentando me
manter calmo: ‘relaxa esse é só mais um obstáculo’.
Quando ao porta da sala se abriu eu vi a médica de pele
morena de cabelos negros entrando. Ela tinha alguns papéis na mão. Ela se sentou
em sua mesa de frente para mim e em silêncio ela leu todo o meu prontuário. Ela
não omitiu nenhuma palavra e não esboçou reação. Comecei a me sentir
desconfortável e tossi algumas vezes lambendo os lábios.
- Mickey Fox Fabray? – perguntou a médica olhando para mim.
- sim. Sou eu.
- eu sou a Dr. Alma Laney Williamson e sou a oncologista
designada para o seu caso.
- muito prazer – falei apertando a mão dela.
- o Dr. Cody Lennox me passou o seu caso hoje de manhã e eu
não tive tempo de lê-lo com mais calma me perdoe por entrar e não dizer nada é
que eu gosto de me concentrar.
- sem problemas doutora.
- então – falou ela entrelaçando os dedos – os exames
iniciais que o Dr. Lennox fez com você indicaram uma massa em seu pulmão e eu
estou aqui para te guiar pelo caminho mais difícil que você vai percorrer. Eu
não vou mentir Mike. A batalha será árdua, mas se você persistir acredito que
podemos ter sucesso.
- espero que sim – falei rindo sem graça.
- a primeira coisa que gosto de perguntar aos meus pacientes
é: qual o seu sistema de suporte.
- o que ‘sistema de suporte’?
- pesquisas mostram que pacientes que tem um sistema de
suporte como familiares ou amigos tem melhores resultados durante a radio e a
quimioterapia. Eu gostaria de saber qual o seu sistema de suporte, você tem
amigos ou familiares que vão estar ao seu lado durante essa batalha?
Depois do que aconteceu na Carolina do Norte, Adam e eu
decidimos começar nossa nova vida em outro lugar. Tínhamos nos mudado para
Seattle a quase dois meses e ainda estávamos nos ajustando. A casa que
estávamos morando foi comprada com as nossas ultimas economias. Adam e eu estávamos investindo nossas
economias nessa nova cidade. Estávamos apostando todas as nossas fichas aqui.
Claro que as coisas estavam um pouco difíceis. Adam não queria trabalhar para
ninguém mais e queria ser seu próprio chefe. Ele havia montado um escritório em
casa mesmo onde ele estava atendendo pequenos casos. Adam é mestre em se
reinventar então não deve demorar para que as coisas sigam o curso certo.
Adam queria que eu transferisse o meu curso para Seattle,
mas eu decidi trancar o curso até nós estabilizarmos. Decidi que precisava de
um emprego para ajudar Adam a se reerguer. Acabei conseguindo um emprego como
ajudante em uma academia. Eu fazia de tudo um pouco inclusive a limpeza do
lugar. Era um trabalho como qualquer outro e o salário era bom então não tinha
do que reclamar. Adam e eu não falamos de casamento. Quer dizer, oficializar as
coisas. A primeira vez que Adam e eu casamos não foi bem uma grande festa e
acho que Adam pretendia me dar uma grande festa, ou seja, o ‘casamento que eu
merecia’. Era assim que ele falava. ‘Você merece o melhor da vida e eu vou dar
o que você merece’. Quando imaginava ele dizendo isso em minha cabeça a voz
dele soava rouca e grave assim como a sua voz real.
- Mike? Você está bem? – perguntou a Dra. Alma chamando
minha atenção.
- me desculpa – falei respirando fundo – o que você me
perguntou?
- Perguntei se você tem amigos ou familiares que vão estar
ao seu lado durante os próximos meses?
- meu pai e minha mãe morreram e os amigos que tenho moram
em outro estado.
- você não tem uma namorada que possa te ajudar?
- um namorado na verdade. Nós moramos juntos.
- ótimo – falou ela com um sorriso – eu vou adorar
conhece-lo.
- temo que isso não será possível Dra. Alma.
- e porque não?
- porque ele não sabe que eu tenho câncer.
- olha Mike eu sei que esse é um momento difícil e por mais
que você queira enfrenta-lo sozinho você vai precisar do apoio dele.
- eu não posso Dra. Alma. Nós passamos por muita coisa no
último ano e estamos começando nossa vida do zero. Ele batalha todos os dias
tentando conseguir clientes e a última coisa que ele precisa é de um moribundo
pra atrapalhar a vida dele.
- Mike, dificilmente o câncer de pulmão é diagnosticado em
fase inicial, justamente pela ausência de sintomas. O tumor geralmente é
diagnosticado em estágio avançado ou alocado em outros lugares.
- onde você quer chegar com isso?
- você tem sorte de ter descoberto antes. Você já foge das
estatísticas pelo diagnóstico que foi precoce. Claro que ainda não sabemos em
que estágio o seu câncer está, mas as chances de estarem em fase inicial são
grandes. Isso é um motivo para celebrar – falou ela com um sorriso.
- celebrar? Quer dizer… celebrar que eu tenho câncer? Eu
devo, oque? Pegar meu namorado e levar
ele pra jantar pra contar as novidades? ‘amor da minha vida, razão do meu viver
vamos brindar porque eu tenho câncer’
A Dra. Alma pareceu pensativa ao meu ouvir dizer aquilo.
- Mike você não entende o que significa ter câncer. Eu sou
só a primeira de muitos médicos que você vai ter: fisioterapeutas,
cirurgiões-dentistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais são só alguns dos
médicos que você vai precisar frequentar durante essa batalha.
- pare de chamar isso de batalha. É um câncer, não o Golias.
- na verdade é sim. o Câncer é o Golias e durante essa
batalha você vai precisar de apoio emocional, apoio psicológico, apoio família,
apoio social e apoio físico. O hospital fornece apenas dois desses apoios.
- quer saber? Cansei
-falei me levantando – pare de ficar jogando na minha cara as coisas que
faltam e minha vida. Eu sei muito bem
oque falta em minha vida: eu não tenho família eu não tenho ninguém –
falei com lágrimas nos olhos.
- você tem o seu namorado.
- eu não vou contar pra ele – falei com raiva – ou você
começa o meu tratamento ou eu vou procurar outro médico.
- todos os médicos vão te dizer exatamente o que eu te
disse.
- ótimo. Vou comprar uma arma e dar um tiro na minha cabeça
– aquelas palavras saíram sem querer. Pensar em se matar é uma coisa, mas dizer
isso em voz alta para um desconhecido foi diferente. Fez tudo se tornar real.
Eu voltei até a minha cadeira e me sentei.
- okay, Mike – falou ela pegando um papel – nós vamos
começar o tratamento hoje, mas já que você não tem ninguém disponível para
estar com você eu preciso que você vá a um grupo de apoio a pessoas com câncer
– falou ela me entregando um papel com um endereço e um nome - Sally Underwood
é uma voluntária e todas as semanas ela promove encontros como esse. Se você me
prometer a ir nesses encontros eu começo o tratamento.
- okay – falei guardando
o papel.
- mesmo assim eu insisto que conte ao seu namorado.
- eu não vou contar – falei firme.
- tudo bem – falou Dra. Alma – hoje nós faremos uma biópsia
para poder descobrir em que estágio está o seu câncer.
- tudo bem.
- para o seu caso eu decidi usar Punção por Agulha.
- okay – falei nervoso.
- nós vamos introduzir uma agulha no seu pulmão para coletar
uma pequena amostra do tecido pulmonar, para exame anatomopatológico. Vou
utilizar uma agulha grossa para remover um ou mais núcleos de tecido.
- muito grossa?
- sim, mas não se preocupe. A punção é um procedimento
rápido, realizada com anestésico local, raramente causa grande desconforto, e
não deixa cicatriz. O posicionamento da agulha será feito por equipamento de
raios X com fluoroscopia.
- e nós precisamos
fazer isso hoje?
- sim. quando se trata de câncer precisamos ser rápidos para
começar o tratamento o quanto antes, mas se você quiser esperar um dia ou dois
para ter certeza se quer mesmo passar por isso sozinho nós podemos esperar.
- não. tudo bem. Podemos fazer hoje.
- okay – falou a Dra. Alma se levantando – só mais uma
coisa.
- o que?
- você fuma?
- não. nunca fumei.
- o seu namorado é fumante?
- Na verdade ele é.
- eu recomendo que você fique longe dele enquanto ele
estiver fumando ou isso pode complicar o seu caso.
- Tudo bem. Eu vou ficar – falei me levantando.
Senti falta de ar deitado naquela mesa. Aquela enorme agulha
entrando em meu pulmão causou um certo desconforto e até um pouco de
claustrofobia já que eu precisava ficar parado e mesmo assim ver uma agulha ser
enfiada em mim para retirar tecido do meu pulmão. Fechei os olhos e tentei
imaginar outra coisa. Imaginei que estivesse em uma praia sob a luz do sol
tomando suco de frutas. O óculos escuro no meu rosto e o som das ondas se
quebrando no mar formaram o cenário perfeito.
- prontinho – falou a Dra. Alma retirando a agulha – vamos
deixar você de repouso por algumas horas e depois eu volto para te dar alta.
- tudo bem doutora – falei assustado – talvez fosse psicológico,
mas eu posso jurar que senti a agulha dentro de mim.
- vai ficar tudo bem – falou ela segurando na minha mão e
tirando a máscara com a outra – é uma decisão sua passar por isso sozinho e eu
respeito a sua decisão, mas saiba que não está sozinho enquanto eu estiver aqui.
Eu não disse nada, mas apertei a mão dela de volta. Não queria admitir, mas era
realmente assustador.
Por precaução acabei ficando até o fim do dia no hospital. A
doutora quis ter certeza de que estava tudo bem comigo. Quando vesti minha
roupa novamente passei as dedos no meu peito e vi que realmente não havia
ficado cicatriz apenas algumas marcas vermelhas que pareciam picadas de
mosquitos. Geralmente eu pegaria um Uber de volta para casa, mas como estava
economizando eu cortei caminho voltando a pé. O sol começava a se por e a brisa
gelada começou a passar por mim.
O clima em Seattle era bem diferente dos últimos lugares que
eu morei. Era frio e chuvoso e como vocês sabem eu adoro chuva. O lugar
perfeito para mim. Inicialmente Zoey viria para Seattle conosco, mas os planos
mudaram quando a relação entre Zoey e sua mãe Ariana começou a melhorar. Ela
não quis decepcionar a mãe, mas ela prometeu que me visitaria assim que
pudesse. Zoey também não sabe que eu tenho câncer. Ninguém sabe. As vezes eu
tenho a impressão de que nem eu sei que tenho câncer porque não tenho sintomas
aparentes a não ser um pouco de tosse e falta de ar, mas esses sintomas
poderiam ser confundidos com qualquer outra doença. No fundo Alma estava certa.
Eu tinha sorte de ter descoberto cedo.
Depois de andar por longos minutos decidi voltar para casa
de metrô e economizar de vez o dinheiro. Eu precisaria voltar ao hospital
várias vezes durante o mês e não podia me dar o luxo de gastar o dinheiro que
não tenho. Na verdade eu nem ficava com o dinheiro que eu recebia. Eu pedi para
o banco transferir o meu salário para a conta de Adam e todos os dias ele me
dava cem dólares para usar durante o dia, mas eu nunca usava e estava andando
com os mesmos cem dólares a alguns dias. Depois de quarenta minutos no metrô
desci na estação mais próxima da minha casa. Havia chovido no bairro onde
morávamos e podia ver as luzes dos postes refletidas na rua molhada. Minhas
mãos estavam escondidas no casaco que eu estava usando. Estava muito frio.
De longe vi a nossa casa. Atravessei a grama e antes que
pudesse abrir a porta a porta se abriu. Não foi Adam que eu vi e sim Eric
Vaughn.
- boa noite Mike – falou Eric com um sorriso.
- boa noite Eric – falei forçando um sorriso – já está indo
embora?
- estou sim – falou ele passando por mim – até amanhã.
- até – falei fechando a porta.
No primeiro mês Adam havia conseguido dois sócios: Eric
Vaughn, um antigo amigo dos tempos de universidade e Thad
Spradlin. Um advogado que tinha acabado de passar no exame da ordem. Fechei a
porta da frente e tirei o casaco colocando no cabide. Caminhei pelo corredor
indo até o escritório de Adam. A porta estava aberta.
- toc toc – falei chamando a atenção dele e de Thad. Eles
estavam olhando alguns papéis.
- oi meu amor – falou Adam olhando para mim.
- oi – falei cruzando os braços me escorando na porta.
- te vejo amanhã – falou Thad se despedindo de Adam – até
amanhã Mike – falou ele dando um tapa de leve no meu ombro.
- até amanhã Thad – falei olhando para Adam. Gostava de
ficar observando Adam enquanto ele trabalhava. Os cabelos grisalhos penteados
para o lado e a barba grisalha arrepiada. Ele se esforçava bastante para
conseguir o que queria.
- vem aqui me dar um beijo – falou Adam olhando para mim.
Caminhei até Adam e me inclinei para dar um beijo em sua
boca, mas Adam me puxou e me fez sentar em seu colo. Só depois que eu estava sentado
é que ele beijou minha boca. Fechei os olhos e senti seus lábios tocando os
meus. Eu fui burro. Quando estava com a agulha no pulmão deveria ter pensado no
beijo de Adam. É melhor do que qualquer paisagem paradisíaca.
- parece que você está animado – falei com um sorriso.
- claro – falou Adam – eu finalmente estou tendo a vida que
sempre quis – falou ele com uma expressão séria – como foi no trabalho?
- foi como todo dia: cansativo.
- você não precisa trabalhar Mike. Não precisamos ter uma
vida de luxo.
- não é a vida de luxo que eu quero Adam. Eu viveria na sarjeta
com você e ainda sim seria o homem mais feliz do mundo. Eu só quero te ajudar –
falei acariciando sua barba.
- eu estou tão feliz – falou Adam olhando para o computador –
as coisas estão indo devagar, mas está indo. Não vai demorar para e user de
novo o advogado mais foda da cidade.
- eu não duvido – falei com um sorriso afundando meus dedos
no cabelo dele e penteando-os – você já é o homem mais foda da cidade a me
levar pra cama.
- o mais foda e o único, eu espero – falou ele rindo.
- por toda a eternidade – falei virando o rosto dele e dando
um beijo em sua boca.
- o que você acha de comermos fora? – Adam pegou a carteira
de cigarros e colocou um na boca.
- você não quer comer a minha comida?
- claro – falou ele acendendo o cigarro e colocando no
cinzeiro – sua comida dá de dez a zero em qualquer restaurante da cidade.
- ótimo. vou fazer o jantar – falei vendo ele pegar o
cigarro e levar até a boca – sem querer te perturbar, mas eu pensei que você tinha
dito que ia parar de fumar.
- e eu pensei que você tinha dito que não se importava –
falou ele olhando pra mim.
- não me importo é só um comentário.
- O estresse me mata Mike, mas eu prometo que paro quando eu
for o advogado mais foda da cidade – falou ele me fazendo levantar e dando um
tapa na minha bunda – vai lá fazer o jantar.
- okay – falei saindo do escritório dele. Ao chegar no
corredor eu respirei fundo tentando recuperar o fôlego.
Antes de fazer o jantar tomei um longo banho. Ao descer as
escadas passei pelo escritório de Adam e ele estava concentrado no computador. Parei
em frente a sala dele e fiquei observando-o. Ele estava com a testa franzida
olhando para a tela do computador com Aquele ar de homem ocupado. Admito que tudo
o que eu mais queria era entrar lá e contar o que estava acontecendo, mas eu não
podia fazer isso com ele. Eu sei que ele não admite, mas pra ele deve ser
humilhante passar do advogado mais bem pago da américa para o advogado com o
escritório em casa. Dra. Alma disse que estava no estágio inicial e talvez eu
pudesse passar por tudo isso e lá na frente eu poderia contar o que tinha acontecido e nós daríamos boas
gargalhadas.
- Mike? – falou Adam olhando para mim me tirando do transe.
- o que foi? – perguntei assustado.
- você está bem? Faz um tempo que você está ai viajando.
- Sim. Estou bem. Só estava pensando na vida.
- e você faz isso olhando pra mim?
- sim. você é minha vida – falei apertando os lábios.
Adam não disse nada e começou a rir do que eu tinha dito
voltando a olhar para o seu computador. Fui até a cozinha e pensei no que faria
para o jantar. Fui até a geladeira pegar algumas coisas e meu celular começou a
tocar. Fui até o balcão e vi que era Zoey ligando em uma chamada de vídeo.
- olá Zoey – falei atendendo.
- quem é vivo sempre atende – falou ela rindo.
- onde está o cabelo verde?
- a coroa não gostava e como eu prometi que esse ano a nossa
relação seria melhor eu decidi pintar ele de preto.
- uma pena. Eu adorava seu cabelo verde.
- eu também – falou ela rindo – e então? Alguma novidade? - Ela
parecia estar deitada na cama.
- nenhuma.
- conheceu algum gostoso na academia? – perguntou ela rindo.
- eu estou ouvindo! – gritou Adam de seu escritório.
- não! Eu não conheci – falei alto para Adam ouvir.
- acho bom! – gritou Adam.
- como vai a vida de casado?
- melhor, impossível.
- olha eu acho que talvez vou poder te visitar em algumas
semanas.
- que bom. Eu estou com saudades suas – falei olhando para
trás e caminhando pela cozinha e abrindo a porta da cozinha eu fui até a área
da piscina.
- onde você está? Mal consigo ver o seu rosto.
- eu preciso te contar uma coisa e Adam não pode ouvir.
- Mike! – falou Zoey brigando comigo – eu estava brincando. Não
acredito que está traindo Adam.
- vai se fuder. Não estou traindo ninguém.
- o que é então?
- eu tenho câncer – falei respirando fundo – no pulmão.
Zoey não disse nada por alguns segundos e então ela começou
a rir. Eu não dei risada, mas ela continuou a rir.
- Mike você é demais e olha que nem é primeiro de abril.
- eu não estou brincando Zoey. Eu tenho câncer. Descobri no
natal do ano passado e fiz uma biópsia hoje.
Zoey continuou a rir por algum tempo até perceber que não
era brincadeira. Eu estava falando sério. Muito sério.
- Mike… isso é verdade?
- sim.
- Adam não sabe disso? Você não contou pra ele?
- Não. E se você contar eu corto as suas pernas fora.
- Mike, eu… eu sinto muito. Nem sei o que dizer.
- seja minha amiga e diga que vai ficar tudo bem. Diga que
eu vu conseguir vencer o câncer. Que agora que eu tenho o homem que sempre quis
essa doença é só mais um obstáculo que eu vou vencer.
- sim. você está certo. É só mais um obstáculo.
Nesse momento vi que Adam chegou na cozinha procurando por
mim. Ela olhou de um lado para o outro e viu que eu estava do lado de fora.
- eu preciso ir Zoey, nós nos falamos depois.
- Mike! Não desli…
Desliguei o celular e Adam ligou a luz do lado de fora e
abriu a porta de vidro da cozinha.
- o que está fazendo ai?
- conversando com a Zoey
-falei caminhando até ele.
- porque veio pra fora? Está falando alguma coisa que eu não
posso ouvir?
- por favor Adam? – segurei ele pelo o queixo e dei um selo
na boca dele – você é o homem dos meus sonhos, o chefe que eu desejei durante
anos o cara mais foda da cidade. Se tem uma coisa que você não precisa se
preocupar é com traição – falei chegando a cozinha.
- eu ouvi o que Zoey falou sobre a academia.
- ela fala isso pra te infernizar. Ela sabe que você está ouvindo
– falei indo até a geladeira – não liga pra ela. Ela gosta de você e esse é o
modo dela de mostrar isso.
- Desculpa – falou ele me abraçando por trás enquanto eu
estava inclinado com a geladeira aberta. Ele pressionou o pau meio bomba em mim
e começou a se esfregar – eu sou ciumento e você já sabia disso.
- sim, eu sabia – falei me levantando e fechando a porta da
geladeira.
- eu estava pensando… - falou ele me soltando – o que você
acha se nesse fim de semana nós saíssemos? Só pra sair dessa rotina que estamos
vivendo. Poderíamos nos hospedar em um hotel cinco estrelas e aproveitar as
instalações como a hidro.
- não sei -falei
olhando pra ele – nós temos piscina aqui…
- porque você faz isso? – perguntou Adam cruzando os braços.
- faço o que?
- eu descobri a sua ‘Gaveta dos U$ 100,00 dólares’.
- gaveta? Eu não sei de gaveta nenhuma.
- sério? Deixa eu refrescar a sua memória. Todos os dias eu
te dou cem dólares para você usar como quiser, mas ao invés de usar você coloca
na terceira gaveta da cômoda porque você sabe que eu nunca mexo lá já que é lá
que fica as suas cuecas. Essa semana Thad foi até a lavanderia e pegou as
nossas roupas e eu resolvi guardar. Foi então que eu encontrei quase quatro mil
dólares lá dentro.
- eu estou economizando Adam. Eu não quero ficar gastando
dinheiro atoa.
- não é atoa. Você fala como se estivéssemos passando necessidade.
Você não acha que eu seja um homem capaz de provê para sua família?
- eu não disse isso! Eu só acho que podemos economizar pelo
menos por agora – falei me aproximando dele – eu não preciso de hotel cinco
estrelas pra ficar feliz com você Adam. Eu ficaria feliz com você em qualquer
lugar do mundo especialmente em nossa casa. Levei minha mão esquerda até o
rosto de Adam e acariciei sentindo a barba espetar minha mão. Ele pegou minha mão
e levou até a boca e encheu de beijos.
- eu nem acredito que estamos juntos – falou ele com um
sorriso mordendo minha mão de leve.
- eu não acredito que voltei a morar com meu ex – falei rindo
e levando minha mão até a cintura dele. Deslizei a mão e acariciei a bunda
dele.
Adam forçou seu corpo junto ao meu e nós demos um selinho. Ele
mordiscou meu lábio inferior e eu o abracei beijando a sua boca. Sua língua era
úmida e ela se entrelaçava junto a minha dentro de minha boca. Adam parou de me
beijar por alguns segundos e foi a deixa que encontrei para enfiar a minha língua
em sua boca. Adam a chupou e com um sorriso parou de me beijar. Sua respiração
estava em meu rosto e eu fechei os olhos sentindo o seu cheiro. Eu finalmente o
tinha só para mim. Se eu perder a batalha para o câncer e morrer, eu nunca vou
me perdoar.
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